Tio João Menini
Fui criança de meio rural. Saí da Campanha com quinze anos, depois de haver frequentado um único ano de escola regular. Estudei sozinha, fiz exame de admissão ao ginásio com sucesso. Por sorte, havia livros de meu pai, em casa - e eu, muito cedo, descobri o prazer da leitura. Adolescente, já havia lido José de Alencar, Érico Veríssimo e outros cronistas e poetas brasileiros. Enxergava o mundo com lentes do literatura - produzida, obviamente, no Romantismo. Aqui entram minhas memórias que se referem a Tio João Menini. Mais com sussurros do que com alardes, escutei histórias da vida dele, que me soavam como um envolvente romance romântico. Um homem rural, com uma companheira, um filho e uma filha, desloca-se para outro município - Jaguari - e lá encontra uma jovem linda por quem se apaixona, sendo correspondido. À moda Romeu e Julieta, a família dela se opõe, e eles fogem para Os Três Serros, onde tiveram duas lindas filhas e onde residiram até a morte, sem nunca mais terem contatos com familiares de Ana Scalcon - que era seu nome. Assim me contaram . Assim a internalizei como a primeira história romântica da minha família . Verdade ou ficção, meu tio deu vida aos contos amorosos que eu lia. Sou-lhe grata!
Porque já não posso andar só.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.
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