Alegrete RS
Aos queridos leitores do Correndomundo
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Violino Quebrado - Escultura em Bucareste
Escrevi para a Embaixada da Ucrânia, bem no início de 2020:
"Planejo ir à Ucrânia em maio próximo e permanecer 15 dias no país. Sou brasileira. Pretendo entrar pela Romênia, país que conheço bem (...) Que cidade(s) ucranianas me sugerem visitar?"
Quase imediatamente recebi esta resposta :
" (...) Cidadãos brasileiros podem entrar, transitar ou permanecer na Ucrânia sem a necessidade visto por até 90 dias a cada 180 dias. A Isenção de visto não isenta o viajante de cumprir os pré-requisitos exigidos pelo país (como, por exemplo, a passagem de saída do país). Para certificar-se sobre quais são essas condições, recomendamos entrar em contato com a Embaixada da Ucrânia no Brasil (https://brazil.mfa.gov.ua/pt) ou com o Consulado da Ucrânia em São Paulo (https://sao-paulo.mfa.gov.ua/
No tocante a sugestões de onde visitar, além da capital (Kyiv/Kiev), recomendo que faça uma pesquisa sobre as cidades de Lviv, Odessa, Kamianets Podilskyi, Dnipro, Chernivtsi e Uzhgorod, e faça uma seleção das que mais lhe interessarem para visitar. Caso tenha interesse em ativades na natureza (sem muita infra-estrutura) vale a pena pesquisar também sobre os Cárpatos, cadeia de montanhas belíssima que ocupa o extremo oeste da Ucrânia."
Mapa do 1o. percurso
A partir daí, construí o roteiro que eu deveria fazer a partir de março . O primeiro passo foi a compra dos bilhetes aéreos. POA / Madrid - permanência de dez dias - depois, Madrid/Cluj Napoca - permanência de quinze dias na Romênia, incluindo Maramures, Suceava, Sul de Bucovina e Iasi. A partir de Cluj, os demais trechos seriam feitos de trem. Já sonhava em voltar a percorrer o Sul da Romênia e rever os Mosteiros pintados - Patrimônios da Humaninadade.
"Não quero a noite
senão quando a aurora
A fez em ouro e azul se diluir.
O que a minha alma ignora
É isso que quero possuir."
Fernando Pessoa
Leste Europeu - Moscou
É antiga minha paixão pelo Leste Europeu, onde estive dezenas de vezes. Faltavam-me, no entanto, dois países para eu admitir - a mim mesma - que conhecia bem a região. Faltavam Moldávia e Ucrânia - no total, um mês já me bastava. Ao retornar da Europa, em dezembro de 2019, em viagem que incluíra três semanas na Romênia, meu novo roteiro já estava planejado. Após a Romênia, depois de Iasi,em 2020, eu entraria pela República da Moldávia, começando por Chisinãu - recordem que há uma região com a denominação de Moldavia e a República com o mesmo nome. Da República da Moldávia, alcançaria a Ucrânia, um dos focos da temporada pretendida. . Nem avancei muito nos estudos sobre a Ucrânia, e aconteceu o imprevisível : a Pandemia! E 2020 passou a ser o meu ano de" aguardar o ano seguinte".... Nem em pesadelo, eu podia prever que, em anos seguintes, por motivos coletivos e individuais, eu ficaria á janela, esperando a banda passar!
Nem fotos da janelas...
Em meados de 2020, quando o panorama já era assustador, planejei dar uma certa utilidade ao meu tempo. Apesar do isolamento físico, convivi com amigos/irmãos, como Potiguara e Horto, e com meu filho e minha nora; comecei a escrever sobre minha família paterna - Menini(e) - projeto há muito pensado e adiado, e a fazer tricô para presentear os amigos. Foi-se o ano de 2020, veio o 2021 - infelizmente com o mesmo desenho triste. No final de 2021, eu estava mais animada - parecia-me impossível que 2022 trouxesse outros eventos difíceis ou dolorosos. Eu esquecera os individuais, como novos diagnósticos de doenças, e os mais amplos, como os conflitos mundias. Revisão médica e Guerra na Ucrânia detonaram os meus planos. Doeu-me aceitá-los, mas nada podia ser feito. Eu precisava de paciência, acima de tudo!
A conteceu que, em dezembro, ao fazer as revisões do pulmão, cirurgiado há quatro anos, fui diagnosticada com outros cânceres.Fiquei janeiro e fevereiro em Porto Alegre, cuidada full time, com esmero e carinho, por Gugu, meu filho, e Adriana, minha nora. Sem projetos de novas viagens, sem condições de tricotar e com poucas condições de digitar, procurei, e ainda procuro, viver um dia cada vez e fazer o viável a cada momento. Meados deste março, retornarei ao hospital e aos meus competentes e acolhedores médicos. Como se escrevia nas cartas de antigamente, " escreverei para dar notícias minhas e saber notícias suas..." Espero concluir com " eu vou bem Graças a Deus..."
Sendo assim, caros familiares , assumo novamente o livro, agora já com título definitivo : " Família Menini(e) : de Tobias a Almir", devagar e dentro do possível. Tenho a certeza, no entanto, de que o concluírei em 2022. Continuo, por essa razão, solicitando e aguardando cópias de fotografias e documentos de nossos antepassados. Em especial, muito agradeço, aos amigos, familiares, colegas, ex-alunos, vizinhos e tanta gente mais que conheci neste mundão, as sensíveis e comoventes mensagens recebidas, lembrando-lhes que se colhe o que se planta. Carinhos meus em um abraço doce e leve - bem leve porque as dores físicas ainda se fazem presentes.
Fotografia
"Que seria da memória
sem a fotografia?
Que seria do homem
sem seus vestígios?
Como saberíamos dos avós,
Crianças de meus pais...
Abrelino Abreu Menine e Anália Pinto Menine
Tia Salustia, no centro da primeira fila.
Tio Alberto, ao que parece, não era muito dado a fotografias. Postei pedidos e mandei e-mails, garimpando fotos dele. A despeito da boa vontade de parentes e amigos, nada ainda consegui - mas aposto que conseguirei até a revisão final dos textos. Recebi, isto sim, muitas fotos da elegante esposa dele : tia Salustia, que era muito frequente em eventos sociais e comunitários, fossem aniversários, casamentos, reuniões políticas; fossem cerimônias fúnebres, missas e batizados. Eu a recordo com um longo e caríssimo casaco de pele, bonitas joias e sapatos de salto, apesar de ela ser madura e bastante alta. Após a morte do marido, continuou sua intensa vida social. Era uma mulher interessante, muito ajustada aos padrões tradicionais da época. Tanto quanto eu sei, era bastante estimada e conhecida em Rosário do Sul.
( Aguardando informações desta foto)
Ary Izaguirre Menine foi o único neto de Tobias Menini, advindo do casal Alberto e Salustia. Foi por eles adotado quando recém-nascido. Era filho de Joaquim Luis Menini ( Quincas ) e Leonor Rodrigues, portanto sobrinho de Alberto. Ary cresceu como um filho único mimado, cheio de vontades, como se dizia antigamente! Convivi com ele quando eu era criança. Gostava muito dele - brincalhão e afetivo, tornou-se um de meus primos preferidos. Ainda bastante jovem, casou com Élida Araújo, uma jovem doce e sensível. Élida e Ary tiveram dois filhos, Mauro e João Alberto Menine - ambos, reconhecidamente, dois intelectuais gaúchos. João Alberto ( Beto ) morreu de covid, em Porto Alegre, no primeiro ano dessa terrível pandemia. Infelizmente não convivi com os filhos de Ary - tempo e distância intrometeram-se entre nós.
Ary , Salustia e Eugênia - 1o. aniversário de Bruno.
À Ana Cátia de Campos Menine agradeço as informações e as fotografias que me foram, tão gentil e prontamente, enviadas. Aguardo mais fotos até a publicação impressa, prevista para o início do próximo ano. Enchallah!