Convento de Nossa Senhora da Conceição e Museu Regional |
" Como é possível que a lembrança de momentos tão belos se tenha tornado tão cruel? E que, contra a sua natureza, sirva agora só para me torturar o coração? Ai!, a tua última carta reduziu-o a um estado bem singular: bateu de tal forma que parecia querer fugir-me para te ir procurar. Fiquei tão prostrada de comoção que durante mais de três horas todos os meus sentidos me abandonaram: recusava uma vida que tenho de perder por ti, já que para ti a não posso guardar. Enfim, voltei, contra vontade, a ver a luz: agradava-me sentir que morria de amor, e, além do mais, era um alívio não voltar a ser posta em frente do meu coração despedaçado pela dor da tua ausência." Parágrafo de uma das cartas de Mariana de Alcoforado para o Conde Chamilly - 1669
Uma das portas do Convento Nossa Senhora da Conceição onde vivia Mariana |
Penso que três os motivos me levaram a Beja, cidade que não foi dificil chegar, mas de onde foi difícil sair, já que eu ia para Huelva, na Andaluzia, e os transportes são complicados quando se trata dessa parte da fronteira Portugal / Espanha. Vamos às minhas motivações: conhecer a cidade onde nasceu, viveu e morreu Mariana de Alcoforado; ver uma pequena cidade, genuinamente portuguesa, e com poucos turistas; passear pelo Baixo Alentejo. Valeu cada momento.
Castelo de Beja - Século XIII |
Quando fiz a graduação em Letras, estudei Literatura Portuguesa e tive meu primeiro contato com Mariana de Alcoforado. Ela viveu um caliente romance com um oficial da cavalaria francesa. Era um conde , que viera servir em Beja, na época da guerra de Portugal contra Espanha. Para as pessoas daquele século, as cartas eram por demais apaixonadas e escandalosas. Estudei os textos e decidi que um dia iria a Beja. Fui. Muito cuidado com seus sonhos, porque eles podem se tornar realidade.Este sonho, todavia, foi muito bom.
Portas de acesso nas estreitas ruas do Centro Histórico |
Quem tiver curiosidade sobre a história amorosa-escandalosa da época e quiser ler uma parte das cartas escritas pela Monja, poderá acessar este endereço: https://chrismielost.blogspot.com.es/2011/02/una-historia-de-amor-traves-de-sus.html
Considerada a prima pobre de Évora - cidade que aparecerá em postagem, logo a seguir, aqui no correndomundo - Beja para mim é mais encantadora do que a prima rica, embora eu não aceite essas comparações e considere cada uma delas única por suas particularidades. Cidade antiga, no local em que está Beja, há vestígios de povoamento desde a Idade do Ferro. No Museu Arqueológico, há indicações sobre o tema. No Museu também está uma coleção de azulejos, que restou dos 400 anos de domínio dos mouros, terminado em 1162.
Embora somente tenha ao redor de 25 mil habitantes, Beja é a principal cidade do Baixo Alentejo. Limpa, bem cuidada, muito florida, tranquila, com poucos turistas, que possibilita ver todo o centro em caminhadas médias, algumas delas seguindo vias romanas. Tem bons restaurantes, que oferecem comidas portuguesas, e lindas hospedagens em pensões e em residenciais.
Esses muitos restaurantes e bares existentes em Beja, como Casa de Chá Maltesinhas, Restaurante Alentejano e Sabores do Campo, oferecem comida regional e doces conventuais deliciosos. Outro lugar para ir e no cinema e teatro denominado Pax Julia Teatro Municipal, que realiza shows, espetáculo de dança e exibição de filmes.
Outras atrações podem ser indicadas para quem visita esta pequena e acolhedora cidade, tais como: Conhecer as muralhas que contornam o centro, caminhar pela Praça da República, disponibilizar um tempo para visitar o convento Nossa Senhora da Conceição e ver a cela no. 4 onde viveu Mariana de Alcoforado, ver algumas igrejas e museus.
Fomos de trem para Beja. Como era uma sexta-feira - dia que, segundo me contaram, os bajenses vão para outras cidades - éramos , Isolda e eu, as duas únicas pessoas no trem. Parecia que estavam nos dando uma carona. Vínhamos de Évora. Foi muito fácil chegar. No post seguinte, contarei como foi difícil - mas divertido - sair de Beja para Huelva. Encantadora viagem. Projeto realizado.
Cidade ótima para "garimpar" peças antigas.
"Venho dos lados de Beja.
Vou para o meio de Lisboa.
Não trago nada e não acharei nada.
Tenho o cansaço antecipado do que não acharei,
E a saudade que sinto não é nem no passado nem no futuro.
Deixo escrita neste livro a imagem do meu desígnio morto:
"Fui como ervas, e não me arrancaram." "
Fernando Pessoa
Do outro lado do Castelo de Beja, detalhes da Igreja de São Francisco |
Considerada a prima pobre de Évora - cidade que aparecerá em postagem, logo a seguir, aqui no correndomundo - Beja para mim é mais encantadora do que a prima rica, embora eu não aceite essas comparações e considere cada uma delas única por suas particularidades. Cidade antiga, no local em que está Beja, há vestígios de povoamento desde a Idade do Ferro. No Museu Arqueológico, há indicações sobre o tema. No Museu também está uma coleção de azulejos, que restou dos 400 anos de domínio dos mouros, terminado em 1162.
Embora somente tenha ao redor de 25 mil habitantes, Beja é a principal cidade do Baixo Alentejo. Limpa, bem cuidada, muito florida, tranquila, com poucos turistas, que possibilita ver todo o centro em caminhadas médias, algumas delas seguindo vias romanas. Tem bons restaurantes, que oferecem comidas portuguesas, e lindas hospedagens em pensões e em residenciais.
Fiquei hospedada na janela entreaberta da esquerda. Uma lindeza! |
Esses muitos restaurantes e bares existentes em Beja, como Casa de Chá Maltesinhas, Restaurante Alentejano e Sabores do Campo, oferecem comida regional e doces conventuais deliciosos. Outro lugar para ir e no cinema e teatro denominado Pax Julia Teatro Municipal, que realiza shows, espetáculo de dança e exibição de filmes.
Almocei aqui. Vi gente local. |
Cine-Teatro |
Fomos de trem para Beja. Como era uma sexta-feira - dia que, segundo me contaram, os bajenses vão para outras cidades - éramos , Isolda e eu, as duas únicas pessoas no trem. Parecia que estavam nos dando uma carona. Vínhamos de Évora. Foi muito fácil chegar. No post seguinte, contarei como foi difícil - mas divertido - sair de Beja para Huelva. Encantadora viagem. Projeto realizado.
Cidade ótima para "garimpar" peças antigas.
"Venho dos lados de Beja.
Vou para o meio de Lisboa.
Não trago nada e não acharei nada.
Tenho o cansaço antecipado do que não acharei,
E a saudade que sinto não é nem no passado nem no futuro.
Deixo escrita neste livro a imagem do meu desígnio morto:
"Fui como ervas, e não me arrancaram." "
Fernando Pessoa
Castelo e , ao fundo, Igreja de São Francisco. |
Que linda viagem! Vou querer conhecer Beja. Évora é tbem encantadora
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