Detalhe da magnífica Guadalupinha |
Classificada pela UNESCO como Patrimônio Cultural, Morelia é uma das mais bonitas cidades coloniais do México. Capital do Estado de Michoacán, com população ao redor de 700 mil habitantes, é a mais populosa e maior desse estado. Possui um centro histórico denso, com arquitetura rica em marcas e detalhes do período espanhol.
Guadalupinha |
Fundada em 1541, Morelia tem muitas e bonitas casas coloniais - solenes e fortes , de pedra rosada e com belos pátios - que merecem observação acurada . O município, disseram-me , é muito rigoroso quanto a cores, estilos e materiais aceitos para serem usados em restaurações, conservações e construções.
Guadalupinha |
As primeiras fotos desta postagem são do Santuário de Guadalupe, conhecido como Guadalupinha. Volto a referir minha convicção de que igrejas - sempre as visito independente de religão ou religiosidade - são os mais bem cuidados museus que nos dão a oportunidade de ver arquitetura, esculturas e pinturas muitas vezes surpreendentes. Com um pouco de sorte, ainda se pode assistir a concertos lindos nesses espaços.
Guadalupinha |
Guadalupinha |
Guadalupinha |
Guadalupinha |
O que mais me encantou nessa cidade, foi mesmo o Santuário de O SaNTUÁRIO O O Guadalupe, magnífica igreja barroca, com paredes rosadas, foi construída entre 1708 e 1716. É meio parecida com um templo indu, tal a quantidade de elementos decorativos, encontrados em seu interior - com destaque para as flores brancas e rosadas, sobre revestimentos dourados.
Missa dominical no Santuário de Guadalupe |
Entre dourados e coloridos , podem ser vistos, nesse Santuário, grandes e impressionantes quadros que retratam a conversão dos índígenas ao cristianismo. Mostram cenas que me pareceram macabras, mais assustadoras que inspiradoras de fé e bondade, exaltando os espanhois que temiam a Deus e os índios que O desconheciam.
Cena de batismo |
Embora Guadalupinha, para meu gosto volto a dizer, seja o ponto alto de Morelia, a cidade destaca-se também por sua história. Aqui nasceu Morelos - José Maria Morelos y Pavón - que, após a morte de Hidalgo, assumiu a liderança do movimento insurgente. Sua importância é tanta, que seu nome tornou-se o nome da cidade, antes denominada Valladolid - o mesmo nome da conhecida cidade espanhola.
Monumento a Morelos |
A casa, onde , em 1765, nasceu Morelos, em sua honra foi transformada em museu, onde estão guardados muitos documentos e uma grande coleção de fotografias relacionadas aos feitos desse herói , que ainda é chamado Rei de Morelia. Até hoje, duas tochas permanecem acesas no seu lugar de nascimento.
Majestosa estátua de Morelos |
Ao redor da estátua equestre do herói, construída por um artista italiano entre 1910 e 1913 , está a Praça Morelos, com bonitos canteiros floridos, palmeiras altas e árvores frondosas. Saindo da Praça, pela Calçada Frei Antonio de San Miguel, chega-se à Fuente Las Tarascas, localizada entre belos e antigos edifícios.
Praça e aqueduto |
O Aqueduto de Morelia foi construído entre 1785 e 1788, para tentar suprir, ao menos em parte, a crescente falta de água de que a cidade sofria. Estende-se por vários quilômetros ao longo da Avenida Aqueduto, passando por uma das bonitas praças locais. Possui 253 arcadas - à noite , magnificamente iluminadas.
Detalhes da Catedral de Morelia |
Localizada na Praça das Armas, a principal praça da cidade, a Catedral levou mais de um século para ser construída ( 1640 - 1744 ). o que explica a presença de estilos diferentes, como barroco e neoclássico. Suas torres gêmeas têm 70 metros de altura e três estilos diferentes; seu órgão, com admirável som, tem 4600 tubos. A decoração, que até o século XIX , era barroca, foi substituída, em parte, por peças neoclássicas.
Catedral |
Bem interessante também é a visita ao Colégio de San Nicolás - onde Morelos estudou. O Colégio, fundado em Patzcuaro, em 1540, foi, em 1580, transferido para Valladolid, hoje Morelia. Originalmente, tinha dois tipos de alunos: os internos, que eram espanhois e que ali viviam, e os externos, , que eram indígenas e mestiços, cujos pais haviam trabalhado na construção do edifício. Na prática , a escola teria a função de aculturação da gente local.
Pátio interno de San Nicolás |
O Muralismo de Morelia é outra de sua imperdíveis atrações. Muito coloridos, narram cenas históricas, com destaque para as figuras de Morelos e Hidalgo - é claro!. As expressões de bondade e maldade, heroísmo e submissão são facilmente decodificadas nos murais.
O México, celeiro de muralistas talentosos, teve muitos deles que deixaram obras na histórica Morelia - com destaque para Juan O´Goman, Roberto Cueva, Adolfo Mexiac, Agustin Cárdenas Castro e Alfredo Zalce, este último o auor de Gente e Paisagem de Michoacán, mural que se encontra no Palácio do Governo.
Mural de Alfredo Zalce |
...em Murais de Zalce |
Cenas Históricas.... |
Não conheço lugar mais agressivo do que uma loja de doces para uma pessoa que está em dieta seríssima. Nesse item, Morelia é terrível, porque seus doces são tentações com diferentes formatos. São feitos geralmente com frutas, leite, frutos secos e açúcar. Olhei - com olhos desejosos - frutas cobertas, pequenas pirâmides de coco, retângulos de doce de leite e massinhas recheadas com doce de tamarindo. São famosos em toda a região, o Mercado dos Doces de Morelia e o Museu do Doce. Neguei-me a fazer fotos....apenas rezei para não cair em tentação...
...amém |
Além das típicas festas comemoradas em todo o México, como o Dia dos Mortos, Morelia celebra outras datas, como a Feira de Morelia, no fim de abril e início de maio; o aniversário da cidade, dia 30 de setembro; o Festival Internacional de Cinema de Morelia, durante uma semana, em outubro; o Festival Internacional de Música, em novembro.
Aqueduto |
Há muito o que ver e apreciar em Morelia. Decididamente, a essa cidade e a Guanajuato eu pretendo voltar para ver outros Museus e Palácios e, ainda, percorrer tranquilamente suas históricas e arborizadas ruas. Continuo lendo sobre o México - país que fascina e encanta - e lendo seus poetas, de quem eu pouco sabia e dos quais eu muito gostei.
Centro Histórico |
Viento
Cantan las hojas,
bailan las peras en el peral;
gira la rosa,
rosa del viento, no del rosal.
Nubes y nubes
flotan dormidas, algas del aire;
todo el espacio
gira con ellas, fuerza de nadie.
Aqueduto |
Todo es espacio;
vibra la vara de la amapola
y una desnuda
vuela en el viento lomo de ola.
Nada soy yo,
cuerpo que flota, luz, oleaje;
todo es del viento
y el viento es aire
siempre de viaje...
Octavio Paz, poeta
mexicano.
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