sexta-feira, maio 04, 2007

India: Varanasi



Lavanderia em Varanasi

























Para chegar ate a internet, onde tenho que entrar descalca porque o predio fica na area sagrada do Ganges, passei pela nossa " lavanderia". Vi minha roupa " na corda" , estendida...logo estarah seca porque hoje faz 45 graus ainda cedo... Tambem vi roupas sendo passadas a "ferro de brasa" em mesas colocadas na calcada. Uma blusa minha voltou da lavanderia com pequenos furos de queimado...provavelmente o vento soprou as brasas. Nada demais! Zeli, minha irma, fala que eu uso roupas tao amassadas, que parecem " terem sido retiradas de dentro de uma garrafa" . Aqui eu as uso passadissimas. Nao eh soh essa a mudanca visivel que apresento: fiz tres furos na orelha esquerda e estou usando uma sequencia de brincos. Ainda penso numa tatuagem ...discreta , eh claro, nao se assustem! Discreta no tamanho e no lugar!


Tambem quando eu vinha para ca, vi dois senhores, na calcada, recuperando um movel antigo, talvez um guarda-roupa. Descobri que a gente nao leva moveis ou utensilhos domesticos para consertar: chama os " consertadores" em casa. Que inveja!

Depois da internet, tenho hora marcada numa clinica: massagem ayurveda. Sao duas massagistas, que usando, abundantemente, oleos perfumados e mornos, fazem , em movimentos sincronizados, uma de cada lado do corpo, a mais relaxante das massagens. Afinadíssimas, cantam um mantra...

Falando em oleos, mudarei radicalmente de assunto. Numa manha, assisti a uma cerimonia de cremacao aqui no Assi Ghat, regiao do Ganges pertinho de nosso hotel. Lenhas cortadas todas do mesmo tamanho, camadas nao muito altas ( sinal de que a familia nao possuia posses suficientes para comprar mais), sobre elas o morto. O filho mais velho, de cabeca raspado, ato que eh feito imediatamente apos a perda do familiar, despejou sobre o corpo, a partir da cabeca, com gestos precisos e circulares, manteiga pura ( um tipo de manteiga amarelinha e bem gostosa). Depois, acendeu uns ramos, que me pareciam galhos de palmeira, e passou a prender fogo nas madeiras todas... Preferi sair nesse momento...nao sem antes pensar que, gordinha como sou, poderia dispensar a manteiga. Mulheres e criancas nao assistem de perto essa cerimonia.Eu estava a uns 6 metros de distancia. Aprendi , nesse dia, que criancas, mulheres gravidas e sadhus (homens santos) sao jogados diretamente no Ganges sem passar pela purificacao do fogo.Aprendi tambem que pessoas ricas podem ser cremadas com lenha de sandalo, perfumadissima!

Recordei a cena e perdi a vontade de escrever! Nao temos a cultura de conviver naturalmente com a morte...da mesma forma que convivemos naturalmente com a vida.Varanasi, 5 de maio de 2007.

3 comentários:

  1. Como é lindo o mundo!!! Como é linda a diversidade!!! Certamente precisamos olhar com mais sensibilidade as riquezas que nos rodeiam. Fico muito feliz pelas aventuras e desprendimento. Adorei ter te conhecido. Beijos do teu aluno.

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  2. Olá Mestra Querida!!!
    Que alegria receber seu e-mail!!! Jamais a esqueci, tem um lugar especial em meu coração!
    Seu Blog visitei-o!Viajei junto, sonhei,belíssimo, com certeza voltarei a visitá-lo muitas e muitas vezes.
    Há lugares que amo de modo especial, a França, a Índia, a Grécia, enfim, ao ler sua descrição é como se eu aí estivesse! Sonho viajar muito,conhecer lugares é algo que me fascina, e agora o estou viajando através de minha querida Mestra!!!Índia...muito interessante a cerimônia de cremação...querida Mestra a morte não existe, apenas mudaremos de forma...o difícil é aceitarmos a perda do "toque"...estou aí nesse instante, meu pensamento voa fazendo encontar a Mestra querida que muito marcou meu vi...ver!!!
    Sempre a mesma Aldema, inteligente, dedicada, amada, sensível, o mesmo sorriso... que o Pai Maior esteja sempre lhe amparando e iluminando.
    Querida Mestra, quisera abraçá-la pessoalmente,mas sei que minh'alma nesse instante está aí..., onde estiver, o vento roçando seu rosto, tocando seu cabelo ...sou eu a sussurar em seu ouvido o quanto és querida e estimada..tchau professora querida...vá mas leve também o meu carinho...célere que o tempo é...de mãos que apertamos, de sorrisos que colhemos...ficou a saudade que fez morada em meu coração!!!
    Beijosssssssssss
    Rosalina

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  3. Aldema,
    pela primeira vez fico com uma inveja sua. Inveja daquelas boas - como dizem as pessoas, então não é inveja, né? Fico, na verdade, com uma vontade de estar aí junto contigo e com Gugu. Bem que você me disse que algumas coisas te fizeram lembrar de minha energia. É isso mesmo: terceiro mundo: Peru, Índia, Nepal, Brasil. Essas coisa de países muito estruturados é para americano viajar :-). Vou começar a me programar para ir a Índia. Obrigada pela inspiração. Te amo muito. Beijão no Gugu.

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