quarta-feira, junho 14, 2017

Agrigento . revisitado.

Templo Concórdia. Sol intenso...em 2008




















Como estou atrasada com minhas postagens no Correndomundo, repito a postagem que fiz, em 2008, sobre  Agrigento, cidade  siciliana com cerca de 60 mil  habitantes, acrescentando-lhe algumas fotos novas, feitas pela minha amiga Isolda Branco. Naquela viagem, assim como nesta, fiquei cerca de 20 dias percorrendo a Sicilia - e encantando-me com ela.


Vista Parcial do Vale

























" De trem , fui de Palermo a Agrigento, “cortando” a Sicília , em duas horas e pouco.Queria visitar o Vale dos Templos ( Valle dei Tempi ), no sul dessa cidade que já se chamou Akragas ( acropoli) e que foi uma das mais ricas do Mediterrâneo e poderosa rival de Siracusa.
  


Estação Central de Trens. Foto: Isolda Branco















































Sua fundação remonta ao ano 580 a.C. Em 406, caiu em poder dos cartagineses que a saqueram e incendiaram.  Tem ela uma mescla de estilos: normano, gótico,renascentista e barroco.




























Eu também queria visitar a casa de Luigi Pirandello, escritor e dramaturgo que , há muito tempo, me fascina, especialmente quando evidencia , em seus personagens , as múltiplas identidades que se pode assumir. Vi a casa, a praça, a rua e o teatro , tudo Pirandello. Ele merece!




























Aqui também nasceu ( 492 a.C.) Empedocle...Sim! aquele dos quatro elementos imutáveis e eternos: ar, terra, água e fogo e da atração e repulsão de duas forças cósmicas: amor e ódio.



Proximidades do Vale Foto: Isolda Branco



















Vi o Palácio Municipal, num antigo convento dominicano. Vi igrejas belíssimas, mas ver igrejas assim é “normal”. Fascinada mesmo fiquei pelo Vale dos Templos, testemunha da civilização grega na Sicília. 


Escultura na Estação Central Foto: Isolda Branco















































São muitos os templos. O Templo da Concórdia está muito bem conservado.Apesar do calor e do sol fortíssimo, caminhei , pelo Vale, durante quatro horas.



Vale dos Templos - Foto : Isolda Branco



















Pena que não visitei o Museu Arqueológico. Faltou- me tempo e energia. À noite , cheguei em Palermo cansada e bronzeada – mais exatamente , cor-de-rosa-choque! "


Ícaro e o Templo Concórdia - Foto: Isolda Branco]



"Cada um cumpre  o destino que lhe cumpre,
E deseja o destino que deseja;
Nem cumpre o que deseja,
Nem deseja o que cumpre.

Como as pedras na orla dos canteiros
O Fado nos dispõe, e ali ficamos;
Que a Sorte nos fez postos
Onde houvemos de sê-lo.

Não tenhamos melhor conhecimento
Do que nos coube que de que nos coube.
Cumpramos o que somos.
Nada mais nos é dado."

Fernando Pessoa



                                        Foto de Isolda Branco







domingo, junho 11, 2017

Erice: medieval e encantadora


De Trapani para Erice

Não é segredo que eu detesto tudo o que se move no ar : seja funicular, avião, helicóptero ou ...até roda gigante. Sou , porém, muito curiosa. Entre sentir medo e deixar de conhecer um lugar, opto pelo primeiro. Para ir de Trapani a Erice, sem carro, a única forma é mesmo o funicular. As fotos ficaram tremidas...porque eu tremia, é óbvio. Portei-me, no entanto, corajosamente e até consegui admirar a paisagem, que é linda.


Porta Trapani 

Logo após sair do funicular, o acesso a essa fascinante medieval, com menos de trinta mil habitantes, dá-se pela Porta Trapani, construída no século XII pelos Normandos e que ainda conserva restos das muralhas medievais.  Nos dias mais claros, como de outra vez que visitei Erice, pode-se avistar de um lado ao vulcão Etna; de outro, a costa da Tunísia.


Muitos turistas na temporada primavera-verão
A cidade está localizada num penhasco acima de Trapani, no Monte San Giuliano, que tem 750 metros de  altura. Há uma lenda que atribui a fundação dessa  cidade a Erice, filho de Poseidón e Vênus. Parece ter sido criado por um povo da Antiguidade que não tinha medo de alturas e necessitava ver o mundo a longa distância.


Ruazinhas medievais : passeio inesquecível

Antigos habitantes de Erice, os Elimi consagraram este lugar ao amor, tendo, então, surgido o legendário Templo de Vênus e Erice. Os Fenícios adoraram aqui a Astarte; os Cartagineses, a Afrodita; os romanos, a Vênus - todos,  sinônimos da deusa que personificava o amor, a volúpia  e a fecundidade. As poucas ruínas do Templo foram incorporadas ao Castelo de Vênus, construído pelos normandos. Dizem hoje que Erice é lugar para apaixonar-se...


Catedral do século XIV
A antiga cidade de Eryx foi renomeada pelos bizantinos e pelos árabes como Gebel-Hamed. Em 1167, um conde a renomeou novamente, chamando-a de Monte San Giuliano, santo que esse nobre considerava como seu protetor. Em 1934, Mussolini (sic!) restituiu-lhe sua mítica denominação de Erice.


Catedral

Linda essa Catedral do século XIV com um imponente pórtico do século XV. Ela está à esquerda da Porta Trapani e, junto a ela, está o campanário - uma grande torre. Pode-se subir nessa torre, desde que enfrente uma escada com 128 degraus - essa subida, após o funicular, seria emoção demais para mim, em um dia só. Declinei!

Campanário

Além da Catedral, há outras duas igrejas interessantes: San Giovani Battista  e San Cataldo, as duas com pinturas e relíquias valiosas. Há, ainda, o Museu Cordici, onde podem ser vistas muitas ruínas clássicas. Excelente também a comida, os doces do lugar, as cerâmicas, o artesanato em seda e os tapetes. 

Vistas fascinantes

Mas o que realmente impressiona em Erice é a atmosfera medieval, os vestígios da influência árabe, os jardins interiores muito floridos, a beleza das pessoas locais, as ruazinhas labirínticas e com calçamento de pedra e  as lendas e histórias que circulam na cidade e as vistas que alcançam o mar africano. Passeio para ser feito sem pressa, ainda que possa ser feito em um dia.


Muitas flores em toda a pequena e bela Erice

" ...Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso."

Fernando Pessoa



sexta-feira, junho 09, 2017

Trapani : a Cidade do Sal


Calçamento das ruas centrais

A Trapani, a mais ocidental das capitais de província da Sicilia,  pode-se ir de ônibus   desde o Terminal de Bus, que está junto à Estação Central de Palermo. São mais ou menos 90 km de distância, em estradas que mostram bela e exuberante natureza. 



Fonte de Saturno

Ao planejar um passeio  a essa cidade, vale incluir  também  uma visita a encantadora Erice, cidade
localizada no alto de um penhasco, onde se chega facilmente usando um funicular, ou um passeio às Ilhas Flavigna, Marettimo e Levanzo, em barcos que partem do Porto de Trapani a cada hora.


Vênus no Centro Histórico, na frente do antigo Mercado de Peixes

Com 70 mil habitantes, localizada numa península, entre o Tirreno e o Mediterrâneo,  é famosa por sua produção de Sal e por seus achados arqueológicos fenícios, encontrados numa pequena ilha , em frente às salinas. Oferece, além da cor do mar,  bonitas vistas de barcos de pesca e de barcos de passeios, ancorados no porto - lugar agradável também para caminhadas nas suas proximidades.



Torre do Relógio

Do assentamento que era, Trapani toma caráter de cidade em 260 a.C. Sofre ocupações e conquistas, como dos gregos, árabes, normandos e espanhois - deixando cada um suas influências, especialmente na Arquitetura - há casas pequenas, com pátios internos e poços no centro, que lembram o estilo árabe.


Centro Histórico

Por aqui também passou Garibaldi, após a seu desembarque em Marsala, no ano de 1860, quando iniciou a liberação da Ilha ( onde Garibaldi não esteve? ) Por último, a cidade ressurgiu dos desastrosos ataques da Segunda Guerra. Hoje, além do sal e do vinho, tem , no turismo,  sólida base de sua economia.


Uma das muitas igrejas da Cidade

As igrejas - como magníficos e bem cuidados museus - são atrações para turistas de todas as nacionalidades. Entre elas, destaca-se, em especial, o Santuario dell´Annunziata, o principal monumento da cidade; a Catedral de San Lorenzo, onde há um crucifixo atribuído a Van Dyck; e a Igreja do Purgatório.


Cerimônia de batizado na Catedral

Além de Erice, que logo a seguir veremos, há outros passeios relevantes e muito próximos de Trapani, como Segesta, com seu famoso templo romano,  Marzala, Mazzara del Valo, San Vito lo Capo, Scopello , Castellamare del Golfo e Reserva dello Zingaro.


Linha de funiculares para Erice

Minha sugestão de que visitem Trapani, não se estringe somente a ver mais uma cidade da histórica e magnífica Sicilia - afinal até Cervantes evocou sua fileira de moinhos! Nela, há bons restaurantes e cafeterias,  museus interessantes,  árvores grandiosas, ruazinhas charmosas, vistas inesquecíveis, lojas elegantes e muita natureza ao redor. Os trapaneses são gentis e solícitos. A vista do mar, irretocável!




"Não tenho pressa: não a têm o sol e a lua.
Ninguém anda mais depressa do que as pernas que tem.
Se onde quero estar é longe, não estou lá num momento.
Sim: existo dentro do meu corpo.

Não trago o sol nem a lua na algibeira..."

Fernando Pessoa

terça-feira, junho 06, 2017

Taormina: beleza entre montanhas e mar Jônico

Anjos ...

A escultura " Anjos de Nosso Tempo" de Piero Guidi, que está localizada na entrada do Jardim Público, Villa Comunale ,  comove - me de tal maneira que penso ser por ela que desejo sempre voltar a Taormina - embora  a cidade toda seja belíssima, com mil motivos para incentivar um retorno.


Anjos do nosso tempo...

Há pouco dias - de 26 a 28 de maio de 2017 -  a cosmopolita Taormina esteve na imprensa do mundo todo, ao receber os integrantes do  G7, o grupo dos sete países mais ricos: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, que estiveram  debatendo    temas urgentes da política internacional, como terrorismo e comércio mundial.


Villa Comunale


Minha primeira visita a Taormina foi feita de trem, desde Catânia. Foi demorada, mas tranquila, com trem saindo no horário, tudo direitinho. Esta segunda , que também foi desde de Catânia, eu a fiz de ônibus - menos tempo ( 1h30min),  porém mais confusa. Não há marcação de assento. Havia mais pessoas que lugares no ônibus - e um empurra-empurra como consequência. Lerda como sou, acabei não entrando e ficando para o ônibus seguintes, ou seja, uma hora depois. Tudo foi compensado pela beleza da paisagem ao longo da estrada.


Beleza nas estradas para Taormina


Não se precisa mais do que dois dias para conhecer Taormina, embora, seguramente todos que a visitam,  tenham vontade de permanecer ali por mais tempo. Cidade pequena,  situada no Monte Tauro,  a 200 metros acima do nível do mar,  entre as montanhas rochosas e a placidez do   mar Jônico. 


Igreja de Santa Catarina

Com população pequena,  ao redor de doze mil pessoas, Taormina  mostra-nos belíssimas vistas para qualquer lado que se olhe.  Pode ser traçada toda a pé, com muita atenção, para não perder toda a beleza ofertada por suas ruazinhas estreitas e suas paisagens. Realmente é  o lugar é charmoso como poucos.


Tons de verde contrastam com o branco das rochas


Como estamos na primavera, os turistas já estão transitando e enchendo a cidade.Muita gente mesmo. Dizem que a melhor época para visitar essa cidade é no inverno, pela tranquilidade que se pode desfrutar.  Em agosto, como acontece em toda a Europa, a cidade fica lotada, com todas as dificuldades decorrentes disso: transporte complicado, restaurantes cheios, ruas onde se torna difícil até caminhar.


Rua principal

A cidade é bastante antiga. Pela sua situação estratégica, tornou-se muito visada e  importante, sendo disputada por diferentes povos. Passou pelos Gregos, pelos Romanos e pelos Muçulmanos ( 902).Foi conquistada pelos Normandos, em 1079.


Pequeno teatro no Centro Histórico

Muitas são as atrações de Taormina, como o grandioso Teatro Greco-Romano, o Palácio Corvala, a Igreja de Santa Catarina de Alexandria, a Catedral São Nicolás, a Praça Central -  lugar de recepção aos visitantes cosmopolitas -  e a Villa Comunale, um grandioso Jardim Público.


Villa Comunale

Nada, no entanto, supera a imponente vista do Etna, fumegante e , por vezes, luminoso durante a noite. É o mais alto e ativo vulcão da Europa, com 3370 metros. Visita obrigatória para quem chega ao Sul da Itália.


Centro Histórico

" Tudo o que vejo está nítido como um girassol
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando pela direita e pela esquerda, 
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto, 
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo comigo
Que teria uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a completa novidade do mundo."

Fernando Pessoa


Isolda fotografando os Anjos do Nosso Tempo

Mar Jônico

domingo, junho 04, 2017

Cefalú : Praia e História

Cefalu


Embora sendo uma das mais famosas cidades de praia da Sicilia, Cefalú não me atraiu na primeira vez em que a visitei. Moro numa praia bem bonita no Sul do Brasil e considero que as praias brasileiras, especialmente as da Bahia, são realmente belíssimas. Esclareço,  no entanto, que  não gosto de sol nem de areia. 


Cefalú: sua principal atração

Quando viajo, não busco praias. O que realmente procuro  é  História,   Arte, Diversidade Cultural  e Ausência de Medo. Desta vez, estava mais atenta em Cefalú e encontrei tudo o que antes referi como aquilo que busco.


Igreja e La Rocca

Com 14 mil  habitantes - fora da alta temporada obviamente - essa bela cidade da Província de Palermo inclui,  como uma de suas atrações, uma grande rocha, denominada simplesmente  com La Rocca, Nela, o Templo de Diana; junto a ela, uma grandiosa Catedral.


Catedral de Cefalu

Essa Catedral teve sua construção iniciada em 1131 por ordem de Rogério II, que tinha a pretensão de torná-la não só a mais bela das catedrais normandas da Sicilia, como também o templo religioso mais importante da região. Resultou de uma promessa dele, quando correu risco de vida durante uma tempestade no mar. A Catedral não chegou a alcançar muito sucesso sucesso, mas continua sendo uma das mais bonitas da Ilha, principalmente por seus mosaicos.


https://es.wikipedia.org/wiki/Cefal%C3%BA

Cefalú está distante 70 Km de Palermo, na Costa Tirrênica, a que se pode chegar de trem ou de ônibus. Suas raízes históricas podem ser encontradas em documentos achados em algumas grupas de La Rocca. No Templo de Diana, há indicativos de uma história que pode ter sido iniciada no século IX - VIII a.C. Com os bizantinos, foi sede  de diocese. Posteriormente foi conquistada pelos árabes.


A cidade junto a La Rocca

A cidade é bastante movimentada e alegre. Muitos restaurantes já estão com toda uma estrutura de verão fora dos prédios, principalmente na praça, em frente a Igreja e na avenida beira-mar. Há muitos bares e cafeterias, sempre com bom atendimento. Há também hoteis dos mais simples aos das melhores redes internacionais. 


Ruazinhas encantadoras

Cefalu, atualmente, é uma cidade moderna,  bastante concorrida, com turistas e visitantes tanto da própria Sicilia, quando do restante da Itália e de outros países. A cor do céu, a cor da água, a animação dos visitantes e as outras  atrações que oferece - acrescentando-se, ainda,  museu, compras e locais para caminhadas, fazem de Cefalu uma cidade que pode - e deve -  ser visitada de trem e no mesmo dia em que com um pit stop em Bagheria.


Centro de Cefalú

" Começo a conhecer-me.Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os que outros me fizeram,
ou metade desse intervalo,porque também há vida..."

Fernando Pessoa


Cefalú