quarta-feira, maio 30, 2018

Dorme Doce, Almir Pinto Menine

RIP - Almir Pinto Menine
Sempre escutei que a dor maior é a perda de um filho. Quando esse filho é também um irmão, a dor chega a ser cruel. Mile foi morar comigo com 11 anos.Sempre estivemos perto um do outro. Ele era meu filho-irmão. Por último, morava comigo em Torres. Nem parecia ter mais de 65 anos. Continuava sendo inteligente, estudioso, perspicaz, íntegro, amoroso. Amado por muitas pessoas, ele era essencialmente do bem. Foi muito feliz no seu último ano de vida. Mas partiu cedo demais, rápido demais, mesmo sendo muito bem assistido e cuidado. Fabianinha, Fernando e todos nós que o amamos tanto, precisamos, em nossas memórias, de um lugar imenso para armazenar tantas lembranças bonitas que ALMIR PINTO MENINE nos deixou. E precisamos de coragem para sobreviver à dor da ausência e viver à infindável saudade dele. 


A foto e o texto seguinte são de Fabiana Menine, filha de meu irmão.
Aqui deixei o meu velhinho, Almir Menine

Eu tentei escrever algo sobre ele, mas não consigo. 
Muito obrigada por todas as mensagens de conforto, as histórias compartilhadas e abraços no dia de ontem. Eu sempre pensei que meu pai era a pessoa mais legal do mundo, mas eu não sabia que tanta gente tinha esse mesmo pensamento.


Mile ( Almir ) e eu 


segunda-feira, maio 28, 2018

Zagreb, visite-a. É bem interessante. Parte 2


                                                    Sobre o que iremos escrever neste post?


Creio que, entre  os cemitérios mais famosos ou conhecidos, estão na França, em Paris, o Père Lachaise; na Argentina, em Buenos Aires, o  da Recoleta; nos Estados Unidos, em Washington DC, o de Arlington; na República Tcheca, em Praga, o  Old Jewish. entre outros.... A Arte Cemiterial, portanto, vem fazendo parte dos roteiros turísticos há  alguns anos...



Arte Cemiterial
 

Costumo incluir cemitérios nos meus roteiros, desde que eu encontre, previamente, a informação de que há neles obras de arte para serem contempladas e admiradas. Cheguei em Zagreb já com essa informação. O Cemitério de Mirogoj ( Groblje Mirogoj em croata ) , que teve sua construção iniciada em 1876 e concluída em 1929, é realmente monumental.



Muitas flores e esculturas

A concepção do Mirogoj tem a assinatura de um  arquiteto  austríaco - Hermann Bollé. Ao longo do tempo, muitas obras foram sendo acrescentadas, o que pode ser verificado nas datas expostas. A mais construção mais recente foi do crematório, em 1984, seguindo uma tendência mundial.



Mais uma das centenas de esculturas daqui...

Para se chegar ao Mirogoj, tem-se algumas alternativas. A partir da Catedral, no Centro, ir de ônibus em , mais ou menos, 10 minutos. Fazer uma caminhada de pouco mais de meia hora, por bonitas ruas arborizadas - dependendo de seu preparo físico para enfrentar uma leve subida. A minha solução preferida é,  pagando ao redor de 7 euros, ir de táxi e descer direto no portão de entrada.


Acesso

Embora meu foco sejam as esculturas, a arquitetura e as artísticas decorações, é difícil não perceber a paz de um lugar, com árvores bem cuidadas e com a beleza dos túmulos, das igrejas e das majestosas e bem cuidadas arcadas de mármore. Para mim não é um lugar de tristeza - a tristeza vem, por conta da saudade,  quando nos deparamos com a morada de pessoas amadas - é um lugar de certeza: ou alguém tem esperança de ser esquecido pela morte?



Gostei da combinação de cores....




Esse cemitério foi construído num terreno de propriedade do linguista Lujdevit Gaj, localizado nas ladeiras da montanha Medvednica e se caracteriza por receber pessoas de todos os grupos religiosas, sejam católicos, ortodoxos, muçulmanos, judeus e protestantes. Abrigam também túmulos de pessoas não religiosas.


Folhagens ainda sem a brotação da primavera...


É um cemitério onde se podem ter belas lições de história. Ali se encontram túmulos de croatas famosos, como músicos, escritores, arquitetos, pintores, escritores, compositores e esportistas, como Matija Llubecko, ganhadores de Prêmio Nobel e, ainda, Franjo Tudman, o primeiro presidente da República da Croácia.



Uma das capelas


Acompanhamos duas cerimônias fúnebres no tempo em que lá estivemos. Uma em que havia profusão de flores, cerimônia religiosa com cortejo acompanhado pelo badalar dos sinos das igrejas: enfim, todo um aparato para ir da capela ao interior do cemitério. Pequeno intervalo, e havia outra, realmente clean ...  mas as duas com coral masculino à capela. Até chorei.


Levar  rosas vermelhas para as cerimônias fúnebres: tradição em alguns grupos


Tenho feito fotos bastante originais - como as cremações na beira do Ganjes - e outras com rituais bem diferentes dos nossos. Tenho, porém, a decisão de nunca publicar essas fotos.

PS. Este post foi escrito há vários dias e , por uma triste coincidência, publicado no dia de hoje - um dia que eu daria a minha vida para que ele não existisse. 





sábado, maio 26, 2018

Zagreb, visite-a. É bem interessante. Parte 1

Centro Histórico de Zagreb - restos de antigas muralhas e Catedral de Zagreb

Já saímos do Brasil com a decisão de que o translado entre Budapest e Zagreb seria feito de ônibus, As passagens foram compradas,   ainda no Brasil, no site da             https://www.flixbus.com/ Era a oportunidade de ver melhor a paisagem, de passar por fronteiras,   de conhecer mais  um sistema de transporte na região e, ainda, pagar bem menos que de trem ou de avião.



Parte antiga de Zagreb com sinais de primavera 

Do apartamento que alugamos, era fácil percorrer o Centro Histórico da bonita Capital da República da Croácia, país com quase 1800 km de litoral e mais de 1200 ilhas. Observamos, já no primeiro dia,  que os preços praticados não constituíam exagero e que a comida e o café eram excelente. A  moeda croata é  Kuna (KN), que convive com o Euro, recebido em lugares mais turísticos.




Centro Histórico

Há 12 anos, eu havia estado em Zagreb um fim de semana, igualmente na primavera.  O número de turistas,  com certeza,  aumentou bastante desde aquela visita.    A proximidade com  Itália, Viena e Budapest deve ter contribuído muito para atrair visitantes...         e contribuído, mais ainda, o que se comenta sobre as belezas naturais do lugar e de seus arredores.








Em 2006, escrevi : Zagreb é uma bela cidade. E é muito interessante ver como aquele povo se reconstrói após a recente guerra. Um casal croata - falante de italiano -        conversa comigo 
e me conta da guerra.Dizem que muitas pessoas ainda têm pesadelos de que suas casas  estão 
sendo bombardeadas.          Os croatas terminaram a conversa, dizendo " mas sobrevivemos e 
precisamos agora reconstruir nosso país"...




Proximidades da Catedral

Embora eu goste muito de caminhar sem destino pelas cidades,  observando lugares comuns e gente no seu cotidiano, parece-me importante esmiuçar o Centro Histórico e observar ali o que a gente leu antes da viagem. Em Zagreb , o conhecimento do Centro Histórico é imprescindível, tanto nas leituras, como durante os passeios. Com cerca de 900 mil habitantes, a cidade tem um belo ar provinciano, parques bonitos, arquitetura que merece um olhar mais longo, museus, galerias de arte, restaurantes, cafeterias,habitantes muito gentis - e o rio Sava, embora ele  não parece muito integrado à cidade.


Detalhe da Feira Livre de Zagreb : Dolac

Mencionando restaurantes e cafeterias, recordo que se come bem e barato na Croácia. A Feira Livre de Zagreb - Dolac - é uma festa para os sentidos. Frutas locais, verduras e legumes novinhos, embutidos, queijos, doces e as fantásticas comidinhas de rua estão todos ali - deliciosos e tentadores. O que mais me encantou, no entanto, foram os espaços reservados às flores. Quanto colorido e beleza! A Dolac funciona diariamente, bem pertinho da praça principal, a Ban Jelacica. Passeio obrigatório para visitantes e habitantes.



Centro Histórico

O Centro histórico está dividido em Cidade Baixa ( Donji Grad ) e Cidade Alta ( Gornji Grad ). Na Cidade Alta está a Catedral e a Praça Central ( Trg Bana Jelacica), onde está a estátua do vice-rei, imponente no seu cavalo. Duas observações : aprenda algumas palavras na língua eslava, pois não é difícil fazer úteis  associações. Não esqueça, se você não estudou bem a diagramação da cidade, que a localização da Catedral é  referência para você encontrar-se



Detalhe do prédio do Museu Arqueológico


Há vários museus muito bons em Zagreb, como o Museu Croata de Arte Naif, o Museu da Cidade, o Museu Arqueológico, e algumas galerias de arte bem recomendadas, como a Galeria de Arte Moderna e a Galeria Strossmayer. O Museu, entretanto, que mais me interessava, não consegui visitá-lo por desencontro de horários. Refiro-me ao Museu das Relações Cortadas ( Museum of Broken Relationships ) que conta, de diferentes formas,  a história de relações amorosas desfeitas,  através, por exemplo,  dos mais inusitados objetos.



Antigas muralhas

Não só pelo Museum of Broken Relationships, eu desejo retornar, pela terceira vez, à Croácia, um país com história dura e corajosa. Foi conquistado / invadido, através dos séculos, por tribos eslavas, venezianos, turcos e alemães. Sofreu nas duas Grandes Guerras; foi parte da Iugoslávia e, após um dramático período, conquistou sua autonomia  em 1990. Mantém lendas e tradições encantam os visitantes, além dos preços que são bem mais em conta que muitos outros países europeus.



Ensaio das tulipas


O post sobre Zagreb será dividido em duas partes. A primeira, esta que você acabou de ler e que está bastante mal escrita. Desculpe. Estou passando por uma fase bem ruim - doença de um irmão meu, muito amado. A segunda, melhor um pouco, porque foi rascunhada ainda na Croácia e porque o tema me é fascinante. Aguarde. Ela é meio diferente...








" No basta abrir la ventana
para ver los campos y el río.
No es suficiente no ser ciego
para ver los árboles y las flores.
Es preciso también no tener filosofía ninguna.







Con filosofía no hay árboles: solo ideas.
Hay solo cada uno de nosotros, como uma cueva.
Hay solo una ventana cerrada, y todo el mundo allá fuera;
y un sueño de lo que se podría ver se la ventana se abriera,
que nunca es lo que se ve quando se abre la ventana."


Fernando Pessoa


Mirogoj - próxima postagem

sábado, maio 19, 2018

Sobre cansaço e portas fechadas: Fotos feitas em Zamora e texto de Fernando Pessoa




" Lo que hay em mí es,sobre todo, cansancio -
no de esto ni de aquello,
ni siquiera de todo o de nada:






cansancio em si mismo, él mismo
cansancio.







La sutileza de las sensaciones inútiles,
las pasiones violentas por ninguna cosa,
los amores intensos por lo supuesto en alguien
esas cosas todas:







- esas y lo que falta en ellas eternamente -;
todo eso me trae un cansancio,
este cansancio,
cansancio.






Hay, sin duda, quien ame lo infinito,
hay, sin duda, quien desee lo imposible,
hai, sin duda, quien no quiere nada  - 
tres clases de idealistas, y yo no pertenezco a ninguna:







porque yo amo infinitamente lo finito,
porque yo deseo imposiblemente lo posible,
porque yo lo quiero todo, o un poco más, si puede ser,
o hasta si no puede ser...






Y el resultado?
Para ellos la vida vivida o soñada,
para ellos el sueño soñado o vivido,
para ellos la media entre todo y nada, esto es, esto...






Para mí solo un grande, un profundo,
y, ah con qué fecidad infecundo, cansancio,
un supremísimo cansancio,
ísimo, ísimo, ísimo,
cansancio."

Fernando Pessoa


                                                     
            Que o  fim de semana seja aconchegante, e o respeito pelo outro seja constante. Beijos

sexta-feira, maio 18, 2018

A Românica Zamora de Castela e Leão - 2a.Parte

El Mercado de Abastos


Da chegada, na Estação Central de Trens de Zamora, fui de táxi até o Hotel Horus Boutique Zamora, um quatro estrelas com  boa avaliação no Booking.com. Correspondeu!  apenas o café da manhã podia melhorar bem mais. A localização do Horus é ótima. Está na frente do Mercado de Abastos, um prédio modernista, grandioso por fora, pouco ocupado por dentro e sem grandes atrativos na venda de produtos locais.



                                                                                                 Rua Santa Clara


Há duas ruas para pedestres - calle peatonal -  que oferecem condições de boa caminhadas, por serem planas e de agradáveis lugares para serem observados. Primeiro , eu percorri a rua Santa Clara e, seguindo um mapa, passei para a rua Alfonso IX, limite do Centro Histórico. 



                                                    Interior da igreja Santiago del Burgo
                                                  
Para retornar ao Casco Antigo, percorri a segunda peatonal, na direção da Praça Maior. A primeira das muitas igrejas românicas que visitei, foi a pequena e bela Santiago del Burgo. Daí em diante, foi-me impossível memorizar o nome de tantas igrejas e relacioná-las as fotos que fiz...Lamento!

Igreja Santiago del Burgo

Zamora é uma cidade com cerca de 60 mil habitantes, que surpreende por seus muitos  tesouros, avistados muito perto uns dos outros, em todo  seu Centro Histórico. Pode ser percorrida a pé, com descobertas fantásticas a cada momento. Há que se estar atento.


Proximidades do Castelo

Acredito que a Catedral e o Castelo são os tesouros mais visitados  em Zamora. O Castelo é limite do assentamento inicial,  que foi fundado nos primórdios da Idade do Bronze e , posteriormente, ocupado pelo povo Celta. Está à margem do Duero, pois, como se diz, cada ciudad tiene um río en el que mirarse.


                                           Restos das Muralhas


É uma cidade estrategicamente localizada, em lugar bem protegido e defendido, não somente pela rio Duero, mas também pela própria topografia. Como se não bastassem essas defesas naturais, foram construídas depois suas grandiosas muralhas, que acrescentaram ao nome da cidade a expressão a bem cercada. Seguir o que resta das muralhas é um passeio bem interessante...



Morcilla local


Como já escrevi, tracei a cidade a pé. A fome veio. Restaurantes, bares e cafeterias não faltam na cidade. Perguntando cheguei restaurante de comidas locais. Encontrei o que procurava: morcilha! E morcilha típica de Zamora, pois eu não queria a morcilha de Burgos, com arroz incluído. Vinha sobre uma fatia de pão, coberta com cebola caramelizada e nozes!



                                                Sobremesa


Por ter caminhado tanto, durante várias horas, sem nenhum remorso, acrescentei uma sobremesa ao almoço - irresistível mesmo!  Também sobre uma fatia de pão, depois de uma camada de geleia, vinha uma generosa fatia de queijo de cabra aquecido, coberto com mel e nozes.  Essa sobremesa eu a conheço - parecida - na Andaluzia, onde um creme de queijo de cabra, vem também coberto por mel e nozes. 


Esqueci a denominação dessa igreja - gostei dos ninhos!

Quando comecei , já no segundo dia de caminhadas, a confundir o nome das dezenas de igrejas românicas, procurei mudar o foco e passei a olhar com mais atenção a arquitetura civil e a fixar-me nos palácios e casarões góticos, renascentistas e contemporâneos, como o cassino, o teatro, o mercado, os museus e o palácio legislativo. 


Teatro da Cidade

Tenho especial encantamento por arte pública, em que a população tenha acesso a boas obras. Minha preferência recai sobre as esculturas. Pois , em Zamora, encontrei obras que me fascinaram, como a que selecionei para postar a seguir:


Edifício do Cassino

Gostaria muito de voltar não só a Zamora, mas de percorrer detalhadamente Castela e Leão. Sim! gostaria de estar lá na Semana Santa. Neste ano, passei a Semana Santa em Santiago de Compostela. Descobri, posteriormente, cidades bem mais interessante para ver e participar desse acontecimento religioso, cultural e social na Espanha. Não faço mais planos...mas, se der, vou cantarolar gracias a la vida...


                                                                   Igreja Madalena


" Sigue tu destino,
riega tus plantas,
ama tus rosas.
El resto es la sombra
de árboles ajenos.

La realidad
siempre es más o menos
de lo que queremos.
Solo nosotros somos
iguales siempre
a nosotros mismos."

Fernando Pessoa


Zamora, maio de 2018

sexta-feira, maio 11, 2018

A Românica Zamora de Castela e Leão - 1a.Parte

Catedral de Zamora


Se eu não tivesse  o hábito de voltar diversas vezes ao mesmo lugar, certamente já conheceria todas as cidades da região de Castela e Leão - e , sem exagero, conheceria todas as cidades da Espanha. Perdi a conta do número de vezes que fui, por exemplo,  a Burgos, Segóvia, Valladolid, Ávila, León e Salamanca .... e nunca havia visitado Zamora, parte  dessa região. 



Igreja de Santa Maria Madalena


Estou, por isso, há dois dias, recorrendo organizadamente Zamora , com o objetivo específico de aprender mais sobre o Românico Espanhol, estilo artístico que predominou  na Europa Ocidental, desde o final do século X até o século XIII . 



Detalhe da Igreja de Santo Estêvão


Dizem ter essa cidade o maior índice de concentração do estilo tanto em igrejas quanto em edifícios, sendo também os que apresentam melhor conservação.  O Românico foi bem desenvolvido no Norte da Espanha, mas não só no norte, como não só na Espanha. Penso que religião e política, conforme seus interesses, ampliam a abrangência de alguns estilos...



Igreja de Santiago de Burgo


Esclareço que minha formação é em Linguística. O que estudo - sozinha - sobre História da Arte, é apenas uma tentativa de ver melhor o que vejo e que esteticamente tanto admiro. Observo, por exemplo, que no Românico, uma de suas características arquitetônicas é a decoração em relevo:



Palácio da Justiça - antigo Palácio de los Momos


Pode-se facilmente observar também - tão facilmente que até eu observei rsrs - que o estilo   foi uma combinação harmônica de elementos construtivos e ornamentais de procedências diversas, formado na Europa cristã,  Zamora, no entanto, é considerada como a Capital do Românico , ainda que tardio, pelas características e pelo maior número de monumentos desse estilo.



Igreja de Santo Ildefonso - séc.XII


Parece-me que, na Espanha do Norte, encontra-se o predomínio do Românico sensível e florido, com exuberância ornamental e uma certa delicadeza na execução dos detalhes. Em pouco tempo - apenas três dias - é difícil fazer uma observação mais aprofundada  : somente igrejas são mais de vinte!



Delicadeza!

Na Praça Maior, além dos edifícios da prefeitura e da polícia , está a Igreja de São João, que se salienta não só pela arquitetura, mas também por mostrar a Estátua de Merlu, nome que se dá a um par de integrantes da Confraria de Jesus de Nazareno, que são os encarregados de chamar os demais nazarenos  para dar início a  uma já tradicional procissão. O Merlu é formado pór duas pessoas, sendo que uma toca trompeta e outra, tambor.



Estátua de Merlu na Igreja São João


Os monumentos mais emblemáticos de Zamora, Capital do Românico, penso que são  a Catedral do século XII, o Castelo, as ruínas das muralhas da cidade, a ponte sobre o rio Duero, mais de vinte igrejas e  dois grandes palácios. É interessante observar que toda essa grandeza está numa cidade com pouco mais de 60 mil habitantes.



Um dos acessos aos jardins do Castelo


"El pastor amoroso perdió el cayado,
Y las ovejas dispersáronse por la ladera,
Y de tanto pensar, ni tocó la flauta que trajo para tocar.
Nadie se le apareció o desapareció.
Nunca más encontró el cayado.
Otros, maldiciendo contra él, recogiéronle las ovejas.
Nadie lo había amado, al final.
Cuando se erguió de la ladera y de la verdad falsa, vio todo:
Los grandes valles llenos de los mismos verdes de siempre,
Las grandes montañas de lejos, más reales que cualquier sentimiento,
La realidad toda, como el cielo y el aire y los campos que existen, están presentes.
(Y de nuevo el aire, que le faltara tanto tiempo, le entró fresco en los pulmones) 
Y sintió que de nuevo el aire le abría, pero con dolor, una libertad en el pecho."

Fernando Pessoa


Muralhas - séc IX ao sé XIV