terça-feira, maio 28, 2013

Istambul/Lisboa

bye,bye, Istambul.
Não exponho lista de cidades preferidas. Fazer isso é como sublinhar passagens em livros: remete-se para elas a atenção do leitor, podendo  interferir, assim,  nas suas escolhas. Não quero, entretanto, deixar de escrever que Istambul , de há muitos anos, está presente na minha lista de cidades especiais. Saio daqui já pensando em voltar.


Sabores e texturas inesquecíveis
Num voo direto pela Turkish Airlines - uma companhia aérea confortável e agradável - viajamos de Istambul a Lisboa. No aeroporto, gastei minha sobra de liras turcas comprando doces e frutas secas - deliciosos! De Lisboa , fomos direto, de trem, para o norte de Portugal, com a finalidade de visitar  Pe. Ramón, meu querido amigo-irmão , e de passar com ele seu aniversário. 

segunda-feira, maio 27, 2013

Istambul : fotos e comentários breves


Tulipas em profusão

Já estou nos Estados Unidos e, por engano, deletei o texto sobre Istambul. Sobraram-me breves anotações em papeizinhos avulsos. Decidi, entretanto, postar sobre essa fascinante cidade hoje, de modo a não interromper a sequência cronológica que venho mantendo até agora. Com base nessas anotações e na minha memória, escreverei sobre Istambul, em tópicos, a partir das fotos que felizmente não perdi e de lembranças armazenadas nesta viagem e em viagens anteriores à Turquia.



Pequena Santa Sofia


A Turquia é o sexto país mais visitado do mundo e uma das economias que mais cresce na Europa. Em matéria de turismo, é a bola da vez - e não acredito que, no caso brasileiro, este boom tenha sido determinado pela novela das oito. Desde antes, muitos brasileiros viajavam principalmente para Istambul , cidade belíssima , com muitas atrações, bons restaurantes e hotéis, paraíso de compras - e preços razoáveis em tudo. Uma vez, cheguei nessa cidade, de navio, ao amanhecer. Vi uma das imagens inesquecíveis na minha vida de andarilha : o perfil da cidade com incontáveis minaretes - a cidade tem duas mil mesquitas.Lindo mesmo.



Igreja que foi transformada em mesquita


Pela primeira vez, visitei esta igreja, construída em 527, pouco antes da outra Santa Sofia e transformada em mesquita, depois da tomada de Constantinopla, em 1453. Foi fundada pelo imperador Justiniano e pela imperatriz Teodora. É muito bonita, pequena em comparação com a outra, e parecendo não bem cuidada. Chama atenção, no entanto, pelas colunas de mármore vermelho e verde, pelos capiteis e pelos delicados frisos. Os dois santos que  nominam essa igreja foram centuriões romanos que se converteram ao cristianismo. É interessante visitá-la.



Antigo cemitério junto à Pequena Santa Sofia


Desde adolescente, gosto de cemitérios - observo arquitetura, olho esculturas, analiso fotos, leio textos. Visito-os como a um museu.  Paradoxalmente, não vou a cemitérios onde repousam pessoas que amo e que têm vida na minha memória e saudade. Neste cemitério, junto a Igreja de São Sérgio e São Baco, também conhecida como Pequena Santa Sofia, minha imaginação acelera-se. Diz-se que o tamanho dos ornamentos guardam relação com a altura dos mortos. Haveria, assim, crianças entre os adultos. Os barretes seriam  indicativos de profissão, condição social ou religiosa. Os textos, não os pude ler.



Cidade de duas mil mesquitas


Desta vez, dediquei-me, em especial,  a parte asiática de Istambul, por acreditar que  era o momento de detalhar a cidade. Pouco vi da parte europeia. Arrisco uma sugestão a quem a visita  pela primeira vez e dispõe de dois ou três dias somente. Faça um cruzeiro pelo Bósforo, visite o Palácio Topkapi, a Santa Sofia e a Mesquita Azul . Faça compras no Gran Bazar. Parta com a consciência de que conhece um pouco de Istambul e de que precisa voltar a vê-la. Se retornar, vai gostar mais ainda.



Ponte entre a parte asiática e a europeia de Istambul


O Cruzeiro pelo Bósforo é realizado, no mínimo, em quatro horas e percorre cerca de trinta km do Estreito de Bósforo, canal que liga o Mar de Mármara ao Mar Negro e que divide o lado asiático do lado europeu de Istambul. Considero esse Cruzeiro imprescindível não só porque se pode ver mansões e palácios nas margens, mas também porque, com ele,  pode-se  dimensionar melhor essa vibrante e caótica metrópole com mais de dez milhões de habitantes.



Detalhe da entrada do PalácioTopkapi



Não sei o tempo necessário para visitar todo o Palácio Topkapi. Em três visitas, não consegui visitar nem a metade dele - verdade que tenho (re)visitado alguns espaços e que , todo ele, está distribuído por 700 quilômetros quadrados.Inaugurado em 1459, residência de sultões por 400 anos, espelha o poder otomano em toda sua opulência e grandiosidade. A distribuição de pátios, residências, salões, banhos, jardins pavilhões, bibliotecas, harém e tendas lembram a antiga estrutura de acampamentos de nômades. O harém chegou a ter 700 mulheres e é um dos espaços mais ricos e bonitos. Topkapi foi aberto ao público, como museu, em 1924.



Detalhe dos magníficos jardins do Topkapi


Nesta viagem,  não visitei nem  Santa Sofia, símbolo bizantino e otomano, nem  Mesquita Azul, que tem 20 mil peças de azulejos desenhados a mão, nem  Gran Bazar. Sobre esses três lugares já há postagens aqui, no Correndomundo. Preferi visitar, minuciosamente, o Bazar das Especiarias, também conhecido como Bazar Egípcio - é sensorial, genuíno, pequeno e com menos turistas. Inesquecível passear em meio a cheiros de especiarias, cores exuberantes, formas diversas e diferentes - e ter, ainda, a possibilidade de provar doces de mel, frutas secas, azeitonas e queijos.



Doces com frutas e mel


O Bazar das Especiarias foi construído no início do século XVII, como extensão da Mesquita Nova e com a finalidade de arrecadar dinheiro para suas obras assistenciais.  É conhecido também como Bazar Egípcio por ter sido feito com recursos oriundos de impostos  pagos por importações do Egito. Especializou-se em temperos orientais, tão importantes na culinária local. A localização de Istambul sempre favoreceu a rota de comércio entre o oriente, local onde eram cultivadas a maioria das especiarias, e a Europa. Além de alimentos, podem-se comprar, nesse local, utensilios domésticos, roupas, brinquedos, plantas, perfumes e quinquilharias mil. Não resisti aos doces e frutas secas. Amarguei, depois, carregá-los. Pensava, entretanto, que presentes são atos de amor.



Detalhe das Muralhas de Teodoro


Do Mar de Mármara até o Chifre de Ouro, as Muralhas de Teodósio - fileira de muros duplos - estendem-se por  quase 7 km. Têm elas onze portões fortificados e 192 torres e serviram para proteger Constantinopla, do lado em que era terra, por mais de mil anos. Foram construídas por Teodósio II em 412-422. Resistiram a muitos ataques e só foram vencidas pelos otomanos na Tomada de Constantinopla. Pena que, em 1950, uma secção foi demolida para dar lugar a uma avenida. Para percorrê-la, penso que é melhor usar um táxi coletivo, micro-ônibus, denominado dolmus.



Palácio Dolmabahçe


Construído em 1856 pelo sultão Abdul Mecit, Dolmabahçe é um palácio barroco que ostenta suntuosidade e grandiosidade, como se quisesse disfarçar a decadência do império otomano, já em declínio no período de sua construção. Seus portões, jardins e fontes são exageradamente bonitos e podem ser fotografados pelos visitantes. Internamente, fotografias são proibidas. Lamentei não fazer fotos de uma escadaria, em formato de ferradura dupla, feita de latão e cristal Baccarat , tendo corrimão de mogno polido. Um luxo só!



Fonte do Cisne no Palácio Dolmabahçe


O Palácio só pode ser visitado em um dos dois passeios orientados e explicados por um guia do próprio local. No jardim, muitas flores, estátuas e fontes, como essa do Cisne, de rara beleza e leveza, apesar dos exageros ornamentais. Na entrada do palácio, o maior lustre que já conheci, presente da rainha Vitória ao Sultão. No dormitório, onde morreu, em 1938,  Atatürk - pai dos turcos, como ficou conhecido -  o relógio está parado às 9h5min - hora final de uma vida dedicada à modernização da Turquia.



Fortaleza da Europa vista a partir do Cruzeiro pelo Bósforo


Ainda sobre o cruzeiro pelo Bósforo, penso que o melhor mesmo é comprá-lo no hotel, pois o preço não é muito diferente de ir por conta-e- risco e ganha-se tempo na locomoção. Lembre que o trânsito de Istambul é mais do que caótico! Na Itália, costuma-se dizer que em Milano, dirige qualquer pessoa; em Roma , dirige quem dirige bem; em Napoli, dirigem os napolitanos. Pois bem, acredito que , em Istambul, dirigem os turcos... que sabem dirigir de ré, que descem e trocam sinais de trânsito e entram em ruas com sentido contrário. Chega a ser divertido.



Chifre de Ouro, visto do teleférico



Do alto de uma colina, nas proximidades de um cemitério, admiramos a magnífica vista do Chifre de Ouro - como sou gaúcha, a palavra chifre me faz tremer...mesmo que seja de ouro! Descrito como o maior porto natural do mundo, contribuiu para a riqueza e o poder de Constantinopla. Corre a lenda de que teria águas douradas porque, durante a invasão otomana, os bizantinos ricos jogaram ali muitas jóias valiosas. Para descer até o porto, pode-se usar o teleférico, que não chega a ser assustador (para mim) porque é pequena a distância percorrida.



Minha perdição foi aqui: doces e frutas secas.


Já escrevi que Istambul é excelente para compras e para o exercício da pechincha. O vendedor sempre vai oferecer por 100% do que ele gostaria de vender. Você pode oferecer 25% do valor que lhe foi dado. Vá subindo de 5 em 5 - provavelmente ele fará o mesmo ao baixar o preço. Não se stresse. Faça teatro. Dê a entender que desistiu. É provável que se consolide a compra em 50% do valor inicial : um resultado bom para os dois lados.



Estação Sirkeci


Quem costuma ler livros policiais, certamente já leu Assassinato no Expresso Oriente de Agatha Christie e já ouviu falar no Trem dos Reis ou Rei dos Trens - o Orient Express que, em 1889, começou a interligar Paris a Istambul , numa viagem de três dias e de 2900 km. A Estação Sirkeci foi contruída para receber esse famoso trem. Trabalha-se hoje na recuperação do belo prédio da estação, com portas, janelas, arcos e diferentes trabalhos de pedra, harmoniosamente distribuídas. Edifício interessante de visitar. Se não for tomar um trem para a parte europeia da Turquia...ao menos tome um café no seu bonito restaurante e pense em aventuras e aventureiros. 



Fotografei a foto de outro...

Há muito mais o que ver em Istambul - cidade linda, de gente bonita, de mescla de culturas, de cheiros, formas e cores marcantes. Tem gosto de quero mais. Quero mais é voltar! Quero ver museus e mesquitas que ainda não vi. Quero ver a Europa e a Ásia que vivem e convivem nesta parte tão bonita do mundo.


sábado, maio 25, 2013

Grécia/Turquia - viajando de ônibus

Kavala - Grécia
Em Kavala, compramos os bilhetes para o ônibus que, diariamente, faz Thessaloniki/Istambul, com paradas em Kavala, Xanthi e Alexandroupolis. Apesar de a distância não ser longa - 450 km - o ônibus demora nove horas para chegar em Istambul, porque, além das cidades, faz paradas em restaurantes e cafeterias. É confortável, com internet e monitores individuais.

Bandeira turca na alfândega
Ao passar a fronteira Grécia/Turquia, todos os passageiros descem e obtêm a permissão para entrar em território turco. Brasileiros não necessitam de visto; americanos, sim. Ronald atrasou o ônibus quinze minutos, porque precisou apresentar passaporte americano em outro  compartimento, pagar quinze dólares e , assim, obter o necessário visto.

Campos da Turquia
Os campos da Grécia e da Turquia encantam-me sempre. Olho-os incansavelmente - o que torna a viagem agradável. Chegamos a Istambul, no início da noite. Tomamos um táxi para ir da parada final ao hotel reservado.Fico insegura quando dependo de táxi sem dominar o mapa do local - e mais uma vez minha insegurança foi reforçada. De posse do endereço do hotel, mesmo bem especificado, o taxista declarou, depois de alguns minutos de corrida,  não saber onde era.Sugeri que usasse o GPS. Respondeu que estava quebrado. Levou-nos a outro hotel, onde ele demonstrou ser bem conhecido. 

Hotel Maywood
Não descemos e insistimos que ele encontrasse o hotel que reserváramos. Fez-se de tonto e repetiu o mesmo esquema num segundo hotel. Quando outra vez nos negamos a descer e falamos em pedir informações a um policial,  ele simplesmente deu uma ré, contornando uma esquina, e deixando-nos no hotel inicialmente indicado - o agradável e bem localizado Hotel Maywood, em Sultanahmet.  Paciência é fundamental em viagem. Sem stress!

Drama, a cidade das águas e das grutas.

Gruta de Alistrati

É a segunda vez que visito Drama, um município com menos de 100 mil habitantes, localizado no nordeste da Grécia, parte da Macedônia , na região de Trácia. Cidade antiga, que já fez parte dos impérios romano e bizantino, tem nos excelentes recursos hídricos uma de suas maiores belezas e uma de suas maiores riquezas. A Grécia aparece em terceiro lugar na lista de maiores fornecedores externos de mármore para o Brasil, atrás somente da Espanha e da Itália. Estão em Drama e Kavala as grandes minas de mármore, especialmente a  branca.

Águas de Drama
Os turistas são atraídos especialmente pelas fantásticas grutas de Drama. O rio Angitis corta a cidade e é parte de sua urbanização e embelezamento. Atravessa sua praça principal , formando cascatas e ilhas, e possibilitando a construção de cenários com pontes, túneis, jardins e refúgios para patos, marrecos e gansos.
Acesso para as grutas
Desta vez, em razão do crescimentos das águas do rio, não conseguimos entrar nas grutas. Sei que são belíssimas - as mais bonitas que conheço. Gostaria muito de revê-las. Valeu, entretanto, passear pelas margens do rio e rever a densa e bonita vegetação da localidade.

Telefones públicos de Drama
Drama oferece bons restaurantes, que servem tradicional comida grega. Junto ao rio , que atravessa a principal praça da cidade, entre cenários com muita água e muitas aves, há um restaurante fantástico, que serve variedade de pescados, num ambiente agradável e com atendimento perfeito.

Ronald, Alex e Gisela

A gruta principal ( Cave of Alistrati ) está localizada a 50 km de Serres, a 25 km de Drama e 55 km do Kavala. É considerada a mais bonita  e mais decorada da Grécia - acredito que é a mais surpreendente da Europa. Ali, a natureza revela o seu poder de criação de ornamentos fantásticos e de formações rochosas impressionantes.

terça-feira, maio 21, 2013

A Lidia do Zygaktis River


Paulo de Tarso
São Paulo devia gostar muito de Philippi, pois sempre que possível retornava a esse lugar. Além disso, tornou-o conhecido através de suas palavras em Epístolas. Em uma dessas epístolas, elogia os filipenses por sua fé em Jesus e por seu apoio. Paulo aconselha-os a centralizar a vida em Cristo e a estar contentes em todas as situações, ser fortes em oração e imitar com alegria o exemplo de seu Salvador.
Igreja de Santa Lídia

Perto de Philippi, está o Batistério e a Igreja de Santa Lídia, um lugar belíssimo junto ao rio Zygaktis. Conta-se que foi nesse lugar que Paulo de Tarso, o Apóstolo,  batizou, em nome de Cristo,  a primeira mulher grega e europeia, chamada Lídia, uma rica vendedora de púrpura, que vivia em Tiatira. Eram , em geral, ricos os vendedores dessa tinta bastante rara. Lídia teria sido batizada na presença de toda a sua família. O batismo de Lídia  está relatado na bíblia, no livro de Atos dos apóstolos.
Batistério junto ao Zygaktis
Os batismos eram, em geral, realizados no campo, onde estavam localizados lagos, rios, fontes ou outras  reservas naturais de água. Nesses lugares, passaram a construir batistérios, grandes edifícios com espaços externos, onde era feita a preparação  ao batismo , através de ensinamentos cristãos e confissões de fé, e espaços internos, onde estavam as fontes de água batismal.

Detalhe do interior da Igreja de Santa Lidia
A Igreja de Santa Lídia impressiona pela história e pela estética. Logo na entrada, há um mapa, em mosaico, que mostra o percurso feito por Paulo desde Istambul, percorrendo Neapolis - atual Kavala - chegando a Philippi, a Lídia e a Thessaloniki. Em todo o interior da igreja, podem ser vistos ícones belíssimos, numa arquitetura admirável. A partir de 1974, quando construções e recuperações foram concluídas, tem aumentado constantemente o número de visitantes cristãos de todo o mundo. Vale a visita, tanto do ponto de vista religioso, quanto histórico.

domingo, maio 19, 2013

A Fascinante Philippi da Macedônia

Caros amigos...
Ronald e eu, juntamente com Alex,Gisela e Elisabeth,  passamos um dia inteiro visitando Philippi e Lídia. Já estive nesses dois lugares outras vezes, já escrevi sobre eles e já me encantei com eles. Além do significado histórico e religioso desses espaços, a companhia e o vasto conhecimento desses amigos tornaram esse dia inesquecível. Cada um deles, fala, fluentemente, seis idimas. Por sorte, todos falam inglês, embora eu tenha - me habituado a falar com Alex em italiano. O sol e a temperatura colaboraram também conosco. Lindo dia.

Anfiteatro em Philippi
Philippi  foi  importante cidade do Império Romano, considerada uma porta de entrada da Europa em relação aos visitantes provenientes da Ásia. Está localizada a leste da antiga província da Macedônia, a 13 quilômetros do mar Egeu , no topo de uma colina. Abaixo dela, estavam o rio Gangites e a estrada militar Ignatia, que ligava a Europa e a Ásia.

Basílica

Sua origem remonta aos trácios, povo conquistado em 358 a.C. pelo rei Filipe da Macedônia. A cidade recebeu esse nome em homenagem ao seu conquistador. Em 108 a.C. passou ao controle romano. Em 42 a.C., foi palco da batalha de Marco Antônio e Otávio Augusto, que buscavam vingar a morte de Júlio César, contra Brutus e Cássio.

Acesso ao teatro

Os veteranos dessas batalhas instalaram-se em Philippi, e a cidade acabou ganhando status de colônia romana e o Ius Italicum, o que a tornava uma réplica menor de Roma. Seus cidadãos tinham cidadania romana e possuíam inclusive direitos de propriedade equivalentes aos de uma terra em solo italiano. Os oficiais políticos eram descendentes dos soldados romanos, o que reforçava ainda mais o caráter latino da cidade, refletindo também seu pensamento e religião.

Detalhes de Philippi
A visita a Philippi é , de fato, impressionante e precisaria de bem mais do que as seis horas que lá passamos. É emocionante ver o teatro grandioso, hoje de tal maneira recuperado que, sem perda de toda a originalidade, permite apresentações anuais de dramas gregos; ver as basílicas ( A, B, C ) , sendo a primeira dedicada a São Paulo; as muralhas, a acrópole, o fórum ( Agora ), o cemitério, os santuários, a academia, a área comercial, as cisternas, os banheiros, os portões, os arcos, as fontes, os mosaicos dos pisos, os monumentos, as esculturas, os desenhos. Realmente, um mundo a descobrir.

Museu de Phlippi

Deixando a colina em que está o complexo arqueológico de Philippi, fomos ao museu onde se encontram muitos dos achados nas escavações realizadas. Ali se encontram  tesouros em mármore, pedra, ouro; estátuas grandes com elegância e leveza admiráveis; capiteis em que a mármore parece uma renda de beleza rara, pelos detalhes que exibe; trabalhos em  mosaico com delicados desenhos e cores. Além de todas essas preciosidades , o museu é tranquilo e agradável e tem , ao seu redor, cenários inesquecíveis.

Philippi

Pesquisei alguns endereços que podem incentivar pessoas a conhecer esta parte da Grécia, tão especial e de beleza tão comovente.
http://www.youtube.com/watch?v=lIQQx9Xv0P8
http://www.youtube.com/watch?v=isLoE9yi4Ek
http://www.youtube.com/watch?v=_of7JrW7Qxs
http://www.youtube.com/watch?v=1W1t1qrhQ9s
http://www.youtube.com/watch?v=fVQeqd9FL2A
A partir de Thessaloniki ou de Kavala, sei que há tours de um dia que levam a Philippi e a Lidia. Asseguro-lhes que vão gostar. Quem não gostar , é porque deveria ter ido às compras em Miami ou Nova Iorque. Respeita-se, entretanto, o gosto de cada um.

Leveza  em mármore

"Toda a manhã que raia, raia sempre no mesmo lugar,
Não há manhãs sobre cidades, ou manhãs sobre o campo.
À hora em que o dia raia, em que a luz estremece a erguer-se
Todos os lugares são o mesmo lugar, todas as terras são a mesma,
E é eterna e de todos os lugares a frescura que sobe por tudo."



Fernando Pessoa

Fernando Pessoa

 
Luminárias de Restaurante em Kavala

"Tenho pela vida um interesse ávido
Que busca compreendê-la sentindo-a muito.
Amo tudo, animo tudo, empresto humanidade a tudo,
Aos homens e às pedras, às almas e às máquinas,
Para aumentar com isso a minha personalidade.
Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio
E a minha ambição era trazer o universo ao colo
Como uma criança a quem a ama beija.
Eu amo todas as coisas, umas mais do que as outras,
Não nenhuma mais do que outra, mas sempre mais as que estou vendo
Do que as que vi ou verei.
Nada para mim é tão belo como o movimento e as sensações.
A vida é uma grande feira e tudo são barracas e saltimbancos.
Penso nisto, enterneço-me mas não sossego nunca.
"
Fernando Pessoa

sexta-feira, maio 17, 2013

Kavala, a Histórica Neapolis.


Kavala
Eis uma cidade para onde retorno sempre que posso. Toda bonita, entre colinas, águas,  flores, ruazinhas estreitas e com muita gente passeando. Bons hotéis e bons restaurantes com excelente comida grega tradicional. Kavala é alegre, musical, luminosa, como toda a Grécia - talvez um pouco mais, ou os meus olhos tendem a enxergá-la assim. Rica em História, monumentos e paisagens. Um convite permanente para percorrê-la e para explorar  sua região.

Kavala, vista da Cidade Velha

Kavala, segunda maior cidade do norte da Grécia, é capital da unidade regional do mesmo nome e o principal porto do leste da Macedônia. Está situada na Baía de Kavala, em frente à Ilha de Thassos. Localiza-se  nas proximidades da histórica estrada Egnatia. Está a 160 km de Thessaloniki (oeste), a 37 km de  Drama (norte), a 56 km de Xanthi (leste) e a menos de 20 km de Philippi. Todos esses lugares proporcionam passeis bonitos e interessantes.Philippi, então, é fantástico.


Vista da Cidade Velha

A cidade foi fundada por colonos de Thassos, no final do 7 º século a.C. Chamada  de Neapolis , Nova Cidade ,em grego, foi uma das primeiras colônias iniciadas no litoral. Fundaram-na para aproveitar as minas de ouro e as minas de prata do território - especialmente as que foram localizadas na montanha Pangaion nas proximidades - e também para aproveitar seu porto natural e sua estratégica localização. 

Centro antigo

Posteriormente, na época bizantina, seu nome foi mudado para Christoupolis,Cidade de Cristo, provavelmente porque muitos santos, como Lucas, Paulo, Silas e Timóteo, visitaram-na  ao redor de 43 dC. A etimologia do nome moderno da cidade é disputada. Existem algumas explicações, a partir de cavallo, nome italiano, ou de Cabala , devido à grande população judaica da cidade.
 
Bougátsa
Encanta-me caminhar pelas ruas estreitas da parte antiga. São todas ajardinadas, com muitas flores e árvores. Em abril, já se sente a movimentação própria da chegada do verão: mesas na ruas, música, muita gente passseando. Há bons restaurantes em Kavala, que servem comida tradicional grega, comida turca e comida mediterrânea, com ênfase em mariscos, peixes e vegetais frescos e de boa qualidade. Pode-se, ainda, saborear uma bougátsa, massa folhada com creme, feita na hora.

Igreja de São Nicolau

Foi em Kavala ( Neapolis) que o Apóstolo Paulo de Tarso  desembarcou em sua primeira viagem à Europa, vindo de Constantinopla (Istambul ) e indo  para Philippi. Sempre volto  à Igreja de São Nicolau, onde há um monumento que lembra essa chegada de Paulo. É uma igreja linda, toda colorida, com bordados, tapetes e  ícones magníficos. Ali,  rezo por Patati - meu filho, que se chama Paulo de Tarso. Desta vez, além de rezar, acendi uma vela! Coisas de mãe.
Baía de Kavala

Para quem gosta de praia, Kavala e  seu entorno tem muito a oferecer. Para começo de conversa, oferece este azul - único dessas águas tranquilas e temperatura amena na maior parte do ano. As praias mais conhecidas são: Toska, Kalamitsa, Perigialli e Batis.Há belos passeios por montanhas, parques e lugares históricos, como Philippi, de que faremos um post separado e com muitas fotos.


Estátua de Mehmet Ali
Mehmet Ali, o fundador da última  dinastia que governou o Egito, nasceu em Kavala, em 1769, filho de pais albaneses. Na Praça da Cidade Velha, está sua casa, preservada e transformada em Museu. É um belo edifício considerado propriedade do governo egípcio. No centro da praça, encontra-se uma  estátua equestre de bronze, obra  de Dimitriadis,  escultor grego, construída em 1934, em homenagem ao sultão do Egito. A localização é privilegiada. Está no alto de uma colina, de onde se tem belíssima vista de Kavala.

Ao alto, o Castelo de Kavala

O Castelo de Kavala  domina o topo da península, onde a velha cidade foi construída. Durante o período bizantino e mais tarde, as obras de reconstrução e os reparos de fortificação foram feitos por bizantinos, venezianos e turcos. Todas as fases da História  afetaram o castelo e deixaram suas marcas nas paredes. O castelo (Citadel), em sua forma atual, foi construído no século XV. No teatro do Castelo, ao ar livre, na alta temporada, são organizados eventos culturais.

Aqueduto Medieval

Kamares, o Aqueduto Medieval, é um grande monumento com 280 metros de comprimento, divididos em 60 arcos de 4 tamanhos diferentes, e com altura máxima de 25 metros. Assim como outros aquedutos antigos, o escoamento era com superfície livre, apresentando sempre uma inclinação mínima para que a água pudesse correr. Kamares foi obra do período bizantino e sofreu reparos durante o domínio otomano. Foi projetado para conectar a península com o pé da montanha de Lekani e transportar água das maiores fontes dessa montanha. Não é mais usado com essa finalidade, continua, entretanto, emprestando beleza à cidade.

Deliciosas frutas secas
Há dois village muito próximos a Kavala de que gosto muito: Krioneri e Krinides. No primeiro, vivem Alex e Gisela, num lugar tranquilo e numa casa encantadora. No segundo, uma vez  por semana, há um concorrido Street Market, que vende grande variedade de produtos - roupas, sapatos, alimentos, objetos para casa, ferramentas  e artesanato. Desta vez, além de fotografar, comprei passas de damasco, de cereja e de uvas, além de nozes e de deliciosas azeitonas - gregas, é claro, as melhores do mundo.
No Castelo, a Bandeira Grega.

A bandeira grega tem nove faixas, azuis e brancas, horizontais da mesma largura, alternadamente, representando as nove sílabas do lema nacional grego Eleftheria i Thanatos - Liberdade ou Morte, que também era o lema da Guerra da Independência Grega. O quadrado azul, no lado superior, tem sobre ele uma cruz branca, que representa a cristandade ortodoxa grega. 

Com Alex e ...
...com Gisela, meus queridos amigos.
Visitei o Norte da Grécia várias vezes e sempre saio daqui com saudade e com medo de não retornar. Um dia isso será verdade, pois como disse não-sei-exatamente-quemviva cada dia como se fosse o último - um dia você acerta.