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Ruazinhas do centro de Granada |
Decidi fazer Madrid-Granada, num ônibus direto, que percorre os 464 km em 5 horas de viagem, com 30 minutos para café ou lanche , exatamente na metade do caminho. Foi minha primeira experiência espanhola nesse meio de transporte já que sou
fixada em trens. Comprei a passagem na internet, no site da empresa ALSA, pagando menos de 20 euros, ou seja, cerca de 70 reais - menos da metade do que eu pagaria de trem.
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Madrid - Granada |
O ônibus parte da Estação Sul - Linha de Metrô Mendes Álvaro. É confortável e pontual. As paisagens, por onde se passa, são bem bonitas. Na primeira parte do percurso, campos planos e muito verdes, com grandes plantações de videiras e oliveiras. Depois, começam a aparecer as colinas, totalmente plantadas, e as montanhas. Há moinhos daqueles de Dom Quixote - lamento não ter conseguido fotografá-los.
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Plantação de Oliveiras |
A Estação em Granada é bastante grande, mas bem sinalizada. De táxi , vim para o Hotel Navas, um três estrelas honesto, com excelente localização e bom custo-benefício. O hotel está numa ruazinha estreita, peatonal, tomada por restaurantes e cafeterias - a uma quadra da praça onde está Prefeitura, el Ayuntamiento - www.granada.org
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Prefeitura |
No primeiro dia , tracei Granada a pé e, à noite, constatei , mais uma vez, que Advil é excelente para dor nas pernas.... Decidi que a primeira parte do meu roteiro teria como foco as praças e , com elas, as árvores, as flores e as muitas igrejas, a começar pela enorme Catedral - que só percebi o quanto era grande ao contorná-la externamente.
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Detalhe da Catedral à esquerda |
Ao contornar a Catedral, primeiro senti e depois vi uma grande feira somente de chás e especiarias. Parecia-me estar em algum mercado do Oriente Médio. Até esse momento, eu havia resistido a qualquer comprinha. Fracassei aqui - comprei três latinhas vazias e, em cada uma delas, pus 100 gramas de chá. Escolhi, entre mais de uma centena, diferentes chás com frutas e flores. Aroma riquíssimo!
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Comprei também figos secos e açafrão... |
Percorrido o perímetro da Catedral , que está localizada no centro da cidade, junto ao solar da antiga Mesquita Mayor - hoje transformada na Igreja do Sacrário - ocupando uma superfície de 11 mil metros quadrados e com altura de 45 metros, passei a ver sua parte interna, Ainda que tenha sido construída durante 181 anos ( 1523-1704),seu interior manteve-se como um exemplo do Renascimento espanhol.
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Torre da Catedral vista de longe |
Conta-se que os Reis Católicos encomendaram essa Catedral como um monumento tão grandioso, que estivesse à altura dos espetaculares monumentos árabes. Assim, a parte outros monumentos grandiosos, Allhambra é a grande obra dos muçulmanos; a Catedral, a grande obra dos cristãos. Vaidade e poder legaram-nos heranças majestosas.
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Catedral |
Muito próximas umas das outras, estão as encantadoras praças de Granada. Na Plaza del Carmen, está a Prefeitura - Ayuntamiento - construída sobre os restos de um antigo convento. A praça é pequena e está toda contornada por grandes árvores - magnólias, que estavam começando a abrir suas flores tão brancas e tão bonitas.
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Magnólias da Plaza del Carmen |
Perto da Plaza del Carmen - a uns 100 m - está a movimentada Plaza de Rib-Rambla. Essa foi amor à primeira vista. Aqui passei a almoçar e jantar frequentemente, abandonando-a somente no dia em que fui a Albayzin. No centro dela, uma bela fonte barroca. Na fonte, quatro gigantes suportam Netuno, que aponta aos céus com seu tridente.
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Plaza de Rib-Rambla- Fonte de Netuno |
Ao redor da Fonte, e em toda a praça, mesas de muitos restaurantes com gente o tempo todo.Muita gente mesmo. Granada é uma cidade média - pouco mais de 250 mil habitantes. O número de turistas, entretanto, é muito grande - dizem ser o maior da Andaluzia e que, no ano passado, a cidade recebeu mais de dois milhões de visitantes.
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Igreja dos Santos Justo e Pastor |
A Plaza de la Universidad é pequena e está junto a Igreja dos Santos Justo e Pastor. Essa igreja fazia parte do conjunto de propriedades que foram expropriadas da Companhia de Jesus, no século XVIII. A nave central está dividida em pequenas capelas laterais de diversas devoções. O altar principal oferece uma visão barroca magnífica.
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Igreja dos Santos Justo e Pastor |
Na Praça, a figura imponente do fundador da Universidade, o imperador Carlos V. Atualmente, nesse prédio, está a Faculdade de Direito. O interior do edifício conserva pátios tradicionais, com claustros de arcos e colunas do século XVII. O Salão de Atos mantém o teto original.A Reitoria da Universidade está,atualmente, no antigo Hospital Real, construção iniciada em 1511 e que tem, na sua fachada principal, o emblema dos Reis Católicos.
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Vista da Catedral desde a Muralha da Alhambra |
Pode-se ir caminhando da Catedral até a Plaza Nueva, que se estende até a Plaza de Santa Ana - essa praça incorporou, junto ao seu campanário, um antigo minarete. A casa de banhos muçulmana - Baños Árabes El Bañuelo - do século II está nas proximidades, na estreita Carrera del Darro, onde também está o Museu Arqueológico.
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Detalhe da Capela Real
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Os Reis Católicos, Isabel e Fernando,encomendaram esse mausoleu, que só foi terminado em 1521. Como eles morreram antes desse ano, ficaram enterrados temporariamente no Convento de São Francisco. Foram transladados depois para o mausoleu, onde jazem, em caixões de chumbo, na cripta. No mesmo lugar, está enterrada a filha única de Isabel e Fernando, Joana, a Louca e o marido dela, Felipe, el Hermoso ( o Belo).
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Delicada vista das palmeiras no Centro Histórico |
Foram esses reis que enviaram sua única filha, Joana, a Flandres para que se casasse com Felipe da Áustria, visando à formação de uma aliança entre as dinastias. No começo, razões políticas, o casamento entre eles, entretanto, tomou outro rumo, quando Joana se apaixonou loucamente pelo marido. Ao descobrir, mais tarde, suas diversas traições, somadas ao trono espanhol herdado após a morte de sua mãe, a saúde mental de Joana parece ter ficado abalada.... O marido consegue, então, declarar sua insanidade e tomar-lhe, assim , o trono. Pode-se ver em http://rainhastragicas.com/2013/04/05/juana-la-loca-de-amor/ o resumo do premiado filme espanhol, que faz outra leitura dessa história.
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Casa no Bairro Árabe |
Há muito ainda o que escrever e descrever sobre tão histórica e impressionante cidade - a cidade de
Frederico Garcia Lorca. Deixo
Alhambra e Albaicín para outra postagem, bem como informações básicas sobre alimentação, distâncias e transporte. Concluo com versos do poeta
Francisco de Icaza, que encontrei numa placa, na Torre de la Pólvora:
"Dale limosna, mujer,
que no hay en la vida nada
como la pena de ser
ciego en Granada."
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Um pouco cansada! |
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