Abrelino Abreu Menine e Anália Pinto Menine
" Quando eu era pequeno não sabia
Que cresceria.
Pelo menos não o sentia.
Naquela idade o tempo não existe.
Cada dia é a mesma mesa
Com o mesmo quintal ao fundo;
E quando se sente tristeza
Está tristeza, mas não se está triste.
Eu era assim
E todas as crianças deste mundo
Assim foram antes de mim..."
Fernando Pessoa
Em Família Menini/Menine - no.12 - Filhos de Tobias/Abrelino Abreu Menini , já escrevi sobre meu pai e sobre a dificuldade que tenho, ainda hoje, depois de anos de terapia, de rememorar a morte dele, causada por tétano, quando eu tinha apenas onze anos de idade. Este tópico, no entanto, é leve, pois está focado nos netos de Tobias Menini, nos filhos de Abrelino e de Anália Pinto Menine.
Éramos sete os filhos de Abrelino Abreu Menine, seguindo esta ordem: Maria Aldina, Alberto, Aldiva, Aldema, Alda, Zeli e Almir. Hoje somos quatro. Em pouco mais de um ano, com o mesmo câncer - genético - de pulmão, morreram Zeli, Almir ( Mile) e Aldina. Sobrevivi eu por ter feito um exame preventivo e, imediatamente, em julho de 2018, ter feito uma cirurgia para a retirada da parte do pulmão esquerdo, em que se alojava o tumor. Procuro agora, neste tempo de sobrevida, viver bem e intensamente, valorizando o que tem realmente valor - contexto em que surge este livro sobre a Família Menini(e). Estou muito bem. Sigo pensando como escreveu Millôr Fernandes, "viva cada dia como se fosse o último...um dia você acerta".
Os sete filhos de Abrelino Abreu Menine e Anália Pinto Menine acrescentaram um total de vinte e quatro crianças, portanto vinte e quatro bisnetos de Tobias Menini - nove meninas e quinze meninos, assim distribuídos:
1 - Maria Aldina Menine Severo: Nei Jorge (morreu com, mais ou menos, um ano de idade), Cléber Adir, Enir Teresina ( morreu antes dos cinquenta anos ), Clezer Abrelino e Elaine Thalita. Acredito que, de meus irmãos e irmãs, foi Aldina a que mais sofreu. Ela sofreu a dor da perda de dois filhos - dor que não existe maior. Eu a admirava por preservar sua alegria de viver e a conversa leve sem queixas da vida. Trabalhava muito em casa, mas mantinha sempre o gosto por trabalhos manuais. Era uma admirável contadora de histórias. Morreu aos 84 anos.
2 - Alberto Pinto Menine - pai de Dalvane, Dalva, Adriano, Eliane e Fernanda. Nesta família, tenho duas afilhadas e especial carinho por elas. A esposa do Beto, Ereni Gonçalves Menine, é minha afilhada de crisma; e Dalvinha é afilhada de batismo. Beto vive em contato com a natureza. Sabe muito de árvores nativas, de pássaros da região e de animais de qualquer porte - mas parece que as ovelhas têm sua predileção. Como muitos Menini, aprecia animais domésticos, especialmente gatos. Os netos, as netas e a bisneta recebem dele muito carinho e atenção, sendo, portanto, pai, avô e bisavô dedicado e amoroso.
3 - Aldiva Menine Guedes - mãe dos gêmeos Sussi, Cairo e de Aluizio e Lisandro. Diva, como costumamos chamá-la, é muito habilidosa com qualquer tipo de artesanato. Ela borda
e costura; faz tricô, pinturas e crochê. Gosta de jardinagem - tem especial carinho por flores
e folhagens. Lamentamos muito a morte de Cairo - de enfarto, aos cinquenta anos. Era uma pessoa plena de afetividade, com atualizada visão de mundo e com marcante simplicidade. Muito amigo de Paulo de Tarso, meu filho. Sei que eles conversavam online frequentemente sobre música e motos, assunto que interessava bastante aos dois. Lembramos dele com carinho.
Aldema Menine Mckinney - Sou a do meio. Tenho três filhos : Fabiana, Paulo de Tarso e Juliano - gente do bem, como dizia Pedro, meu neto, quando pequeno. Sempre gostei de estudar, trabalhar e plantar - fossem vasos, jardins, hortas e pomares. Desde cedo, minhas dificuldades começam com a letra " E " - emagrecer e economizar! Continuam sendo.Quando perguntam meu estado civil, costumo responder: qualquer um, passei por todos. Vivi bem, talvez por ver a realidade como meu horizonte - e o presente como meu melhor tempo. Costumava dizer aos meus filhos e àqueles sobrinhos que são como filhos: o mundo é redondo, bonito, fácil de andar, e pessoas agradáveis ( ou não ) existem em todo lugar. Andem no tamanho de suas pernas. Importa mesmo que sejam gentis, gratos e curiosos.
5 - Alda Pinto Menine - Mãe de Frederico e Marcos. É advogada, formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. No seu trabalho, dedicou-se, com afinco, a causas sociais, em especial às que dizem respeito às crianças e aos adolescentes. Escreve bem, é estudiosa e tem acentuada semelhança física com Anália Pinto Menine. Frederico, seu filho mais velho, graudou-se em Engenharia Elétrica na Universidade Federal de Santa Maria, concluiu mestrado na UFRGS e doutorado entre Brasil e Alemanha. Hoje é professor na UFSM. Marcos trabalha e cursa Ciências Contábeis em Porto Alegre. Alda lê muito, gosta de música, cinema , História e Ciências Políticas e Sociais.
6 - Zeli Menine da Silva - mãe de três meninos: Fabrício, Igor e Ary Nélson da Silva Júnior ( Juninho). Zeli - bonita, alegre, saudável e muito ativa. Surpreendeu-nos sendo a primeira a morrer, deixando saudades imensas. Tenho dela memórias inolvidáveis, em especial de suas divertidas construções frasais e de seu companheirismo em viagens. Lembro, por exemplo, de seu encantamento visitando Tivoli, um dos parques mais antigo do mundo, na viagem que fizemos à Dinamarca e à Suécia; lembro de seu entusiasmo, quando de manhã muito cedo, íamos à Puerta de Atocha ou a Chamartin para acessar o trem a diversas cidades históricas espanholas; recordo a emoção dela ao ver e rever as belezas de Praga - quando já estava doente, disse-me: " será que terei vida suficiente para a gente voltar a Praga? " Faltou-lhe, no entanto, tempo para realizar este sonho. Ela, como eu, amava viajar.
7 - Almir Pinto Menine - pai amoroso de Fabiana e Fernando. Mile, meu irmão / filho, fez com que eu fosse mãe bem antes de ser; que fosse avó antes de meus netos nascerem. Fabianinha e Fernando foram meus primeiros netos. Sinto muito a falta dele. Morreu dois meses depois de receber sua aposentadoria. Uma das pessoas mais inteligentes e criativas que eu conheci. Nem se falava em internet no meio rural, e Mile já fazia experiências diversas, tentando um sinal mais perto de casa - até que o conseguiu e aprimorou com a instalação trabalhosa de uma torre, imaginada e feita por ele. Amigos de seus amigos, gostava de gente e era grato por gostarem dele. Certamente deixou um espaço na memória dos que com ele conviveram. Deixou boas lembranças - a maior herança que se pode deixar.
O capítulo sobre os netos de Tobias Menini conclui-se aqui - embora precise de revisão e de reestudo das fotografias, já que algumas serão substituídas por outras, que possibilitam maior riqueza de detalhes especialmente para a análise do momento histórico em foram "batidas" ( conhecem a expressão bater fotos? É bem conhecida na região).
O próximo capítulo será sobre o Touro Passo, sua importância histórica e econômica, bem como suas riquezas culturais e históricas - nada de brincadeiras irônicas porque, para a Família Menini(e), em especial para os mais velhos, o lugar é quase sagrado, muito mais pelas recordações do que posse.
Enfim, somos " Gente como a Gente " e certamente acreditamos que:
"Cada coisa a seu tempo tem seu tempo.
Não florescem no inverno os arvoredos,
Nem pela primavera
Têm branco frio os campos..."
Não florescem no inverno os arvoredos,
Nem pela primavera
Têm branco frio os campos..."
Fernando Pessoa
Aldema, teu texto e fotos proporcionaram-me um conhecimento preciso, dos filhos e netos dos teus pais Abrelino e Anália, meus tios avós. Um forte abraço, aos descendentes de Abrelino e Anália!
ResponderExcluirAgradeço muito o interesse, a leitura e o abraço. É sempre valioso incentivo para continuar a escrever. Grande abraço.
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