Índia |
30 de junho - Estou no trem partindo de Napoli para Roma. Estranho que sinto, além da tristeza de deixar este lugar tão bonito, um pouco de medo: medo de perder as conexões, medo de perder a bagagem, medo do calor de Delhi, medo de ficar doente, além do meu natural medo de avião. Aprendi que não se é feliz o tempo todo e que preciso aceitar a tristeza como um estado de alma igual a qualquer outro – que vem e que vai muitas vezes sem motivo único ou determinado. Hoje amanheci triste. Saudades da família.
Índia |
30 de junho – verdadeiramente caótica minha viagem Roma – Berlin – Munich. Até Berlin, tudo bem. Fiz a conexão para Munich e, no horário estabelecido, houve o embarque. O avião entrou na pista para decolar, retornou ao ponto de partida e aí ficou cerca de uma hora sem nenhuma informação aos passageiros. Súbito , mandaram todos desembarcar porque, segundo disseram, havia problemas técnicos com a aeronave. Voltamos ao check in....Maior confusão! Entrei em contato com um supervisor da Companhia e informei que tinha vôo para Delhi, às 20:10 e que o tempo de que dispunha já se estava esgotando. Acomodaram-me em outro vôo, mas já me avisaram que a bagagem não chegaria a tempo.
30 de junho/ 01 de julho - Eu não conhecia o aeroporto de Munich. Estive nessa cidade algumas vezes , mas sempre cheguei e parti de trem. É imenso...ou me pareceu maior ainda porque eu dispunha apenas de uma hora para localizar o terminal 2 (internacional) e fazer o check in para Delhi. Custou-me encontrar o terminal e o box da Lufthansa. Como estava sem bagagem, fiz check in expresso e entrei no gate indicado quando se estava iniciando o embarque.
Avião cheio. Assento horrível, entre uma gorda ( sic!) antipática e um homem que exalava um cheiro horrível ( ainda bem que, quando ofereceram , antes do jantar, as toalhinhas úmidas e mornas para passar nas mãos, ele aproveitou e passou nas axilas também !!!!). Não consegui dormir. Estava tensa e agitada. No vídeo individual, vi o filme sobre Edith Piaf. Uma tristeza! Ou eu não consegui enxergar nada mais do que isso naquele momento. Às 07:10, cheguei em Delhi, onde um amigo me esperava com um colar de flores amarelas( haar, em indi ), muito perfumadas, tradicionalmente oferecido como sinal de boas vindas.
Chegada em Delhi |
Falei por telefone com Fabrício e Krithika e senti-me segura naquela imensa cidade. Fui para um bom hotel e dormi quase toda a tarde. Saí somente para ir à internet e comprar produtos de higiene pessoal. À noite, antes de dormir, repassei a lista do que portava na mochila e a lista do que se perdera na mala. Havia um certo equilíbrio entre o que fora salvo e o que se perdera. Dormi muito bem. Pensei que meus problemas haviam terminado.
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02 de julho – Senti-me na Índia logo ao acordar e tomar café. Tomei um legítimo café indiano e s
aí a passear. Fazia 45 graus! Fui primeiro a um Templo. Fiz todos os rituais. Depois saí a passear. Fiz fotos. Comprei uma echarpe. Almocei num bom restaurante , tomei um copo de lassi ( leite coalhado ) e comi um arroz com vegetais e um paratha (pão semelhante a uma panqueca). Fui à internet e escrevi um relato da perda da bagagem. Mandei -o para a Krithika, que me ajudava a fazer os encaminhamentos. Voltei para o hotel e dormi logo.
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03 de julho - Acordei -me de madrugada com uma terrível crise de labirinto, tonta e vomitando desesperadamente. Os medicamentos que eu trouxera do Brasil estavam todos na mala perdida. Suportei até o início da manhã. Chamei meu amigo que pediu ao hotel que chamasse um médico. Eu estava passando muito mal. Meu medo inicial se concretizava aos poucos e dolorosamente – intuição DA BRABA, como dizem lá fora. O médico veio logo, portando uma pasta imensa – parecia a caixa de ferramentas do Mile.
Índia |
Dos instrumentos que trazia, eu conhecia mesmo o aparelho de medir pressão – a minha estava normal. Ele me fez um exame minucioso e passou a explicar , em INDI, para o meu amigo, o que concluíra. Nesse momento, virou sobre a cama uma caixa de medicamentos e começou a preparar injeções . Perguntei afinal o que eu tinha. Ele respondeu que era uma crise de labirintite ocasionada por alimentos fortes em clima muito quente. Levei fé! Aplicou-me duas injeções, uma sei que era para dormir. Pobre médico indiano!não reconhece quem toma vallium e lexotan desde criancinha . A injeçao não me fez nem cochilar!
Explicou que eu devia ficar “clean”, que devia vomitar tudo e me deu, ainda, outro remédio para acelerar a limpeza - esse duplicou meu número de idas ao banheiro. Entendi que a limpeza deveria atingir o outro extremo. Com uma tesoura, passou a separar o número de comprimidos que eu devia tomar. Proibiu-me qualquer alimento sólido durante o dia, apenas devia beber muito líquido. E nada de lassi, nada de tali, nada de paratha - nada que eu não estivesse habituada a comer.
Índia |
Era um senhor muito profissional e que me pareceu honesto. Eu pensava, nesse momento, no entanto, quanto ele iria cobrar : vinda ao hotel para ver turista, consulta, aplicação de duas injeções e todos os medicamentos. Quando disse o valor, fiquei entre surpresa e emocionada: mais ou menos 22 reais. Isso mesmo: o equivalente a 12 dólares. No final do dia, eu estava bem. Consegui ir à Internet e ler uma mensagem da Air Berlin , informando que minha mala chegaria no dia seguinte, no aeroporto de DELHI. Gracias a todos os deuses da Índia.
Índia |
04 de julho - Amanheci ótima. Fui ao aeroporto, falei com 8 pessoas, assinei 12 papéis e saí com minha mala, sentindo como se tivesse ganho de presente tudo o que ela continha, inclusive a própria. Almocei com meus amigos e vim para Chandigar - sobre essa cidade escreverei amanhã. Estou em um excelente hotel , que tem internet livre!
Chandigar |
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