sexta-feira, junho 29, 2012

" Lá vou eu..."

Paxton




















Chegou a hora e a vez da Califórnia.Iremos de avião até San Diego. Após uma visita de três dias lá, locaremos um carro e percorreremos, em uma semana, a Pacific Coast Highway ou California State Route 01. Visitaremos muitas cidades e parques, até chegarmos em San Francisco, onde permaneceremos dois dias, entregaremos o carro e , novamente de avião, iremos a Portland - Oregon. De Portland, partiremos para Utah, visitando Salt Lake City durante quatro dias. Voltaremos para casa, no meu aniversário - dia 24 de julho. Esse é o plano, cuidadosamente feito, e que contou com muitas contribuições de Cláudia Liechavicius ( http://www.viajarpelomundo.com ) e Valeria Lencioni Agradeço a elas pelas valiosas informações.Levo câmera e note. Penso fazer várias postagens no Correndomundo durante esses dias.

quarta-feira, junho 27, 2012

"Andar,andar,andei..."

                                                                       


Desde que voltei de Atlanta, há uma semana, visitei várias cidades pequenas de Illinois - cada uma com seus encantos, seja um lago, um belo edifício, um artesanato diferente, seja simplesmente um bom café. Estive em Pana, Nikomis, Taylorville, Forsyte, Gibson Citty, Rantoul, Arthur,  Tuscola, Mattoon, Bement,Shelbyville, Clinton e   Paris (sic!). Também fui a algumas cidades maiores ,como Champaign -Urbana, Decatur e Springfield. O impulso que me leva a andar, não escolhe cidades grandes, famosas ou turísticas. Importa, sim,  o movimento, o ir-e-vir, o conhecer lugares e pessoas. Nem  conto algumas cidades brasileiras onde já  fui passear...Imaginem!







Perto de  Springfield,  vi um artesanato muito interessante para recicladores ( Rosana, lembrei da cooperativa de SM ). Vendidas por US$ 15 e feitas com latas e potes plásticos pintados e  de diferentes tamanhos, flores grandes, com haste e folhas de ferro,estavam prontas para enfeitar jardins (fotos). Numa igreja de Springfield, as crianças, aos domingos,  são recebidas, divididas por idade  e colocadas em salas belíssimas - encantei-me com as cores e os equipamentos( foto 3) Havia um que levava as crianças de um andar para outro, fazendo - a cair na sala de estudos: era um escorregador.  Nas fazendas dos Amish ( lembram do filme A Testemunha?), compram - se  passas de frutas por muito bom preço. A passa de cereja é excelente. É claro que, em todos os lugares por onde vou, encontro soja e milho. O milho está , agora, com um metro de altura; a soja parece um tapete verde, plano e espesso. Às vezes , sinto nostalgia de qualquer monte de pedras e terra! Daqui a quatro dias, entretanto, iremos para a Califórnia e teremos, então,  mudança total de paisagens.




"A aranha do meu destino
Faz teias de eu não pensar.
Não soube o que era em menino,
Sou adulto sem o achar.
É que a teia, de espalhada
Apanhou-me o querer ir...
Sou uma vida baloiçada
Na consciência de existir.
A aranha da minha sorte
Faz teia de muro a muro...
Sou  presa do meu suporte."    

Fernando Pessoa

PS. O título deste post é homenagem a Pedro Mariano, por ser parte de uma de suas belas canções.                                

terça-feira, junho 19, 2012

Atlanta : verde que te quiero verde

                                                                              



Estou convencida de que Atlanta é uma bela cidade para morar : muito verde e duas  lindas cidades satélites - Dunwoody e Decatur - que poderíamos chamar de bairros. É cosmopolita, dinâmica, moderna, de uma vivacidade que pouco lembra aquela cidade arrasada, durante a Guerra Civil americana, quando o general William Sherman rompeu as defesas confederadas e incendiou-a e arrasou-a em grande parte - episódio muito conhecido através do livro e do filme E o Vento Levou. A cidade tem edifícios modernos e bonitos, parques e ruas que parecem parques. Tem um comércio de perdição, onde se pode comprar tudo - ou quase tudo - o que se imagina.


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Estou convencida também de que é uma cidade que se visita uma só vez ... e basta. As atrações nao sao muitas, embora sejam bem interessantes:  o Margareth Mitchell House and Museum , o imenso Aquarium de Atlanta. o Underground Atlanta, a CNN Studio, o World of Coca Cola, o Centennial Plympic Park, a Ebenezer Baptist Church, onde esta a cripta do Prêmio Nobel da Paz, Martin Luther King Jr.  Perto da cidade, está o Stone Mountain Park, onde a  atração principal é  o baixo relevo, que retrata, num lado da montanha, num bloco de granito,  três dos heróis confederados- escultura feita por Gutzon Borglum, o mesmo que esculpiu os rostos dos presidentes americanos no monte Rushmore, em Dakota.



Venho a Atlanta - e gosto de vir - por razões essencialmente afetivas.Meu filho, minha nora e
meu neto vivem aqui, num lugar bonito, e tranquilo, com muitas árvores e flores.  Troco qualquer passeio por um tempo de conversa com Patati. Durante toda a vida dele, nós conversamos muito sobre os mais diversos assuntos. Agora, ele me conta fatos interessantes e elucidativos sobre o mundo dos negócios, principalmente  sobre os estilos de negociacao de acordo com os países - já trabalhou com clientes da América Central, América do Sul, Oriente Médio, Europa, África e Ásia.




Patati viaja muito e é bastante dedicado à família e ao trabalho. É uma pessoa realmente interessante de conviver.  Relembramos fatos , em geral divertidos, da infância e adolescência dele. Falamos sobre livros, viagens e  cinema. Relembramos, com saudade e afeto, nossos muitos amigos - meus amigos foram também amigos dos meus filhos.Vimos alguns lançamentos de videogames, agora bem mais artistícos, com efetivas melhoras éticas e estéticas - Journey  serve como exemplo disso - no google, há fotos lindas desse jogo. É uma bênçao esse convívio, e eu sinto muita falta dele porqu
sinto muita saudade das minhas crianças.


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Converso muito com a minha nora sobre diversos assuntos. Identificamos e comentamos, por exemplo,  características regionais dos  Estados Unidos - noto acentuadas diferencas entre a cultura do sul e a cultura do meio-oeste. Passeamos bastante juntas e ela me ajuda nas compras que faço - acostumei-me a fazer compras somente em Atlanta. O pequeno Massimo, que é uma criança alegre e bonita, acompanha-nos por toda parte. Eu me divirto muito com ele, que agora decidiu posar para as minhas fotos - que ficaram belíssimas!

" Busca excluir a parte menos bela da vida, viver a mais bela, escolher, entre o que passa, o que deveria durar " . Fernando Pessoa

quarta-feira, junho 13, 2012

" Lá vou eu..."

Massimo
Amanhã, irei a Atlanta, onde moram meu filho, minha nora e meu neto.
Eles constituem a razão por que eu viajo tantas vezes a essa cidade - uma cidade grande e genérica  ( ou similar ) que não precisaria mais de uma visita.
Talvez  Atlanta tenha encantos para quem vive lá. Para mim, encanta-me encontrar Patati, Valéria e Massimo.
Se descobrir algo novo, contarei , aqui, nos próximos dias - e postarei fotos de um menino lindo....
PS. Alguém sabe me dizer por que meus seguidores sumiram todos? Onde foram parar? Sinto saudades das fotos deles, pessoas muito queridas minhas. Malvadeza do google!

quinta-feira, junho 07, 2012

Garage Sale

Indicação de Garage Sale no quarteirão



Como escrevi no post anterior, Paxton é uma cidade muito tranquila. Além das datas festivas nacionais, parece-me que o fim de semana mais movimentado ocorre, normalmente, no final da primavera, quando ocorrem as  " garage sale" , em toda a cidade. É uma tradição  no país, mas é, nas cidades pequenas, que elas se tornam um acontecimento. As garage sale , yard sale, rummage sale, tag sale, lawn sale, attic sale, moving sale, garbage sale or junk sale, nomenclatura que muda conforme o lugar ou algumas características, realizam-se nas garagens das casas ou parcialmente em frente a elas. Não precisam de permissão de ninguém, não pagam nenhum tipo de imposto e a família assume todo o trabalho. Algumas vezes, grupos, como, por exemplo, os escoteiros, realizam garage sale em salões, com doações da comunidade.



Garage Sale com muitas roupas infantis


Há combinações entre os municípios próximos para que esse evento seja realizado em datas diferentes. Seguindo um mapa, anteriormente distribuído, pode-se visitar, em um dia, todas ou quase todas as garagens. Em Paxton , este ano, eram cerca de quarenta. Os itens, colocados à venda por preço irrisório, incluem roupas, sapatos, livros, Cds, DVDs, ferramentas, utensilhos de cozinha, louças,  brinquedos, aparelhos elétricos, eletrônicos e tudo o mais que se possa imaginar...ou não! Há o inimaginável também.







Com paciência, pode-se garimpar maravilhas. Já encontrei um faqueiro com 120 peças por US 10 e uma coberta de mesa, de porcelana inglesa, belíssima, por US 20. Dificilmente compro algo : por não necessitar ou nao querer carregar. Amo, entretanto , ouvir as histórias -  e elas vêm se a gente mostrar interesse por elas -  que acompanham as vendas.




Conjunto de louças antigas (chinesas)


Uma senhora, que estava vendendo toalhas de linho, bordadas à mão, contou-me que fora um trabalho feito para o enxoval de sua mãe. Ela sabia como eram lindas , mas  tinha apenas uma filha e ela não se interessava por essas coisas difíceis de lavar em máquina. O mesmo argumento usava a moça que estava vendendo uma coberta de mesa, em porcelana inglesa, e uma bateria de cristais tchecos - impossibilidade de colocá-los na máquina. E fora uma herança de família!



Prato grande de louça francesa.Lindo.


Descobri que muitas pessoas fazem o que faço: começam trabalhos manuais e não os terminam - estavam ali à venda, incompletos. Numa garagem, no ano passado, encontrei uma calça de malha, muito bonita, que eu sabia ficar perfeita para mim. Comprei-a por US 2. Olhei para o lado e vi mais  cinco calças do mesmo modelo , em diferentes cores, e que estavam, ainda,  com a etiqueta da loja e o preço original - US25. A dona da casa contou-me que comprara essas calças no verão anterior, usara uma delas, mas não gostara, não lhe era cômoda - por isso estavam ali. Comprei-as e foram muito usadas por mim.



Trabalho de Ronald : Bela União e Paxton


Lora, com seus 80 anos e seu Cadilac, é minha companheira. Ela compra roupas, sapatos e tênis para crianças de instituições de acolhimento, no Peru e no México. Fizemos uma dupla incansável e nos divertimos muito - temos muitas histórias a contar, como da vez em que eu , contrariando o mapa das garagens, queria chegar numa casa, onde eu via muitas pessoas e carros. Ainda bem que nos aproximamos devagarinho, sem estacionar . Era uma cerimônia fúnebre.



segunda-feira, junho 04, 2012

Paxton - Thanks!

Na igreja, domingo último
Biblioteca Pública
Paxton é uma cidade tranquila, limpa e ordenada,  cuja base econômica é o cultivo do milho e da soja. A grande modificação que anualmente encontro,  é o cultivo do milho onde, no ano anterior, era soja e o cultivo da soja, onde era o milho. No mais, tudo igual - como igualmente estão minhas roupas,sapatos, livros e outros objetos pessoais, a cada retorno.

Com cerca de 5 mil habitantes, a vida social tem como núcleo a igreja - seja ela luterana, presbiteriana, metodista ou católica.  O programa de domingo lembra muito os quatro anos de minha adolescência , vividos em Rosário do Sul. Levantar, tomar banho, vestir as melhores roupas e ir para a igreja. Depois, almoço em família. Observo, entretanto, duas diferenças. A família toda vai à igreja, com bebês, crianças pequenas, adolescentes, jovens, adultos e velhos e há muita música, com apresentações de novos talentos, como os sobrinhos de Ronald. As famílias participam do café da manhã, um café delicioso, com calorias que devem ter a metade das previstas para toda a semana.

Há 5 km de Paxton..
Problemas maiores são resolvidos em Champaign; empregos melhores são alcançados também lá ou em outros municípios próximos. As pessoas, em geral,  são  discretas e gentis; são também  religiosas, conservadoras, ordeiras e trabalhadoras, muito trabalhadoras. Muita gente, como Ronald e eu, vive no meio rural - lugar plano, seguro, bonito. Talvez minha origem rural contribua para que eu me sinta bem neste lugar.

Um dos prédios mais bonitos da cidade é a Biblioteca Pública . Essa biblioteca resulta de uma história interessante. Oriundo da Escócia, Carnegie tornou - se , nos Estados Unidos, um industrial muito rico. Usou parte de sua fortuna para construir e equipar colégios e bibliotecas públicas em todo o país. Paxton foi uma das comunidades contempladas. Forma inteligente e bonita de tornar-se inesquecível por uma boa ação.

Elizabeth, sobrinha de Ronald
Sempre lamento quando conterrâneos meus referem-se ao povo dos Estados Unidos dizendo " os americanos são assim..." , ignorando as enormes diferenças regionais existentes neste país. Lamento, da mesma forma, quando escuto na Europa " os brasileiros são assim...e, logo após, uma referência a características muito específicas de um determinado Estado - ou de um preconceito disseminado.

Como é difícil a aceitação da diversidade e da alteridade, assim como é difícil o nosso transcorrer do tempo, sem ficar enraízada num período ou fase da vida.

Este, portanto,  é o meu olhar de 2012...não é o olhar dos anos sessenta, dos anos oitenta ou do início do milênio. Pensando nisso, lembrei-me de um livro fantástico, que acabei de ler e que foi  presente de minha amiga Gilca Lovato : Debaixo da minha pele .  A autora, Doris Lessing,  descreve magnificamente os pontos de vista de acordo com a idade. Escreve ela sobre a mudança de perspectiva: "...é como escalar montanha enquanto a paisagem vai mudando a cada curva da trilha."