quinta-feira, outubro 31, 2013

"Viaja Mais Melhor Idade"

Alex e Gisela
Antes de falar no Programa "Viaja Mais Melhor Idade", quero falar mal da denominação dele. Começa muito cedo essa cultura do maior, do melhor e do mais. Crianças pequenas , na escola, já escrevem ( ou escreviam?) redações sobre Meu Melhor Amigo, O Maior Presente que Recebi, O Dia Mais Feliz da Minha Vida e outros tantos semelhantes. Um amigo...um presente...um dia, desqualificando os demais amigos, presentes, dias...Desculpem , mas essa melhor idade me parece sacada de animador de velhinhos. Todas as idades têm seus encantos, e o encanto maior é sentir-se vivo. O "Viaja Mais Melhor Idade" merecia outro nome. 
Ronald e eu
Quem foi o marqueteiro? Será que foi criado por alguém com mais de 60 anos? Duvido. Faltou escuta. Não que a vida depois dos 60 seja ruim, mas melhor do que outras idades, não acredito que seja. Volto a dizer : todas as idades têm seus encantos e delas  por vezes sentimos saudades - saudades de nossos filhos pequenos, de familiares, de amigos da escola, de amores e parceiros antigos...Já se disse também que essa melhor idade é a idade do nunca : nunca precisei de óculos, nunca tive dor nas pernas, nunca tive problemas com açúcar...

Padre Ramón
Acredito, portanto, que nada de melhor idade...é uma idade boa ou não boa  como todas  por que passamos - como as outras, uma idade de aprendizado, de cultivo do bem, de manutenção da curiosidade intelectual e do bom humor, de respeito ao outro. Mas nada de respeite os idosos ou respeite as crianças - respeite-se o ser humano ao longo de sua vida.

Deborah
Descontada a denominação, o Programa "Viaja Mais Melhor Idade" parece-me bom por várias razões, sejam elas econômicas, sociais, culturais. Segundo o IBGE, o Brasil tem 23,5 milhões de pessoas acima de 60 anos - cerca de 12% da população brasileira. Concordo com o secretário nacional de Políticas de Turismo: É um público crescente com disposição para viajar e conhecer o país, e um público que pode ajudar ainda mais a estimular o turismo doméstico.

Elmer e Marilyn
O Programa - que favorece a inclusão social e fortalece o turismo interno - atrai aposentados e pensionistas, que têm disponibilidade para viajar independente dos períodos de férias escolares, nas temporadas altas, como janeiro e julho. Assim, geram benefícios aos locais turísticos nos outros meses do ano -  meses ótimos para viajar, principalmente porque estão com menor fluxo de viajantes e turistas e com ofertas especiais. Alguns pacotes do Viaja Melhor incluem passagem aérea, hospedagens e refeições. Outros oferecem hoteis e passeios avulsos.A duração varia entre três e oito dias.

Lídia

Participam desse programa agências de viagem e operadoras de turismo, que oferecem benefícios e vantagens exclusivas para a terceira idade, em pacotes para variados destinos. Saliente-se que os cenários naturais têm tido a preferência do público. Entre os mais procurados estão Bonito, Chapada dos Guimarães,Serra Gaúcha, Maragogi,  Itacaré e Troncoso. Segue-se, portanto, a tendência mundial de optar pelo Ecoturismo - um dos segmentos que mais cresce - e não pelas grandes e movimentadas cidades. Maiores informações no http://www.turismo.gov.br/turismo/programas_acoes/promocao_comercializacao
/viajamais_melhoridade.html.
Dirce

Há anos eu ansiava por programas de viagem para a população brasileira. É lamentável que a democratização de acesso a esse bem cultural esbarre frequentemente na baixa renda de considerável faixa da população, mas já é um começo. Com inveja, muitas vezes encontrei europeus, que viajavam, em grupo, valendo-se de políticas governamentais de incentivo ao turismo interno. Na ilha de Mallorca, uma senhora espanhola me disse que estava gastando na viagem quase o mesmo que gastaria ficando em casa e que as lembranças da viagem e os novos amigos eram bons até para a saúde. Acredito!

terça-feira, outubro 22, 2013

Laguna, praia e história.

Laguna
Viajar é mover-se. Não importa  para onde. Há pessoas que sonham com viagens longas e não conhecem sua própria cidade ou as cidades próximas a ela. Como militante em favor de viagens, do alto dos meus 70 anos, arrisco um conselho: mova-se até o limite do possível, considerando tempo, dinheiro e disponibilidades. Force esse limite. Tente ir além dele. Mova-se. Encanta-me ver pessoas , de diferentes idades, abrirem mão de compras para poderem andarilhar. Encanta-me ver pessoas que aproveitam qualquer oportunidade para conhecerem  lugares e aprenderem mais sobre este mundão bonito.

Detalhe do centro histórico de Laguna

Moro atualmente em Torres, muito perto do rio Mampituba, que separa o Rio Grande do Sul de Santa Catarina. Gosto de levar minhas visitas a passear pelas redondezas. Estou próxima de Gramado, Canela, Itaimbezinho, São Francisco de Paula e tantas outras cidades gaúchas; estou próxima de Araranguá,  Morro dos Conventos, Criciúma, Tubarão, Laguna e tantas outras cidades catarinenses. Estou perto de Ermo,Turvo e Sombrio, um trio de pequenas cidades que só os nomes já constituem atração. Meu último bate-e-volta - com Ronald e Cléber, meu querido sobrinho, foi a Laguna, distante 166 km da minha casa. Belo passeio.

Praça Central e Igreja Matriz
Com praias lindas, boa infraestrutura hoteleira e uma história que remete a antigas povoações , através dos Sambaquis, Sítios Arqueológicos Milenares,  Laguna é cidade de muitas atrações, que atendem a diferentes interesses de turistas e viajantes. É um belo programa para família. Fundada em 1676 por Domingos de Brito Peixoto, já incluía, na sua memória histórica, o documento sobre o Tratado de Tordesilhas, celebrado entre Espanha e Portugal.


Monumento ao Tratado de Tordesilhas
Segundo o referido documento, firmado em 1494, deveriam pertencer à Espanha as terras e ilhas situadas ao norte de uma linha meridional imaginária, a 370 léguas a Oeste de Arquipélago de Cabo Verde; as terras fora dessa determinação pertenceriam a Portugal. Essa linha do meridiano passa em Belém do Pará, ao Norte, e  em Laguna, ao Sul. Para recordar esse tratado, Laguna construiu um monumento numa praça, próxima à Rodoviária. Há sempre turistas ali, com crianças fazendo foto e relembrando, certamente, tópicos do programa escolar.


Anita Garibaldi
Quando se menciona Laguna, pensa-se em Anita Garibaldi, não é mesmo? Embora a cidade tenha muito a oferecer, a lembrança da Heroína de Dois Mundos ( Brasil e Itália) costuma sobrepor-se às outras. Ana - ou Anita, como a chamava Garibaldi - nasceu em Laguna, em 30 de agosto de 1821, e morreu na Itália, em 04 de agosto. Tornou-se símbolo de mulher forte e de caráter independente. Sobre ela, Garibaldi falou: Era Anita a mãe de meus filhos, a companheira da minha vida nas boas e nas más horas, a mulher cuja coragem tantas vezes desejei fosse minha.

Centro histórico
Santa Catarina decidiu homenagear Anita Garibaldi com este belo monumento, tão forte e tão significativo nas características que dela ressalta. Um grupo de lagunenses batalhou, durante 14 anos, para conseguir que essa homenagem fosse concretizada . Sua inauguração foi em setembro de 1964 - 115 anos após sua morte. O escritor Ildefonso Juvenal disse: A não existência de vistoso monumento consagrado à memória de Anita é lacuna imperdoável. Foi construído e hoje é , certamente, o  lugar mais visitado e fotografado de Laguna.

Detalhe do prédio do Museu
O histórico prédio do Museu de Laguna está localizado na Praça República Juliana, perto do monumento para Anita Garibaldi. Foi construído em 1747 para ser cadeia pública , no térreo, e Câmara Legislativa Municipal, no piso superior. Nele, foi assinada e proclamada a República Juliana, em 1839, quando Santa Catarina separou-se do regime monárquico e, em Laguna, instalou-se a Capital dessa República. Bastante eclético, mas com muitas peças interessantes, o Museu tem boa recepção e acompanhamento para as visitas.

Detalhe do Centro Histórico
Nestes 337 anos de fundação, Laguna acumulou outros elementos valiosos para um roteiro histórico-cultural, tal como a arquitetura. Suas primeiras construções , como Vila, eram de pau-a-pique, cobertas com palha. Mais tarde, foi a vez do adobe, tijolo rústico, e da pedra. Houve, ao longo do tempo,  contribuições de portugueses, italianos e alemães. Hoje o Centro Histórico mostra cerca de 600 casarios e monumentos, tombados desde 1978 por decreto de lei da Prefeitura Municipal de Laguna. Esse mesmo tesouro foi tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 1985. Bom para a cidade.Bom para os visitantes.

Renda de Bilro no Centro de Artesanato
Perto do Museu, pode-se visitar um pequeno e singelo Centro de Artesanato. Chamam a atenção dos visitantes as imagens e as pequenas peças em renda de bilro - arte popular, trazida pelas famílias açorianas que vieram, há três séculos, para a Ilha do Desterro, espalharam-se pelo  litoral e chegaram até Laguna.Transmitida de mãe para filha, é uma técnica que exige conhecimento, muita rapidez e habilidade.Agulhas não são usadas nessa confecção. Para o entrelaçamento dos fios, usa-se o bilro, uma espécie de pé de metal ou madeira onde a linha é presa. Quem vê o trabalho sendo feito, certamente o compra.

Centro de Artesanato de Laguna
O artesanato de barro é mais antigo em Laguna; o de vidro, mais recente. No barro , predominam as imagens de santo, especialmente São Francisco de Assis e Santo Antônio. Quando comprei apenas um São Francisco, lembrei-me de Fernando, meu sobrinho e afilhado que, com seis anos, durante uma viagem, pediu-me que lhe comprasse duas imagens de um santo. Indagado por que duas imagens, esclareceu-me : para que eles possam lutar um com o outro.

Fonte da Carioca
Eis um lugar onde se pode encontrar pessoas da localidade. Elas vêm buscar água na Fonte da Carioca que, asseguram-me, tem poder de cura, além de poderes afrodisíacos. Um menino me diz que devo beber três goles dessa água e , depois, jogar um pouco de água para trás de mim. Já encontrei essa mesma crença em muitos lugares e, em razão dela, já bebi muita água de três em três goles e joguei muita água para minhas costas. Construída por escravos, em 1863, a Carioca ainda fornece água potável para muita gente. Sua nascente é protegida e fiscalizada, e  filtros de areia completam o processo de depuração natural.

Igreja Matriz de Laguna
O bandeirante Domingos de Brito Peixoto, fundador de Laguna, em 1696, determinou a construção de uma capela de pau-a-pique, consagrada a Santo Antônio dos Anjos, de quem era devoto. A atual Igreja Matriz tem sua origem nessa capelinha. Em 1735, construiu-se, em estilo barroco, grande parte dessa Igreja, com quatro altares laterais folheados a ouro. O Santo Antônio, que está no altar principal, foi  entalhado em 1803. A Matriz abriga também uma tela de Nossa Senhora da Conceição, feita pelo pintor Victor Meirelles.É uma das bonitas igrejas do estado de Santa Catarina.

Casa de Anita
Fotogênica e interessante é  a Casa de Anita, muito próxima da Igreja Matriz. A construção de 1711 foi transformada em um pequeno museu, cujo acervo lembra essa heroína e sua época.Anita não nasceu nem viveu nessa casa. Conta-se , entretanto, que essa denominação advém do fato de ela ter - se vestido de noiva  neste lugar, quando da realização de seu primeiro casamento - antes de Garibaldi surgir em sua vida.

Nossa Senhora da Glória

Visitar o Morro da Glória, o ponto mais alto de Laguna, com 126 metros, usualmente é parte do programa dos visitantes. Há muito tempo - lembro bem - era possível , desde o alto desse morro, avistar todo o centro histórico, bairros, praias e lagoas. Hoje a  vegetação impede ou dificulta essa visão. Mesmo assim, é interessante chegar até o topo e ver a imagem de Nossa Senhora da Glória, com 14 metros de altura, que foi idealizada pelo padre Gregório Warmeling, e construída, em 1953, pelo casal alemão Alfredo Staege e Elisa Faccio Staege.O acesso é fácil, apesar da estradinha, com asfalto e lajota, estar um pouco danificada. Recomenda-se ir devagar. É interessante ler as placas de agradecimento por graças recebidas, fixadas aos pés da imagem.

Praias de Laguna
Além da parte histórica de Laguna, as praias constituem relevante atração, mesmo fora de temporada, quer pelo traçado, quer pela cor. Na Praia do Gi, pode-se ver a Pedra do Frade, um desses enigmas da natureza. A Praia do Mar Grosso parece ser a preferida dos visitantes. A Praia dos Molhes recebe muitos adeptos de surf e bodyboard e é , ainda, um dos lugares preferidos para pescarias. Itaperubá e Prainha do Farol ficam bem movimentadas na temporada de verão. Há bons restaurantes, bares e hotéis nas praias. De carro ou de ônibus, chega-se a Laguna pela BR 101. Bom lugar para visitar durante o ano todo.

Belas casas revestidas com azulejos

É interessante também, para todas as idades, percorrer Laguna, olhando-a atentamente e fazendo descobertas. É uma cidade média na região, que, durante o ano, tem pouco mais de 50 mil habitantes, mas que, no verão, pode chegar a 300 mil. Um passeio imperdível é o Farol de Santa Marta, o maior farol das Américas e um dos mais altos do mundo. Também o mercado público merece uma visita. Para quem curte carnaval, a cidade é endereço certo, com blocos de rua e festas animadíssimas. Se precisarem de guia, podem buscar informações na  Associação de Guias de Laguna, no telefone (48) 3644 - 2441.

Praia vista a partir da estradinha que leva ao Morro da Glória

"Bom vento do mar,bom vento
Que vens de cima do mar,
Vem dizer ao meu pensamento
Que o melhor é não pensar.

Se acreditar no que existe
Faz triste quem  o não é,
Mais vale ninguém ser triste
E não ter crenças nem fé.

Mas tu, bom vento que vens
De cima de ondas sem fim,
Nem fé nem descrenças tens
Tomara eu ser assim".


Fernando Pessoa

sábado, outubro 12, 2013

" Lá vou eu...para Torres "


Paxton

Retornamos para Paxton após essa última viagem por estados americanos. Hora de preparar as malas e retornar ao Brasil. Uma semana - de pesadelos - tentando colocar, em cinco malas, quatro meses de presentes recebidos, encomendas e comprinhas. Ainda bem que costumo deixar aqui roupas, sapatos e objetos pessoais tanto meus quanto de Ronald. Choro na hora de partir. Medo de perdas. Medo de , no próximo retorno, não mais encontrar pessoas muito próximas e muito queridas.

Daniel e Lora
De carro, chegamos ao aeroporto de Chicago, de onde partimos até Miami; de Miami a São Paulo; de São Paulo a Porto Alegre; de Porto Alegre a Alegrete; de Alegrete a Bela União. Se canso só de escrever esse trajeto, imaginem de percorrê-lo. Descanso de dois dias e retorno às malas! Desfazer as que chegaram conosco - porque algumas ficaram em Porto Alegre, na casa da minha querida amiga-irmã, Deborah Alves - e fazer muitas outras, pois estamos nos mudando, definitivamente, para Torres/RS.

Bela União
Sair da Bela União dos meus antepassados, para onde costumava voltar nos últimos 16 anos, foi muito difícil. Nessas horas a gente faz o que deve ser feito, mas sofre como um animal machucado. Foi uma decisão necessária e uma escolha bem pensada - nem por isso menos sofrida. Vim para uma casa 100% minha; na casa da fazenda, eu tenho 20% + os investimentos que fiz. Vim para uma cidade bonita,  perto de médico, de hospital, de aeroporto e de  Porto Alegre - como convém a um casal com 70 anos de idade. Ronald sempre me fala que a felicidade não é geográfica - é interna. Acredito. Estamos bem.

Torres - detalhe da casa.
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos". Fernando Pessoa

Cincinnati, simpatia à primeira vista.

Morros de Cincinnati

Antes de viajar para Ohio, perguntei a Gugu, meu filho caçula, que cidade ele me aconselhava a visitar nesse estado. Aconselhou-se Cincinnati, como sendo a mais bonita, dinâmica, vibrante  e acolhedora cidade da região. Fui e fiquei encantada, a começar pela geografia. Localizada na intersecção do Erie Canal com os rios Miami e Ohio, sai da parte plana do vale e se constrói sobre morros, alguns bastante íngremes, com ruas sinuosas que se desenham entre o verde intenso de arbustos e de belas e bem cuidadas árvores.

Rio Miami
Cincinnati - Cincy como é carinhosamente chamada -  localiza-se  na margem norte do rio Ohio, na fronteira Ohio/Kentucky, bem perto de Indiana. Fundada em 1788, tem hoje cerca de 350 mil habitantes. Já foi chamada de Porcópolis, quando era grande criadora de suinos. Hoje, diversificou-se, e o tempo da unanimidade dos porcos ficou para trás. É a terceira maior cidade do estado - antes dela, Cleveland e Columbus.

Casa de Harriet Beecher Stowe


Desde cedo, a cidade se  construiu como  destino estratégico de fronteira - fronteira entre o sul escravista e o norte industrializado. Desses encontros numa terra de contrastes, consolidou-se  a formação política e cultural de seus habitantes - embora seja, historicamente, branca, teve a participação de fortes grupos a favor dos movimentos  abolicionistas.

Parque Eden

Calcula-se que hoje 80% da população seja de brancos. Em 1940, o Census Bureau informou a população de Cincinnati como 12,2 % de negros e 87,8 % brancos .  É a cidade de Harriet Beecher Stowe, autora do conhecido livro Uncle Tom´s Cabin que , no Brasil,  ficou conhecido como A Cabana de Pai Tomás e emocionou muitas gerações. A casa da escritora, com árvores magníficas e bem conservados jardins, tornou-se lugar de visita aconselhada .

Museu de Arte de Cincinnati

Destaco, a seguir, o que mais me encantou na cidade:  The Cincinnati Art Museum, um dos mais antigos museus de arte dos Estados Unidos, fundado em 1881, localizado no bonito Parque Eden e aberto ao público das 11 às 17 horas. Possui uma coleção de mais de sessenta mil obras de arte, abrangendo seis mil anos. Essa coleção, exclusiva do museu, inclui a arte antiga do Egito, da Grécia e de Roma, bem como artes do Oriente, da África e das Américas.

Vista interna do Museu

Inclui , ainda, roupas e tecidos, estampas, desenhos, fotografias, móveis,  pinturas, esculturas, arte decorativa e arte contemporânea .Na coleção de pintura, obras de antigos mestres europeus, como Ticiano, van Dyck, Hals, Rubens, e Gainsborough, e obras dos séculos XIX e XX por Picasso, Vincent van Gogh,  Renoir, Derain, Braque, Modigliani, Miró e Chagall.

The Elphinston Children

A coleção americana detém obras de Copley, Cole, Edward Henry Potthast , Harnett, Wyeth, Wood, Hopper, Diebenkorn e Rothko, bem como os principais artistas da década de 1970 e 1980. Um dos marcos mais notáveis ​​do Museu de Arte é a única coleção de arte antiga de Nabateu, fora da Jordânia. Belíssima também é a coleção de móveis e objetos de porcelana. Pena que a visita só pode durar 6 horas ...cada dia.
Escultura em móveis

Vê-se, no site ,que o Museu de Arte tem intensa e variada programação. Lamentei não poder visitar , de 7 a 10 de novembro próximo, a mostra de arte e flores, com interpretações florais de quase uma centena de obras de coleções permanentes do Museu e de trabalhos individuais e em grupo de profissionais que desenvolvem atividades com flores e jardins. Disseram-me que esse evento gratuito é um dos favoritos de Cincinnati.
Emigrantes da Carolina do Norte : by James H. Beard
Saí do Museu de Arte  plena da comovente beleza de tudo o que vi. Ocorreu-me a afirmação de Fernando Pessoa  : " Arte, têm que ter qualidades que se dirijam ao melhor público de um grande número de épocas."  Sim. Ali encontrei arte. Saí agradecida também por ter conhecido Edward Henry Potthast, um pintor impressionista fantástico ( 1857 - 1927 )  - nascido em Cincinnati, Ohio.

terça-feira, outubro 08, 2013

Columbus, a simpática capital de Ohio

Franklin Park
Posto avançado de fronteira no século 18,  Columbus, a capital do estado de Ohio desde 1816,  transformou-se em centro cultural, político e econômico da região. Com mais de 600 mil habitantes, bem cuidada e agradável, seria para mim, no entanto, uma cidade como tantas outras neste país, se não fosse o belíssimo Franklin Park Consertatory and Botanical  Garden.

Franklin Park : Community Garden
Estive um dia inteiro neste parque que me surpreendeu e encantou - saliente-se que minha origem rural deve ter contribuído para esse gostar tão intenso. Havia, sim, todas as condições para que eu me encantasse com o lugar. Imaginem, por exemplo, os jardins com flores e especiarias harmonicamente distribuídas, exalando aroma de manjericão, sálvia, alecrim, manjerona, orégano e lavanda...

Franklin Park Conservatory
Imaginem o colorido das flores da abóbora e dos seus frutos em diferentes estágios de maturação; imaginem melões com diferentes formas e cores, assim como os pimentões, tomates, berinjelas, pepinos e quiabos; imaginem frutas, verduras e legumes plantados em combinação com as mais belas, coloridas e delicadas flores. Combinação de aromas e formas. Perfeição de trabalho.

Plantas e arte em vidro
Junte tudo isso a outra combinação não menos encantadora : obras de arte em vidro e ferro. Daí por que fiquei tão deslumbrada com o Franklin Park.  O parque todo ocupa uma área de 92 hectares. Só o Conservatory ocupa 32 ha. Essa área foi adquirida pela Franklin County Agricultural Society, em 1852, para nela instalar a Feira Estadual de Ohio.

Prédio com a estrutura antiga em vidro e ferro
Quando a Feira foi transferida, em 1884, para outro local ao norte da cidade,essa área ficou abandonada. Em 1886, o estado a transformou em parque aberto ao público. Em 1895, foi construída uma  estrutura de vidro, em estilo vitoriano, que se tornou o Conservatory que tanto me encantou.

Combinação de vidros e plantas
Esse conservatório contém cerca de 500 espécies de plantas. As coleções incluem, entre outras, Montanhas do Himalaia, Floresta Tropical, Plantas de Desertos, Jardim de Suculentas, Ilhas do Pacífico e Jardim das Águas . Vêem-se, ainda,  mostra de  orquídeas, coleções de bonsai e plantas tropicais e a interessante Casa das Palmeiras,  com mais de 40 espécies.

Prédio do Conservatory
Almoçamos no restaurante do Conservatory, onde somente alimentos orgânicos são servidos. Deliciosos. Após o almoço, visitamos , no mesmo prédio, uma exposição bem bonita, denominada Explosão das Sementes. Procurei, lá mesmo, bibliografia e informações sobre a administração e o funcionamento de todo o complexo.
Casa (de vidro) das palmeiras
A manutenção dos originais jardins de flores, verduras, frutas e legumes é  resultado de trabalho voluntário. Havia inclusive um convite a todos os participantes para o próximo  dia de colheita, quando todos os produtos colhidos seriam divididos entre os participantes. Há programas orientados às escolas sobre cultivo e uso de diferentes alimentos ali produzidos.

Vidro,madeira e ervas aromáticas.
O parque tem reputação de excelência pela horticultura e pela exibição de plantas raras e incomuns. O Conservatório também se tornou um local popular para reuniões familiares , casamentos e outros eventos. Em 1974, em reconhecimento do seu mérito histórico e arquitetônico , a estrutura de vidro original , hoje conhecida como o Palm House , foi listada no Registro Nacional de Locais Históricos. Franklin Park está aberto diariamente e merece horas de visita.

Cactus e suculentas
"Vem brando o vento quieto
Do fundo da alma e sonho
Há um sossego completo
No que vejo e o que suponho.


Explosão das Sementes

Sem ser na brisa, que é nada
Só na erva mais alta há bem
Um movimento; e agrada
A maneira que ele tem.

Mostra de Orquídeas

E como se nesta calma
Surgisse um mover qualquer
Só para mostrar à alma
O sossego que ela quer."


Fernando Pessoa

domingo, outubro 06, 2013

Dayton, a Terra da Aviação

Gosto de cemitérios...não para morar....

Curto viagens de tal maneira que me encantam até as cidade de onde saio dizendo: que bom que eu estive aqui - assim não preciso mais voltar. Dayton é bem cuidada, tem um belo parque e tem tudo o que encontramos nos mais diversos lugares do país. Para quem gosta de aviação, seguramente é uma cidade bem interessante...
Carillon Historical Park
Com pouco mais de 200 mil habitantes, uma bela localização - às margens do rio Miami - Dayton é conhecida como Terra da Aviação. Depois de Santos Dumont ( nós, brasileiros, vamos enfatizar sempre  isso ) foi aqui o principal campo de pesquisa e experimentação dos irmãos Wright - Wilbur e Orville - que testaram vôos em 1904 e 1905.
Rio Miami
O avião Flyer III, construído pelos Wright , o primeiro que foi capaz de executar uma curva, está no Carillon Historical Park. Verdade que esse tema não me encanta. Depois do Carillon, fui logo à procura do Dayton Art Institute, que dizem ter um fantástico acervo de pinturas americanas e europeias. Estava fechado naquele dia e naquela hora. Fiquei tristinha...
Centro de Dayton
....perdi a chance de ver Nenufares, de um dos meus pintores preferidos, Claude Monet. No outro dia, cedinho, partimos para Columbus, a capital de Ohio, esperando lá ser positivamente surpreendida.

"Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma."

Fernando Pessoa