Em 2005, visitei Arcola e Arthur em dezembro. Estavam as duas cidades vestidas de branco - muita neve e muito frio. Tenho, ainda, a nítida lembrança das carroças, pintadas de preto e puxadas por fortes e bem nutridos cavalos, passando, com incrível rapidez, pelas camadas de neve. Dentro delas, homens usando trajes e chapéus pretos, camisas e agasalhos brancos.
Voltei, há dois dias, às mesmas cidades. Visitei muitos lugares interessantes, como a escola antiga, o parque e seus jardins, algumas fazendas, o mercado comunitário, o museu e as lojinhas de produtos típicos. Fora a falta de chuva, que amarela as lavouras de milho, e o calor do verão, encontrei carruagens e pessoas iguais como as vi em 2005 - e certamente iguais como eram no século 17, quando vieram para os Estados Unidos em busca de liberdade religiosa. Um grupo que pouco mudou em relação a seus ancestrais.
Há grandes famílias vivendo em grandes casas. As mulheres usam vestidos sempre nas mesmas cores, geralmente cinza ou azul acinzentado. Roupas muito simples, em algodão, lavadas a mão e passadas com ferro de brasas. Participam, ativamente, da vida da comunidade, cuidando da casa e dos jardins; fazendo maravilhosos artesanatos e trabalhando no comércio, nos museu e nas escolas. Todas as mulheres, com quem conversei, foram muito gentis, doces e atenciosas.
No inverno, compre frutas secas, como as deliciosas passas de cereja, de damasco e de abacaxi. Agora, no verão, compro frutas frescas - pêssegos, damascos e cerejas. Compro legumes orgânicos, como tomates, cebolas, pepinos, brócolis e abobrinhas. Nos mercados comunitários, há uma grande variedade de pães , bolos e biscoitos, com formatos tradicionais, e de geléias de diferentes frutas. Há também doce de leite puro ou com misturas; doces de amendoim e doces de nozes - desses de rezar para fugir à tentaçao de comer um pacote inteiro.
Os Amish têm suas raízes na Suiça, mais especificamente, no movimento anabatista suiço, surgido em 1525, quando um grupo protestante rejeitou a estrutura das igrejas estabalecidas. A Antiga Ordem - menonitas - é a mais conservadora e rejeita tudo aquilo que os aproxima do mundo contemporâneo, como eletricidade, carros e telefones.Há Comunidades Amish, nos Estados Unidos, em Ohio, Indiana, Pensilvânia e Illinois - onde estão nas comunidades de Arcola e Arthur. vivendo em interessantes fazendas.
Aprendi a ler e a escrever no meio rural. De muito pequena, lembro de umas pedras onde era possível escrever com lápis de pedra também. Meu pai as usara para alfabetizar muitos meninos da área onde morávamos. Eu as usei para aprender a fazer contas. Recordo meu pai escrevendo muitas adições, subtrações, multiplicações e divisões para eu as resolver. Quando terminava a tarefa, mostrava o resultado a ele. Se estava certa, a conta era logo apagada. Se estava errada, apagava o cálculo e o resultado para que eu repetisse a operação.....
.....Não era necessário, portanto, usar cadernos, lápis ou borracha.
Essa lembrança sempre me encantou . por meu pai e pela facilidade com que eu aprendia. Eis que encontro, em Arcola, na antiga escola da comunidade, toda ela muito bem preservada, as pedras de escrita da minha infância. Vê-se que era uma escola multisseriada, pelo tamanho e pela posição das carteiras. Fez-me inveja o velho piano. Sou defensora de música, dança e outras manifestações artística em qualquer escolinha. Direito da criança...
No mesmo parque histórico, onde estão a escola, a ferraria, a carpintaria e vários outros antigos espaços, está essa casinha, muito necessária e de arquitetura bastante conhecida antigamente. Na foto seguinte, toda feita com tiras de aço, mais parecendo uma gaiola, está a antiga prisão. Pessoas da comunidade, habilmente, mostram aos turistas como realizar trabalhos com ferro e madeira, usando as ferramentas tradicionais.
Os Amish são bastante conhecidos por seu trabalho em madeira. Fabricam, artesanalmente, móveis fortes, duradouros e , ao mesmo tempo, esculpidos com delicadeza e arte. Encantaram-me os conjuntos de mesas, cadeiras- incluindo cadeiras de balanço - e armários que vi, tanto em uso quanto para venda.Alguém comentou comigo que os preços são muito altos. Penso que o preço corresponde à qualidade e à originalidade.
Há outros trabalhos tradicionais nas comunidades Amish. Além dos móveis e gazebos, são bem conhecidas as colchas ( quilts ) ,as almofadas, as bonecas e outros brinquedos. No Rockome Garden Preservation, está a loja Marcella´s Corner Gift Shop com muitas bonecas e livros de história. Gentilmente, a proprietária deixou-me fotografar suas bonecas, os livrinhos de história infantil que as têm como personagem e o interior de sua loja.Outra loja interessante, no mesmo parque, é a Sarah´s Gift Shop. Trabalhos artesanais perfeitos.
As colchas são tradicionais na cultura Amish. Os modelos são bastante diversificados, com predominância dos geométricos. As cores, em geral, são delicadas, em tons pastéis. Vi algumas colchas em que os tecidos eram rebordados. Dizem que são muito duráveis, que são para toda a vida. Acredito. Na foto ao lado, detalhe de uma belíssima colcha, tamanho queen, com as bordas muito bem trabalhadas e forro num dos tons de rosa usados nas estampas. Linda.
No Rockome Gardens Center, há muitas atrações para adultos e crianças. Todo o dia, um pequeno trem transporta visitantes por todo o parque - também é possível fazer os passeios de charrete. Há bons restaurantes, sorveterias - com sorvetes artesanais, é claro - e padarias, que produzem os famosos pães e bolos locais.O Amish Museum, pequeno e simples, merece uma visita. Nele, algumas maquetes mostram a estrutura e o modelo das casas da região, casas grandes, para acomodar gerações da mesma família.
Estando na região, não deixe de visitar as fazendas dos Amish. Se estiver aqui no Thanksgiving , é , nessas fazendas, o lugar onde se compra peru, o prato mais tradicional da festa.Dizem que os Amish são pessoas bastante ricas. Têm hotéis, restaurantes, supermercados e lojas, além de produzirem nas suas fazendas e receberem muitos visitantes e turistas - que já estão sendo,agora, convidados para o 20o. Horse Progress Days, nos dias 5 e 6 de julho de 2013. Encontram-se, sobre os Amish, muitas informações no http://pessoas.hsw.uol.com.br/amish9.htm
PS.Obrigada, Rosana, pela sugestão de título. A foto seguinte é presente para ti.
Parece um paradoxo - rejeitam a tecnologia, são ricas e tem hotéis, restaurantes e supermercados. E neles, nada de tecnologia também?
ResponderExcluirOs mais radicais não têm, em casa, eletricidade , nem telefone.Não usam tratores nem motores.Movimentam-se nas carruagens, por eles construídas, puxadas por cavalos.Têm barbas longas e as roupas têm modelos iguais. Mulheres e meninas usam toucas.Os supermercados vendem a produção local.Não tive acesso às vivências familiares. Encantaram-me os móveis e as colchas.São cidades, com pouco mais de 2 mil habitantes e que estão bem perto de Paxton. Beijos
ResponderExcluirQue linda! Adoro bonecas de pano!! Tinha muitas feitas pela minha avó!
ResponderExcluirEssas são muito expressivas. Gostei delas...e a moça da loja é um encanto de pessoa. Beijos
ResponderExcluirrealmente muito lindo abuelita.
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