terça-feira, agosto 31, 2021

Correspondência às pessoas da Família Menini/Menine e aos amigos de nossos familiares

 


                                        Romênia, 2019 ( não bebo, foi só um brinde para a foto.

Queridos parentes, 

Continuo escrevendo a versão preliminar do Livro  de nossa família. Ao mesmo tempo, faço contatos com profissionais da área de edição para saber detalhes técnicos necessários à formatação dele. Gostaria muito que já estivesse impresso no primeiro trimestre de 2022. Após concluir o " copião", devo fazer uma revisão bem cuidadosa - já descobri erros meus tanto na escrita quanto na identificação das fotografias.

Sobre as fotos, sei que muitas terão de ser trocadas por outras mais nítidas ou mais coerentes com o texto escrito. As próximas postagens serão da tia Maria Rosa, do tio Quincas ( Joaquim Luís ), do tio Alberto, do tio Constâncio e do meu pai, concluindo, assim, o capítulo sobre os filhos do meu avô. O foco do capítulo seguinte  abordará os netos de Tobias Menini. A postagem constará do nome de cada filho de meu avó , seguido do nome dos netos Tobias. Não tenho fotografias de todos os meus primos-irmãos, e de alguns, não sei como localizá-las.  Como tenho algumas fotos muito bonitas e informativas dos bisnetos ( de Tobias ) penso postar uma sequência de fotografias dessa outra geração. Estou ainda pensando como fazer essa última parte.

Não necessito de fotos originais - as originais devolverei todas aos parentes que me as enviaram. Podem copiar e colar, ou fotografar a fotografia e mandarem para meu e-mail: aldemamenini@gmail.com. Ajudem-me, por favor, a localizar fotos e informações preciosas, como data de nascimento e nome com o qual foram registrados. Assim o livro ficará mais informativo para as próximas gerações.

Reafirmo que esse livro tem como objetivo oferecer às crianças e aos adolescentes informações da história de sua família - sabemos todos nós o quanto é relevante essa noção de pertencimento, que não se transmite com bens materiais, mas com historicidade e afeto. 

Está sendo uma alegria grande para mim este tempo de escrita do Família/Menini/Menine. Espontaneamente, muitos parentes me procuram e me ajudam na coleta de material. A eles, o reconhecimento da generosidade e a minha particular gratidão.

Carinhoso abraço,

Aldema Menini Mckinney

Torres, 31 de agosto de 2021 ( dia do aniversário de meu pai, Abrelino Abreu Menini )

segunda-feira, agosto 30, 2021

Família Menini/Menine - no.06 - Filhos de Tobias/João Menini

 

                                                                    Tio João Menini


Fui criança de meio rural. Saí da Campanha com quinze anos, depois de haver frequentado um único ano de escola regular. Estudei sozinha, fiz exame de admissão ao ginásio com sucesso. Por sorte, havia livros de meu pai, em casa - e eu, muito cedo, descobri o prazer da leitura. Adolescente, já havia lido José de Alencar, Érico Veríssimo e outros cronistas e poetas brasileiros. Enxergava o mundo com lentes do literatura - produzida, obviamente, no Romantismo. Aqui entram minhas memórias que se referem a Tio João Menini. Mais com sussurros do que com alardes, escutei histórias da vida dele, que me soavam como um envolvente  romance romântico. Um homem rural, com uma companheira, um filho e uma filha, desloca-se para outro município - Jaguari - e lá encontra uma jovem linda por quem se apaixona, sendo correspondido. À moda Romeu e Julieta, a família dela se opõe, e eles fogem para  Os Três Serros, onde tiveram duas lindas filhas e onde residiram até a morte, sem nunca mais terem contatos com familiares de Ana Scalcon -  que era seu nome. Assim me contaram . Assim a internalizei como a primeira história romântica da minha família . Verdade ou ficção, meu tio deu vida aos contos amorosos que eu lia.  Sou-lhe grata!


                                                                       Tio João Menini

Penso que Tio João morreu cedo. Penso também que Ana era muito querida na Família Menini - na minha casa, a única cunhada de meu pai que teve um retrato pintado a óleo e exposto junto com os demais familiares, foi ela. Do primeiro relacionamento de João, nasceram Francisca de Souza  Menini , a minha comadre Chica,  e Higino Menini - um querido primo, que era conhecido pelo apelido de Noco e que, por decisão própria, trocou seu próprio  nome, passando a chamar-se Higino  Rodrigues dos Santos - Higino, nome originário da Itália, pertenceu ao quinto Papa da Ordem de São Pedro.  Do relacionamento com Ana, nasceram Eva Menine, que casou com Elpídio Menine, filho de Tio Estêvão, e Santa Menini, que casou com Izaguirre, sobrinho da tia Salustia, esposa de Tio Alberto. Eva e Santa foram as primas mais bonitas entre as que eu conheci. Escreverei sobre o filho e as filhas de João Menini no capítulo dedicado aos netos de Tobias.



                                                                           Ana Scalcon


"O amor é uma companhia. 
Já não sei andar só pelos caminhos, 
Porque já não posso andar só. 
.........................................................

Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas. 
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela. 
Todo eu sou qualquer força que me abandona. 
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio. 

Fernando Pessoa

                                   Santa, filha de Tio João e eu com 9 anos



domingo, agosto 29, 2021

Família Menini/Menine - no.05 - Filhos de Tobias/ Bernardo Menini

 

                                                                  Tio Bernardo Menini


Não conheci Tio Bernardo, porque nos "desencontramos" na vida. Ele estava entre os irmãos mais velhos de meus tios, e meu pai era o caçula. Sei que morreu muito cedo, com pouco mais de vinte anos. Ouvi, no entanto, algumas histórias dele.  Casou com Mercedes Barroso ( a Tia Mercedes Barroso Menini ), que, quando ele morreu, estava grávida do primeiro e único filho deles , Bernardo Barroso Menini. Tio Bernardo era muito respeitado pelos irmãos. Li, nos guardados da minha família, ainda quando eu era criança, a carta que ele mandou a meu pai, recriminando por abandonar o Colégio Santa Maria, em Santa Maria, depois da briga com um padre, durante uma greve de alunos pela melhoria da alimentação. Era uma bonita carta -  um paternal conselho de irmão mais velho. Bernardo era um jovem muito educado, bonito e elegante, segundo me contaram.



                     
                                                            Bernardo Barroso Menini          



O nome Bernardo  transporta lembranças da Suíça por mais de uma razão. É formado por duas palavras germânicas: ber, que significa urso e art , que significa forte, resultando no significado forte como um urso. O alemão é uma das quatro línguas faladas na Svizzera.  O nome Bernardo se popularizou por pertencer a São Bernardo, o fundador de um asilo na região dos Alpes Suíços, no século XII. O Santo,  mais o fato de ter ele relação com os Alpes da Suíça, inspirou o nome de uma raça de cachorros - os São Bernardo - que procura e auxilia pessoas perdidas nas montanhas. Bernardo Menini recebeu o  nome de um dos irmãos de Tobias Menini. 



                                            
                                                                    Tio Bernardo Menini                                                                     
                                                   

                                                                              

Não lembro de ter conhecido a Tia Mercedes. De ouvir contar, sei que era uma mulher forte e corajosa. Conheci bem meu primo-irmão, Bernardo Barroso Menine, o Moso Barroso, como era conhecido. Ele morava próximo da nossa casa, era um bonito e encantador rapaz. Sei que era um dos bons partidos na sua época de jovem. Quando meu pai morreu, foi ele que levou  a mim - eu tinha 11 anos -  e as minhas duas irmãs menores da Bela União para Rosário do Sul, onde meu pai fora hospitalizado com tétano. Gratidão a ele.


                                                  Tia Mercedes e Bernardo Barroso Menine


quarta-feira, agosto 25, 2021

Família Menini/Menine - no.04 - Filhos de Tobias/ Tia Antônia

 

                                            À esquerda, tia Antônia; à direita, tia Maria Rosa.


Tia Antônia Constantina nasceu em 12 de julho de 1900 e faleceu em 25 de novembro de 1979. Para mim, desde que eu era bem criança, ela foi a personificação da afetividade : amorosa, doce, afável - acredito que essa era também a opinião de todos os sobrinhos que com ela conviveram. Seu nome, Antônia, corresponde ao significado da origem grega: inestimável, sem preço; corresponde também ao significado do latim: o que não tem preço, muito valioso. Visitá-la era reabastecer-se de afeto em forma de acolhida, conversas, docinhos, bolinhos, demonstrações de alegria pela visita e de carinho pelo visitante. Em qualquer idade - criança, adolescente, adulta -  encantava-me  visitar os parentes Menini/Conczviz. 


                                                             Tio Mário Conczviz e filhos


Tia Antônia casou com tio Mário Conczviz,  descendente de poloneses imigrantes. Ele era bem amigo de meus pais e costumava visitá-los frequentemente. Tio Mário alimentava minhas fantasias de ver o mundo, quando contava sobre a Polônia e sobre as dificuldades que seus pais passaram na vinda para o Brasil - contava inclusive que um de seus pequenos irmãos morrera no navio, e tivera seu corpo jogado ao mar.  Meu tio e o irmão dele trabalhavam muito bem com selas e cordas diversas, aprendizado tipicamente da Polônia.   Pela presença de tantas consoantes no sobrenome já se pode ver que a língua deles era originada da eslava ocidental - a língua polaca ou polonesa tem algumas semelhanças com a eslovaca e a checa. Polônia é um dos país de que gosto muito. Visitei-o diversas vezes. Estive em Varsóvia, Cracóvia, Posnan, Wroclaw, Czestochowa; andei por Auschwitz - Birkenau... e pelas Minas de Sal de Wieliczka. Uma vez, em Cracóvia, comprei um broche típico da Polônia para presentear à Jandira - ela sempre me pedia para eu contar como era o país de seus antepassados paternos.


                                              Jurema e Jandira Menine Conczviz 


Os Menine/Conczviz sempre foram trabalhadores e caprichosos. Moravam em estabelecimentos rurais grandes e bem cuidados. Lembro dos pomares, jardins, hortas e algo mais que, fora da casa deles, só conheci na Europa: galpões onde armazenavam alimentação para os animais, durante o inverno - eram muitos os fardos de alfafa, bem amarrados e empilhados. A família criava bovinos, ovinos, porcos e galinhas; faziam deliciosos pães, doces e queijos. Recordo que o café da casa deles era delicioso. Eram oito os filhos de tia Antônia e tio Mário: Arnaldo, Aristóbolo, Adil, Alberto, Julieta, Jurema, Juracy e Jandira. Sobre eles, escreverei no capítulo destinada aos netos de Tobias Menini.


                                                           Alberto Menine Conczviz

Em 2007 , eu escrevi, no meu blog, Correndomundo: "  Tia Antonia, irma de meu pai, era casada com tio Mario Conczwisky , filho de poloneses imigrantes. Parece-me que ele nasceu no navio que os transportava ao Brasil. Quando crianca, muitas vezes fui aa casa dos polacos, como eram chamados. Eu gostava muito deles, dos meus tios e dos meus oito primos (,,,) Fui uma crianca muito curiosa e apaixonada por mapas. Ouvia fascinada historias desses mundos distantes que eu sonhava conhecer . Sabia da existencia de poucos paises, um deles, eh claro, a Polonia desses meus parentes. Eles eram os unicos na regiao que plantavam alfafa, deixavam-na secar e faziam fardos para dar aos animais no periodo de inverno. Heranca cultural de antepassados (...) Faz onze anos que conheci a Polonia. Gostei. Com mais calma e conhecendo agora um pouco das linguas eslavas, retornei . Saimos de Kosice aas 23h, em trem leito, com camas macias, limpas e confortaveis, numa cabina para tres pessoas. Dormimos superbem. Chegamos aas 5h40min. Eu ainda me recordava bem da cidade, mas, ao mostra – la para meu filho Juliano, comecei a conhece-la melhor. Permanecemos quatro dias em Cracovia. Fomos depois para Varsovia, numa viagem de 2h45minutos , em trem direto...." Meus parentes sempre foram  bem presentes na minha vida.

  

                                                                Pedro, meu neto, na Polônia comigo em 2016.


domingo, agosto 22, 2021

Família Menini/Menine - no.03 - Filhos de Tobias/ Napoleão Menini ( texto ainda sem revisão)


                                
                                                                Tio Napoleão Menini


Tio Napoleão, penso eu, era dos filhos mais velhos de Tobias Menini. Tenho vaga lembrança dele e penso nele como uma pessoa muito doce, acolhedora, simples. Muito amigo de tio Pedro - a quem costumava visitar semanalmente. Como era costume na região, para as visitas, ele usava roupas de domingo - as melhores! - lenço branco e chapéu preto. O cavalo, bem encilhado, com pelegão claro e badana escura. Conversavam, tomavam mate, almoçavam, sesteavam, tomavam café, conversavam mais um pouco e o visitante retornava para sua casa ao anoitecer.  A propriedade de Napoleão era perto da casa do Tio Mário e da Tia Maria Antônia -  um bonito lugar, com cerca de 200 hectares e com rochedos nas proximidades. Ali, ele criava bovinos  e ovinos  e plantava milho, mandioca, batata doce e abóbora. Contam que meu tio gostava muito de garnizés - uma minigalinha, barulhenta e bonita -  e que tinha muitas dessas aves. Contam que seu último momento de lucidez, na noite em que morreu, foi quando ouviu o canto  de um garnizé e falou para os amigos que o estavam cuidando: Meu galinho está cantando  e, assim contam, ele sorriu pela última vez. 


                                                                         Tio Napoleão


A casa original da família de meu tio era de capim, com uma cozinha fora da casa principal - decisão de distância oriunda do medo de incêndio. A comida era feita em fogo de chão. Sua companheira, tia Ana, era muito gentil com amigos e parentes que os visitavam. Assim que chegavam, ela ia para a cozinha fazer pipoca - com milho produzido na propriedade - a finalidade era obsequiar ( como se dizia na região) as visitas. Tia Ana e Tio Napoleão tiveram um filho, cujo nome era Leovegildo, e uma filha,  Maria Mássima Menini, que, depois de casada com Claudino, passou a chamar-se Maria Mássima Menini Soares. O filho Leovegildo morreu muito jovem - diziam que a causa da morte seria um pasmo, por sair de um lugar muito quente e abrigado e ir para o campo, onde estava frio e chovendo. Esse diagnóstico de pasmo foi muito comum na campanha.



                                           
                                                                Maria Mássima Menini 


Meu primo Gildo ( Leovegildo de Ávila Ribeiro ), neto de Tio Pedro, era afilhado de Tio Napoleão e recebeu esse nome em homenagem ao filho do padrinho, prematuramente falecido. Ouvi contar, sem, entretanto, ter encontrado documentos, como usualmente ocorria em tempos antigos, que a mãe de Pedro era irmã da mãe  de Napoleão. Essas duas irmãs seriam paraguaias, descendentes de índios. Como escrevi no início deste livro, a mãe de Pedro teria morrido no parto, deixando esse único filho.



                          Na foto, tio Pedro, meu pai, tio Constâncio e .. Quem identifica outros?
                                                                  1o. de janeiro de 1947


Conforme costumava acontecer no meio rural, Tio Napoleão ficou doente em sua casa e não foi levado para a cidade. Sofria de um problema nas pernas e , em pouco tempo, não mais  podia  mover -se . Os parentes e amigos buscavam remédios para ele na cidade. Os vizinhos também se revezavam para cuidá-lo. Ele morreu assim, em casa, cuidado por parentes e amigos, como era comum naquela época, e ouvindo o cantar do galinho garnizé.


                                                                           Touro Passo

Meu agradecimento a Alberto Menine Conczviz, Rita Lisandra Doyle Conczviz e Leovegildo de Ávila Ribeiro pelas informações e fotos.


quinta-feira, agosto 19, 2021

Família Menini/Menine - no.02 - Filhos de Tobias/Constância Menini ( Tia Pina)

                                                                        

                                                            Tia Pina - Constância Menini

 
Aqui está a tia com quem me diziam ser parecida  quando eu era adolescente - gordinha, com cabelos muito lisos e fininhos. Eu a conheci  como Pina,  apelido muito comum na Itália para quem tem o nome de Constanza, em italiano. Esse era o nome da avó dela, mãe de Tobias Menini,  que ficara na Europa. Constanza,  no entanto  foi abrasileirado para Constancia - tanto Constância, em português, como Constanza, em italiano, têm a origem latina,  e o significado de firme, perseverante, inabalável. Tia Pina nasceu no dia 3 de junho de 1900, no Touro Passo,  e foi registrada, pelo próprio pai, Tobias Menini, no dia 8 de junho do mesmo ano. Quando se casou com tio Maurelino Pedroso de Aguiar, passou a chamar-se Constancia Menine de Aguiar (  tive dúvidas se o Menini  continuava sendo com   "i " ...  mas, não - passaram para "e " ). Após o casamento, eles continuaram  residindo no 6o. subdistrito de Rosário do Sul, até se transferirem para o município de Alegrete e posteriormente para a cidade de Alegrete , onde eu os visitei algumas vezes. Tio Maurelino de Aguiar e Tia Pina Menine de Aguiar são os pais de Sari, Élio, Ênio, Ary, Aracy, Oly e Dileta.



                                                     Tia Pina, seus filhos e uma sobrinha



Quando tia Pina vinha do município de Alegrete ao Touro Passo, ela costumava visitar todos os parentes e, obviamente, sempre nos visitava. Sua visita à Bela União era um acontecimento - a última visita de que me lembro, foi logo após a morte de meu pai, o irmão caçula dela. Tenho nítida lembrança da Tia  chegando em nossa casa, em uma carruagem - chamada de aranha - carruagem muito bem apresentada, com duas rodas grandes, assento para duas ou três pessoas  e puxada por um cavalo  bonito e lustroso. 



Os gêmeos da Tia Pina: Ary e Aracy



Era uma senhora que primava pela elegância e pelas boas maneiras. Andava bem vestida e  bastante urbana.       Ao saber que ela viria em nossa casa, as crianças eram alertadas para terem bom comportamento e bons modos durante a visita dela. Eu era tinhosa, como diziam na região, mas cuidava para seguir determinadas regras sociais   -   por exemplo, não gritar dentro de casa, não raspar o prato, lavar as mãos antes de ir para mesa, não se intrometer na conversa dos grandes, não ficar perguntando sobre a vida dos outros...Lembro,    ainda, 
que as conversas preferidas da Tia Pina eram sobre o sucesso que fazia a Dileta, sua filha, por ser tão bonita e elegante. Dileta e minha irmã mais velha, Maria Aldina,   tinham idades semelhantes.


Dileta Menine de Aguiar e Maria Aldina Pinto Menine



Conheci a casa antiga, próxima da casa de meus pais,  onde viveram tia Pina e tio Maurelino, antes de transferirem residência para o município de Alegrete. Como até hoje me acontece, da casa pouco lembro; lembro, no entanto, do entorno dela, com jardim e pomar. Perto da porta de entrada da sala, via-se um jasmineiro grande e , claro, com flores brancas muito perfumadas( o jasmim da minha região é a mesma gardênia dos boleros espanhois antigos?) Havia, no pomar,  uma árvore com uma fruta pequena, semelhante a uma bergamota, que denominavam laranja - araçá...Era muito doce, mas difícil de descascar. Havia, também no arvoredo, como chamávamos o pomar, um pessegueiro - que talvez não fosse esse o nome, mas que dava um fruto semelhante a pêssego. Seria nectarina? Fui sempre encantada com a casas de cada um de meus tios e tias por terem abundância de árvores e flores - certamente uma herança europeia. Herdei o gosto por flores e arvoredos - animais de quatro patas, só gosto de cavalos e cachorros - embora eu tenha escutado muito que os Menini são gateiros Verdade mesmo que toda a família gosta de cavalos. A foto seguinte é de Oly Menini Aguiar, filho da Tia Pina,  que muito se dedicou ao hipismo ( um esporte olímpico; modalidade da arte de montar a cavalo que compreende todas as práticas desportivas que envolvam este animal ). Concordo e vou além : nós amamos é a natureza ...




                                  Oly Menini Aguiar, meu primo que praticava hipismo

 

" Durmo. Regresso ou espero?
Não sei. Um outro flui
Entre o que sou e o que quero
Entre o que sou e o que fui."

Fernando Pessoa
                                     


domingo, agosto 15, 2021

Família Menini/Menine - no.01 - Filhos de Tobias/Estêvão Menini

Atenção, Família: volto a esclarecer que as fotografias aqui postadas, não são todas definitivas. Essas  fotografias poderão ser alocadas em espaços diferentes ou substituídas por outras com mais clareza ou qualidade de reprodução ou, ainda, após terem sido recuperadas.              

                                                                                                    
                  
                                                        Airton Ribeiro, filho de Estêvão

Realmente. eu gostaria de relacionar os filhos e filhas de Tobias Menini - meus tios e meu pai portanto - em ordem cronológica, mas isso se tornou impossível porque não consegui saber a data de nascimento de cada um deles. Sei somente que tio Estêvão era o mais velho dos irmãos Menini e que Abrelino Abreu Menini  era o mais moço. Até sair a edição impressa deste livro, no entanto, muitas informações podem ser revisadas ou acrescentadas. Estou sempre no aguardo de novidades!!


                   
                                                             Nely Ribeiro, filha de Estêvão

                                
                                                                          
Estêvão Menini, nasceu em 1894, no dia 23 de junho, no Touro Passo. Casou com uma alegretense, Alzira Guedes de Freitas,  considerada, na época, uma rainha da beleza. Esse casamento , evento efêmero, terminou logo após o nascimento de Dora Guedes Menine, a primeira e única filha do casal. Após o término do referido casamento, tio  Estêvão passou a viver com Carmelina Ribeiro, separada, com quem ele não podia casar casar, já que o divórcio  foi instituído oficialmente com a emenda constitucional número 9, de 28 de junho de 1977, regulamentada pela lei 6515 de 26 de dezembro do mesmo ano. Carmelina morreu ainda jovem, e os filhos do casal ficaram vivendo com o pai. Refiro-me, portanto, a   Elpídio, Moacir,  Eleadir,  Deny, Airton,  Albery e Nely. Sobre os filhos de Estêvão, escreverei quando chegar a vez dos netos de Tobias Menini.  

                            
                                                        
                                            Claudius Ribeiro, neto de Tio Estêvão 


Ao tio Estêvão, devo duas preciosas aquisições na minha vida - primeira, o domínio da Aritmética - a parte da matemática que lida com as operações numéricas: soma, subtração, divisão e multiplicação. Ele me ensinou a racionar sobre o conceito  de cada uma dessas operações, fazendo com que eu desenvolvesse a curiosidade, o prazer de aprender e o gosto por descobertas. O ambiente e o material utilizado era simples e instigante - uma carpeta de jogo de escova, baralhos e confiança na pequena aprendiz. Lembro de ter,  algumas vezes, fugido para o Galpão, onde estavam os esquiladores ( aqueles que retiravam a lã das ovelhas quando o verão se aproximava), e, incentivada por tio Estêvão, um expert em jogos, desafiava quem quisesse jogar cartas comigo. Jogávamos, então, um esquilador e eu...enquanto os demais faziam jogos paralelos, apostando - dinheiro - em cada um de nós. Eu devia ter dez anos, e, além disso, galpão não era lugar para meninas - mas, como dizia minha mãe, eu era uma criança impossível ! 


                                                  Sérgio Luís, neto de tio Estêvão



A segunda preciosa aquisição com meu tio Estêvão foi o gosto por jardins, hortas, pomares, bem como a admiração por cores, perfumes e formatos de flores.  Ele morava numa chácara, que eu, pequena que era, considerava imensa, toda plantada e toda bonita. Quando penso nela hoje, a imagem que me surge é similar ao meu deslumbramento pelos Jardins de Monet, na França. Tio Estêvão não só gostava de plantas, como também as distribuía - ele parecia querer que essa beleza toda se espalhasse pelo mundo. Recordo uma vez que ele foi nos visitar na Bela União e levou mudas de rosas, cravos, cravinas e de tantas outras flores que eu conheci através dele. Quando eu estava com 11 anos e meu pai morreu, Tio Estêvão permaneceu talvez por um mês ou dois conosco. Eu gostava dele.  Para mim, ele era um velho e amoroso tio - e ele estava com 59 anos! Era  o irmão mais velho de meu pai - aquele que herdou o nome do avô dele - meu bisavô.


                                            Meu aprendizado sobre flores e jardins



O documento seguinte, cuja valiosa cópia recebi hoje de Sérgio Luís Ribeiro, meu primo e neto de tio Estêvão, repete informações valiosas que já vistas na certidão de tia Pina - como o país de nascimento de Tobias Menini e os nomes de pais e avós paternos, não obstante as diferenças ortográficas. Já mencionamos em texto anterior , a questão do abrasileiramento das palavras, em razão de diferenças, na pronúncia e na escrita, entre a língua italiana e a língua portuguesa. É interessante observar o que ocorreu com o nome de meu tio: em italiano - lembrando essa é uma das quatro línguas faladas na Suíça - é Stefan > em português é Estêvão > mas, quem fez o registro, escreveu Estevo. A regra válida neste caso é de que o dono do nome deverá reproduzi - lo como está em seus documentos. Outras pessoas, no entanto, não sabendo como foi originalmente escrito, escreverá em consonância com as regras videntes.  Estou à procura de alguma orientação normativa para decidir qual forma será usada neste livro, se Estêvão ou Estevo. Parece-me que, entre os familiares, falavam Estevo - sabe-se, entretanto, que ele recebera o nome do avô, que na certidão está Estêvão. Outra curiosidade: parece óbvio  que, na certidão de tio Estêvão, o nome de meu avô foi grafado "de ouvido": Tubia - sem o "s", eu concordo; mas com "u" já é demais. A certidão nos trouxe uma nova informação:  Onofre Pires da Silva é o nome do pai de Izaltina, minha avó. O declarante do que consta nesse documento, foi Tobias Menini.



                                                Certidão de Nascimento de Estêvão Menini





quarta-feira, agosto 04, 2021

Família Menini/Menine -Tobias Menini / Texto 4/Parte 4

 


Meu pai, Abrelino Abreu Menini

                                         

Andarilha que sou, ouvi encantada, desde muito pequena, as histórias de meu avô Tobias Menini. Contaram-me, lembro bem,  que ele voltou à Europa várias vezes, não sei se à Itália ou à Suiça. Ele ia de navio por Buenos Aires. Tinha uma maneira muito peculiar de fazer o trajeto  entre Touro Passo  e a capital da Argentina. Partia, a cavalo, levando uma tropilha  de cavalos sãos e mansos. Quando o cavalo que ele montava, dava sinais de cansaço, Tobias parava em uma propriedade rural, deixava ali o cavalo cansado e encilhava outro da tropilha. E, assim, procedia durante todo o trajeto. Quando chegava onde devia tomar o navio, ele já estava só com o cavalo de montaria. Contam que ele permanecia alguns meses na Europa. Ao retornar, fazia o caminho inverso , recuperando os animais deixados e trocando de montaria. Chegava, assim, ao Touro Passo, com o mesmo número de animais com que havia partido. Gringo ( como muitas pessoas o chamavam ), esperto e criativo!


                                                               Tio Tobias Menini


Vó Balbina, sogra de tio Pedro, era parteira conhecida na região, com quem nasceram, na Bela União, os cinco primeiros filhos de Abrelino e Anália  - inclusive eu. Era uma senhora bem velhinha, muito amiga da minha mãe. Segundo me disseram, Vó Balbina  convivera bastante  com meu avô e contava, entre tantas coisas,  que ele era maçon e que usava uma corrente de ouro com símbolos maçons. Ela contava que Tobias tinha muito dinheiro em  moedas de ouro e que, quando ia nas viagens mencionadas no parágrafo anterior, costumava levar essas moedas e deixar lá...um lá que não se sabe onde é. Essas histórias de moedas de ouro e enterros de dinheiro sempre alimentaram a imaginação de  moradores rurais, e elas só não eram mais populares do que os causos de assombração, que são muito populares na região.



                                                                 Tio João Menini 

                                         

No caso do ouro de  Tobias Menini, as histórias  geraram lendas rurais que fazem com que pessoas, atualmente, ainda  sonhem com os tais enterros de dinheiro e, na calada da noite, cavem buracos nos campos à procura de riquezas. Acredito que, nesses buracos, só foram mesmo encontrados animais caídos e machucados. Surpreendente, no entanto, a barreira de tempo que as lendas - cuja  característica principal  é serem oralmente transmitidas pelo povo -  ultrapassam, perpetuando-se e até se ampliando.


                                                             Tio Bernardo Menini



Tobias Menini morreu  em novembro de 1910 - sei isso por fontes orais. Tenho a informação de que ele teria 46 anos de idade quando faleceu . Se  é  exata essa informação, ele nasceu em 1864. Quando ele chegou ao Brasil já era um jovem-adulto, que trabalhava para manter-se numa região em que não havia subsídios para emigração. Isso  me leva a crer que  ele veio para  o Touro Passo, um pouco depois de 1880 - um tempo de emigração italiana. Não tenho, entretanto, documentos ou testemunhos que ratifiquem minha crença. Continuarei buscando mais informações.


Tio Constantino Sereno Menini

 

Contaram-me que, inicialmente, meu avô se estabeleceu pros lados da Cruz de Pedra, lugar próximo a Touro Passo,  onde teve como uma índia, que seria a mãe de Tio Pedro e que morreu no parto( ao redor de 1880). Tio  Pedro é o avô do Gildo ( Leovegildo Ávila Ribeiro ) que eu sempre o considerei um primo muito querido por mim e pelos meus filhos. Para mim, a cor da pele e os cabelos lisos e escuros confirmam essa descendência indígena, tanto do Gildo, quanto dos parentes próximos a ele. De Tobias, contaram-me também que, quando ele chegou ao Touro Passo, trazia pela mão um menininho de pouca idade -  que, a meu ver, seria o Tio Pedro. No Touro Passo, Tobias se estabeleceu e comprou muitas terras ao redor da propriedade dele.


                                                            Tio Napoleão Menini

Tobias Menini teve três filhas e nove filhos -  por convicção pessoal, incluo Tio Pedro entre os filhos dele. Por falta de dados até o momento - espero tê-los quando publicar o livro em papel - não os coloquei em ordem cronológica. Conto, para tanto,  com preciosas informações  que virão  dos descendentes de meus tios. No post seguinte, começo a escrever sobre meus tios  e meu pai.



                                      Tio Antônio Machado e Tia Maria Rosa Menini Machado


Observação: 
As fotos de pinturas a óleo pertencem a uma coleção de Alberto Menine Conczviz ,foram feitas e me foram enviadas por Rita Lisandra, filha dele e neta de Tia Maria Antônia.  Agradecimentos presentes e futuros.


                                                 Obrigada, primo Alberto Menine Conczviz.


Fotografia
"Que seria da memória
sem a fotografia?

Que seria do homem
sem seus vestígios?

Como saberíamos dos avós,
do rosto da infância de nossos filhos?

Que seria de nós
sem ancoragem
no tempo que esgarça e destrói?

Que seria de nós
sem nossos baús
de saudade
e de choro?

É a fotografia que segura relógios,
retorna calendários,
faz do passado presente,
num instante......"



Luis Umberto Miranda de Assis Pereira, em "Fotografia, a poética do banal". Brasília: Editora UNB, 2000.


domingo, agosto 01, 2021

Família Menini/Menine -Tobias Menini / Texto 4/Parte 3

                                         
                                                                          
                                              Tio Estêvão, o primogênito de Izaltina e Tobias


Tobias Menini, até onde eu sei, foi pai de onze filhos.Ouvi falar que ele era bastante chegado ao gênero feminino. Penso, no entanto, que não chegou a casar com " nessuna donna" no Brasil , embora todos os filhos tenham herdado igualmente. Conta-se que ele teve um filho que não registrou e nem foi herdeiro dele, porque a mãe da criança era casada. Outro filho não foi registrado porque a mãe morreu ao   dar à luz a ele... esse me parece que foi herdeiro.      Numa época ,  em que não havia anticoncepcionais nem comprovação com DNA, cultura, costumes e leis eram diferentes mesmo. Sem julgamentos,  portanto!



                                                     Tia Pina ( Constância Menini Aguiar )
                                                   ( Casada com Tio Maurelino de Aguiar )

                                                                      

Na Certidão abaixo, o documento mais importante que tenho, pode-se observar que o nome Constância, tanto da avó homenageada , quanto da neta,   já foram abrasileirados,   mas o Menini continuava sendo escrito com " i " no final.  Tia Pina, portanto, recebeu o nome da avó paterna  -   Costanza, devidamente abrasileirado - já que dar o nome dos avós aos netos era -  e ainda é  - costume muito comum nos países europeus.  Observe-se que a grafia de  Confederação Suiça, denominação até hoje usada pelo País,  está grafada como Confederação da Suíça, não sei exatamente o porquê, mas pesquisarei. 

   

                                                        Certidão de Nascimento da Tia Pina


Parece que Tobias não casou com Izaltina Pires da Silva, minha avó - o que se pode deduzir da ausência do sobrenome Menini na declaração do nome dela. Também  Fausta Cândida da Silva, minha bisavó paterna, parece não ter sido casada já que seu nome figura sozinho. Importante observar que foi declarante dos dados que estão na certidão, o próprio pai de Tia Pina, meu avô, Tobias Menini. Interessante observar também que esses dados referem-se a um determinado período histórico - atualmente não teriam relevância ou estariam diferentes.  Esse  registro de nascimento foi lavrado no extinto Cartório Distrital do 6o. Subdistrito de Rosário do Sul - o Cartório do Seu Amaro, localizado , penso eu, no Saicã.  Estou à procura de novas certidões familiares que poderão resolver por completo minhas dúvidas .... ou acrescentar outras.

  

                                                   Estêvão Menini e Izaltina Pires da Silva
                                                     ( Foto encaminhada para restauração)


Aos meus familiares Menine/Menini:

acredito poder expressar em meu nome e em nome dos nossos descendentes, ainda "sem voz" por serem criancinhas ou ainda nem terem nascido, um justo e verdadeiro agradecimento aos que estão me alimentando recentemente, com informações, em mensagens ou em fotografias. Quero destacar aqui três primos, filhos de primos-irmão meus: João Batista Braccini de Aguiar ( filho de Oli Menine Aguiar ) que, com generosidade e disponibilidade, ofereceu - me o valioso documento que postei hoje : a certidão de Nascimento da avó dele, minha tia Pina;  Rita Lisandra Doyle Conczviz, neta da tia Antônia, que ontem, anteontem e há meses e anos, busca e me envia fotos e infos, assessorada pelo pai dela, Alberto Menine Conczviz; Sérgio Ribeiro, filho de Alberi e neto do Tio Estêvão, que, nesta última semana, me enviou a foto que inicia este post e que estava difícil conseguir. Meu carinho e reconhecimento a vocês.


       Tio Napoleão



"próprio viver é morrer
porque não temos
um dia a mais na nossa vida
que não tenhamosnisso,
um dia a menos nela." 

Fernando Pessoa ( Livro do Desassossego )