Escrevi muitas vezes que a vida é simplesmente isto: uma sucessão de chegadas e partidas. O sentido dessa afirmação me era leve, porque estava vinculado à escolha de um estilo de vida andarilho, que tanta alegria me proporcionava.
Nestas últimas semanas, percebo, entretanto, desenhos marcantes de tristeza e dor no traçado das mesmas palavras. Percebo, na sucessão de chegadas e partidas, viagens sem retorno, ausências físicas e dores de cruel extensão. Já não há projetos, planos, partilhas.
Resta-me , no entanto, a vida em oposição à morte. E viver é preciso. Abro, por isso , agendas, câmeras, cadernos e papeis avulsos, de onde retiro fotos e textos esparsos sobre Aachen, Bonn, Heidelberg e Colônia, na Alemanha, e Edinburgh , na Escócia, e, com esse material, passo a compor e relatar aqui, no Correndomundo, passeios lindos, com lembranças bonitas , que amenizam dor e saudade. É a minha tentativa de reencontrar um sentido para a travessia. Urge escolher um novo itinerário - e percorrê-lo até a partida final - única certeza de nossa humana transitoriedade.
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