sábado, julho 20, 2013

Chicago, outra vez.

Chicago

Partimos cedo de Paxton. Sem a estiagem do ano passado, por entre um corredores de milho e soja, agora de um belo verde-verde, fomos até Naperville visitar Nina, a irmã de Ronald. No dia seguinte, fui a Chicago porque devia comparecer ao Consulado do Brasil e apresentar documentos de identificação para o recadastramento obrigatório, exigido pelo governo federal.

Centro de Chicago

É a segunda vez que vou ao consulado brasileiro em Chicago e a segunda vez também que saio de lá  encantada com a presteza, competência e gentileza do pessoal, em especial do vice-cônsul, muito presente sempre para a solução rápida de problemas e dificuldades. Quando vejo funcionários públicos com essas características, fico muito orgulhosa do meu país.
Centro de Chicago
A cidade está ainda mais bonita do que estava em junho, quando aqui estivemos por dois dias. Já escrevi, aqui no Correndomundo, sobre essa visita. Desta vez , Chicago foi nosso ponto de partida para visitar Wisconsin, Minnesota, Dakota do Sul, Nebraska , Iowa e novamente Illinois, numa viagem de carro, semelhante a que fizemos até New Orleans. Essas duas viagens integram as comemorações alusivas aos meus - bem vividos - setenta anos.



"Ah! Querem uma luz melhor que a do Sol!
Querem prados mais verdes do que estes!
Querem flores mais belas do que estas que vejo!
A mim este sol, e estes prados,e estas flores contentam-me.
Mas, se acaso me descontentam,
O que quero é um sol mais sol que o Sol,
O que quero é um prado mais prado que estes prados,
O que quero é flores mais flores que estas flores.
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira."


Fernando Pessoa

sexta-feira, julho 19, 2013

" Lá vou eu...."

St.Louis - Missouri
Depois de New Orleans, estivemos em St. Louis, no estado de Missouri. Cidade bonita, com muitas atrações, sendo o Arco a maior de todas. Como escrevi sobre S.Louis, neste blog, no ano passado, não tive vontade de escrever novamente, embora, desta vez, tenha estado mais tempo na rua próxima ao Arco, onde se concentram os bares, restaurantes e pubs.

Ponte sobre o rio Missouri
Chegamos em Paxton com tempo suficiente para desfazer as malas, fazê-las novamente e iniciar outra viagem, desta vez para o West. Iremos até Dakota do Sul. Temos previsão de viajar por seis estados, percorrendo em torno de 4 mil km, em 12 dias. Esta é a segunda viagem  por estados americanos, dando continuidade às comemorações dos meus 70 anos.

Pub em St.Louis
"Em plena vida e violência
De desejo e ambição,
De repente uma sonolência
Cai sobre a minha ausência,
Desce ao meu próprio coração.
Será que a mente, já desperta
Da noção falsa de viver,
Vê que, pela janela aberta,
Há uma paisagem toda incerta
E um sonho todo a apetecer?"

Fernando Pessoa

quarta-feira, julho 17, 2013

New Orleans : muito além das expectativas


Óleo que bem registra New Orleans

Quando iniciei este blog, há sete anos, escrevi , referindo-me a comparações entre países ou cidades: comparações limitam o olhar. Para se ver é preciso ter olhos limpos, olhos de ver, sem que uma imagem contamine a outra. Quando temos duas imagens sobrepostas, uma deixa de ser nítida - se uma dessas imagens for de lugar muito conhecido ou familiar, esse certamente ganhará em nitidez. De longa data, penso assim e  usualmente  não comparo . O Correndomundo pode provar o que estou afirmando.

A esquina mais fotografada de New Orleans

Nesta viagem, entretanto, precisei, por duas vezes, segurar o ímpeto de comparar New Orleans com uma cidade brasileira, onde já morei e de onde gosto muito. Minha potencial comparação referiria-se aos centros históricos, às cores e à musicalidade das duas cidades que seriam comparadas. Limpei o olho para ver bem está  fantástica cidade.

Ferro trabalhado parecendo renda.
Situada no sudeste da Louisiana,  entre o lago Pontchartrain e uma curva do rio Mississippi, com  cerca de dois metros abaixo do nível do mar, a cidade parece uma ilha com muitas pontes e água por quase todos os lados.  Sua área  é de 516 km. Sua população, que antes do Katrina era de 500 mil habitantes, aproxima-se hoje a 250 mil pessoas.

Árvores grandes e frondosas no Parque das Esculturas

Katrina foi o mais terrível furacão que atingiu a Costa do Golfo, fazendo com que aquele agosto de 2005 se tornasse tristemente inesquecível. Os ventos chegaram a 280 km e destruíram casas e edifícios, derrubaram árvores e postes, provocando quedas do sistema elétrico e causando muitos incêndios. As chuvas inundaram mais de 80% da cidade e deixaram 200 mil casas embaixo d´água. Morreram mais de mil pessoas e metade dos habitantes de New Orleans não retornaram às suas casas. 

Royal Street
Nesta viagem, foi-me possível constatar a decisão de permanecer e de recuperar-se dos habitantes de New Orleans - uma população, composta hoje por 62% negros, 33 % brancos 5% vindos de diferentes países.
A cidade está bonita, bem cuidada, cosmopolita, musical e com muitos turista, que nunca deixaram de visitá-la e que, certamente, com essa atitude, contribuíram para que a cidade se mantivesse em cena.

Centro de New Orleans
É bom lembrar que ,tanto a Louisiana quanto a Flórida foram compradas por Thomas Jefferson , em 1803, pagando o que lhes pediu Napoleão Bonaparte : $ 15 milhões! Mas antes de pertencer à França, esta cidade pertencera à Espanha. De longa data, portanto, diferentes povos contribuíram na sua formação cultural e histórica. Dentre esses povos, podem-se mencionar africanos, franceses, espanhóis, ingleses, irlandeses, eslavos, italianos, gregos e cubanos.

Homenagem ao jazz e a músicos famosos

Não faltam museus e esculturas para lembrar a vocação musical de New Orleans. Berço do Jazz, que veio da música tocada em bailes, desfiles e funerais e da mistura de culturas da região, nele estavam cantos de trabalho, cantos religiosos da África e influências europeias e americanas. Muitos dos primeiros jazzistas começaram a se apresentar na zona de prostituição, a Storyville. A partir daí, desenvolveu-se, cresceu, ganhou mundo e tornou-se a mais importante contribuição americana para a música mundial.



Bonitos e delicados são os trabalhos de ferro que estão por toda a cidade. Muitos parecem rendas, por sua delicadeza e pelas minúcias que podem ser vistas nos detalhes. Os primeiros trabalhos foram feitos por artesãos alemães, irlandeses e afro-americanos. De ferro batido, totalmente feitos à mão, é claro, encantaram as famílias ricas que passaram a encomendá-los para adornar as fachadas de suas casas. Depois, começaram os trabalhos de ferro forjado, que era derretido e colocado em moldes em motivos decorativos diversos. Podemos admirar esses trabalhos principalmente no French Quarter e no Garden District.

Passeio pelo French Quarter

O French Quarter - ou Bairro Francês - é a parte antiga de New Orleans, o seu centro histórico. Encanto dos turistas e viajantes, concentra nele restaurantes, bares, galerias de arte, lojas sofisticadas e antiquários. Por sorte, já no primeiro dia, fomos percorrê-lo no horário que, de fato, é o melhor : de manhã cedinho. Havia pouca gente nas ruas - tanto que foi possível estacionar na frente do Museu do Jazz. É bom lembrar que estacionamento nessa área é bastante difícil encontrar.

Museu do Jazz

Como estava tudo muito tranquilo, podemos observar os detalhes da arquitetura, as casas coloridas, as esculturas, os pátios escondidinhos, os trabalhos em ferro, as plantas, os antigos lampiões ainda acesos. Podemos, ainda,  ler o nome das ruas,escritos em peças de cerâmica, fixadas nas calçadas e ler as placas elucidativas em prédios e locais .  Passeamos - quase com reverência - pela Royal Street, a rua mais bonita do bairro.Quando se intensificou o movimento, apareceram os cantores de rua e ouviu-se  música já saindo dos restaurantes. Precisa-se de tempo para absorver tantas informações e tamanha beleza.

Rio Mississippi
Garden District é a denominação de uma área rio Mississippi acima, em relação ao French Quarter. Foi neste lugar que se estabeleceram os americanos depois da compra de Louisiana e onde os fazendeiros e comerciantes ricos construíram luxuosas e elegantes mansões. Aqui, encantaram-me os jardins, com tantas magnólias, camélias, azaléias, roseiras e jasmins. Tudo com as bênçãos da beleza do rio.

French Market ainda de manhã cedinho
Outrora um lugar mal-falado e mal frequentado; hoje , preferido pelos turistas e pleno de vitalidade, colorido e movimento. Existe por aqui desde 1790 e ,  antes da chegada dos europeus, era um entreposto comercial para os índigenas. No French Market, pode-se comprar de jóias finas a frutos do mar e especiarias; de cerâmicas artísticas a bonequinhas para vodu. Nele, fiz minha primeira compra : vários beads bem interessantes.


Tradicionais Beads

Os tradicionais colares de bolinhas coloridas, com os acréscimo dos mais diversificados temas - carnaval, futebol, frutas, flores, brinquedos - enfeitam a cidade, os habitantes locais e os turistas. São os beads, que dão origem a muitas paqueras. Manda a tradição que uma moça , ao ser presenteada com um beads, em sinal de agradecimento, deve levantar a blusa e mostrar os seios, ao menos um pouco; os rapazes, devem baixar as calças e mostrar o corpo...ao menos um pouco também.

Entrada de grande shopping center em New Orleans

Nem só de comércio para turistas vive a cidade. Há grandes shoppings e muitas galerias, onde qualquer grife pode ser encontrada. No maior shopping, há um Café du Monde, com as mesmas característica do café tradicional que existe no French Quarter há mais de 100 anos. Nele, pode-se experimentar os beignets, bolinhos franceses salpicados com açúcar e tomar um café au lait  - os dois únicos itens oferecidos pelo Café. Pode-se, ainda, experimentar o café de chicória, alternativa para economizar pó de café, criada durante a Guerra Civil. Eu até gostei...mas depois tomei um café - café.

Entrada para o Riverwalk
Área com variadas opções de compra - de que fugi como o diabo da cruz - e magníficas vistas do rio Mississippi ao longo de seu percurso, é excelente alternativa para um final de tarde. Os navios de cruzeiro internacionais e outras embarcações passam por aqui. Muitos atracam ao longo do Market Place. O trânsito fluvial é intenso. Admirei belíssimas esculturas neste lugar e obtive informações nas placas colocadas no caminho que se percorre. Passeio delicioso e interessante.

Escultura no Woldenberg  Riverfront Parque
Difícil selecionar fotos de esculturas em New Orleans. São tantas,tantas ...e muitas de comovente beleza - como esta, um diálogo de gerações. Difícil selecionar sobre o que escrever e o que fotografar,  assim como é difícil não se apaixonar por esta mistura de influências e culturas, pelas lutas duras deste povo - da luta pelos direitos civis à luta pela sobrevivência após o Katrina. Cidade de personalidade forte, que comove e encanta.

Escultura no Jardim das Esculturas do City Park
Uma tarde inteira no City Park, com 607 ha, ainda é pouco. Há muito o que ver. Carvalhos imensos, cheios de barba-de-velho, sombreiam os caminhos por onde se pode passear e , a cada momento, parar e admirar belíssimas esculturas e interessantes monumentos. O New Orleans Museum of Art, criado em 1910,  e o New Orleans Botanical Gardens , de 1930, estão aqui - e são imperdíveis.


Com certeza, eu permaneceria durante um mês nesta cidade e voltaria várias vezes a alguns locais, como o Jardim das Esculturas, no City Park e a Royal Street, no French Quarter. Há o Convento das Ursulinas, uma das construções mais antigas da cidade; o estádio, já recuperado depois do Katrina, quando, apesar dos estragos, abrigou mais de 30 mil pessoas; os cemitérios famosos, os parques e jardins que estão por toda parte. 

Palmeira do City Park
Se eu ficasse mesmo um mês aqui,  faria também mais passeios pelo Mississippi, comeria a comida cajun, ouviria jazz o tempo todo e jogaria moedas no Cassino Harrah´s. Para uma mulher que completa 70 anos em breve, seria perfeito. Vou conversar com Ronald sobre isso. Apaixonei-me por New Orleans.

Iluminação do French Quarter

"Aquilo que a gente lembra
Sem o querer lembrar,
E inerte se desmembra
Como um fumo no ar,
É a música que a alma tem,
É o perfume que vem,
Vago, inútil, trazido
Por uma brisa de agrado,
Do fundo do que é esquecido,
Dos jardins do passado."


Fernando Pessoa

sexta-feira, julho 12, 2013

Baton Rouge,a Capital da Louisiana.

Jardins do palácio do governo

Foi uma alegria chegar a Baton Rouge, diretamente aos magníficos jardins do Palácio do Governo da Louisiana. Muito verde , muitas flores, perfume no ar. Magnólias imensas por toda a parte - e com flores! Simpatizo com a Louisiana. Concordo que, se beleza, cultura e arte fossem os itens  mais valorizadas do mercado,  o estado figuraria entre os mais ricos do país.

Parque do Palácio
Baton Rouge significa bastão vermelho. A razão é bem interessante. Havia aqui dois territórios de caça indígena. Para evitar conflitos, os índios decidiram fazer demarcação. Fincaram, então, nas divisas, estacas e nessas estacas  enfiaram cabeças ensanguentadas de peixe - o que as deixavam avermelhadas.
Magnólias
A cidade foi fundada por franceses em 1699 e passou a capital em 1849. Tem hoje aproximadamente 300 mil habitantes, um crescimento drástico após o furacão Katrina, já que recebeu muitos habitantes vindos de New Orleans. Era a segunda cidade mais populosa do estado. Depois do Katrina, tornou-se a primeira. Está localizada na margem oriental do rio Mississippi e distante a 128 km do Golfo do México.

O novo palácio do governo
Baton Rouge abriga duas das principais universidades do estado da Louisiana. A primeira delas é a Louisiana State University - LSU. Conhecida por sua qualidade acadêmica e pela classificação que obtêm seus graduados em rankings nacionais.  A segunda é a historicamente negra Southem University, cujo campus tem vista para o Mississippi,  e que faz parte de um grupo de College e University , com reconhecida produção acadêmica.


O antigo palácio do governo
O State Capitol , o atual palácio do governo, foi construído em 1932, por insistência do então governador e senador Huey Long, que teve dificuldade em convencer os legisladores a aprovarem um orçamento significativo para essa construção. O prédio tem uma estrutura de 34 andares e parece ser o palácio mais alto do país. Nesse prédio, foi assassinado o governador que tanto insistiu na sua construção. Circulam histórias de fantasmas por aqui !

Old Capitol com riquíssimo interior

O Old State Capitol proporciona momentos bem interessantes à visita. É um um tesouro arquitetônico em estilo neogótico, encantando pelas cores e pela beleza. Está localizado bem no centro de Baton Rouge,  no alto de uma falésia com vista para o rio Mississippi. Abriga o museu que enfoca a história política do estado e que mostra, através de exposições interativas, a tumultuada vida da Louisiana.

Old State Capitol

Está credenciado pela Associação Americana de Museus e tem como  objetivos primordial servir ao povo da Louisiana como instituição histórica, cultural, cívica e educacional com a finalidade de coletar, preservar e apresentar - como recurso educativo - documentos, objetos de arte e artefatos que refletem a política do estado , sua história, arte e cultura.

Escadaria em metais no Old Capitol
O museu envolve os visitantes numa exploração interativa de acontecimentos e pessoas que contribuíram para a história política de Louisiana, com destaque para "Nós os povos ..." exposição que evidencia os diferentes processos de campanhas  eleitorais americanas.  O museu também serve como um espaço para conferências de imprensa e exposições itinerantes.Muitas noivas vêm fazer fotos, que ficam expostas depois numa sala especial - para mim, bastante informativa sobre a cultura local.


Detalhes do interior do museu
Gostei de conhecer  Baton Rouge. Foi uma introdução valiosa à cultura dessa parte do país - da arquitetura à culinária, esta com a influência também francesa dos acadianos ou cajuns.  Faltou-nos tempo para visitar algumas plantations, antigas fazendas de arroz, cana-de-açúcar e algodão.Saimos daqui em direção a New Orleans, com uma parada em outro outlet Tanger, este bem maior que o de Tuscola - mais uns modelitos para a família e declarei encerradas as compras de roupa. "Lá vou eu...", então,  rumo à cidade que mais quero conhecer nesta viagem.

Magnólias por toda parte

"Eu tenho uma espécie de dever,
Dever de sonhar, de sonhar sempre,
Pois sendo mais do que um espetáculo de mim mesmo,
Eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E, assim, me construo a ouro e sedas, em salas supostas,
Invento palco, cenário para viver o meu sonho
Entre luzes brandas e músicas invisíveis."


Fernando Pessoa

terça-feira, julho 09, 2013

Jackson, capital do Mississippi

Memorial de guerra

Viajando sempre pela lindamente monótona interestadual 55, chegamos a Jackson, a tranquila capital do rural estado do Mississippi. O nome da cidade remete ao General Andrew Jackson, principal heroi político e militar do Tenessee e líder da guerra de 1812.Nascido em Nashville, Jackson foi o primeiro congressista dessa região. Foi também o sétimo presidente dos Estados Unidos, em 1828 e reeleito em 1832, completando dois mandatos. Figura polêmica, ainda  bastante discutida e controversa.

Palácio atual do governo

A população da cidade está ao redor de 250 mil pessoas, que são bem gentis e aparentam tranquilidade. No passado, entretanto, durante a guerra civil, a cidade foi incendiada em três ocasiões e, por essa razão, apelidada de Cidade Chaminé. Das construções antigas, restaram apenas algumas, que estão hoje bastante valorizadas.

Detalhe da cúpula do palácio antigo

O Old Capitolio , de 1839, é uma das relíquias da cidade. A ele fizemos uma detalhada visita, já que é bem interessante e transformou-se no Old Capital Museum of Mississippi History, que dá uma visão geral da conturbada história dos direitos civis no estado. Apresenta , ainda, muitas informações referentes ao  impacto das atividades algodoeira e madeireira sobre a ecologia e a economia do estado.

Cena de julgamento na Corte
O antigo palácio do governo do estado do Mississippi foi concluído em 1839 e serviu como sede oficial  até 1903. A partir daí, o edifício ficou abandonado, depois convertido em escritórios oficiais e, por último, em museu. Como museu foi aberto em 1961 e fechado em 2005, por conta das danificações sofridas com o furacão Katrina. Posteriormente, foi restaurado e reaberto em 2009. Impressiona , nesse museu,  cenas de históricos julgamentos, mostradas com manequins, usando trajes da época, e acompanhados por vozes de gravação.

Sala dos retratos no antigo palácio

Interessante é a sala dos retratos, onde figuram governadores e pessoas importantes da época. Incomum é o fato de mostrarem , numa ala especial desse espaço, os retratos das primeiras damas, assim chamadas as mulheres dos governadores. A maioria delas em pinturas clássicas de esposa : discretas, elegantes, com adereços e joias verdadeiras. Eram todas loiras, com exceção de uma morena, que usava vestido vermelho com audacioso decote. Deve ter sido  pioneira.

Primeira dama diferente das demais.
Quando partimos de Jackson, já estávamos ansiosos para entrar na Louisiana, o último estado do Extremo Sul, tão famoso pelo jazz, pela comida e pela valiosa  contribuição histórica e cultural ao país. Finalmente deixamos a interestadual 55 e entramos, à direita, na rota 12, que nos levou a Baton Rouge, a capital do estado da Louisiana, de onde iríamos para New Orleans, meu interesse maior nesta viagem.

domingo, julho 07, 2013

A Oxford dos USA

Sede da primeira biblioteca da Universidade
Tenho muito carinho pelos anos todos que trabalhei na Universidade Federal de Santa Maria - UFSM. Gosto de ambiente universitário - razão por que visito Campus em muitos países. Desta vez, dois motivos me levaram a Oxford , desviando - nos um pouquinho da rota 55 : visitar a sede da University of Mississippi e conhecer um pouco do lugar onde viveu William Faulkner, um dos ídolos da minha juventude

Detalhe interno da primeira biblioteca
Com sede em Oxford, a Universidade do Mississippi é uma instituição pública, fundada em 1848 e chamada carinhosamente de Ole Miss. Tem uma história marcada por importante luta pelos direitos civis. Hoje, tem alunos vindos de 66 países e 20% de sua população estudantil é representada por minorias.

Detalhe da sede da Universidade do Mississippi
Mas nem sempre foi assim.A luta dos negros por direitos civis iguais aos brancos teve momentos muito difíceis, protagonizado por James Meredith ao tentar,em 1960, cursar a Universidade do Mississippi.Teve seu pedido negado por duas vezes. Dois anos depois, a justiça federal garantiu seu ingresso. Foi , entretanto, barrado pelo governador do estado e pela guarda nacional - o que ocasionou a ocupação do campus por agentes federais, enviados por Washington para garantir -lhe o ingresso.


Entrada de Meredith na Universidade do Mississippi
Travou-se verdadeira batalha de estudantes e populares brancos contra os agentes da escolta de Meredith. Com o apoio de tropas do exército, enviadas pelo presidente Kennedy, o conflito, que resultou em duas  mortes e dezenas de feridos,  foi vencido - e Meredith tornou-se o primeiro aluno negro da Universidade do Mississippi. Há interessantes anotações sobre esse fato histórico, além de fotos, como a que foi copiada acima,  em http://pt.wikipedia.org/wiki/James_Meredith

Monumento ao acesso dos negros a Ole Miss
Oxford é uma cidade pequena, com pouco menos de 20 mil moradores. Graças a Universidade, ela se tornou  o centro cultural e intelectual do estado. A histórica cidade universitária de Oxford , com seu campus todo ajardinado e bem cuidado, com  árvores frondosas e prédios de diferentes estilos, com museus, galerias e movimentação constante de visitantes, tem vida e charme. É interessante visitá-la.

Entrada do Campus

Por aqui viveu William Faulkner ( 1897/1962 ), um escritor que marcou bastante a minha geração e foi pioneiro do Movimento Gótico Sulista ,  na Literatura Norteamericana.  Sem ter feito curso superior - abandonou o segundo grau porque odiava o colégio - recebeu, em 1949, o Prêmio Nobel de Literatura. Lembro-me muito bem de ter lido Enquanto Agonizo, lançado, no Brasil, em 1973, e de ter ficado deslumbrada com esse livro de complexos personagens, tão regionais e, ao mesmo tempo, tão universais. Faulkner morreu em Oxford, onde há, no centro da cidade, um monumento em sua honra.

Detalhe do Museu da Universidade


É difícil pensar que muitas pessoas vão se deslocar até este  longínquo Estado  para conhecer Oxford, ou a Universidade do Mississippi , ou o monumento que lembra o acesso do primeiro negro a Ole Miss, ou a casa onde viveu William Faulkner. A caminho do Golfo do México ou lendária New Orleans, no entanto, muita gente pode desviar alguns quilômetros e visitar tão importantes lugares, do ponto de vista histórico, literário ou cultural.

Muitos amimaizinhos no campus universitário