sábado, julho 25, 2020

Julho de 2020 - A Vida Continua...


                                                        

Quando percebi a gravidade da pandemia e que,  por mim, pelo sistema de saúde e  pela pessoas todas, eu teria de viver um tempo sem mobilidade, mesmo para cidades vizinhas, decidi que procuraria ficar tranquila e que colocaria o 2020 entre distanciados parênteses que eu deixaria abertos. A data e as condições de fechamento  dos parênteses nós continuamos sem saber, já que dependemos da aplicação de vacina ainda em estudo. Pensava ficar sem dor, mas sem euforia. Era toda uma situação desconhecida e eu sou eu e as minhas circunstâcias.






A dor veio com perdas de amigos e companheiros de trabalho atingidos pela Covid -  como acontece usualmente, a alegria pode ser buscada, mas a dor vem sozinha. Não está sendo fácil essa experiência, apesar da situação minha, que reconheço ser bastante privilegiada, bem acolhida por amigos e sem problemas de casa, de alimentação e de saúde. O medo e a insegurança, entretanto, por nós, pelas pessoas que amamos e por aqueles a quem falta condições de mínimas de bem-estar social, é constante e doído. 





Ontem, contudo, foi dia de colocar parênteses dentro do parêntese maior da minha vida e tentar fazer do dia do meu aniversário, um dia normal, com direito a alegrias, emoções, sonhos e desejos para a  nova idade. As surpresas começaram na véspera, com a chegada de presentes pelo correio. À noite, já havia, nas redes sociais e no meu e-mail, mais de uma centena de mensagens. Ao ler cada mensagem, eu pensava na pessoa, desde quando a conhecia, onde eu a encontrara ( se era aluna/aluno eu lembrava até da letra) , de que cidade era - felizmente ainda consigo recordar até detalhes 😁. Sou agradecida a todos por essa realimentação da esperança e da crença na Humanidade...





Foi uma comemoração realmente singular e muito afetiva. Éramos, presencialmente, três pessoas na festa - Maria do Horto, Potiguara Brites e eu, mas sentíamos a participação de muitas pessoas, entre elas Fabiana, minha filha, Paulo de Tarso e Juliano, meus filhos; meus netos, Pedro e Massimo; minhas noras - Adriana e Valéria; meus sobrinhos - Fabricio, Cleber, Clezer, Frederico, Fernando -  e sobrinhas - Fabianinha, Dalvinha, Elaine, Fernanda; minha irmã Alda; minha tão importante família ampliada por escolhas - Rosana, Adriana Wagner, Isolda, Neneca e muitas pessoas mais; meus amigos, ex-alunos, colegas e vizinhos. Gostaria de agradecer pessoalmente a cada um - espero ter vida e tempo para abraçá - los. 






O bolo de aniversário ( fotos acima ) foi uma surpresa de Pedro e Fabiana: "Pensamos muito em um presente pra mãe, é a primeira vez em anos que ela está no Brasil no dia do aniversário!!! Achamos uma artista pra executar nossa ideia !
Aldema Menini Mckinney
e
Pedro Menini
fazendo o que adoram :VIAJAR JUNTOS ! " Foi um sucesso o presente. Agradeço muito.


Comprovante! Pedro, em janeiro, na Áustria.


Meu desejo era postar aqui todas as mensagens recebidas. Na impossibilidade de fazer isso, optei por compartilhar apenas as mensagens das minhas crianças : Fabiana ( acima ) , Patati,  Gugu e Fabianinha. Agradeço, também com muito afeto, a todas as pessoas que, por telefone ou por internet, se fizeram presentes no meu aniversário, neste estranho 2020.





Hoje é aniversário da minha mãe. Estamos perto mas infelizmente com a pandemia não tenho como visitá-la. Mas isso não é um grande problema, a tecnologia ajuda a amenizar a distância nestas horas.
Minha mãe sempre nos preparou para o mundo. Desde pequenos nos tratava como adultos, tínhamos conversas sérias sobre assuntos diversos. Lembro que conversamos muito sobre o meio ambiente e as agressões à floresta amazônica mesmo antes disso se tornar um debate nacional e global. Ela nos possibilitou conhecer e vivenciar coisas que mudaram nossas vidas, nos jogou no mundo muito cedo. Sempre falo que devemos agradecer a mãe por muito cedo nos tirar da nossa cidade natal, depois nos fazer viajar, conhecer o mundo. Minha mãe também nos tornou pessoas curiosas, Graças a ela tivemos oportunidade de conversar com pesquisadores de diversas áreas e aprender muito. Eu também falo que por causa disso tudo, no colégio e na universidade, foram fáceis de viver.
Hoje a mãe está igual a quando eu era criança, adora ver o que tem em cada esquina, de cada cidade deste mundo. Sua mente sábia costuma antecipar acontecimentos e pensamentos dos outros com muita facilidade, adora ler Fernando Pessoa e guias e demais de viagem. Se diz cansada mas não descansa a mente e o corpo por nada neste mundo.
Mãe, feliz aniversário, tenho certeza que ainda comemoraremos muitos outros. E depois que toda essa pandemia passar, faremos uma grande festa.
Te Amo Muito
Gugu



Hoje é o aniversario da MAIOR MAE DO MUNDO! A mae sempre conseguiu ser mae de muitas pessoas, sempre ser o ouvido para escutar, o ombro para chorar, o conselheiro sabio e firme quando necessário. Tambem é mãe de muitos projetos, desde plantar arvores e construir jardins a transformar e construir sistemas e instituições. Fez tudo isto sabendo que o caminho que seus filhos e ideias e projetos vão trilhar vão ser proprios deles, por mais que ela sofra a angustia disto.
Ela faz tudo isto sem por um segundo deixar de ser a minha mãe, a mãe que me escuta, a mãe com quem eu sempre pude contar quando os problemas eram muito grandes para min, a mãe que sempre nos respeitou como gente e deixou que tomássemos nossas decisões sozinhos, por mais que ela nao estivesse de acordo. A mae bonita, inteligente, divertida, de quem eu sinto um enorme orgulho. Mais que tudo a mae lutadora, desbravadora, corajosa, que sempre me deu o exemplo que as barreiras do mundo são superáveis, e que as limitações com que lidamos são quase sempre invenções nossas e não barreiras insuperáveis da realidade.

No fim do ano passado a mãe veio me visitar. Conversamos muito. Ela estava cismada com que está doente e ficando velha, e por isto se esquece das coisas. Eu ria muito de ver, porque para min ela segue exatamente a mesma pessoa bonita, inteligente e interessante de sempre, e essas eram exatamente as reclamações que ela tinha ha 30 anos, quando já as mesmíssimas coisas!
Te amo muito mae, feliz aniversário! Os anos não passam, os anos acrescentam.
Patati



O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
E que se assim é, é porque é assim."

Fernando Pessoa



sábado, julho 18, 2020

Erma Bombeck - chapeus roxos ou vermelhos?


Em Indiana, almoço de  Senhoras do Chapeu Vermelho.


Aos 3 anos: Ela olha pra si mesma e vê uma rainha.

Aos 8 anos: Ela olha para si e vê Cinderela.

Aos 15 anos: Ela olha e vê uma freira horrorosa.

Aos 20 anos: Ela olha e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, cabelo muito liso, muito encaracolado, decide sair mas, vai sofrendo.

Aos 30 anos: Ela olha pra si mesma e vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso muito encaracolado, mas decide que agora não tem tempo pra consertar então vai sair assim mesmo.

Aos 40 anos: Ela se olha e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, mas diz: pelo menos eu sou uma boa pessoa e sai mesmo assim.

Aos 50 anos: Ela olha pra si mesma e se vê como é. Sai e vai pra onde ela bem entender.

Aos 60 anos: Ela se olha e lembra de todas as pessoas que não podem mais se olhar no espelho. Sai de casa e conquista o mundo.

Aos 70 anos: Ela olha para si e vê sabedoria, risos, habilidades, sai para o mundo e aproveita a vida.

Aos 80 anos: Ela não se incomoda mais em se olhar. Põe simplesmente um chapéu violeta e vai se divertir com o mundo.

Talvez devêssemos por aquele chapéu violeta mais cedo!

Erma Bombeck 



Fotografia que me foi permitida fazer


Conhecia , por circular na internet, o texto que transcrevi acima e que foi escrito por  Erma Bombeck  -  escritora e roteirista americana, nascida, em 1927, em Bellbrook e criada em Dayton/Ohio, tendo falecido em  São Francisco, na Califórnia, em 1996. Manteve, durante 30 anos, uma coluna de jornal, com grande sucesso popular, em que escrevia sobre problemas cotidianos de uma dona de casa suburbana. 


 Erma Bombeck

 

Escreveu mais de 4.000 colunas de jornal, narrando a vida comum de uma dona de casa suburbana, com eloquente humor. Na década de 1970, suas colunas foram lidas, duas vezes por semana, por 30 milhões de leitores de 900 jornais dos Estados Unidos e Canadá. Publicou 15 livros e alcançou muito sucesso com alguns.  




Ouvi e muitas vezes referências às mulheres de chapeus roxos - ou de chapeus vermelhos, outro grupo com outros objetivos, nunca , entretanto, havia me deparado com algum desses grupos, até abril de 2011. Ronald e eu, quando íamos de Illinois a Michigan, visitar Nina e Bill, nossos parentes muito queridos, almoçávamos em um restaurante, em Monon,  Indiana, cuja comida era deliciosa e o ambiente muito original. Lá encontramos um grupo de talvez 30 mulheres, a maioria com vestidos longos e todas de chapeu.





Lembrei-me logo do texto de Erma Bombeck e dos grupos de mulheres hoje existentes em mais de 10 países, tendo como objetivo partilhar alegria, companheirismo, convívio prazeroso, fazendo brincadeiras com chepeus e roupas. Aproximei - me de algumas que me pareceram mais simpáticas e receptivas. Pedi para fotografá-las. Autorizaram-me a fazer somente duas fotos e da parte do grupo com quem eu falara. Fiz as duas fotos primeiras que posto aqui e fiquei muito feliz observando a alegria delas. 



  Restaurante Monon - Indiana - US


Erma Bombeck é também a autora das afirmações seguintes: " Maternidade: a Segunda Profissão mais Antiga; Insanidade é hereditária. Você pode pegá-lo de seus filhos; Sonhos têm apenas um dono de cada vez. É por isso que os sonhadores são solitários. É preciso muita coragem para mostrar seus sonhos a outra pessoa. Quando você estiver igual à foto do seu passaporte... é hora de ir para casa."



...quase na hora de ir para casa...

Agradeço às queridas amigas Arlete Oliveira e Eloah Mpr que encontraram o texto de Erma Bombeck para mim, pois eu o havia perdido e queria muito encontrá-lo. Bom domingo a vocês. Cuidem-se. PS. Quando eu fizer 80 anos, para a festa a que vocês já estão convidadas, os chapeus poderão ser roxos ou vermelhos!




sexta-feira, julho 10, 2020

Rememorando em Tempos de Pandemia I - Expo Shanghai 2010 - República Popular da China



Identidade visual da Expo/ 2010



"Das minhas remotas lembranças de criança de meio rural, que sonhava um dia "ver o mundo", surge Shanghai como minha única referência à China. Essa cidade aparecia, no meu imaginário infantil, cheia de mistérios, intrigas, crimes, bandidos e ...sem mocinhos (...) Eu não imaginava, realmente, conhecê-la um dia. Quando comecei a ler sobre a China, já com o intuito de visitá-la, constava Shanghai da minha lista, antes mesmo de Pequim. Quando lá cheguei, senti um "respirar difícil", um aperto no estômago, um olhar que não dava conta de enxergar tudo o que eu queria. Encontrava, enfim, a metrópole que eu sonhara ver." Correndomundo, 2010. 



Shanghai / 2010



Com 25 milhões de habitantes permanentes ( em 2019 ) e 5 milhões que, diariamente, movimentam-se ali, apresenta-se até bem organizada, embora eu pense que jamais conseguiria mover-me, dirigindo um carro, naquele trânsito. Shanghai, cujo nome significa acima do mar,  é uma das cidades de maior e mais rápido crescimento no mundo. 



                                          Detalhes do Centro Histórico de Shanghai



Não me decepcionei com Shanghai, mas me assustei um pouco. Tive a certeza de que com ela não estabeleceria laços, mesmo com a tocante beleza do Jardim Yu, com suas árvores, flores, lagos e obras de arte por todo lado. A grandiosidade local, no entanto,  dava-me um certo medo. Decidi que eu apenas  visitaria Shanghai uma vez e por razão muito especial - a Expo 2010.



Inesquecível o grandioso Jardim Yu



Devo contar que Exposições Mundiais me atraem tanto, que as persigo sempre que posso, muitas vezes alterando ou mudando roteiros para visitá-las - assim foi com a Expo Sevilha,  a Expo Lisboa e a Expo Milano. Por essa razão , a Expo Shanghai/2010 muito me impulsionou a visitar essa parte da República Popular da China.  Como Ronald e eu estávamos nos Estados Unidos, partimos de Chicago a São Francisco e de São Francisco  a Pequim. Ainda sinto a lembrança das tantas horas de vôo.,.,l



Pavilhão da China



Qualquer Expo é um passeio pelo mundo, e o passeio de Shanghai foi o mais rico e bonito que fiz. Foram dois dias intensos e ...insuficientes! Cerca de 200 países apresentavam ali sua cultura e seu urbanismo. Desde 2000, na Expo Hanover, os países participantes passaram a criar sua própria arquitetura - o que passou a ser  uma das grandes atrações para os visitantes.



Chegada no Pavilhão da Expo



Rememoro, com nostalgia, o primeiro momento em que me defrontei com Pavilhão do Brasil - era simples, elegante e informativo. Assistimos , Ronald e eu, a um espetáculo em que se informava sobre a cultura brasileira. Cheguei com medo, temendo as apresentações, em geral predominantes , de carnaval e futebol.




                                                                     Pavilhão do Brasil
                                   


Não  foi, entretanto, esse o enfoque  do que vi. Havia carnaval e futebol sim, mas havia bem mais do que isso. Lá estava a culinária - arroz, feijão, churrasco, vatapá, ensopado de peixe; a música, a dança, o artesanato, as pessoas e seu cotidiano.... Tudo tecnicamente apresentado em filmes e vídeos impecáveis. Bonito de ver. Saí comovida e agradecida.




                                                                    Filipinas



Todo o espaço destinado à Expo Shanghai foi preparado e decorado com esmero. Profusão de flores, árvores e objetos decorativos. Pessoal de segurança discreto e bem informados. Havia países que mostravam um exagero de criatividade, beleza e riqueza. Pavilhões magníficos. Montagens funcionais e relevantes. Difícil fazer escolhas do que ver e de que tempo ficar em cada pavilhão.




                                                                    Tailândia



Desde a primeira Expo, realizada em Londres, no Reino Unido, e que foi idealizada pelo Príncipe Albert, marido da Rainha Victoria, até a atualidade, ampliou-se gradativamente, no mundo todo, a repercussão do evento. Seus pavilhões de alto custo e a incorporação de temas atuais mantêm o interesse de nações que, algumas vezes, competem entre si na realização de espetaculares estruturas.




Canadá
                     

Em razão dos custos altos na construção dos pavilhões, a China fez um acordo com  países alguns países da África e construiu uma grande  estrutura que abrigou, neste evento, várias nações como Zambia, Malawi, Uganda, Ruanda, Djibouti, Comoros, Guiné-Bissau, Congo, Camarões, Gabão e Botswana. Havia aqui uma bela amostra de artesanato africano.




                                Detalhe do Pavilhão para algumas Nações Africanas

  

Em 2020, a Expo Mundial deveria estar sendo realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Em razão da Pandemia, foi transferida para o próximo ano. Atualmente, a previsão é que o evento seja realizado de cinco em cinco anos por escassez de recursos. Até o presente tenho me negado a ir a Dubai - só estive no aeroporto uma vez. Em sobrevivendo até o próximo ano, quem sabe não é a hora de ir lá?
 


                                                                       Ronald, em casa!


" Nem sempre sou igual no que digo ou escrevo,
Mudo, mas não mudo muito. 
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem dura
Ou quando fica a noite
E as flores são cor da lembrança."

Fernando Pessoa