quinta-feira, novembro 27, 2014

A Imponente Treviso

Antigos mosaicos em Treviso
Os romanos da antiguidade a chamavam Tarvisium, e ela foi muito disputada na Idade Média por senhores feudais. Como lembrança desse período, estão as muralhas em torno do centro histórico e as antigas portas de entrada na cidade: Porta Quaranta, Porta Altinia e Porta San Tommaso. Com dois mil anos de história, foi dominada por romanos, bizantinos, francos, venezianos e austro-úngaros. Realmente somou história.
"A Pequena Veneza"
Em tempos mais recentes, sofreu um grande bombardeio na sexta-feira santa de 1944, que infelizmente destruiu muitas construções medievais. Foi reconstruída , com diferenças de estilo, é claro, e hoje é uma cidade com pouco mais de oitenta mil habitantes, bastante tranquila, agradável e com marcante personalidade. Pelos canais que a entrecortam, apelidaram-na , a meu ver exageradamente, de Pequena Veneza.
Recordam-se desta grife?
Bastante conhecida por ser a cidade de origem da Beneton, empresa transnacional de moda, com mais de duas mil lojas no mundo e uma história de publicidade polêmica - e algumas vezes muito divertida. Recordam aquela ( montagem ) em que o Papa beijava a boca de um muçulmano? ou a outra das duas crianças, uma loira e uma negra, sentadas em penicos? É interessante ver s imagens  em http://www.propagandashistoricas.com.br/2013/09/classicas-campanhas-united-colors-of.html

Canal Buranelli no centro de Treviso
"Não é possível falar de campanhas polêmicas e não citar a que foi produzida por Oliviero Toscani para a Benetton. Uma campanha que repercutiu no mundo inteiro, um marco na publicidade de moda. Em seu livro “A publicidade é um cadáver que nos sorri”, Toscani condena a publicidade como nós conhecemos: rosada, saudável, jovem, vendedora de um estilo de vida tão idiota quanto irreal. Seu trabalho busca a reflexão e o debate, através de imagens nada comuns ao universo fantástico da fotopublicidade. Aliás, esse é um dos pontos que mais causou polêmica: a publicidade pode (ou deve) fazer denúncias sociais, como o jornalismo? http://www.propagandashistoricas.com.br/2013/09/classicas-campanhas-united-colors-of.html"


Tal publicitário e tal publicidade afina-se com a origem da grife e de seu criador, o hoje bilionário Luciano Beneton, um jovem pobre, arrimo de família, esportista, criativo e trabalhador. Em 1960, ele, então com 20 anos, depois de trabalhar numa loja que vendia roupas e de ter percebido que as pessoas procuravam peças coloridas pouco existentes, decidiu partir para um negócio próprio. Vendeu a bicicleta de um de seus três irmãos e comprou uma máquina de costura já usada. Trabalhando, em especial com a irmã Giuliana Beneton, passou a produzir roupas em cores vivas e a vendê-las muito bem - um transgressor que se deu econômica e pessoalmente muito bem.
Detalhe do Monumento aos soldados mortos...
Nem só de Beneton vive Treviso. Ao contrário, a cidade em muito a mostrar. A Catedral, por exemplo, fundada no século XII e refeita várias vezes, com suas sete cúpulas, tem , em seu interior, a obra Anunciação ( 1570 ) de Ticiano. O Museu Cívico mostra mais obras de Ticiano e de outros pintores renascentistas. A Igreja dominicana de São Nicolau tem uma casa paroquial bem interessante, onde se pode ver a primeira obra de arte em que aparece m par de óculos.
Catedral de Treviso
Nem só de Beneton vive Treviso. Ao contrário, a cidade em muito a mostrar. A Catedral, por exemplo, fundada no século XII e refeita várias vezes, com suas sete cúpulas, tem , em seu interior, a obra Anunciação ( 1570 ) de Ticiano. O Museu Cívico mostra mais obras de Ticiano e de outros pintores renascentistas. A Igreja dominicana de São Nicolau tem uma casa paroquial bem interessante, onde se pode ver a primeira obra de arte em que aparece m par de óculos.
Catedral de Treviso
Conta-se que uma figura ilustre da cidade teve descendentes que vieram para o Brasil.  Referem-se  a Gherardo da Camino, um dos nobres de grande destaque em Treviso. Ele  governou a cidade em 1280,  trazendo-lhe progresso e aprofundamento cultural e politico. É provável que seu grande lance tenha sido o incentivo à universidade e a oferta de  hospitalidade a estudiosos e artistas de grande prestígio.

Monumento aos mortos em todas as guerras

Na Piazza dell Vittoria, um grandioso monumento, que comove pela sua magnitude e extensão. É o Monumento que relembra os mortos em todas as guerras.  Parece ser esta uma tendência atual. Não mais são relembrados os mortos de uma só guerra, mas de todas. Também são relembrados os familiares , incluindo as crianças que ficaram órfãs e as mulheres que, de uma forma ou de outra, atuaram e sofreram com os conflitos. Apelo à paz.

Loggia dei Cavalieri - 1276 - Atualmente Museu
Construída em 1276, a Loggia dei Cavalieri é um marcante símbolo da antiga aristocracia de Treviso.Ali costumavam-se reunir os políticos, os nobres e as pessoas de classe mais alta para conversar e jogar...Do que comentavam, não sabemos; acredito, entretanto, que não é difícil imaginar: devia ser poder, sexo e dinheiro...nesse sentido, o mundo não mudou muito. O tema básico das fofocas devia ser o mesmo de hoje. Hoje, é ali um espaço cultural.

Entrada da cidade by trem
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Embora , a meu ver, Treviso é uma cidade que se deve visitar - realmente uma visita obrigatória e muito fácil de ser feita pela sua proximidade com Veneza. Salvo laços de família, é no entanto, cidade para visitar uma vez...ao contrário de Veneza, onde se ode ir dezenas de vezes e sempre descobrir algo novo e interessante. Menciono laços de família porque são muitos os brasileiros que têm vínculo  com Treviso - seja pela vinda de seus ancestrais para o Brasil, seja pela relação com os times de vôlei, que tiveram vários treinadores e jogadores brasileiros.

" Que lindo dia o que vemos!
Mas, como os tempos vão,
É bom que não confiemos...
É melhor dizer que temos
Não um dia de verão,
Mas um dia de veremos."

Fernando Pessoa


sexta-feira, novembro 21, 2014

A Verde e Mágica Umbria

Orvieto
Conheço a Itália região por região. Concentrava-me em cada uma até conhecê-la bem. Do país todo, só não conheço a Sardegna - que é parte do meu projeto para o próximo ano. Costumo brincar com os italianos, contando que conheço até Tolfa...uma cidadezinha que poucos conhecem e que eu só a conheço porque lá estive com minha querida amiga Lidia Marcotto, moradora nas proximidades.Escreverei hoje sobre a Úmbria, uma das minhas preferidas e onde estive revendo duas de suas cidades nesta última viagem.
A Úmbria no mapa da Itália

Localizada na parte central da Itália, com uma população ao redor de 850 mil habitantes, a Umbria é uma região composta de duas províncias: Terni e Perugia, sendo essa última também a capital umbriana. A Úmbria está circundada por Toscana, Marche e Lazio. A ausência de mar não a torna menos bela. Possui uma paisagem variada , com montanhas, colinas, vales e rios - o Tevere banha a região com quase a metade de seu percurso. Ela é muitas vezes chamada de Coração Verde da Itália.

No Museu de Orvieto
É bastante antiga - as primeiras colonizações foram dos etruscos e datam de alguns séculos a.C. Em Perúgia e Orvieto, encontram-se muitos registros referentes a essa presença etrusca. Há documentos antigos - III - I séc.a.C - em bronze, que referem à língua antiga dessa população, localizada em território à direita do Tevere.

Assis - Detalhe da Igreja
Mais tarde, os romanos integraram-se na Úmbria, onde realizaram grandes obras , como templos, pontes, teatros, anfiteatros, muros e aquedutos. Depois deles, a influência de Beneditinos e Franciscanos. Após longos períodos de lutas e intervenções, incluindo a intervenção de Napoleão Bonaparte, foi a Umbria  anexada, em 1860, ao novo Reino da Itália.

Em Assis
A vocação da Úmbria foi essencialmente rural e , ao passar do tempo, soube conservar esse perfeito equilíbrio entre a cidade e o campo, embora com acentuado crescimento do setor terciário. A disponibilidade hídrica,  no entanto,  determinou sua industrialização precoce, com destaque para Terni e Narni, no desenvolvimento de indústrias siderúrgicas, metalmecânicas e químicas - razão por que Terni foi tão atingido na última Guerra. Hoje, o turismo e o artesanato são outros destaques na economia da região.
Cerâmicas de Orvieto
Pedi licença para fazer a foto dessas cerâmicas, com justificativa de que eu não era daquele povo que costuma fotografar , copiar e vender milhões de peças iguais, no mundo inteiro. Obtive permissão, usando esse poderoso argumento. Nem só em Orvieto se fazem belas cerâmicas. São também encontradas em Todi, Gubbio, Assissi,Gualdo e Città di Castello. Nessas cidades, produzem-se ainda artesanato de ferro batido. Lindos.
Tradicional porchetta

Não se precisa dizer muito sobre a comida italiana, que extrapolou os limites do país e tornou-se conhecida e apreciada no mundo inteiro. Na Úmbria, os pratos típicos são caseiros, simples e tradicionais. A natureza rural da região traz à mesa produtos naturais de boa qualidade, sejam frutas,legumes o verduras. Risotos, polentas ,pastas e brodos são frequentes e deliciosos - e a porchetta é destaque sempre, com batatas ou verduras grelhadas.Para completar, os pães, os queijos,  os doces, os frutos secos e os vinhos da região - todos com inesquecíveis sabores.


São muitas as cidades da Úmbria que merecem uma visita e que emocionam por sua beleza e história. Delas, tenho bonitas lembranças  - e um grande desejo de retornar. Narni foi a primeira em que estive - há mais de 20 anos - e fui hospedada na casa da Familia Emeri, pessoas gentis e agradáveis, que muito me ensinaram sobre a cultura local. É uma pequena cidade medieval, com uma imponente catedral românica de 1145,  aumentada e transformada ao longo do tempo. Em Narni, duas importantes festas são tradicionais: a Corrida ao Anel - torneio de origem medieval - e o Festival de Teatro Cidade de Narni. Visitei também Terni nesse mesmo período.


Todi é uma das mais belas cidades medievais da Úmbria. Talvez a proximidade do Tevere tenha influenciado à presença etrusca neste lugar.Lembro-me bem, apesar do tempo, da monumental praça central Vittorio Emanuele, de onde se via uma grande escadaria que levava à Catedral , cuja parte mais antiga remete ao séc.VIII. Perugia, bastante conhecida pela sua Universidade dos Estrangeiros, tem um centro histórico com palácios imponentes, galerias, basílicas e templos impressionantes - e ainda um Arco Etrusco de II a.C.


Foligno , também de origem remota, tem como tradição artesanal o trabalho com madeira e a restauração de instrumentos musicais antigos. Bastante conhecida pela Giostra della Quintana, torneio medieval com riquíssimo cortejo de figurantes, usando trajes da época. Gualdo e Gubbio têm uma riquíssima  história que se inicia a.C e se constrói através do tempo, deixando marcas fortes especialmente na arquitetura e nas festas tradicionais. Ambas são também famosas pelas cerâmicas artísticas que produzem.


Spoleto, com cerca de 35 mil habitantes, é uma antiga cidade da Província de Perugia. Fundada pelos romanos em 207 a.C, localizada sobre uma colina cheia de ruelas e ladeiras. Sem automóveis no centro, a mobilidade está facilitada por esteiras, elevadores e escadas rolantes.Possui um teatro romano do séc.I a.C. Famosa internacionalmente pelos Festivais que realiza anualmente.Desde 1958, reúne espetáculos de dança, teatro, concertos, mostra de cinema e outras manifestações artísticas com a participação de artistas do mundo todo. O evento é realizado  entre o final de junho e início de julho.


Nesta viagem - setembro e outubro - fiquei apenas cinco dias na Úmbria, divididos entre Assisi e Orvieto. Orvieto é uma das minhas cidades preferidas na região. Localizada num platô, para onde se pode ir utilizando o funicular que fica na frente da estação de trem, ou de carro, contornando a pequena montanha. Por três vezes, preferi hospedar-me em Orvieto e quase diariamente ia a Roma - pouco mais de uma hora de trem. O Hotel Virgílio, ao lado do Duomo ( Catedral) é o meu favorito. Uma vez cheguei hipercansada nesse hotel, depois de meses de viagem. Dormi durante três noites e dois dias ... quase o tempo todo!


Entre ciprestes e oliveiras, está Assisi, cidade de fundação umbra, controlada pelos etruscos e posteriormente pelos romanos. Lugar onde nasceram Francesco ( 1182 ) e Chiara ( 1193), nossos conhecidos São Francisco e Santa Clara. A Basílica de São Francisco , grandiosa e imponente, com afrescos de Giotto, é imperdível visita, independente de crença ou religião. A cidadezinha é encantadora e oferece boas cafeterias e restaurantes - sempre com muitos turistas e visitantes. Para visitar a Basílica, é interessante fazer-se acompanhar de um guia. Os detalhes são muitos e requerem algumas explicações.



Falta-me tempo para escrever mais sobre a Úmbria. Teria muito ainda para contar. Sequer falei nos lagos e na cascata. Sequer falei sobre os castelos, a produção de vinho e de azeite de oliva. Sequer mencionei a gentileza do povo umbriano , tão campo e tão cidade. Conheço bem mais cidades do que mencionei - e faltam-me uma meia dúzia para visitar.Tenho esperança de retornar:

"Segue teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é sombra
De árvores alheias."

Fernando Pessoa

sexta-feira, novembro 14, 2014

E para o Natal....?

Palácio Nacional da Pena
Tenho também uma sugestão para o Natal , que deveria ter sido postada aqui antes da sugestão do Ano Novo em Madri. Que tal Lisboa, com aquele maravilhoso voo direto da TAP , a partir de Porto Alegre? Com Missa do Galo, ceia com bacalhau, vinho, pasteis de nata ou queijadinhas ? País bonito,agradável, tudo tão fácil...e os preços, menores que outros países europeus.

Palácio Nacional da Pena
Até para compras é interessante - estou pensando num Tour para Outlet Freeport - http://www.freeport.pt/sobre-o-freeport.php - um dos maiores da Europa, situado a 40 km de Lisboa. Mas ,pensando bem, é melhor esperar para fazer compras em Madrid, onde, no dia 7 de janeiro, começam as tradicionais rebajas - uma liquidação de verdade, com preços que não foram aumentados para mostrarem um desconto maior. Desconto real.


Lisboa, assim como Madrid, possibilita, facilmente, muitos bate-e-volta, como a Estoril ( vale pelo cassino! ), Cascais, Mafra, Santarém, Óbidos; Alcobaça, Tomar e Batalha ,  três belíssimos mosteiros religiosos, Patrimônios Mundiais da UNESCO;  Setúbal, Abrantes, Évora, Queluz, Nazaré, Coimbra...e a imperdível Sintra, bem perto de Lisboa e bem fácil de ir por diferentes meios de transporte.
Palácio Nacional da Pena
Já escrevi sobre Sintra neste blog. É um belo passeio onde há muito o que ver. A própria estação de trem , com seus azulejos, é uma belezinha - fotogênica como poucas, com montanhas, bosques, jardins, palacetes  e castelos. O Centro Histórico está situado ao redor do Palácio Nacional. Precisa-se de um tempo para traçar suas ruazinhas encantadoras. No Centro, estão museus, igrejas, monumentos e construções singulares - incluindo um Pelourinho, réplica exata do que foi construído no século XVI. A Vila de Sintra faz jus à declaração de Patrimônio da Humanidade, em 1995.

Palácio Nacional da Pena
Usualmente não compro tours. Prefiro ir às cidades por minha conta e risco. Em outubro deste ano, entretanto, um pouco por preguiça minha; outro, por aproveitamento de tempo, meu sobrinho e eu fizemos um tour (semi)privativo, durante 9 horas,com pequeno número de passageiros, visitando Sintra, Cabo da Roca, Cascais e Estoril. A empresa é http://www.toursportugal.com.br/tours/lisboa/city_tour_sintra__cascais__estoril_e_cabo_da_roca1. Um passeio interessante e com guias pontuais e bem informados - afirmo isso por por serem lugares que eu conheço bem.
Palácio Nacional da Pena
Além do Palácio Nacional de Sintra, há outros palácios e castelos para serem visitados, como o Palácio da Quinta da Regaleira, o Palácio de Seteais, o Castelo dos Mouros, o Palácio de Monserrate e , o meu preferido, o Palácio Nacional da Pena, que está localizado em meio a muito verde, no pico de uma montanha. Todo colorido e com muitas torres, muralhas, cúpulas e passagens, mais parece um castelo cenográfico. Foi habitado pela família real até 1910,ano em que a monarquia portuguesa foi abolida. Atualmente está aberto ao público como museu.

Palácio Nacional da Pena
Acredito que Portugal é bem interessante para uma viagem de final de ano. Pessoalmente, entretanto, apesar das baixas temperaturas de dezembro, prefiro a Alemanha - para onde seria muito triste eu retornar  este ano,  embora tenha passado , em Colônia, no ano passado, um dos mais belos natais da minha vida.

Palácio Nacional da Pena
"Natal...na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados."

Fernando Pessoa

segunda-feira, novembro 10, 2014

Apenas uma sugestão para o Ano Novo


Não! os vestidos não fazem parte da minha sugestão para festas de Ano Novo. São apenas fotos que fiz na Espanha, em setembro deste ano, com a minha câmera velha - a nova, que eu estava usando pela primeira vez, consegui cair com ela e - felizmente - foi ela que se rebentou. Eu fiquei só com o mico de me estatelar numa rua movimentada.


Nunca estive, na passagem de ano, em Madri, mas, através de leituras e conversas, concluí que é um bom lugar para o período das festas.  Na Espanha toda, dorme-se tarde, porque vigora a tradição de sestear; sobra, portanto, energia noturna. Dizem que, no Ano Novo, há muita gente nas ruas, muito movimento em restaurantes e bares de tapas, muita música e um grande e tranquilo aglomerado na Puerta Del Sol, onde muitos esperam a meia noite.


Passado o Ano Novo, há muito o que ver em Madri, uma cidade com cena cultural intensa. Pode-se, ainda,  fazer alguns bate-e-volta bem interessantes, como a Toledo, Segóvia ( minha preferida) , Ciudad Real, Ávila, Aranjuez, Córdoba e Alcalá de Henares. Tudo isso enquanto se espera o Día de los Reyes Magos.


 O dia 6 de janeiro, simplesmente Reyes, é a maior festa para crianças espanholas. É o dia da entrega de presentes. Tradicionalmente, na noite do dia 5, três pessoas da comunidade - em geral três políticos - vestem-se como os três sábios e lideram um grande desfile, enquanto distribuem doces para a população. É a Cabalgata de Reyes, que acontece no centro das cidades.



Estou recolhendo muitas informações sobre Cabalgata de Reyes no interior da Espanha. Até agora, Sevilha me pareceu um bom lugar para assistir a ela. De lá, recebi esta informação: Le recomendamos la Cabalgata de Triana, puede ver un video del año pasado aquí: http://www.youtube.com/watch?v=mo_6foclHG4 


Continuo minhas buscas. Com alegria, posso compartilhá-las. Sintam-se à vontade para perguntar ou para sugerir. Agradeço ao João Pedro ( NAVParis) estas fotos de flores.


" Colhamos flores,
Molhemos leves
As nossas mãos
Nos rios calmos,
Para aprendermos
Calma também.

 Girassóis sempre
Fitando o sol,
Da vida iremos
Tranquilo,tendo
Nem o remorso
De ter vivido."

Fernando Pessoa

quinta-feira, novembro 06, 2014

A Berna das Fontes

Fontes de Berna
Não sei bem o que me levou a retornar a Berna. Está longe de ser uma das minhas cidades preferidas na Suiça, apesar de aí ter nascido Paul Klee, grande pintor e grande amigo de Kandinsky,  de ter sido o berço do  delicioso chocolate Toblerone e , ainda mais, de ter Albert Einstein desenvolvido, nessa cidade, a sua Teoria da Relatividade.


Independente dessas famosidades, penso que retorno à cidade pelas suas magníficas fontes.   Minha atração por água já me levou a muitos outros lugares.... Berna , com menos de 150 mil habitantes, está localizada numa península ( quase uma ilha portanto! ) do rio Aar, que tem 195 km de comprimento e passa por outras duas cidades suíças: Interlaken e Tune.


Em 1983, Berna foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. É uma das capitais menores da Europa - é capital do país e do Cantão homônimo. Fundada em 1191, tem um centro histórico muito bem cuidado, com um   traçado urbano que nunca foi mudado. Alemão é a língua oficial do lugar - talvez por isso, minha preferência por Lucerna, onde predomina o italiano.


As fontes , de que gosto tanto, estão ainda 16 em funcionamento. Não escrevo aqui o nome delas em razão das minhas dificuldades com a língua e a escrita...naturalmente! São todas fontes de água potável. É usual ver-se turistas enchendo suas garrafinhas de água.....e seus copos de cerveja.


Chega-se facilmente de trem a Berna, e a estação principal fica junto ao centro histórico, que pode ser todo percorrido numa caminhada não muito extensa. Há vários teatros na cidade e dezenas de cinemas.Há também dois grandes festivais internacionais de cinema, incluindo um festival de curtas, alguns festivais  de jazz e um interessante festival de artistas de rua.


As margens do rio Aar são magníficas, limpas, bem cuidadas e bem delineadas, propiciando lugares lindos para passeios e caminhadas. Nesta estação, quando as cores do outono se mostram com nuances diversas, a vontade é de ficar um pouco mais ali, em meio à natureza e ao silêncio reinante.


A população de Berna é gentil e me parece tranquila. É comum a hiperbólica afirmação de que os habitantes locais, quando morrem, suas almas levam séculos para chegar até o céu - vão devagar! Quem sabe é a mistura do urbano com o rural, a presença das florestas de freixos e carvalhos, a visão dos montes com quase mil metros de altura e da água que jorra com tanta facilidade - tudo isso e muito mais - contribua para a paz que se observa, mesmo em rápidas visitas, pela Praga de Bolso como às vezes a cidade é chamada.



"O rio que passa dura
Nas ondas que há em passar,
E cada onda figura
O instante de um lugar.


Pode ser que o rio siga,
Mas a onda que passou
É outra quando prossiga.
Não continua: durou.

Qual é o ser que subsiste
Sob estas formas de estar,
A onda que não existe,
O rio que é só passar?"

Fernando Pessoa