quarta-feira, outubro 07, 2015

O Aranjuez do Concerto


Palácio Real de Aranjuez



Certamente  Concerto de Aranjuez, sensível e bela composição de Joaquim Rodrigo ( nascido em Valência, em 1901 ) é  amada por muita gente de muitas nações e gerações. Escrito em Paris, no ano de 1939, num período histórico bastante tumultuado, foi o primeiro concerto para guitarra e orquestra. É considerada hoje  a obra espanhola mais executada no mundo.



... a captura da fragrância das magnólias...


Foi composto para descrever os jardins - verdadeiramente fantásticos - do Palácio Real de Aranjuez, residência do Rei Felipe II, no século XVI , e de Fernando VI no século XVIII. O próprio compositor declarou que o Concerto era como a captura da fragrância das magnólias, cantos dos pássaros e um fluxo de fontes dos jardins de Aranjuez.




Fonte do Palácio Real


Lembro-me bem de que eu nem pensava conhecer a  cidade e frequentemente  cantarolava a música. A primeira vez que visitei a pequena  Aranjuez  - faz já bem uns 20 anos ou mais - encantei-com ela, com seus palácios, seus jardins e sua história.  Muito perto de Madrid - cerca de  50 Km e com trens bastante frequentes -  a ela retornei várias vezes.



Rio Tejo


Numa dessas vezes, era Dia de Finados. Desci na Estação Ferroviária e segui de ônibus até o centro da cidade. No trajeto, perguntei ao motorista  sobre restaurantes. Era um senhor muito falante e bem informado. Mostrou-me um bom restaurante, uma cafeteria e outras atrações locais. Sugeriu-me que eu continuasse no ônibus e fosse fazer uma visita ao cemitério, onde ele pararia por meia hora, retornando, após, para o objetivo da minha visita. Boa ideia! Assim, posso contar agora que já passeei até no cemitério de Aranjuez...



Jardim do Príncipe : entrada


Interessante saber que a cidade é bastante conhecida na Espanha pela produção de frutas, legumes e hortaliças. São famosos os aspargos e os morangos locais. Recomendo uma sopa de aspargos brancos ou aspagos verdes fritos - pratos excelentes e  comuns nos restaurantes da localidade. Para a sobremesa, nada mais simples - e inesquecível - do que os morangos silvestres, muito doces, servidos com nata.



Fonte de Netuno


A cidade, que é gerida pelo Patrimônio Nacional da Espanha, está localizada na  margem do rio Tejo,
e sua grande atração é o complexo constituído pelo Palácio Real e por um conjunto de parques e jardins. Esse ambiente todo foi, em 2001,  declarado Paisagem Cultural Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.  




Vista  obtida na aproximação do Palácio


A história do  Palácio de Aranjuez inicia em 1387, quando o Gran Mestre da Ordem de Santiago - Lorenzo Suarez de Figueroa - manda contruí-lo como lugar de descanso. Em 1489, Fernando ( o Católico, como ficou conhecido ) incorpora-o à Coroa e , mais tarde, Carlos V o converte em Residência Real de Descanso. Nesse palácio, nasceu Carlota Joaquina, a mãe de D. Pedro I, famosa na História do Brasil como autoritária, ambiciosa e feia. A longa história do Palácio, estende, portanto, seus vestígios até nós.




Jardim da Princesa


Embora todo o Palácio Real seja imponente e de extraordinária beleza, o que mais me encanta, em qualquer estação do ano , é a beleza de seus parques e jardins - como o Jardim da Ilha, o Jardim do Príncipe e o Jardim da Princesa -  onde  são lindas as estátuas e as fontes.  Foi Felipe II quem os aumentou  e criou instalações hidráulicas para irrigá-los com as águas do rio Tejo. O bom gosto típico da monarquia fez de Aranjuez o  lugar de passar a primavera - a família real  chegava logo depois da Semana Santa e permanecia até o início de julho.



Jardim do Príncipe


No interior do Palácio, que surpreende a cada momento pela arte e pela beleza que mostra, é imperdível ver - e, se possível, observar bem - a magnífica escadaria; o Gabinete de Porcelana, o Salão de Baile; a Sala dos Espelhos;  a Sala de Jantar de Gala; a Sala de Fumar; a Capela e o Oratório; o Salão do Trono e  o Quarto da Rainha.



Ponte para o Jardim da Ilha



Fazendo parte do complexo, localizada no interior de um parque, está a Real Casa do Lavrador, um grande pavilhão,   destinado ao Príncipe, onde ele podia receber e acomodar seus convidados. Foi mandado construir, entre 1791 e 1803,  por Carlos IV para seu filho Fernando VI. As principais portas de entrada da Casa devem-se a Juan de Villanueva, que foi também arquiteto do Museu do Prado. Há fontes lindas, como a Fonte do Cisne e a Fonte de Narciso. Algumas habitações conservam a decoração da época. Imperdível esses bate-e-volta tão perto de Madrid.



Real Casa do Lavrador


Eduardo Galeano no Livro dos Abraços, refere a Diego, que vai com o pai ver o mar pela primeira vez. Diante daquela imensidão toda, o menino pede a ele : ajuda-me a olhar! Lembrei-me disso ao pedir a minha amiga-irmã Adriana Fuganti Wagner para me ajudar a olhar Aranjuez. As fotos todas que aparecem nesta postagem, foram feitas por Adriana, sendo, portanto, um olhar e um post nosso. Obrigada, Adri, pela  sensibilidade, generosidade e partilha. Boas viagens sempre.




Fonte Ceres


"Partir!
Nunca voltarei.
Nunca voltarei z, porque nunca se volta.
O lugar a que se volta é sempre outro,
A gare a que se volta é outra.
Já não está a mesma gente, 
nem a mesma luz, 
nem a mesma filosofia."

Fernando Pessoa



Detalhe do Jardim do Palácio


PS. As fotografias são todas da parte exterior. No interior, é proibido fazer fotos. Em alguns endereços , na internet, entretanto,   algumas podem ser encontradas. https://www.google.com.br/? gfe_rd=cr&ei=KwQVVuPJMKOX8Qe20JGgDg#q=palacio+de+aranjuez+fotos+interior



Fonte Ceres e Casa do Lavrador

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