Palácio Real de Aranjuez |
Certamente Concerto de Aranjuez, sensível e bela composição de Joaquim Rodrigo ( nascido em Valência, em 1901 ) é amada por muita gente de muitas nações e gerações. Escrito em Paris, no ano de 1939, num período histórico bastante tumultuado, foi o primeiro concerto para guitarra e orquestra. É considerada hoje a obra espanhola mais executada no mundo.
... a captura da fragrância das magnólias... |
Foi composto para descrever os jardins - verdadeiramente fantásticos - do Palácio Real de Aranjuez, residência do Rei Felipe II, no século XVI , e de Fernando VI no século XVIII. O próprio compositor declarou que o Concerto era como a captura da fragrância das magnólias, cantos dos pássaros e um fluxo de fontes dos jardins de Aranjuez.
Fonte do Palácio Real |
Lembro-me bem de que eu nem pensava conhecer a cidade e frequentemente cantarolava a música. A primeira vez que visitei a pequena Aranjuez - faz já bem uns 20 anos ou mais - encantei-com ela, com seus palácios, seus jardins e sua história. Muito perto de Madrid - cerca de 50 Km e com trens bastante frequentes - a ela retornei várias vezes.
Rio Tejo |
Numa dessas vezes, era Dia de Finados. Desci na Estação Ferroviária e segui de ônibus até o centro da cidade. No trajeto, perguntei ao motorista sobre restaurantes. Era um senhor muito falante e bem informado. Mostrou-me um bom restaurante, uma cafeteria e outras atrações locais. Sugeriu-me que eu continuasse no ônibus e fosse fazer uma visita ao cemitério, onde ele pararia por meia hora, retornando, após, para o objetivo da minha visita. Boa ideia! Assim, posso contar agora que já passeei até no cemitério de Aranjuez...
Jardim do Príncipe : entrada |
Interessante saber que a cidade é bastante conhecida na Espanha pela produção de frutas, legumes e hortaliças. São famosos os aspargos e os morangos locais. Recomendo uma sopa de aspargos brancos ou aspagos verdes fritos - pratos excelentes e comuns nos restaurantes da localidade. Para a sobremesa, nada mais simples - e inesquecível - do que os morangos silvestres, muito doces, servidos com nata.
Fonte de Netuno |
A cidade, que é gerida pelo Patrimônio Nacional da Espanha, está localizada na margem do rio Tejo,
e sua grande atração é o complexo constituído pelo Palácio Real e por um conjunto de parques e jardins. Esse ambiente todo foi, em 2001, declarado Paisagem Cultural Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
Vista obtida na aproximação do Palácio |
A história do Palácio de Aranjuez inicia em 1387, quando o Gran Mestre da Ordem de Santiago - Lorenzo Suarez de Figueroa - manda contruí-lo como lugar de descanso. Em 1489, Fernando ( o Católico, como ficou conhecido ) incorpora-o à Coroa e , mais tarde, Carlos V o converte em Residência Real de Descanso. Nesse palácio, nasceu Carlota Joaquina, a mãe de D. Pedro I, famosa na História do Brasil como autoritária, ambiciosa e feia. A longa história do Palácio, estende, portanto, seus vestígios até nós.
Jardim da Princesa |
Embora todo o Palácio Real seja imponente e de extraordinária beleza, o que mais me encanta, em qualquer estação do ano , é a beleza de seus parques e jardins - como o Jardim da Ilha, o Jardim do Príncipe e o Jardim da Princesa - onde são lindas as estátuas e as fontes. Foi Felipe II quem os aumentou e criou instalações hidráulicas para irrigá-los com as águas do rio Tejo. O bom gosto típico da monarquia fez de Aranjuez o lugar de passar a primavera - a família real chegava logo depois da Semana Santa e permanecia até o início de julho.
Jardim do Príncipe |
No interior do Palácio, que surpreende a cada momento pela arte e pela beleza que mostra, é imperdível ver - e, se possível, observar bem - a magnífica escadaria; o Gabinete de Porcelana, o Salão de Baile; a Sala dos Espelhos; a Sala de Jantar de Gala; a Sala de Fumar; a Capela e o Oratório; o Salão do Trono e o Quarto da Rainha.
Ponte para o Jardim da Ilha |
Fazendo parte do complexo, localizada no interior de um parque, está a Real Casa do Lavrador, um grande pavilhão, destinado ao Príncipe, onde ele podia receber e acomodar seus convidados. Foi mandado construir, entre 1791 e 1803, por Carlos IV para seu filho Fernando VI. As principais portas de entrada da Casa devem-se a Juan de Villanueva, que foi também arquiteto do Museu do Prado. Há fontes lindas, como a Fonte do Cisne e a Fonte de Narciso. Algumas habitações conservam a decoração da época. Imperdível esses bate-e-volta tão perto de Madrid.
Real Casa do Lavrador |
Eduardo Galeano no Livro dos Abraços, refere a Diego, que vai com o pai ver o mar pela primeira vez. Diante daquela imensidão toda, o menino pede a ele : ajuda-me a olhar! Lembrei-me disso ao pedir a minha amiga-irmã Adriana Fuganti Wagner para me ajudar a olhar Aranjuez. As fotos todas que aparecem nesta postagem, foram feitas por Adriana, sendo, portanto, um olhar e um post nosso. Obrigada, Adri, pela sensibilidade, generosidade e partilha. Boas viagens sempre.
Fonte Ceres |
"Partir!
Nunca voltarei.
Nunca voltarei z, porque nunca se volta.
O lugar a que se volta é sempre outro,
A gare a que se volta é outra.
Já não está a mesma gente,
Nunca voltarei z, porque nunca se volta.
O lugar a que se volta é sempre outro,
A gare a que se volta é outra.
Já não está a mesma gente,
nem a mesma luz,
nem a mesma filosofia."
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