A pergunta-título é frequente em conversas dos moradores da fronteira do Rio Grande do Sul. O Uruguai é realmente um país-irmão ou um vizinho-amigo. Nele, compravam-se as roupas de inverno para toda a família e muitos apetrechos , incluindo o tradicional poncho azul, para todos os gaúchos do campo. Com o surgimento dos free shops, o fluxo de compradores aumentou e diversificou-se. Já não se compram unicamente botas; compram-se tênis de grifes internacionais. Compram-se queijos , doce de leite, bebidas, enlatados, roupas, perfumes e muchas cositas más. De viagra a chocolate suiço.
Nem importa tanto a cotação do dólar. Importa a parrillada, a sonoridade da língua espanhola, os amigos de muitas cidades que encontramos lá, principalmente nos sábados ou nos feriados nacionais daqui. Importa o agradável passeio que se pode fazer. Sinto-me, realmente, indo para o exterior, ainda que percorra pouco mais de 100 km para chegar a Rivera. Ontem , estive lá, porque fui a Livramento fazer outro passaporte.
A novidade da vez foi o Free Shop , cuja loja-âncora é a tradicional Sineriz. O shopping é grande, num local agradável, fora das ruas principais, com amplo estacionamento. Parece não estar ainda totalmente concluído. Algumas coisas , entretanto, são lamentáveis, com destaque para a escolha musical. O tempo todo em que lá estive, precisei suportar música brasileira sertaneja. O Brasil tem excelente produção musical - MPB boa não falta. Se preferem música regional, o RGS tem músicas de boa qualidade também. Fazer compras ouvindo sertanejo é desanimador. Não interessa se é sertanejo primário, secundário, universitário, as letras e a linha melódica dor-de-corno é deprimente.
O Uruguai não precisa disso. Nem nós. Já basta fazer compras nos supermercados da nossa região sendo agredida por música alta e de má qualidade. Gostaria de saber quem orienta os estabelecimentos comerciais nessas escolhas. É música para cortar os pulsos, não para comprar.
Observei também um certo descuido com os banheiros, que estão novos , mas não estão bem limpos - precisam de Bom Ar ou equivalente. Outro fato lamentável - externo, todavia, ao Shopping - é o descuido com as áreas de estacionamento. Vi embalagens plásticas e latinhas de refrigerante e de cerveja jogadas no chão. Muito feio isso.
Coincidentemente, quando estávamos a caminho de Livramento, passou por nós um carro - um bom carro - com uma família de cinco pessoas. Surpresa, vi o homem jogar, pela janela, uma garrafa plástica na estrada e , logo depois, a mulher jogar uma caixa de papelão. Senti pena das crianças com esse exemplo predatório, sem educação e sem consideração com o meio-ambiente. Depois, elogiamos a limpeza das ruas e das estradas de outros países - onde, certamente, são limpos porque ninguém lá faria uma grossura dessas. Triste mesmo, mas fácil de melhorar, se cada um fizer a sua parte ou se houver política definida e aplicável para esses casos.
Voltando ao shopping, lá tem mais o que ver, além da ampla e diversificada Sineriz. A Ta-Ta , também tradicional loja uruguaia, está no mesmo prédio e é um misto de loja com supermercado, vendendo produtos de limpeza, pães, verduras, carnes e muito mais. O espaço destinado a alimentação me pareceu bom. Os atendentes, gentis e disponíveis. Os preços, normais.Tomei um café com pasteizinhos, muito bem preparados, na cafeteria Punta Ballena, onde o pessoal também se mostra eficiente e cortês.Voltarei, na próxima semana, a Livramento para buscar meu passaporte, na Polícia Federal.
Não deixarei de ir, ainda que rapidamente, a Rivera. São pequenas viagens que se faz com grande alegria. Vale o movimento, o ir-e-vir , o aproveitar cada dia , pois:
"O próprio viver é morrer,
porque não temos um dia a mais na nossa vida
que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela"
Gostei do teu comentário Aldema e concordo com tudo o que observastes.
ResponderExcluirÉ uma lástima mesmo! Quando fui à Foz do Iguaçu observei coisas piores em Ciudad del Este. Também lá paraguaios, brasileiros, argentinos fazem o mesmo que esta família que citastes. Transformam a saída das lojas e ruas em grandes lixeiras, onde jogam de tudo.
Que falta de
civilidade!
Que triste, não Dorilda? Seria tão mais fácil se houvesse mais civilidade.Se as crianças estão vendo esse tipo de comportamento como normal, a " desleixo" ainda vai longe. Resta confiar nas escolhas que a meninada pode fazer.
ResponderExcluirBeijos e bom domingo
Aldema,
ResponderExcluirRivera me deu saudades!!!! Cada vez que vou à Santa Maria recebo um convite para ir até lá. É realmente como se estivéssemos andando muito mais do que meros cento e poucos quilômetros. É uma viagem deliciosa.
Queijos, doce de leite, fiambres, perfumes, pancho!!! Gosto de infância!!!
Um beijo enorme!
Claudia
Sim, Claudia, havia esquecido o queijo e o doce de leite!!! Obrigada, vou já reparar essa injustiça.
ResponderExcluirBeijo
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