sexta-feira, dezembro 27, 2019

Algeciras, a maior cidade do Campo de Gibraltar

Igreja da Palma, na Praça Alta.

O topônimo Algeciras é derivado do árabe   Al - Yazirat - Al Hadra  que significa Ilha Verde ou  Península Verde. Com pouco mais de 120 mil habitantes, pertence à Província de Cádiz, na comunidade autônoma de Andaluzia. É importante município e cidade portuária do Sul da Espanha, sendo a maior  do Campo de Gibraltar.

Mapa do Campo de Gibraltar

Algeciras fica de frente para o Mar Mediterrâneo. Sua localização foi motivo de cobiça de países que buscavam um acesso para transporte marítimo entre Europa e Norte da África. O Reino Unido em negociações com a Espanha  obteve  aí um enclave - a cidade de Gibraltar , como se pode ver no mapa acima. Algeciras é  bem próxima da cidade de Tarifa, ponto mais ao sul da Europa continental. Essas duas cidades estão no Estreito de Gibraltar.



Convívio de diferentes culturas em Campos de Gibraltar

O Porto de Algeciras é o vigésimo quarto mais movimentado do mundo e o primeiro do Mar Mediterrâneo e da Espanha. Parte dele, ainda, um serviço regular de farry-boats para Tânger e para a cidade de Ceuta,  enclave espanhol em Marrocos. Há também  nesse Porto uma linha regular de navios porta-contêiners para Santos, Montevideo e Buenos Aires.


Centro da cidade  - Algeciras

A movimentação do Porto de Algeciras e as atrações turísticas - entre elas os esportes aquáticos em seu extenso e variado litoral - oferecidas pelo Campo de Gibraltar fazem da cidade um lugar bastante movimentado, com muitos hoteis, restaurantes, bares e cafeterias. É o território espanhol mais próximo do Continente Africano - cerca de 14 km.


Centro da Cidade

O espaço mais visitado no centro de Algeciras é certamente a Praça Alta onde podem ser vistos os edifícios mais emblemáticos da cidade, como a Igreja da Palma e a Capela da Europa. Praça Alta foi seu nome original, todavia essa praça passou por diversos nomes, que evidenciam momentos de sua história, até voltar ao nome primeiro.


Centro de Algeciras - Praça Alta

São curiosas as denominações por que passou a Praça Alta. Vejamos : Praça Alta (1725 ); Praça do Almirante; Praça da Constituição; Praça da Rainha; Praça da República; Praça do Generalíssimo Franco; Praça Alta - voltando para seu nome original. Hoje, na Praça, três itens chamam a atenção do visitante: a Fonte Monumental, os bonitos bancos e as belíssimas cerâmicas que revestem esses equipamentos.


Atenção especial às cerâmicas

Algeciras  parece ser uma cidade com identidade forte e está localizada num espaço bem interessante de conhecer : os Campos de Gibraltar. O passeio mais pitoresco é mesmo  Gibraltar, enclave do Reino Unido - que será relatado no próximo post. De trem ou de carro ( na falta de UBER, nós usamos táxis ) pode-se fazer recorridos por La Línea de la Concepción, San Roque, Los Barrios, Tarifa, Jimena de la Trontera, Castellar de la Frontera e  San Martín del Tesorillo e, naturalmente, Gibraltar.


Igreja da Palma - Centro de Algeciras

Apesar de longa, a viagem Algeciras / Madrid e vice-versa é bastante fácil. São dois trens diários - AVE - que partem de Madrid Puerta de Atocha  ou da Estação de Algeciras. O tempo de viagem é de 5h12 min. As passagens custam ao redor de 30 euros. Chegando a Algeciras, por que não ir também a Málaga, Ronda, Cádiz, Sevilha ou Granada? Há muito o que ver e admirar na Andaluzia. 




Centro de Algeciras

Lembrando-lhes que estar vivo já é uma festa, desejo que tenham, em 2020 , muito ânimo e encantamente para mover-se neste mundo que sempre nos surpreende e para cultivar  a alegria e a simplicidade, nossos dons maiores. Feliz Ano Novo.






"Como o olhar, a razão
Deus me deu, para ver
Para além da visão - 
Olhar de conhecer."

Fernando Pessoa

quarta-feira, dezembro 25, 2019

Marrocos/Espanha via Estreito de Gibraltar

Ruínas Romanas de Tamuda

Após visitar as ruínas romanas, estivemos rapidamente em Tetuan, cidade fundada no século XIV, que ocupa a localização da antiga Tamuda, e que está a 60 km de Tânger. A medina dessa cidade é Patrimônio da Humanidade  desde 1997. Tetuan é conhecida também pelas suas praias, como  Ksar - es-Seghir, na costa atlântica, e Al Hoceima, na costa mediterrânea. Um bom lugar para ir.



A caminho de Tânger


Tânger se localiza  em frente  do Estreito de Gibraltar, onde está o porto que faz a ligação marítima entre  África e  Europa. Antiga e famosa cidade, com muitas lendas sobre sua origem, dela partiram, no ano de 711, as naus que iniciaram, sob o comando de Tárik, a conquista da Península Ibérica. Foi  a primeira cidade marroquina que eu conheci, há quase 30 anos - pareceu-me, naquele tempo, uma típica cidade de fronteira - uma mescla de culturas.



Local onde almoçamos, antes de  tomar o barco para a Espanha,

Após o almoço, o carro em que havíamos feito toda a viagem, deixou-nos no Porto de Tânger. Compramos nossos bilhetes para o ferry da Companhia Transmediterrânea, que faz dez travessias diárias entre Tânger e Algeciras.  O tempo estipulado para cada travessia é 1h 30min - travessia tranquila e confortável ( dormi...e esqueci de fazer fotos). Cada bilhete custou cerca de cinquenta euros.


Vista da Praia desde o restaurante

Finalizado o circuito  de Marrocos, agradecendo ao Universo  que  transcorrera tudo bem, já fazíamos planos de retornar e ver a cidade de Ceuta, enclave espanhol no território marroquino. Pedro mostrava-se feliz por tudo o que viu nessa sua primeira incursão à África. Nos dias imediatamente seguintes,   nosso projeto contemplava Algeciras e Gibraltar . Como no filme de  Giuseppe Tornatore, "Estamos todos bem..."


Chegada em Algeciras

O Porto de Algeciras - muito funcional - fica bem próximo do centro da cidade e da Estação Central de Trens. Reserváramos, através do Booking.com,  o Hotel Otavio Mir - conhecido somente por Hotel Mir - um quatro estrelas, econômico, agradável e com excelente atendimento. Algeciras era uma cidade a mais no meu projeto de conhecer toda a Andaluzia. Valeu.



Centro  de  Algeciras

" Sigue tu destino,
riega tus plantas,
ama tus rosas.
El resto es la sombra
de árboles ajenos."

Fernando Pessoa


Marrocos, Gracias!

                                                  

domingo, dezembro 22, 2019

Chefchaouen, a Cidade Azul de Marrocos.

Chaouen :  a Cidade Azul

O pouco que vou relatar de Chefchaouen - ou simplesmente Chauoen como a ela se referem os moradores locais - resulta obviamente do pouco que a vi. Famosa cidade turística pela sua vibe e apresentação, fundada nos finais do século XV por Muley Ben Rachid, Chauoen está  localizada a 610 metros de altitude, em meio a imponentes rochedos. Para chegar até ela, vindo de Fez,  percorre-se uma estrada que serpenteia em meio as montanhas.



Uma das primeiras vistas da cidade

Provavelmente a altitude referida, as curvas da estrada e um pouco de cansaço mesmo, já que eu estava viajando há 40 dias, juntaram-se para me deixar muito fragilizada. Sentia-me tonta, com dor de cabeça e sem energia para ver e fotografar a cidade. Eu tentava pressionar a mim mesma, dizendo  que  Chaouen era uma das duas cidades marroquinas que eu não conhecia - a outra era Ouarazazate. Era importante que eu a visse, mas, desta vez, não foi possível.



Proximidades do Hotel

Ao chegar na cidade, ainda  foi preciso vencer uma caminhada de, mais ou menos, meio quilômetro  para alcançar - enfim! - o Hotel onde tínhamos reserva. Foi somente o tempo de fazer check in, tomar um chá de menta, gentilmente oferecido na recepção, e  eu já estava dormindo. Isolda e Pedro saíram para jantar e passear pela cidade. Ao retornar, lembro vagamente de eles terem feito alguns comentários sobre o passeio, em especial sobre a  movimentada praça Uta-el-Hammam.  


....Cidade Azul!


Dormi tudo! Acordei pensando no café e imaginando a parte final da viagem - de Chaouen, passaríamos pelas famosas ruínas romanas próximas a Tetuan e a caminho de Tânger. Nosso destino final era o Porto, de onde partiríamos para Algeciras, atravessando o Estreito de Gibraltar. Eu já havia decidido conhecer bem Chefchaouen... mas em 2020, numa viagem com dois destino somente : Chaouen e Ceuta, está última um enclave espanhol em território marroquino.



Chá na recepção do Hotel

Após o  café da manhã no hotel, voltamos para a cênica e serpenteante estrada de montanha, fazendo stop para ver e fotografar as magníficas ruínas romanas de Tamuda, próximas a Tetuan, cidade que visitamos rapidamente e que tem um centro histórico  declarado Patrimônio da Humanidade, pela Unesco, em 1997.


Predomínio do azul....


Ainda que eu não tenha visto a cidade, principalmente a Grande Mesquita - século XV -gostei de ter chegado até Chefchaouen e de ter avistado a cadeia montanhosa que acompanha o Mediterrâneo e se estende do Estreito de Gibraltar até a foz do Moulouya, na fronteira com a Argélia. Vistas estupendas. Tentarei voltar! In sha allah!


                                             Imponentes montanhas ao fundo



"Entre o sono e o sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho,
Corre um rio sem fim."

Fernando Pessoa


                                                             Céu azul....

Roupas Azuis


  • Táxi azul...

sexta-feira, dezembro 20, 2019

Feliz Natal!

Romênia


"Natal...Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.

Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
'Stou só e sonho saudade.

E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei."

Fernando Pessoa


Mosteiro de Snagov - Romênia


quinta-feira, dezembro 19, 2019

Fez : minha favorita em Marrocos.

   
Medina de Fez


Recorro a um texto de minha penúltima viagem a Fez, em  2015/1,  para ganhar tempo, já que estou um pouco atrasada com os relatos da  última viagem a Fez  em 2019/2 .  O texto, portanto, é requentado, mas quase todas as fotos são recentes.



Fez vista do alto de uma colina

Não é uma prática usual minha - essa de requentar textos - e prometo não recorrer a ela outras vezes. Desculpem, pessoas que me acompanham e a quem sou grata pelo incentivo para continuar escrevendo, mas três meses andarilhando resultou num acúmulo de textos, anotações e fotos. Junta-se ao longo tempo e às muitas visitas feitas, uma incipiente recuperação que diminui minha disposição a longas caminhadas e ao ato de escrever - mas estou bem viva e lutando sempre para superar problemas. Ao texto, please!


Vista parcial de Fez desde uma colina próxima da cidade

"Amo Fez. Começo, portanto, com uma declaração de amor a mais fascinantes das cidades marroquinas. Encantou-me revê-la:  suas cores, formas, sons , sabores e odores.  Caminhar pela Medina  , dar passagem aos burrinhos transportadores de cargas, observar as roupas elegantes de homens e mulheres, ver artesãos trabalhando, olhar flores e frutas nos mercados, admirar toda sua fantástica arquitetura .... é inesquecível.



Porta no interior da Medina de Fez


Fez é a mais antiga das cidades imperiais. No ano 789, Idris I , fundador da primeira dinastia de Marrocos, considerou que Volubilis era muito pequena e decidiu construir uma capital nova e grandiosa. Mal o projeto foi iniciado, Idris morreu. Sucedeu-o Idris II , seu filho, que realizou a vontade do pai, Hoje a cidade tem mais de um milhão de habitantes, e o número de turistas que a visitam, aumenta a cada ano.


Meu fascínio por portas acentua-se em Fez               





























                               
De fato, o conjunto urbano da Fez atual é composto por três cidades: Fez el Bali ( ou Fez Velha ); Fez el Jedid ( ou Cidade Nova) e a Ville Nouvelle, surgida com o Protetorado Francês no século XX. O núcleo inicial da Fez el Bali era um pequeno grupo berebere, até que chegaram oito mil famílias de muçulmanos andaluzes pricipalmente. 


Prioridade nas ruas da medina : os burrinhos

Os primeiros refugiados vieram de Córdoba e de Granada. Depois, uniram-se a eles famílias árabes de Kairuã - atual Tunísia. Fez el Bali é considerada, desde 1981, pela UNESCO, como Patrimônio da Humanidade.


                                           Conjugação de madeira nobre e cerâmica


Esses grupos aportaram significativo patrimônio a Fez, que formou uma base sólida não só para a riqueza econômica, mas também para a riqueza religiosa, cultural e arquitetônica. 



 Vestes típicas

O movimento de independência de Marrocos nasceu nesta cidade e , até hoje, quando há protestos, a repercussão é mais ruidosa aqui. Trata-se de um lugar com identidade muito definida e personalidade muito forte - interessante é que mantém o seu encantador perfil medieval. 


Novamente, o tansporte mais usado na Medina

Além de ser considerada a capital espiritual de Marrocos, Fez também é uma das cidades mais tradicionais e admiradas internamente. A maior parte da elite intelectual e econômica do país dela provém. Há uma crença de que a pessoa nascida na Medina de Fez é mais religiosa, mais intelectualizada e mais refinada. A esposa do rei de Marrocos é de Fez, e a família real passa muito tempo aqui - o que muito orgulha a população da cidade.


Interior da Medina

Entra - se, preferencialmente,  na Medina - verdadeiro labirinto com 9.400 ruas - pela Bab Boujloud , uma grandiosa porta azul e verde. Acredito que esse passeio deve ser acompanhado por um guia. Imagino-me perdida aqui, numa noite de sexta feira 13 ,e sinto antecipado medo...Algumas ruas, além de curvas e bem estreitas, não têm saída. Terminam abruptamente


                                                    Detalhe da fachada do Palácio Real

Vivem na Medina cerca de 160 mil pessoas. Não se pode distinguir a casa de um bilionário da casa de qualquer outra pessoas. É da cultura árabe não fazer demonstrações de riqueza . O interior da casa pode ser um palácio riquissimo, finamente decorado, com pátio ( jardim) de grande beleza - mas isso somente saberão os familiares e os amigos que nela entram. Ostentar riqueza atrai coisas ruins, inclusive inveja e mau-olhado . A simplicidade é uma virtude muito considerada.






















As portas de Fez el-Bali ( Fez a Velha ) são fotogênicas e curiosamente interessantes. Têm, por exemplo, dois timbres ( duas campainhas ), um para pessoas conhecidas; outro, para estranhas. Mostram muitos adereços tradiconais, como ferraduras, que acreditam trazer sorte e espantar mau olhado, é óbvio. Pelas dúvidas, já vou colocar uma na minha casa...Para quem, como eu, gosta de portas, é um lugar fascinante. Muitas portas belíssimas...nem vou legendá-las. São todas de Fez.






















Há duas visitas imprescindíveis: palácio real, que ocupa 80 hectares, e bairro dos cortumes. E , quando se vai ao palácio real, deve-se - diz a lenda - passar a mão por uma de suas sete portas.Traz sorte! Da primeira vez que fui a Fez, visitei o bairro dos curtumes. Embora levasse um punhado de hortelã junto ao nariz, achei o cheiro insuportável. Desta vez, preferi perambular pelas lojas - especialmente de malas e bolsas , que são líndíssimas - a fazer uma segunda visita aos cortumes.


Mãos de Fátima
Fátima, cujo nome significa Única, teria sido a flha preferida de Maomé. A mão de Fátima é um amuleto contra o mal usado no Islamismo, no budismo e no Judaísmo - embora no Judaísmo mude a procedência: o amuleto estaria ligado a uma irmã de Maomé, igualmente uma mulher e esposa perfeita. Atualmente, pacifistas do Oriente Médio usam-na como símbolo esperança e paz na região. Sem querer dar chance para azar ou mau - olhado, trouxe algumas de diferentes países. As artesanais de Marrocos são belíssimas.


Restaurante no interior da Medina






































Realmente o artesanato de Marrocos é uma de suas grandes atrações. Há muito o que ver. Sempre se acaba comprando alguma coisa - ou coisinha - tanto pela beleza das peças, quanto pela persistência dos vendedores. E há que regatear sempre, um costume que me cansa um pouco. Com o passar do tempo, nota-se uma grande diferença de durabilidade e de qualidade entre o que se compra em lojas bem conceituadas e o que se compra de vendedores de rua. 

Porta-Joias : artesanato marroquino tradicional

Há peças em prata ou em cobre - entre elas , admiráveis filigramas - delicadíssimas e cuidadosamente trabalhadas. As peças feitas com  madeira de cedro , que são vendidas em todo o país, são tão lindas quanto ruins de carregar - o mesmo ocorre com as lindíssimas cerâmicas. As roupas típicas - Chilabas, gandouras e albernozes - são difíceis de resistir. São feitas em algodão ou seda.


Tapetes árabes e beriberes

Por sorte sou alérgica a tapetes, assim fujo das tentações. Além de bonitos, são tantas as variedades quantas as tradições tribais. Os tapetes árabes são mais delicados e próprios para a cidade; os bérberes, chamados Kilims, são mais fortes e feitos com lã de ovelha. O couro, em acessórios diversos, mostra cores vibrantes e bonitas, mas cuidem que alguns têm cheiro nada agradável  e bastante  persistente.


Sobremesa

A gastronomia de Fez é a mais tradicional de Marrocos, com destaque para o couscous e o tarrine.O tarrine é um guizado graúdo, cozido numa panela de barro com tampa cônica que mantém o calor. Pode ser de peixe, frango ou cordeiro, geralmente complementado com amêndoas ou ameixas. Gostei das sopas, com muitas especiarias. Há outros tantos pratos, inclusive da cozinha internacional. Como sobremesa, vem uma fruta da estação,ou um bolo, ou um doce - seguidos sempre por um chá de hortelã.


Muralhas de Fez

A Mesquita e a Universidade - abrigadas no complexo denominado Kairauine - constituem o centro espiritual de Fez e talvez de todo o país. O complexo, fundado em 859 por Fátima el Fihria e ampliado pelos almorávides no século XII, pode receber até 20 mil pessoas durante a oração. Diz -se que a Universidade é a mais antiga do mundo com funcionamento ininterrupto. Kairauine só pode ser visitado por muçulmanos.


                                                 Bela Decoração do Restaurante

Há outra universidade muito prestigiada em Marrocos :  Al Akhawayn, localizada em Ifrane, a 60 quilômetros de Fez, no Médio Atlas. Nessa pequena localidade, que se parece com a Suiça e que no inverno é famoso lugar de esquiar, há mansões luxuosas, com belos jardins. Comenta-se que são resdências de férias, pertencentes , a maioria, a moradores da Medina de Fez.


Artesanato de couro

A Cidade Nova - Ville Nouvelle fundada pelos franceses no inicio do Protetorado -  fica meio sem graça depois da visita à Medina. É como qualquer outra cidade grande, com muitos hoteis luxuosos e muitos restaurantes e cafeterias - adorei as cafeterias: tinham um café bem razoável. 


Vendedor de galinhas...vivas

É interessante observar que os hoteis daqui são bem mais econômicos se comparados com os da parte antiga de Marrocos. A larga e extensa avenida Hassan II , a principal da Cidade Nova, tem canteiros bem cuidados, muitas flores e muitas palmeiras. Pode-se passear tranquilamente por ela, inclusive à noite - o que não é aconselhado fazer na Medina.


Palmeiras e canteiros de flores

Gosto de Marrocos, tanto que voltei a visitá-lo. Verdade que cada visita é única. Nada se repete igual. Não penso, entretanto, retornar, nem mesmo a Fez , cidade de que gosto mais. Fiz uma lista de prioridades e não foi possível colocá-la. Vai faltar vida. Simples assim." 

OBS. E eu não sabia obviamente que, três anos depois, correria real risco de vida com um câncer de pulmão. Sobrevivi e voltei a Marrocos em 2019/2. O homem planeja, e Deus ri, diz o velho ditado.


Ruazinha da Medina

" Quando tornar a vir a Primavera
Talvez já não me encontre no mundo.
Gostava agora de poder julgar que a Primavera é gente
Para poder supor que ela choraria
Vendo que perdera seu amigo. 
Mas a Primavera nem sequer é uma coisa:
É uma maneira de dizer.

Escola marroquina com nome do fundador de Fez


Nem mesmo as flores tornam, ou as folhas verdes.
Há novas flores, novas folhas verdes.
Há outros dias suaves.
Nada torna, nada se repete, porque tudo é real."

Fernando Pessoa

Paisagem do Médio Atlas