Lisboa |
Relatório ou texto de agradecimento? Tanto faz. É o que tenho hoje vontade de escrever. Em junho do ano passado, quando recebi o diagnóstico de que eu estava com câncer de pulmão - o mesmo que matara, há pouco tempo, minha irmã e meu irmão, com menos idade do que eu - pensei imediatamente: não vou poder viajar.
Lembrei-me de Amyr Klink - ele escreveu que o maior medo do navegador é não poder partir. E eu estava com viagem planejada para o início da primavera. Senti medo intenso de não poder partir ... nem em setembro, nem nunca mais. Passados cirurgia e período de recuperação, alimentando-me da confiança nos meus médicos - Paulo Teixeira, Spenser Santiago e Ricardo do Amaral - recomecei a fazer projetos e já comecei a executá-los. Não há texto que traduza minha gratidão a esses sensíveis e competentes jovens.
Assim, no início de maio, viajei, com Elaine e Dalva, minhas sobrinhas, para a primeira viagem pós-susto. Pela TAP, fomos de Porto Alegre a Lisboa, onde fizemos um stopover de cinco dias - com muitos passeios pela capital e arredores. As meninas foram excelentes companheiras o tempo todo: solícitas, afetivas e solidárias comigo. Agradeço-lhes muito por esse precioso convívio.
De Lisboa, sempre pela TAP, fomos para Madrid, onde reencontrei amigos que tanto demonstraram atenção e solidariedade no período de minha cirurgia e recuperação. Foi um feliz encontro reciprocamente. Na Espanha, acompanhei minhas sobrinhas a cidades de que gosto muito, como Córdoba, Sevilha, Toledo e Segóvia. Minha paixão por esse país só aumenta.
Admiro Paris, mas não o amo de paixão. Ir à Capital da França, entretanto, eu encaro como um dever a cumprir, especialmente quando estou com pessoas que não a conhecem. A novidade da vez foi um dia todo dedicado ao Museu D`Orsay. Delicado e deslumbrante. Como gosto muito de esculturas, não conseguia afastar-me de lá. De resto, gosto de rever lugares, especialmente pelas memórias evocadas - como meus passeios, por parques e praças, com Ronald e Mile.
Não posso virar a cabeça para aquele lado sem incluir a Bélgica. Fomos, de trem é óbvio, a Bruxelas, a Bruges e a Antuérpia. Longas caminhadas, com chocolates, batatas fritas e algumas comprinhas - lá mora a Kipling por exemplo. Bateu-me saudades da Alemanha - e eu precisava comprar aspirina! fomos, então, a Aachen, uma cidade entre três fronteiras. Da Bélgica, retornamos diretamente à minha Madrid, pela Ryanair - companhia que faz a gente expiar culpas ou pagar pecados.
O mais relevante nesta viagem, além do precioso convívio com minhas sobrinhas, foi ter conseguido partir, relembrando sempre que eu estava viva, podia caminhar, ver, escutar, respirar, rir e chorar. Voltei agradecida por ter ido, ter encontrado Lúcia, Guiga, Rui, Arlete, Marisol, Nicole e tantos conhecidos, como o pessoal das cafeterias, onde sou assídua frequentadora.
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Como meu medo maior e não poder partir, cheguei já planejando voltar - preciso ir à Romênia, à Armênia e à Georgia, no segundo semestre. Iniciarei logo um recorrido aos médicos que me tratam e um treinamento que me permita melhores condições físicas, pois sinto ainda alguns problemas respiratórios. Não aprecio alimentar esperanças seja de que for; aprecio, no entanto, ter a realidade e a lucidez como companheiras.
Com muito carinho, agradeço as mensagens de tanta gente que me acompanhou nesta e em todas as outras viagens. Pretendo escrever com mais dedicação e pontualidade aqui, no Correndomundo. Tenho muito o que contar. Aguardem minha preguiça passar!
" Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos..." Amyr KlinK
Lisboa |
Lembrei-me de Amyr Klink - ele escreveu que o maior medo do navegador é não poder partir. E eu estava com viagem planejada para o início da primavera. Senti medo intenso de não poder partir ... nem em setembro, nem nunca mais. Passados cirurgia e período de recuperação, alimentando-me da confiança nos meus médicos - Paulo Teixeira, Spenser Santiago e Ricardo do Amaral - recomecei a fazer projetos e já comecei a executá-los. Não há texto que traduza minha gratidão a esses sensíveis e competentes jovens.
Espanha - Segóvia |
Assim, no início de maio, viajei, com Elaine e Dalva, minhas sobrinhas, para a primeira viagem pós-susto. Pela TAP, fomos de Porto Alegre a Lisboa, onde fizemos um stopover de cinco dias - com muitos passeios pela capital e arredores. As meninas foram excelentes companheiras o tempo todo: solícitas, afetivas e solidárias comigo. Agradeço-lhes muito por esse precioso convívio.
Dalvinha e Elaine em Paris |
De Lisboa, sempre pela TAP, fomos para Madrid, onde reencontrei amigos que tanto demonstraram atenção e solidariedade no período de minha cirurgia e recuperação. Foi um feliz encontro reciprocamente. Na Espanha, acompanhei minhas sobrinhas a cidades de que gosto muito, como Córdoba, Sevilha, Toledo e Segóvia. Minha paixão por esse país só aumenta.
Espanha - Toledo |
Admiro Paris, mas não o amo de paixão. Ir à Capital da França, entretanto, eu encaro como um dever a cumprir, especialmente quando estou com pessoas que não a conhecem. A novidade da vez foi um dia todo dedicado ao Museu D`Orsay. Delicado e deslumbrante. Como gosto muito de esculturas, não conseguia afastar-me de lá. De resto, gosto de rever lugares, especialmente pelas memórias evocadas - como meus passeios, por parques e praças, com Ronald e Mile.
Paris - Museu D`Orsay |
Não posso virar a cabeça para aquele lado sem incluir a Bélgica. Fomos, de trem é óbvio, a Bruxelas, a Bruges e a Antuérpia. Longas caminhadas, com chocolates, batatas fritas e algumas comprinhas - lá mora a Kipling por exemplo. Bateu-me saudades da Alemanha - e eu precisava comprar aspirina! fomos, então, a Aachen, uma cidade entre três fronteiras. Da Bélgica, retornamos diretamente à minha Madrid, pela Ryanair - companhia que faz a gente expiar culpas ou pagar pecados.
Bélgica |
O mais relevante nesta viagem, além do precioso convívio com minhas sobrinhas, foi ter conseguido partir, relembrando sempre que eu estava viva, podia caminhar, ver, escutar, respirar, rir e chorar. Voltei agradecida por ter ido, ter encontrado Lúcia, Guiga, Rui, Arlete, Marisol, Nicole e tantos conhecidos, como o pessoal das cafeterias, onde sou assídua frequentadora.
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Lúcia e eu - amizade que permanece ao longo do tempo. |
Como meu medo maior e não poder partir, cheguei já planejando voltar - preciso ir à Romênia, à Armênia e à Georgia, no segundo semestre. Iniciarei logo um recorrido aos médicos que me tratam e um treinamento que me permita melhores condições físicas, pois sinto ainda alguns problemas respiratórios. Não aprecio alimentar esperanças seja de que for; aprecio, no entanto, ter a realidade e a lucidez como companheiras.
A Dalvinha e Elaine, minha gratidão. |
Com muito carinho, agradeço as mensagens de tanta gente que me acompanhou nesta e em todas as outras viagens. Pretendo escrever com mais dedicação e pontualidade aqui, no Correndomundo. Tenho muito o que contar. Aguardem minha preguiça passar!
Item de um mural em Lisboa |
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