Como ocorre na preparação de qualquer visita a monumentos, necessário se torna uma leitura preliminar do contexto em que esse monumento foi planejado e construído e a razão por que o levaram a existir. Para bem admirar Crazy Horse, podemos, por exemplo, recordar o filme Dança com Lobos, dirigido por Kevin Costner e rodado aqui mesmo, em Dakota do Sul e nestes parques....
....ou podemos retroceder e lembrar sangrentos conflitos entre índios e não índios nos Estados Unidos, como o que ocorreu entre o exército comandado por
George Armstrong Custer e os guerreiros sioux e cheyenne, liderados pelo chefe
Touro Sentado.
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Crazy Horse em construção |
Verdade que , desde 1874, quando a expedição de Custer descobriu indícios de ouro em
Black Hill, esses povos indígenas perderam a paz. Com tratados enganosos, foram levados a abandonar suas terras, ocupadas, a seguir, por mineiros, especuladores e colonos, que transformaram essas montanhas antes sagradas em terras para aventureiros.
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Crazy Horse ...como deverá ficar |
O oeste americano foi
conquistado. Desde tempos imemoriais, essa região era ocupada por índios de diferentes etnias. Após a Independência, o país avançou para o oeste, forçando os povos indígenas a migrar e, com isso, abandonar muito de seu estilo de vida. O mesmo já havia acontecido na conquista da Região dos Grandes Lagos. História também vivida pela América do Sul e também contada na ótica dos vencedores. Lá, como aqui, faz-se hoje releitura e a
mea culpa.
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Escultura no Crazy Horse Memorial |
O
Crazy Horse Memorial foi a resposta dos índios à escultura dos Presidentes. Numa área próxima a Rushmore , está sendo construída a escultura que ,quando for completada, será a maior do mundo, em
homenagem a um grande líder
sioux, o guerreiro
Crazy Horse, nascido nesta região, que costumava dizer:
Minhas terras são onde estão enterrados os meus mortos.
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Foto de parte do projeto |
A estátua desse
Grande Líder Indígena Crazy Horse terá mais de 170m de
altura. Até agora, somente foi concluído o rosto, que tem altura superior a 25 metros. O início da obra foi em junho de 1948. Seu final pode ser daqui a 100 anos. A retirada de pedras à
base de dinamite é um trabalho infindável - não há, portanto, previsão para término.
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Projeto total da escultura |
Um escultor americano,
Korczak Ziolkowski, de origem polonesa, assumiu , com a ajuda da esposa Ruth e de sete filhos, a construção dessa obra. Ele havia sido assistente de
Gutzon Borglum, o escultor do Mount Rushmore, em 1939. Pouco depois desta data, o chefe
Sioux Henry Standing Bear escreveu-lhe perguntando se ele faria uma escultura gigante dedicada aos índios americanos -
para que os homens brancos soubessem que os homens vermelhos tinham grandes herois também.
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Grande portão do Crazy Horse Memorial |
Korczak dedicou o resto de sua vida a essa escultura. Morreu em 1982, com 74 anos. A escultura , entretanto, continua em execução, como iniciativa privada. A família ainda está à frente do projeto e segue os passos do pai, um
grande idealista, com visão histórica e visão de futuro, que acreditava na iniciativa e poder de realização
individual.
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Detalhe do Museu do Memorial |
Numa área fantástica, o Memorial tem, além da escultura, o studio-home e workshop de Korczak Ziolkowski, o Indian Museum of North America, uma loja de presentes, o Native American Educational Center, tudo num grande e bonito espaço, que se adentra através de um magnífico portão de ferro, todo ele decorado com elementos da flora e da fauna local, esculpidos em cobre. É passeio para um dia...ou mais para quem gosta de trilhas e aventuras.
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Portão do Crazy Horse Memorial |
"O que salvamos, o perdemos.
O que pensamos, já o fomos.
Ah, e só guardamos o que demos
E tudo é sermos quem não somos."
Fernando Pessoa
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