quarta-feira, janeiro 30, 2019

Montenegro: pequeno país; belos contrastes.

Budva - Montenegro

Montenegro - Montanha Negra - é um pequeno país, com magníficos relevos e  grandes contrastes geográficos. Sua extensão corresponde à metade do tamanho de Alagoas, no Brasil. Possui praias belíssimas, montanhas que lembram às da Suíça, cânions, cidades antigas, gastronomia  deliciosa,  clima mediterrâneo e um povo gentil e atencioso.


Kotor - Montenegro

Montenegro faz fronteira com  Croácia, Bósnia Herzegovina, Sérvia, Kosovo e Albânia. A moeda adotada pelo  país é o Euro, o que facilita bastante a vida dos turistas. Os preços praticados são mais em conta do que a Croácia, por exemplo. Comenta-se que a região da Costa de Montenegro vem aumentando, a cada ano, seu número de turistas.



Kotor - Montenegro

Montenegro - nome conhecido desde o século XV - é uma República Democrática Parlamentar , com  cerca de 700 mil habitantes, cuja capital é Podgórica. Seus principais pontos turísticos são Budva e Kotor. O país tem quase 300 km de costas às margens do mar Adriático. Tornou-se independente da Sérvia em 2006.


Podgórica - Capital de Montenegro

Desse pequeno país montanhoso dos Balcãs, visitamos três cidades: Podgórica, a capital; Kotor e Budva.  Os trechos foram feios de ônibus, barco, ferryboat e carro. Brasileiros não necessitam visto, apenas precisam apresentar o passaporte em cada fronteira. No verão há que ter calma, pois as filas são bastante longas. É interessante observar a pluralidade de línguas faladas nos transportes locais. Éramos oito pessoas num ônibus, falando seis línguas diferentes.



Montenegro

A gente escute muitas vezes que Budva, banhada pelo mar Adriático,  é a garota - propaganda do turismo montenegrino, especialmente por suas praias e por seu antigo centro. É lugar de iates de milionários e , mais especificamente , de novos ricos - segundo dizem lá. É lugar de badalação e de festas infindáveis.Tem ótima estrutura turística.



Budva - Montenegro

De Budva fomos para Kotor, vencendo 25 curvas fechadas, subindo ou descendo por 17 km de estradas de montanha - além de outros tantos km de estradinhas estreitas. Kotor, Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, é um histórico vilarejo, conhecido como uma das mais preciosas joias dos Balcãs,  protegido pelas montanhas do Lovcen National Park, localizado à beira de uma baía e circundado por fiordes ( discute-se a correção desse termo). Kotor me deixou fascinada-encantada mesmo.

 
Kotor - Montenegro


Passear por Kotor é uma delícia. Cidade medieval, integrada harmoniosamente com baía e montanhas, tendo uma cidadela rodeada por maciças muralhas - iniciadas no século IX e modificadas até o século XVIII - que sobem por paredões íngremes. No interior das muralhas, anda-se por labirintos de ruas  cobertas por mármore brancas onde se encontram bons restaurantes, bares, lojas e igrejas. Por sorte, encontramos no booking.com um hotel fantástico, dentro da cidadela, um quatro estrelas - preço de três e com excelente café ( Historic Boutique Hotel Cattaro)


Kotor:Torre do Relógio ( 1602)


De Kotor, viajamos para Podgórica - um pouco por teimosia : sempre quero conhecer a  capital de cada país que visito e , ao menos, duas outras cidades. Podgórica é uma cidade onde a maioria das pessoas vêm a trabalho, seja  na área comercial ou governamental. - observa-se isso no estilo dos transeuntes, e o gerente do hotel me confirmou tal impressão. A cidade fica na confluência dos rios Moraca e Ribnica. 



Centro antigo de Podgórica



Estou convencida de que a água é o que mais ornamenta uma cidade, sejam rios, lagos, fontes...O verde, idem. Podgórica tem um centrinho que lembra o provincianismo de pequenas cidades nossas, mas é muito limpa e bem cuidada, com graciosas casinhas coloridas. Seus monumentos religiosos merecem visita, como a Igreja de São Jorge ( séc.IX - XI ), a 3a. mais antiga e os complexos de Monastérios. 




Centro de Podgórica

Nossa agenda não permitia mais alterações, mas teria sido interessante incluir mais dois dias em Podgórica  para visitar o Parque Nacional do Lago Skadar e o Parque Nacional de Durmitor. Para quem curte experimentar comidinhas e bebidinhas, não se esqueçam de rakija aguardente caseira feita com quase tudo, inclusive uva! Gostei de ajvar, pasta de pimentão vermelho e berinjela, temperada com alho, sal, vinagre e azeite. Nem vou contar sobre as sobremesas, daquelas que a gente se delicia até em olhar! De Montenegro, viajamos para Kosovo.




Monastério - Montenegro


Nem tudo é dias de sol, 

E a chuva, quando falta muito, pede-se. 
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade 
Naturalmente, como quem não estranha 
Que haja montanhas e planícies 
E que haja rochedos e erva... 


Centro de Podgórica


O que é preciso é ser-se natural e calmo 

Na felicidade ou na infelicidade, 
Sentir como quem olha, 
Pensar como quem anda, 
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre, 
E que o poente é belo e é bela a noite que fica... 
Assim é e assim seja..."


Fernando Pessoa
Budvar - Montenegro

sábado, janeiro 19, 2019

Skopje: a imponente capital da Macedônia

Skopje - Macedônia
Eslovênia e Croácia a mim agradam sempre. Bósnia  Herzegovina me envolvem e emocionam. Na Macedônia, entretanto, Skopje, a capital do país,  me surpreende  e encanta. É uma cidade balcânica e mediterrânea   Parece ser mesmo a melhor transição entre os Balcãs e a Grécia, sofrendo influências das duas regiões.


Ponte de Pedra - Skopje

De Skopje a Thessaloniko, norte da Grécia, há ônibus segunda, quarta e sexta. O tempo de duração da viagem é de quatro horas - incluído aí o tempo que se leva para passar a fronteira. Já para Zagreb, a viagem tem duração de 12 horas, e há somente um ônibus por dia. Para Belgrado, gastam-se 12 horas de viagem, mas a frequência é de 12 ônibus diários. De trem, parece mesmo que nem vale a pena tentar. Quanto ao custo, é um país menos caro do que a Grécia, que já é menos cara que tantos outros.


Centro Histórico

Ao chegar à Estação Rodoviária, proveniente de Pristina, capital de Kosovo,  Skopje, como capital da Macedônia, não me pareceu nada extraordinária - penso que era um pouco de cansaço proveniente  de muitos dias de viagens e de falta de entusiasmo pelas duas últimas cidades visitadas. Ao chegar ao centro histórico, no entanto, mudou a impressão inicial : Skopje é realmente uma cidade magnífica e monumental, tanto no núcleo central quanto em seus arredores.


Hotel Senigallia

Ficamos hospedadas no Hotel Senigallia, muito bem recomendado no booking.com e, por essa razão, reservado. Trata-se de um hotel-barco, à margem do rio Vardar, muito bem localizado, bem cuidado  e com excelente atendimento. Está a três minutos da Ponte de Pedra ( Kameni Most ) e igual distância da Praça Macedônia ( Plostad Makedonija).


Fortaleza de Skopje 

Segundo dados de 2016, a capital da República da Macedônia abriga ao redor de 550 mil habitantes.Está situada no centro da Península Balcânica. Ao longo de sua história foi dominada por Romanos, Bizantinos e Otomanos. A Fortaleza de Skopje ( Kale Fortress ) defende, há séculos, a cidade.

Fantástica iluminação às margens do rio Vardar
Certamente, precisa-se mais do que um dia só para ver as esculturas que ornamentam a cidade, de modo a apreciar a beleza e a diversidade delas. Gasta-se um bom tempo ainda para perambular pela Ponte de Pedra, construída no século XV e que conecta o Velho Bazar Otomano ( Carsija ) com a margem do rio Vardar.


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Precisa-se de olhos bem abertos para atravessar a Praça Macedônia e não perder de vista outras magníficas esculturas. Com a mesma atenção, atravesse a Ponte de Pedra e chegue ao Velho Mercado. Visite, então, o Centro Memorial do Holocausto, os hammams ( banhos turcos ), as mesquitas turcas e as igrejas.


Uma das minhas visões inesquecíveis...

Realmente há muito o quer ver na Macedônia, especialmente em Skopje, onde vivenciar a cultura já é uma festa. Madre Teresa de Calcutá nasceu em Skopje em 1910 ( assim me contaram). Na cidade está hoje a Casa Memorial Madre Teresa. No Museu da Cidade, há um grande relógio cujos ponteiros de pedra estão parados às 05h17min, hora de início do grande terremoto que atingiu Skopje em julho de 1963.


                        Coleção de esculturas, ao redor de uma fonte, em homenagem às mães.

De Skopje, fui a Thessaloniko, onde me esperavam Alex e Gisela, meus queridos amigos gregos de tão longa data. Agradeço muito a eles pela amizade , pelo carinho e pelo conforto em momento bastante difícil. Mantenho, apesar de tudo,  a esperança de  retornar aos Balcãs e ao Norte da Grécia. " Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já o não tenho." Fernando Pessoa

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PS. Desculpem as datas da câmeras estarem sempre erradas. Só vejo os erros quando publico as fotos.
                                                 

quinta-feira, janeiro 10, 2019

Retomando os relatos sobre a Península Balcânica

Madre Teresa de Calcutá - Centro de Pristina/Kosovo

Em 2018, nos meses de abril e maio, minha amiga Isolda e eu, percorremos a quase totalidade da Península Balcânica. Já no final dessa viagem, um problema familiar nos fez retornar com urgência. Eu havia escrito somente sobre  Eslovênia,  Croácia,  Bósnia Herzegovina e  Sérvia. A partir daí , perdi o " fio da meada". Retorno, neste início de janeiro de 2019, para acrescentar os relatos sobre Montenegro, Macedônia, Albania e Kosovo, países que não seria justo ficarem sem registro.


Sarajevo - Bósnia Herzegovina

É a segunda vez que visito os Balcãs, uma das três penínsulas dessa região do continente europeu. Na  primeira vez, fiz uma viagem de 10 dias, bastante superficial. Na segunda vez, idem. Nesta vez fiz uma visita bem mais longa e planejada, suficiente para perceber as grandes diferenças entre seus diversos países, a ponto de a gente se perguntar como conseguiram coabitar, por tanto tempo, uma mesma república.


Dubrovnik - Croácia

Vivem ali, no mínimo, seis etnias e três religiões fortes e rivais: católica, ortodoxa e islâmica - os templos dessas três religiões constituem belas atrações. Em algumas cidades, para conseguir vencer distâncias e visitar a todos, contratamos carro com motorista -  custa bem pouco em relação a outros países e ganha-se tempo no percurso. Os templos principais geralmente estão no centro das cidades; os conventos e mosteiros, todavia, podem estar até bem distantes - e oferecem muito o que ver.



Budva - Montenegro

Para percorrer a região, precisa-se usar o tempo que  precede a viagem para estudá-la bem. Analise o tempo de deslocamento entre um país e outro, por exemplo,  não esquecendo a demora nos postos de fronteira, que, obviamente, são vários e demorados. Decida, portanto , sobre o meio de transporte, a partir da distância e do tempo a ser percorrido considerando, ainda, esses entraves burocráticos.


Podgorica - Montenegro

O principal meio de transporte que se costuma usar na Europa, é o trem. Nos Balcãs, entretanto, a malha ferroviária é limitada, com pouco conforto e lenta - ser lenta torna-se um up  em razão das belas paisagens com que somos surpreendidas com frequência. O trem, por exemplo, entre Zagreb e Liubliana, mostra cenários belíssimos, já de ônibus esse mesmo trecho e meio sem graça.


Mostar - Bósnia e Herzegovina

Os ônibus são comuns , nada de mais...mas são econômicos e frequentes. Nós os usamos em alguns trechos, como Montenegro/ Macedônia por onde se tem um interessante panorama da Albânia rural. De Zagreb a Belgrado, optamos por ir de avião ( desses que o nome parecia ser Jesus está chamando)O voo, no entanto, foi tranquilo. Também o trecho Belgrado/Sarajevo foi feito por via aérea. Para outros tantos percursos, optamos por contratar carro com motorista. Viagens econômicas e possibilidade de fazer paradas  em sítios históricos e cafeterias - é óbvio!


Albânia

É bastante difícil indicar roteiros para visita à Península Balcânica, no que se refere à chegada e à saída. Depende do projeto total de cada viajante. Isolda e eu, nesta última viagem,  chegamos de avião, vindas de Budapest, diretamente a Zagreb, capital da Croácia. Partimos de Skopye, capital da Macedônia, usando carro contratado, até Thessaloniko, na Grécia.


Skopye - Macedônia

Numa outra viagem,  cheguei pela Eslovênia, a partir de Trieste, na Itália. Ainda uma outra vez, entrei  por Dubrovnik, um dos mais belos lugares da Croácia, vindo de navio pelo Mar Adriático. A saída dos Balcãs vai depender da continuidade do roteiro estabelecido: se forem entrar na Grécia, aconselha-se deixar a Macedônia por último; se forem continuar pela Romênia, melhor partir de Belgrado.


Interior da Bósnia Herzegovina

Não importa, acredito, por onde começa e por onde termina uma viagem a Antiga Yugoslavia. Todos os países de hoje constituem uma grande aula de História. Há sítios incríveis para se ver e sobre eles refletir. Mostar, com sua Ponte Romana,  na Bósnia Herzegovina; Kosovo, com as feridas da guerra tão recente; Croácia, com sua exuberante beleza; Sarajevo com a ponte onde Ferdinando foi assassinado e muito mais.


Sarajevo - Capital da Bósnia

A península Balcânica nos oferece condições para uma viagem econômica, tranquila - muito tranquila  desde que sigamos as orientações para evitar algumas travessias,   como entre a Sérvia e Kosovo. Oferece-nos incrível diversidade de paisagens e de história - dependendo do interlocutor, o fato histórico pode ter interpretações bem diferentes. E oferece, ainda, saborosa gastronomia - do café da manhã ao jantar. É uma dessas viagens que dá vontade de retornar.


No meio do caminho...uma cafeteria!

"Não tenho pressa: não a têm o sol e a lua.
Ninguém anda mais depressa do que as pernas que tem.
Se onde quero estar é longe, não estou lá num momento.
Sim: existo dentro do meu corpo.
Não trago o sol nem a lua na algibeira.
Não quero conquistar mundos porque dormi mal,
Nem almoçar o mundo por causa do estômago.
Indiferente?


Belgrado

Não: filho da terra, que se der um salto, está em falso,
Um momento no ar que não é para nós,
E só contente quando os pés lhe batem outra vez na terra,
Traz! na realidade que não falta!
Não tenho pressa. Pressa de quê?


Kotor - Montenegro

Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passe adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salte por cima da sombra.
Não; não tenho pressa.



Budva - Montenegro

Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega -
Nem um centímetro mais longe.
Toco só aonde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.



Skopye - Macedônia
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
E somos vadios do nosso corpo.
E estamos sempre fora dele porque estamos aqui."

Fernando Pessoa

Mostar - Herzegovina