terça-feira, setembro 14, 2021

Família Menini/Menine - no.12 - Filhos de Tobias/Abrelino Abreu Menini

 

                                                                 Abrelino Abreu Menini


Este é um texto difícil para eu escrever! Sou filha de Abrelino Abreu Menini. Li, em um antigo caderno meu, o seguinte:  Meu pai, a quem eu era muito apegada, morreu aos 44 anos, de tétano. Eu tinha 11 anos ...paguei muita terapia, tentando compreender esse acontecimento - mas o vazio permaneceu. Procurarei, neste texto,  primar pela objetividade, tentando ocultar antigas dores, que teimam em retornar. 

Abrelino Abreu Menini nasceu em 31 de agosto de  1909.  Era o caçula de 12 irmãos. Quando Tobias Menini, meu avô,  morreu, aos 46 anos, ele era quase um bebê. Nada sei sobre sua infância. Pouco sei sobre sua adolescência, período distinto do desenvolvimento humano, pouco conhecido naquele tempo. Sei apenas que foi interno no Colégio dos Padres, em Santa Maria,  e  que esteve no Colégio Militar, durante um ano, em Santa Maria também. Voltou para o Touro Passo e, muito jovem ainda, com 21 anos,  casou com Anália Souza Pinto, que passou a ser  Anália Pinto Menine, conforme certidão abaixo:



Certidão de Casamento - 1930 



Após o casamento, que foi realizado no Saicã, na casa de Francisco Luis Pinto e de Lindolfa Souza Pinto, meus avós maternos, eles foram morar no lugar que meu pai, mais tarde, chamou de Bela União. Ele havia herdado uma fração de campo, igual às frações dos demais irmãos e, nessa terra, construiu uma pequena casa com uma cozinha separada, como era costume na época. Essa cozinha mais tarde sofreu um incêndio  e  outra cozinha foi construída junto à casa de pedra. 



                      
Abrelino, Anália e uma irmã de tio Mário 



Os dois trabalhavam muito, cuidavam juntos de plantações e de criações. A primeira filha ( Maria Aldina) nasceu  em 17 de janeiro de 1935,  quando eles já estavam casado há cinco anos. Nasceram, na sequência, Alberto, Aldiva, Aldema, Alda, Zeli e Almir ( Éramos sete irmãos. Eu, a do meio). Meu pai morreu no dia 19 de outubro de 1954, exatamente no dia em que Almir ( Mile) estava completando dois anos.



                       
               
      Abrelino , Anália e os 3 filhos mais velhos


Meu pai era bastante trabalhador e inteligente - segundo me contaram, também sábio para fazer bons negócios. Progrediu muito. Teve êxito econômico e fez nome como boa pessoa. Era benquisto na vizinhança. Alfabetizou sobrinhos e filhos de vizinhos, ensinando-os a ler, escrever e a fazer contas. Gostava de cavalos e de carreiras, mas não era jogador. Ouvia noticiários no rádio - informava-se sobre política e economia. Era do PSD. Trouxera de Santa Maria muitos livros de literatura, geografia ( me encantavam o Atlas e seus mapas ), português e outros de que não lembro o tema. Incentivava-me a ler e a decorar poesias -  algumas que sou capaz de recitar inteiras ainda hoje. Por meio desses livros, tive meu primeiro contato com Olavo Bilac, José de Alencar, Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu... Aprendi a gostar de ler. 


                                             
                                                                        Anália Pinto Menine


Minha mãe , Anália Pinto Menine, apesar de magrinha como sempre foi, era uma mulher forte, trabalhadora, inteligente e perspicaz. Morreu aos 84 anos. Viveu na fazenda até pouco tempo antes de morrer. Levantava bem cedo, de madrugada mesmo , e , quando questionada sobre esse hábito, respondia sempre que era para " aproveitar bem a vida".  Considero que a grande bênção de sua vida foi morrer quando ainda estavam vivos todos os seus filhos - e morreu de enfarto, com a mesma paz com que procurou viver.






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