Detalhe da Catedral de Bilbao |
Aprendi com Pedro e Maria Jesus, meus amigos de Bilbao, que basta expressar o desejo de ser biscayno para que assim se torne. Quem nasceu em qualquer país ou cidade, portanto, se afirmar sou de Bilbao... será. Gostei tanto da cidade e do País Basco, que parti dizendo: voltarei! sou de Bilbao.
Entrada do Teatro |
Comunidade Autônoma do País Basco e capital da Província de Bizkaia, com cerca de 400 mil habitantes , situada nas proximidades da fronteira com a França, Bilbao impressiona por vários motivos, entre os quais a localização, os museus, o traçado urbano, o porto, a proximidade com Guernica, os rios, o mar, as pontes, a gastronomia, o bilinguismo - espanhol e basco - e os habitantes locais , tão acolhedores e simpáticos.
A cidade está no fundo do vale formado pelos os rios Nervión e Ibaizabal, rodeada por duas cadeias montanhosas, com altitude média não superior a 400 metros de altura. Esses rios, a partir daí, recebem o nome de Ría de Bilbao. É interessante que os rios - nesta região e em outras - passam a chamar-se ría quando são grandes e deságuam no mar. Em alguns casos, ría corresponde a foz ou estuário.
Praça Central |
Cheguei a Bilbao - 400 km de Madrid - no trem procedente de Burgos, cidade onde eu permanecera por dois dias, especialmente para ver sua famosa catedral e o monumento a El Cid Campeador. Fui , imediatamente, conquistada por El Botxo , nome carinhoso que os morados dão à cidade e que significa buraco em euskera , a língua basca.
Praça Central |
É bem interessante escutar a língua basca. Sendo oficial, ela aparece escrita, junto com a língua espanhola, em toda a cidade, nos pontos turísticos e nas placas informativas. Como é muito antiga e não tem origem latina - anterior, portanto, ao período de ocupação do império romano - é difícil para a gente entendê-la. Nas escolas, a educação é bilingue em castelhano e basco. São oferecidos currículos diferenciados de acordo com predomínio de uma ou de outra língua.
La ría de Bilbao |
A cidade surgiu na Idade Média, como um povoado de ferreiros, agricultores e marinheiros. Em 1300, recebeu de Diego López de Haro, Senhor de Bizkaia, o título de Vila e a jurisdição sobre la ria, para que servisse de porto exportador de lã castelhana e porto de entrada de mercadorias estrangeiras.Em 1511, foi criado o Consulado de Bilbao, que intensificou a exportação de lãs e tecidos, a importação de bacalhau e a fabricação de navios.
Centro histórico |
Centro de Bilba |
A mineração de ferro e a fundação do Banco de Bilbao - nos séculos XIX e XX - marcaram o período de forte industrialização nos setores siderúrgico, naval, químico e metalúrgico. Seu antigo porto tornou-se o maior do Mar Cantábrico. A cidade, no entanto, tinha a fama de ser feia e desinteressante. Com o fim do ciclo do ferro, ficou também pobre. Seus habitantes, entretanto, não desanimaram e buscaram alternativas. Transformaram-na em cidade prestadora de serviços e a colocaram, com destaque , no mapa turístico da Espanha.
Calle del Perro |
Antiga Estação Santander |
Além do Museu Guggenheim, Bilbao possui outros museus importantes, como o Museu de Belas Artes, o Museu Basco de Etnografia e História e o Museu Arqueológico. Realiza muitos eventos anuais , como o Festival Internacional de Cinema Documental e a Feira Internacional de Mostras. Mantém a Orquestra Sinfônica, a Sociedade Coral de Bilbao e a Real Academia de Língua Basca. Seu maravilhoso Teatro Arriaga - inaugurado em 1890 - tem programação constante e atraente. Seu time de futebol esteve sempre na primeira divisão. A cidade faz por merecer os turistas que a visitam.
Detalhe da arquitetura do Museu |
Praça Unamuno |
Cidade medieval, nascida com vocação comercial, pioneira na industrialização e conservadora de suas tradições, Bilbao possui intensa, moderna e trepidante vida urbana. Percorri , com meus amigos Pedro e María Jesus, as Sietes Calles del Casco Viejo - Sete ruas do Centro Histórico - a principal zona de animação tanto diurna quanto noturna.
Centro Histórico |
É uma delícia caminhar pelas sete estreitas ruazinhas e por suas adjacências, com muitas construções renascentistas, barrocas, neoclássicas e modernistas. É uma delícia ver tantas cores e tanta vivacidade e tanta gente nos bares ao final da tarde. Há muito comércio, incluindo livrarias e galerias de arte. Muito bom caminhar aqui , embora o transporte público seja abundante e de boa qualidade - tem até um metrô novinho.
Modernos meios de transporte |
Penso voltar a Bilbao no próximo ano - se possível na Semana Santa , quando há intensa programação: de procissões a concertos. Se não for nessa semana, poderá ser durante as datas das Feiras Internacionais, grandiosas e com programações atraentes. Penso também estar mais tempo na região, para visitar Santander, uma bela cidade, distante de Bilbao pouco mais de 100 km. Veremos o que nos reserva o tempo, senhor dos destinos...
Bilbao na minha coleção de portas |
" A novela inacabada,
Que o meu sonho completou,
Não era de rei ou fada
Mas era de quem não sou
Para além do que dizia
Dizia eu quem não era...
A primavera floria
Sem que houvesse primavera."
Fernando Pessoa
Partindo de Bilbao. Gracias Pedro e Maria Jesus |
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