quinta-feira, janeiro 20, 2011

De Torres, com saudades.

Sempre foi muito especial o tempo de Torres. Minhas crianças  viveram  os verões aqui, desde muito pequenas - Gugu aprendeu a caminhar nesta casa ! Todos aprenderam a nadar na SAPT. Cresceram, brincaram, adoeceram, jogaram, brigaram, fizeram festa,namoraram, trouxeram amigos, fizeram amigos, aprontaram e aprenderam muito em Torres. E minhas crianças foram dezenas de crianças. Além de Fabiana, Patati, Gugu, Fabricio, Lalala, Fabianinha e Fernando foram muitos outros, meninos e meninas, que passaram temporadas aqui, tanto na infância , quanto na adolescência. Lembro-me bem  de cada um . Nesta temporada, entretanto,  lembro muito da Daniela. Faz dois anos que esteve aqui pela última vez - por pouco tempo , mas o tempo suficiente para recordarmos alguns verões de sua infância e adolescência nesta casa. Com muita tristeza, constatei, mais uma vez, que as nossas crianças podem inverter a ordem natural e partir antes de nós.Procurarei lembrar-me dela chegando do mar, cheia de alergia do sol ou da água, mas rindo e conversando feliz. E terei saudades sempre.

sexta-feira, janeiro 14, 2011

Torres

Torres. Foto: Fabiana Menine

"Aqui , está-se sossegado,
Longe do mundo e da vida,
Cheio de não ter passado,
Até o futuro se olvida.
Aqui, está-se sossegado."
Fernando Pessoa

quinta-feira, janeiro 06, 2011

Retornando ao Brasil - from Tunisia

Porto El-kantaoui




















Saindo de Monastir, passamos por Sousse com destino ao Porto El-Kantaoui , o segundo maior porto do País. Kantaoui significa jardim e , de fato, esse porto tem flores, plantas e belezas de um grande jardim. Aí almoçamos e daí retornamos para Túnis, certos de que fizéramos uma boa viagem , tanto pela Europa, quanto pela Tunísia , e certos também  de que a Tunísia é um país que merece ser visitado. 
No dia seguinte , fizemos Tunis/Roma/Madri/Brasil. Nada , entretanto , é mais difícil do que as oito horas finais - de Porto Alegre a Alegrete, ainda que em ônibus leito.

"Depois de parar de andar,
Depois de ficar e ir,
Hei de ser quem vai chegar
Para ser quem quer partir"

Fernando Pessoa
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terça-feira, janeiro 04, 2011

Monastir


Mausoleu de Bourghiba


























Os Fenícios fundaram Monastir como cidade portuária. Júlio César aqui esteve preparando a Batalha de Tapso, no ano 46. Podem-se ver fortalezas, mesquitas, palácios e muitos vestígios das civilizações fenícia e romana. É, portanto, uma cidade antiga e com um belo passado histórico. Minha simpatia por ela, entretanto, decorre da  simpatia que sinto por Habib Bourghiba, que nasceu , em 1903, em Monastir , e onde se pode visitar seu belíssimo Mausoléu. Bourghiba estudou Direito em Paris e, ao voltar para a Tunísia, tornou-se político e envolveu-se na luta pela desocupação francesa. Em 1956, quando a Tunísia tornou-se independente da França, ele tornou-se inicialmente Primeiro Ministro, depois, Presidente. Lutou sempre – talvez por influência da sua formação francesa - para que as mulheres de seu país fossem respeitadas e independentes. Incentivou –lhes a participação política , buscou a criação de postos de trabalho com pagamento adequado e o direito ao acesso a diferentes níveis de instrução.





















Diferente de outros países muçulmanos, as mulheres da Tunísia gozam de muito mais liberdade e oportunidade e muitas seguem profissões tradicionalmente masculinas, como pilotos aéreos.Um tunisino comentou comigo que os avanços em relação à autonomia e ao respeito às mulheres são lentos. Contou-me que ainda há mulheres que entregam ao marido o salário que recebem pelo seu trabalho e que muitos homens não ajudam as mulheres na realização das sua atividades domésticas. Como se eu nunca tivesse visto esse quadro, exclamei: que horror!

Sfax: histórica cidade da Tunisia


Centro de Sfax




















Situada entre Mahdia e Gabes, na Costa Este , Sfax é a segunda maior cidade da Tunísia.Tem uma Medina impressionante, não só internamente como também externamente , pelo movimento e comércio no seu interior e pela extensão e imponência da muralha que a cerca. A arquitetura é mesclada com  estilos diversos, mas tem prédios interessantes, como o prédio da prefeitura. Desde o tempo dos romanos, foi uma cidade rica pela sua frota naval e pela produção de óleo de oliva, que tanto interessava à Europa.


Muralha da Medina de Sfax




















Possui um porto bastante movimentado, mercados, museus, mesquitas e uma antiga Medina e uma parte nova e moderna. Talvez seja a mais ocidentalizada das cidades tunisinas.Valeu a pena conhecer Sfax principalmente pela Medina ,que está muito bem conservada e tem traços bem definidos da arquitetura islâmica. O hotel , em que me hospedei ( Lês Oliviers ) era perto da mesquita, o suficiente para ser acordada, ao nascer do sol, pelo chamado às orações! E , a partir daí, ouvir o mesmo chamado, de três em três horas, até o sol desaparecer.

Djerba, a Terra dos Comedores de Lotus


Chegada a Djerba




















Distante cinco quilômetros do continente e cento e vinte quilômetros da Líbia, Djerba é uma ilha fantástica , situada no Golfo de Gabes. É a maior do Norte da África. Pode-se chegar a ela por barco ou usando Kantara, uma antiga ponte romana, feita para ligar o continente à Ilha. É conhecida por suas praias lindas, seu clima agradável e sua riquíssima história. Celebrada na Odisséia como a Terra dos Comedores de Lótus. Segundo a lenda, Ulisses esteve em Djerba e aqui perdeu parte de sua equipe porque eles, alimentamdo-se de flor de lótus, oferecida pelos nativos, esqueciam a Pátria Mãe e passavam a desejar viver na ali para sempre.




Ghriba - antiga Sinagoga




















Djerba foi administrada por Carthago e , em seguida, passou a ser administrada pelos romanos. A riqueza da Ilha vinha do peixe, do óleo de oliva ,da cerâmica e, hoje, também do turismo, principalmente de europeus. A maioria da população é sunita - os Sunitas pertencem à corrente que se considera sucessora direta do Profeta Muhammad Maomé.Vive ,ainda, aqui uma pequena população hebraica, que , há cerca de dois mil anos, ergueram a Sinagoga Ghriba, hoje importante meta de peregrinação e conceituado centro de estudos avançados para rabinos. Ghriba é muito bonita. Seus mosaicos são de rara beleza.









Hotel em Djerba-piscina e praia














Em Houmt Souk , a cidade mais importante e capital da Ilha, fiquei encantada com as cerâmicas e seus preços muito baratos. Comprei apenas um pequeno pratinho. A produção de cerâmica concentra-se Guellala, reduto do povo berbere. Encontram-se em Houmt Souk ( souk quer dizer mercado) muitos artigos em couro, tapetes, mosaicos, cachimbos entalhados, jóias e uns potes de barro, com os quais se pescam polvos, há mais de três mil anos, desde o tempo dos Fenícios . Encontram-se,aí também, uma boa produção de tâmaras, azeitonas e figos.






No filme Guerra nas Estrelas, o deserto do planeta Tatooine, ninho de piratas e contrabandistas, teve seu cenário em Djerba. Nesta Ilha se encontram o Mar Mediterrâneo e o Saara, o maior deserto do mundo. A zona turística, onde estão localizados os grandes hotéis, tem espaços lindos, em que as piscinas formam um belo conjunto com o mar e o céu, tudo de uma inesquecível combinação de azul

segunda-feira, janeiro 03, 2011

Matmata: Cenário de Guerra nas Estrelas

Casa Troglodita


Há 43 km ao Sul de Gabes, visitei Matmata. É um vilarejo a 650 metros acima do nível do mar, onde vivem 5 mil berberes em casas trogloditas, e que ficou famoso como cenário do primeiro Guerra nas Estrelas. Distante 15 km dali, está a Nova Matmata que oferece elementares condições de hospedagem e alimentação.

As casas trogloditas são construídas numa colina de arenito, seguindo o mesmo modelo há quatrocentos anos. Faz-se um buraco arredondado, que será o pátio central da casa – um pátio sem cobertura por onde entrará o sol. Ao redor desse pátio, são escavadas as diferentes partes da casa, como a cozinha e os quartos. Dar-se-á, ali, o controle natural da temperatura , que se manterá constante ao redor de 18 graus – no deserto essa temperatura chega a 50 graus.



Cenário de Guerra nas Estrelas

O turismo em Matmata é hoje significativa fonte de renda. Além da venda de artesanato, pode-se escolher uma casa e visitar a família. Usualmente a dona da casa oferece aos visitantes um pão tradicional, dividido em pedaços, e um ponte de azeite de oliva com açúcar , onde o pão pode ser embebido. Tenho a memória do gosto daquele pão com azeite – o melhor que comi na minha vida. Excelente! Matmata foi um dos lugares bem interessantes que visitei neste surpreendente país.