No meio rural, onde me criei, não se falava em Natal. No final da minha adolescência, já no convívio com o urbano, assumi o Natal com as marcas características da religião católica, que incluía a Missa do Galo, à meia noite. Em pouco tempo, no entanto, a religiosidade foi sendo substituída por festas, com pratos típicos, muita influência europeia e trocas de presente - para a alegria também da indústria e do comércio.
Até 2019, as nossas festas natalinas eram um bonito momento de reunir pessoas queridas, parentes e amigos, recordar histórias da infância, relembrar familiares, trocar presentes e mostrar habilidades para fazer as bem elaboradas e tradicionais receitas de comidas típicas. Estive longe de Torres em poucos Natais: Bela União, Rosário do Sul, Alegrete, Santa Maria, Estados Unidos, Itália, Portugal e Alemanha. Foi sempre uma bela celebração, mesmo quando os lugares nas mesas foram ficando vazios com perdas sofridas.
A Covid/19 nos colocou de cabeça para baixo, mostrando outros ângulos e outras estratégias de ver e viver o mundo, incluindo as festividades de Natal e de Ano Novo. Integrados pela insegurança e pela dor , não desejávamos Feliz Natal às pessoas amadas, estivessem elas próximas ou muito distantes, só desejávamos sobrevivência e um mínimo de tranquilidade . Éramos cinco pessoas na ceia natalina, simples e bonita, deste ano, numa mesa decorada com flores do campo e frutos da região. Deliciosas comidas e sobremesas foram preparadas por Fabiana, minha filha, e Adriana, minha nora.
Fomos, esclareço melhor, minha nora, meu filho e eu , para o sítio em que minha filha e meu neto vivem, como nós, este ano de distanciamento social. Faltava - e fazia muita falta - somente meu filho e sua família, que vivem o mesmo distanciamento em Atlanta , na Geórgia. Foi a menor festa de natalina de que participamos. Apesar das dificuldades, do medo e das dores de 2019, estávamos bem, alimentados pela esperança de que, em 2021, estivéssemos vacinados e podendo nos abraçar. Que o Universo conspire ao nosso favor.
É impossível, entretanto, ignorar a tristeza que volta sem ser convidada. Chegamos, agora, na primeira semana de janeiro e, de acordo com o previsto, a duzentos mil mortos por coronavírus , somente no Brasil. Quando, compondo esse número de mortos, estão parentes, amigos, pessoas conhecidas, enfim gente-como-a-gente. sentíamos forte a dor da perda. Ano sofrido - ao menos para quem tem um mínimo de sensibilidade social; ano inseguro, com afirmações crueis e verdades contestáveis. Ano que nos revelou, por exemplo, a competência e a dedicação de cientistas e de profissionais da saúde e - lamentávelmente - revelou incompetência, a insensibilidade e o despreparo dos principais dirigentes do País.
"Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Feliz retorno! E as fotos que a senhora falou que não estavam boas, estão ótimas.
ResponderExcluirObrigada, querida Adriana. És uma excelente companheira de passeios e viagens. Bjs
Excluiradoro este lugar !!!!
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