Comprei bilhete com minha Carta Dorada : menos 40 % ! Trem de alta velocidade (AVE), em 1h50 min, cheguei a Códoba e fui hospedar-me no Hostal Azahar, que eu havia reservado quando estava ainda no Brasil. Excelente localização; centro histórico, numa esquina defronte da Mesquita/Catedral - e com várias cafeterias
muy cerca. Era tudo o que eu precisava.
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Flores de laranjeira |
Encontrei, logo na chegada, o perfume das flores de laranjeira. Que delícia! Em janeiro deste ano , quando estive em Sevilha, vi novamente o que tanto me impressionara, há anos, quando a visitei pela primeira vez: os laranjais. Inverno, era o momento das frutas maduras. Eu sabia, entretanto, que, retornando na primavera, não veria tantos frutos, mas teria o intenso aroma das flores. Assim foi. Senti Córdoba, como de resto outras cidades da Andaluzia, intensamente perfumada. Docemente perfumada. Inesquecível.
Depois de um imprescindível café, já com os mapas devidamente estudados, saí para o primeiro passeio da manhã. Pecorri toda a restaurada Ponte Romana, que cruza o rio Guadalquivir, na direção sul em relação à Mesquita. Cheguei, assim, à
Torre de la Calahorra, erigida em 1369, por ordem de Enrique II, como reforço de defesa à cidade. Na Torre, está o Museu das Três Culturas que objetiva a tolerância e o diálogo, lembrando que ali conviveram árabes, judeus e cristãos.
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Molino de la Albolafia: roda d`água islâmica |
Ao retornar, pude ver , com mais atenção, a própria Ponte Romana, com seus 16 arcos e , na metade dela, uma escultura, dedicada a São Rafael, protetor de Córdoba, segundo lenda do século XVI. Num dos lados da Ponte, podem-se ver restos de rodas d´água islâmicas, os antigos moinhos árabes. O Molino de la Albolafia foi recuperado e a ele se acrescentou uma nova roda já que a original foi desmontada por ordem da rainha Isabel, que se sentia irritada com o ruído do equipamento.
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Porta da Ponte Romana |
Ao final, está a
Porta da Ponte, tendo a sua esquerda o
Triunfo de São Rafael, o maior dos muitos monumentos ao Arcanjo existentes na cidade. Esse foi realizado por um artista francês, Michel de Verdiguier, entre 1765 e 1781.
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Triunfo de São Rafael
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Terminada essa parte do passeio e apreciando-o muito, fui a um restaurante tradicionais da cidade, experimentar a típica comida de Córdoba. Comi um
Salmorejo - sopa fria, feita à base de pão, tomate, pimentão, azeite de oliva, alho, sal e água - e
rabo de toro com batatas. Diverti-me com o nome, pois o prato era similar ao
espinhaço com mandioca, tão comum no Alegrete - óbvio que as especiarias eram bem diferentes.
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Rabo de Toro |
Minha ansiedade para ver o histórico bairro
La Judería foi plenamente recompensada. De indescritível beleza, é mesmo um labirinto de ruas estreitas e prédios caiados com flores nas janelas. Os gerânios eram
a flor da vez. A rua das flores - de onde se vê , ao fundo, o campanário da Mesquita/Catedral, é uma das mais bonitas.
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Na Judería |
Os judeus foram importantes e dinâmicos cidadãos da Córdoba Islâmica - e a Judería medieval, um de seus legados, é testemunha e presença forte até nossos dias. Muito da cultura judaica pode ser visto neste lugar. Das três sinagogas medievais que restam na Espanha, por exemplo, a única que está na Andaluzia é a de Córdoba, que foi construída em 1315 - embora não mais tenha sido utilizada como lugar de culto desde a expulsão dos judeus da Espanha, em 1492.
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700 anos! |
Nesse sentido, uma visita interessante é à Casa de Sefarad ( www.casadesefarad.es), bem no centro do bairro. Trata-se de um museu, inaugurado em 2008, onde se pode ver muito da tradição sefardita-judaico-espanhola, com destaque para a música e para as mulheres intelectuais, entre elas escritoras, cantoras e pensadoras. Realizam-se ali, durante o ano, recitais musicais e eventos com contadores de histórias.
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Cerâmicas de Córdoba |
No Palácio do Congresso, encantei-me com uma exposição de cerâmica tradicional - delicada e rica em cores e formas. Assim como as joias e os trabalhos em couro, a cerâmica ocupa um lugar especial no artesanato de Córdoba, artesanato que inclui também delicados trabalhos em bordados, pequenas esculturas em madeira de oliveira e objetos diversos em metal.Nas ruazinhas de
La Juderia, há muitas lojinhas com produtos artesanais interessantes.
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Verde manganês na cerâmica mais tradicional |
A colônia romana de Córdoba foi fundada em 152 a.C. Ocupava boa parte da atual Andaluzia. Em 711, foi conquistada foi conquistada pelos muçulmanos. No período compreendido entre 912-61 foi a maior cidade da Europa Ocidental, chegando a ter 500 mil habitantes - hoje tem ao redor de 330 mil.
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Muralha de Córdoba |
Tinha mesquitas, aquedutos, observatórios, universidade e uma corte multicultural, frequentada por sábios judeus,árabes e cristãos. No final do século 10, conheceu o declínio com o terrível general Al- Mansour. Somente no século 19 , o declinio começou a ser superado.
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Vale um passeio noturno pelas muralhas |
Muitos passeios eu os fiz por ter encontrado , em Córdoba, a jornalista Carla Rossa, que está morando nesta cidade por um ano. Com seu conhecimento, sensibilidade e alegria, acompanhou-me inclusive nesse belo passeio noturno pela cidade. Obrigada,Carla. Sendo como és, tornas este bem mais bonito. Mereces que a UFSM se orgulhe de ti.
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Obrigada,Carla. |
A maior atração de Córdoba é a Mesquita/Catedral. Sobre ela, escreverei outro dia. Há muito o que dizer e muitas fotos para mostrar. Falta-me tempo hoje, pois devo me organizar para, amanhã bem cedo, viajar à República de Malta. Mantenho o desejo de conhecer novos lugares - é a primeira vez que visito Malta - e de incentivar
minhas crianças a viajarem.
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Porta da Ponte |
"
Mas o que eu não fui, o que eu não fiz, o que nem sequer sonhei;
O que só agora vejo que deveria ter feito,O que só agora claramente vejo que deveria ter sido -Isso é que é morto para além de todos os Deuses,Isso - e é hoje talvez o melhor de mim - é que nem os Deuses fazem viver..."
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