Rússia - Moscou / Estação de Metrô
Desde a minha primeira visita a um país do Leste Europeu, há 25 anos, passei a visitar essa região ao menos uma vez por ano, todos os anos. Tornei-me uma apaixonada pela sua diversidade cultural, sobrecarga histórica, paisagens exuberantes e povos, na sua maioria, gentis e acolhedores. Como não amar as manifestações artísticas, os castelos, os museus, as igrejas, os rios, as montanhas, os desfiladeiros, os campos de girassol, a culinária e a imprevisibilidade de cada lugar? Este texto é um convite de retorno ou de primeira visita ... ou de recordação do Leste - que não nos deixa indiferentes. Jamais!
Leste Europeu - from Wikipedia
Evitei relacionar as cidades, que escolhi para mostrar neste post, por ordem de preferência minha. Tenho implicância com livros que trazem sublinhados os trechos de que gostou o leitor anterior ...de alguma maneira, é a preferência de alguém que me está sendo imposta. Bobagem minha...mas é isso
o que sinto. Os países e as cidades, portanto, estão aleatoriamente referidos, mas meu entusiasmo por uma ou outra pode ser revelador.
São Petersburgo - Rússia / Hermitage
Estive na Rússia, Ícone do Leste , no mês de junho - escolha perfeita: temperatura ótima e inesquecíveis noites brancas em São Petersburgo, emblemática cidade por onde iniciei o recorrido. Em trem de alta velocidade, segui daí para Moscou - onde vivi alguns dias de deslumbramento total - depois Vladimir, o Amado por Deus ( sic! ), Suzdal, Rostov e Sergiev Possada. Visitei essas pequenas cidades, integrantes do Anel de Ouro, num pacote, durante quatro dias, fazendo os trajetos de ônibus. Foi excelente para conhecer caminhos rurais.
São Petersburgo/ Hermitage/Miguel Ângelo
Meu principal acesso ao Leste Europeu, por vários anos, foi, por trem ou por avião, através de Praga. A República Checa e a Eslováquia foram os país da Região em que mais vezes estive, e por mais tempo permaneci. Na República Checa, além de Praga, conheço , Kutná Hora, Karlovi Vari, Plzen, Ceski Krumlov e , na Morávia, gosto muito de Brno, onde tem um Castelo encantador. Já vi a República Checa de dia e de noite, nas quatro estações do ano. E amei-a sempre. É comovente vê-la.
Pedro, em Praga, a caminho do....
... Museu de Kafka
Meu convívio com a Slovakia aportou-me muitas informações econômicas, históricas, culturais e linguísticas. Tenho belas recordações dos bosques, onde muitas vezes fui colher frutas silvestres, e das magníficas montanhas Tatras. Convivi com pessoas tão eruditas quanto simples. Falam muitas línguas, valorizam a cultura, a arte e as tradições locais. Assisti a belíssimos espetáculos artísticos, como a apresentação de uma orquestra cigana, com 110 violinos! Bratislava, a capital, além de um encanto de cidade, oferece vistas inesquecíveis do Danúbio.

Slovakia /Castelo de Bratislava
Conheci muito bem esse pequeno e admirável país. A cidade que escolhi como minha, foi Kosice. Dela, eu acessava, em trem, com facilidade, outros países, como Hungria, Áustria, República Checa, Polônia, Itália, Eslovênia e Croácia... Na Slovakia, além de Bratislava e Kosice, estive em Trencín, Zilina, Nitra, Poprad, Bardejov , Presov e Bardejovské Kupele. Não há que se perder os passeios nas montanhas. São inesquecíveis, bem como o convívio com a população eslovaca, onde ainda tenho muitos amigos.
Slovakia : Centro Histórico de Presov
Estive várias vezes na Polônia. A mais interessantes das minhas idas ao país polonês foi em um ônibus, bastante simples e que só parava quando alguém queria ir ao banheiro. Partimos de Praga para Silésia, onde ficamos ( Pedro, Adriana Wagner e eu ) , em Wroclaw, cidade com mais de mil anos, história riquíssima e mais de 200 gnomos que fazem a alegria de crianças e adultos. Distante 150 km de Wroclaw, está Czestochowa, o Mosteiro da Nossa Senhora Negra, famoso destino de peregrinação na Europa.
Descobrindo gnomos em Wroclaw
Deixando nosso pitoresco ônibus, fomos de Wroclaw a Poznan ( Wielkopolska ) em confortável trem. Cidade de muitos museus, Posnan tem um interessante e movimentado Centro Velho. Perto dele, a Igreja Franciscana, onde assisti , do início ao fim, a uma cerimônia de casamento religioso, que rendeu muitas fotos para minha coleção de "Noivas no Mundo". Dois dias depois, seguimos, de trem novamente, para a bela, trágica e imponente Varsóvia. Estive outras vezes em Varsóvia, a partir de Cracóvia, e sempre me emociono com a capital polonesa.
Comovente conjunto de esculturas em Varsóvia
Cracóvia é , a meu ver, a mais famosa cidade da Polônia, seja pela religiosidade, pela Lista de Schindler, filme de Spielberg, por Kazimierz, o bairro judeu, ou pelo horror de Auschwitz - Birkenau... ou pelas Minas de Sal de Wieliczka, pelo Mercado Antigo ou por seus museus, galerias de arte, igrejas, sinagogas, castelo, restaurantes, cafés e passeios. Atrações não faltam, como não faltam tours na cidade, bem organizados e por preços razoáveis. De Cracóvia para Varsóvia são menos de duas horas de trem.
Detalhes da Catedral de Cracóvia
" Deixem, antes de eu partir, que olhe ainda deste lugar para Cracóvia, essa Cracóvia em que cada pedra e cada tijolo me são tão caros, e que olhe de cá para a Polônia....E , portanto, antes da partida, rogo-vos que aceitem de novo este patrimônio espiritual que se chama Polônia, com fé, esperança e amor (...) " João Paulo II, Cracóvia, 10 de junho de 1979.

Cracóvia - Basílica de São Floriano
Meus amigos do Leste fazem uma brincadeira comigo, perguntando se já estive na Hungria, comprando Helia D, creme para o rosto, à base de óleo de girassol, que só é vendido dentro do pais. Há 25 anos descobri esse hidratante, bem barato, de excelente qualidade e que se compra em qualquer farmácia. Com a Pandemia, sem ter viajado em 2020, estou sem meu creme de estimação - e pensando em voltar lá.
Ponte das Correntes - ícone de tristes memórias
Na Hungria, já visitei, além da minha querida Budapest, Szentendre, Miskolc, Visegrad, Estergom, Sopron, Lago Balaton e ... muitas curvas do Danúbio. Sempre tive paixão por rios. Já fiz muitas viagens para encontrá-los e persegui-los - Água é promessa de vida! Danúbio, a estrada sem poeira, como muitas vezes é chamado, definiu muito da vida cultural e econômica de milhões de pessoas. De seus 2800 km, 12% passa pela Hungria. O dia do Danúbio é 29 de junho, quando há grandes festas ao longo de suas margens.
Pedro, em passeio de barco pelo Danúbio.
Gosto muito de mostrar a Hungria para minhas pessoas queridas. Agradeço ao Universo ter feito isso para algumas delas. Hospedo-me sempre no Ibis Centro, um três estrelas honesto, em frente há uma estação de metrô e muito perto do Mercado Público, da Ponte das Correntes e do final da emblemática rua Vaci - no início da Vaci, está a mais antiga, elegante e famosa confeitaria húngara, a Gerbaud, sempre com muitos turistas. Tenho uma única queixa da Hungria - e de outros países do Leste - os taxistas! Estejam atentos.
Vista Parcial do Parlamento de Budapest
Continuarei contando de memória um pouco das cidades do Leste Europeu. Na 2a. parte - no próximo sábado - mais cinco cidades. Neste tempo tão difícil de perdas e danos, tentei pensar em projetos futuros. Senti-me, no entanto, desanimada. Temo não sobreviver. Voltei ao passado, mas não perdi ainda, totalmente, a esperança de viajar novamente. A dor coletiva nos atinge em cheio. A esperança que ainda me resta, faz - me dizer: cuidem-se, vacinem-se, vai passar...

Passeio pelo Danúbio, na Hungria. Em 1994.
" Uns com os olhos postos no passado,
Veem o que não veem: outros, fitosOs mesmos olhos no futuro, veemO que não pode ver-se.
Por que tão longe ir pôr o que está perto - A segurança nossa? Este é o dia,Esta é a hora, este é o momento, istoÉ quem somos, e é tudo.
Perene flui a interminável hora,Que nos confessa nulos. No mesmo haustoEm que vivemos,morremos. Colhe o dia porque és ele."
Fernando Pessoa Budapest