Fontes de Berna |
Não sei bem o que me levou a retornar a Berna. Está longe de ser uma das minhas cidades preferidas na Suiça, apesar de aí ter nascido Paul Klee, grande pintor e grande amigo de Kandinsky, de ter sido o berço do delicioso chocolate Toblerone e , ainda mais, de ter Albert Einstein desenvolvido, nessa cidade, a sua Teoria da Relatividade.
Independente dessas famosidades, penso que retorno à cidade pelas suas magníficas fontes. Minha atração por água já me levou a muitos outros lugares.... Berna , com menos de 150 mil habitantes, está localizada numa península ( quase uma ilha portanto! ) do rio Aar, que tem 195 km de comprimento e passa por outras duas cidades suíças: Interlaken e Tune.
Em 1983, Berna foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. É uma das capitais menores da Europa - é capital do país e do Cantão homônimo. Fundada em 1191, tem um centro histórico muito bem cuidado, com um traçado urbano que nunca foi mudado. Alemão é a língua oficial do lugar - talvez por isso, minha preferência por Lucerna, onde predomina o italiano.
As fontes , de que gosto tanto, estão ainda 16 em funcionamento. Não escrevo aqui o nome delas em razão das minhas dificuldades com a língua e a escrita...naturalmente! São todas fontes de água potável. É usual ver-se turistas enchendo suas garrafinhas de água.....e seus copos de cerveja.
Chega-se facilmente de trem a Berna, e a estação principal fica junto ao centro histórico, que pode ser todo percorrido numa caminhada não muito extensa. Há vários teatros na cidade e dezenas de cinemas.Há também dois grandes festivais internacionais de cinema, incluindo um festival de curtas, alguns festivais de jazz e um interessante festival de artistas de rua.
As margens do rio Aar são magníficas, limpas, bem cuidadas e bem delineadas, propiciando lugares lindos para passeios e caminhadas. Nesta estação, quando as cores do outono se mostram com nuances diversas, a vontade é de ficar um pouco mais ali, em meio à natureza e ao silêncio reinante.
A população de Berna é gentil e me parece tranquila. É comum a hiperbólica afirmação de que os habitantes locais, quando morrem, suas almas levam séculos para chegar até o céu - vão devagar! Quem sabe é a mistura do urbano com o rural, a presença das florestas de freixos e carvalhos, a visão dos montes com quase mil metros de altura e da água que jorra com tanta facilidade - tudo isso e muito mais - contribua para a paz que se observa, mesmo em rápidas visitas, pela Praga de Bolso como às vezes a cidade é chamada.
"O rio que passa dura
Nas ondas que há em passar,
E cada onda figura
O instante de um lugar.
Pode ser que o rio siga,
Mas a onda que passou
É outra quando prossiga.
Não continua: durou.
Qual é o ser que subsiste
Sob estas formas de estar,
A onda que não existe,
O rio que é só passar?"
Fernando Pessoa
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