De Madrid a Malta, 2h10min de voo.. Chegada tranquila. Aeroporto simplinho e pequeno. Ali mesmo comprei táxi e paguei, antecipadamente, 20 euros, até a Baía de Saint´s Jullian, onde ficava o hotel que eu havia reservado. Percebe-se, desde a chegada, que o trânsito é pesado e caótico. Nos dias seguintes, priorizei o transporte publico - fui avisada para ter cuidado com os táxis e acertar sempre o preço antes.Taxímetro não é comum usarem, e uma mesma corrida pode custar entre 15 e 25 euros.
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Balluta Bay |
O Arquipélago de Malta está localizado no centro do Mediterrâneo, entre o sul da Europa - 90 km daItália, mais especificamente, da Sicilia - e o norte da África, mais ou menos 350 km da Líbia e um pouco menos daTunísia. É um país bastante povoado, pois tem 320 quilômetros quadrados e uma população de 420 mil habitantes. Suas ilhas principais são Malta, Gozo e Comino.
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San Julián |
Está entre os 10 países mais áridos do mundo, onde 55% da água depende da dessalinização, o que é feito em modernas estações. Há , ainda, grandes depósitos para o armazenamento de águas da chuva e muitos poços que extraem água de lençóis subterrâneos. O período de sol é longo e forte; as secas ocupam mais da metade do ano. Há fortes campanhas visando à economia de água.
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Bandeiras de Malta e UE |
Disseram-me que os invernos são úmidos e suaves e que outono e primavera são curtos, predominando, portanto, o tempo ideal para praia - o que determina um fluxo grande de turistas. O turismo, de fato, é imprescindível para Malta. Li, numa publicação local, entretanto, que o esforço atual do país é para ter um turismo sustentável, que se afaste do tradicional turismo de massas low cost, modelo que ainda impera na tipologia turística maltesa.
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Vista panorâmica do Norte de Malta |
Faz a gente pensar num mix de culturas,decorrente, é óbvio, de uma história que tem ao redor de 5 mil anos ou mais... Os povos que viveram em Malta deixaram suas marcas, algumas rapidamente identificáveis e superficiais, como, por exemplo, carros com mão inglesa ( direção no lado direito ), cabines telefônicas vermelhas, cafeterias e restaurantes tipicamente italianos e igrejas, mesquitas e sinagogas.
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Cabines telefônicas de Malta |
Impressiona a longa e
movimentada história de Malta. Há vestígios dos primeiros povoadores na Ilha de Gozo, há 4 mil anos a.C. Os muitos templos de pedra, considerados hoje Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, datam de 2500 a.C. Em 550 a.C. gregos e fenícios começaram a frequentar as ilhas em suas rotas de navegação pelo Mediterrâneo.
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Catedral de Mdina |
Quando Cartago enfrentou Roma, em 257 a.C. as ilhas foram saqueadas e ocupadas pelas tropas romanas. A ilha era ocupada pela colônia fenícia cartaginês. No ano 60 d.C. São Paulo e São Lucas tiveram um naufrágio na costa maltesa, o que colocou Malta em texto bíblico. Após 454 d.C. o arquipélago maltês, dominado, então , pelos romanos, viveu uma etapa de prosperidade, estabilidade e desenvolvimento agrícola e comercial. Os produtos malteses eram muito apreciados pelos romanos.
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Antigo adorno de portas em Mdina |
De 870 a 1090, o arquipélago foi conquistado por árabes tunesianos.De 2090 a 1530, os normandos puseram fim à dominação árabe, e as ilhas caíram nas mãos dos franceses, depois dos sicilianos e , depois ainda, dos catalano-aragoneses. De 1530 a 1798, Malta esteve com a
Ordem dos Cavaleiros Hospitalares de São João de Jerusalém. Em 1565, durante cinco meses, as ilhas resistiram às forças Otomanas. De 1798 a 1800, as ilhas foram ocupadas pelas tropas de Napoleão.
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Parte de Malta hoje |
Depois da expulsão dos franceses, o Arquipélago passa a ser dominada pelos ingleses. Durante a Segunda Guerra, Malta foi devastada. Em maio de 1964, tem sua independência do domínio inglês e, em 1974, é proclamada a República. Em 2004 , Malta converte-se em membro da União Europeia. Diante da incapacidade de absorver refugiados, em 2013, reforçou suas fronteiras. Faz parte da Zona do Euro.Em 2018, Valeta,
Patrimônio da Humanidade desde 1980, será a Capital Europeia da Cultura.
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Portas Tradicionais |
Para conhecer o país, acredito que as duas melhores opções sejam caminhar e usar transporte público. Pode-se também pegar um desses
Sightseeing , ônibus tradicionais de turismo ( hop on - hop of ).Duas companhias oferecem dois trajetos pelas ilhas: o norte e o sul. No primeiro dia, fiz o trajeto norte, com paradas em Sliema, Ta´Qali e Mdina. Depois, desisti e preferi fazer caminho
solo...
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Valeta |
Esses ônibus de turismo andava - como os táxis também - em velocidade assustadora, nas estradinhas que são estreitas e cheias de curvas. A partir daí, passei a utilizar transporte público e , duas vezes somente, usei táxi duas vezes, grandes discussões com os taxistas pelo custo exagerado das corridas. A priori, havia já selecionado, nas atrações listadas em diversas publicações, às que mais me interessava - e passei a percorrê-las tranquilamente.
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Sliema |
La Valeta, como é mundialmente conhecida a capital do Arquipélago, está localizada no centro da ilha de Malta, numa peninsula, entre dois portos naturais : Marsamxett e Gran Puerto. É a menor capital de estado entre os atuais membros da União Europeia - tem menos de um quilômetro quadrado e uma população de 7700 habitantes. Foi fundada em 1566. De La Valeta, partem transportes para qualquer ponto do País. É visita imprescindível de que se precisa ao menos um dia.
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Co-Catedral de São João em La Valeta |
Meu recorrido, começou pela Catedral, aliás, pela
Co-Catedral de São João, denominação recebida porque já existia uma Catedral, a de Mdina. A co - Catedral foi, durante mais de 200 anos,
Igreja Conventual da Ordem Militar do Hospital de São João de Jerusalém, que a dotaram dos mais ricos e luxuosos ornamentos - o piso , o teto e as paredes...
É uma das mais altas expressões artísticas do Barroco. Sua fachada é simples e austera, mais parecendo uma fortaleza. Seu interior, entretanto, é um deslumbramento total. Para mim, um desses lugares onde se fica de boca aberta...e não se consegue rezar.
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Detalhe da co-Catedral de São João |
Pelo mapa, observei que teria de encontrar a rua da República ( Triq ir- Repubblica em maltês) que atravessa toda a cidade - vai do Portão da Cidade até o Forte de São Telmo.O Terminal de ônibus fica em frente ao Portão Principal - perto dali há um Centro de Informações Turísticas. É só seguir, então, pela rua República e sair para as transversais quando algo lhe interessa, como o Museu de Arqueologia, o fantástico Museu de Belas Artes , os históricos e grandiosos palácios e jardins. Na Rua dos Mercados, encontrei uma feira com frutas,verduras e mil coisas mais.
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Detalhe da Cúpula da co-Catedral |
Bem interessante é comprar um
ticket combinado e visitar a Sacra Infermeria (1574),onde era usado mel como um dos tratamentos aos doentes, e a comida lhes era servida em pratos de prata para evitar contaminações. No edifício onde foi esse histórico hospital, está hoje o Centro de Conferência do Mediterrâneo. Com o mesmo ticket, pode-se assistir
La Malta Experience, um audiovisual de 45 minutos, com alta qualidade visual e auditiva, que, em 15 idiomas ( incluindo português), conta a história dos sete milênios de Malta. Imperdível.
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Detalhes de edifícios históricos em Valeta |
Além do que relatei - e muito mais - a Capital de Malta abriga excelentes hotéis, muitos restaurantes , bares e cafeterias; salas de cinema, centro comerciais e lojas de moda internacionais - para qualquer um desses itens, os preços não diferem de cidades europeias. È um paraíso para quem curte compras. Não posso opinar sobre as praias, em princípio porque não me atraem e porque - nesse item - lembro-me sempre, com saudades, das praias da Bahia.
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La Valeta |
"
Toda a manhã que raia, raia sempre no mesmo lugar,
Não há manhãs sobre cidades, ou manhãs sobre o campo.
À hora em que o dia raia, em que a luz estremece a erguer-se
Todos os lugares são o mesmo lugar, todas as terras são a mesma,
E é eterna e de todos os lugares a frescura que sobe por tudo."
Fernando Pessoa
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Paz! |
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