sexta-feira, abril 26, 2013

Mil desculpas!!!





Nos últimos 15 dias, não estou conseguindo escrever. Em maio próximo, prometo escrever muito, postar muitas fotos e tentar ser bem interessante.

sábado, abril 13, 2013

Ilha da Madeira - 1a.parte

Funchal a partir do teleférico

Depois de 1h40 min de vôo pela TAP, cheguei à Ilha da Madeira uma parte de Portugal que eu ainda não conheci.  Gosto de ilhas. Entre as minhas preferidas, Ischia - aquela ilha vulcânica citada por Homero na Odisseia, 9 séculos antes de Cristo -   Sicília, Mallorca e Canárias. Encaro-as como um pequeno mundo com cultura própria. Queria mesmo vir  até aqui. Desejo e decisão.


Odeio teleféricos!Só vou neles porque sou curiosa.

A chegada foi emocionante - talvez a palavra mais exata seja assustadora! Sobrevivi a uma das piores burbulências que já experimentei. Ventava muito. Logo na saída de Lisboa, o comandante avisou que teríamos algumas dificuldades na aterrissagem. Tivemos! Percebi que não era uma situação normal pelo susto dos demais passageiros, alguns habitantes de Madeira. Ao meu lado, um menino, jornalista, comentou : Essa chegada foi com emoção!

Funchal, a capital da Ilha

O aeroporto tem sua pista, que me pareceu curtíssima,  imprensada entre a montanha e o mar. Há poucos anos, ela  era ainda menos longa. Foi estendida com o uso de cem pilares, sobre os rochedos da praia. De fato, o Aeroporto Internacional da Madeira, também conhecido como Aeroporto de Funchal, está localizado na cidade de Machico e constitui-se a primeira grande atração do local.

Cabo Girão, em Madeira.
O arquipélago da Madeira está integrado por oito ilhas, sendo habitadas apenas as duas maiores: Madeira e Porto Santo. Dois terços de sua área estão protegidos como reservas naturais. A floresta laurissilva, intocada por pessoas na sua maior parte, é Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO.    Encontra-se esse arquipélago localizado no Oceano Atlântico, mais distante de Lisboa que da África, pois está  a 600 km  da costa africana  e a  1000   km do continente europeu. O clima é ameno, com temperaturas agradáveis, que oscilam entre os 25º e  15º C.


Antigas oliveiras são a cara da ilha

O arquipélago da Madeira  foi descoberto , em 1418, por João Zarco que, como prêmio, foi nomeado governador. Na avenida Arriaga, uma das mais importantes da capital , há uma estátua de Zarco , de frente para o mar, e a Quinta das Cruzes, hoje ponto turístico de Funchal, foi residência dele. É óbvio que Zarco virou também nome de rua.Visitei até o túmulo dele!

Funchal

Funchal, a capital, tem  100 mil habitantes e turistas que não param de chegar. Exibe design encantador, combinação de natureza diversa e exuberante com ações humanas que se deram ao longo de seus muitos  anos.  Muitos túneis, pontes, elevadas e estradas novas e de boa qualidade - com algumas curvas que me fizeram rezar !


Funchal
O nome Funchal parece ter-se originado de funcho, uma plantinha aromática, que havia muito na ilha no início da colonização e que no Rio Grande do Sul usavam para dar gosto ao mate-doce, sorvido, em geral, pelas mulheres.


Flores da Ilha no Mercado dos Lavradores

Como Região Autônoma de Portugal, Madeira tem liberdade nas suas decisões, exceto defesa, relações exteriores e impostos. É bem conhecido o presidente do governo regional da Madeira, Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim , pois ele está no cargo desde 1978, reeleito sucessivamente. Sobre ele, correm histórias pitorescas.


Missa de domingo na Igreja do Colégio

Contou-me um taxista que João Cardoso quer superar Salazar em tempo de permanência de governo e que, para tanto, faltam-lhe menos de 20 anos. Precisará manter o cargo até uns 85 anos. Longa vida a ele!!!

Gente da Ilha

Na próxima postagem, relatarei muito do que vimos e fizemos durante os cinco dias em que estivemos na Ilha da Madeira. Adianto que gostei do lugar, da comida e das pessoas .


Bacalhau com grãos

"A Europa jaz, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz, fitando,
E toldam-lhe românticos cabelos
Olhos gregos, lembrando.
O cotovelo esquerdo é recuado;
O direito é em ângulo disposto.
Aquele diz Itália onde é pousado;


 

Mosaico no Mercado dos Lavradores
Este diz Inglaterra onde, afastado,
A mão sustenta, em que se apoia o rosto.
Fita, com olhar sphyngico e fatal,
O Ocidente, futuro do passado.
O rosto com que fita é Portugal."


Fernando Pessoa

quarta-feira, abril 10, 2013

Nazaré, pequena e bonita.

No final do promontório, ruinas de um castelo
A caminho de Batalha, estivemos pouco mais de duas horinhas em Nazaré para almoçar e ver as magníficas vistas de sua praia . Além da extensa e limpa faixa de areia e do azul-azul de suas águas, Nazaré, balneário muito procurado pelos moradores de Lisboa e de toda a Estremadura, tem outras tantas atrações que o tornam um bom lugar para uma visita ainda que rápida.

Linda praia , com extensa faixa de areia
Nazaré é um balneário todo bonitinho. As ruas são calçadas com paralelepípedos. A igreja , em estilo barroco, é toda decorada com azulejos holandeses com a cor azul predominante. Há barquinhos coloridos, espalhados pela praia,  como se fossem apenas elementos de decoração do ambiente. Bons restaurantes , com preços bem razoáveis, espalham-se pelo centro - o forte de todos eles são os pescados.

Igreja Nossa Senhora de Nazaré
O Promontório do Sítio, parte mais antiga de Nazaré, está 110 metros acima nível do mar. Um funicular leva até o alto de onde se pode apreciar  magnífica vista e ver um lugar de religiosa devoção à Virgem Maria. Conta a lenda que, em 1182, num dia com muita névoa, portanto com pouca visibilidade, um nobre local perseguia um cervo, galopando seu bravio cavalo. De repente, o cervo desapareceu. O nobre gritou por ajuda à Virgem. Milagrosamente, o cavalo parou , de modo brusco, à beira do penhasco. Para celebrar o milagre, o nobre mandou construir a Ermida da Memória, que lá permanece e pode ser visitada.

Funicular que leva ao Promontório do Sítio

Além do verão, quando muita gente vem para a praia, duas  outras grandes festas são bastante  populares e atraem  grande número de visitantes: carnaval e  Ano Novo. Em conversas com habitantes locais, obtive a relação de cinco lugares - hospedaria, albergaria, residencial e hoteis - que podem bem receber visitantes. Também vi mulheres, usando trajes típicos, oferecer quartos para alugar em casas de família.

Areia limpa e mar azul em Nazaré
De maio a junho, nas tardes de sábado, durante a celebração da Arte Xávega, há demonstrações de métodos tradicionais de pesca. Xávegas são embarcações  com proa pontuda, de onde estendem redes muito grandes. À tarde - entre 16 e 17horas - os moradores locais, muitas vezes auxiliados por turistas, puxam as redes e  recolhem os peixes, que são vendidos no local mesmo. Os santos padroeiros dos pescadores têm a festa em sua homenagem no primeiro fim de semana de maio. Nesse dia, também acontece a procissão dos barcos, nos arredores do porto. Essa é uma festa que me agradaria muito ver. Como sempre falo e escrevo, faltarão dias na minha vida,para o muito que eu gostaria de fazer.

Nazaré no mês de abril

"Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.





Qual porém é verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar."


Fernando Pessoa

segunda-feira, abril 08, 2013

Mosteiro de Batalha ou de Santa Maria da Vitória

Mosteiro de Batalha

É a segunda vez que visito Batalha, uma cidade moderna com somente uma grande atração, o soberbo Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido como Mosteiro de Batalha, uma das Sete Maravilhas de Portugal e considerado Monumento Nacional desde 1910. Em 2007, a UNESCO o declarou Patrimônio Mundial.



Lateral do Mosteiro de Batalha


O Mosteiro de Batalha é o exemplo maior da arquitetura manuelina, designação criada por Francisco Varnhagem para agrupar as obras realizadas com base no estilo do tempo de D.Manuel I. Varnhagem encontrou, como unidade formal, a vinculação dessas obras  ao período de expansão marítima e a representação de um certo exotismo que as diferenciava. Para meu consumo, entretanto, importa saber que a chamada arquitetura manuelina é a fase final do gótico.



Porta principal do Mosteiro


A construção do Mosteiro de Batalha foi iniciada em 1386, por ordem de D.João I , para celebrar a batalha de Aljubarrota, travada em 1385, ao sul desse lugar. D. João havia pedido a ajuda da Virgem Maria e prometido construir uma soberba abadia se os portugueses saíssem vitoriosos.



Porta principal com seus múltiplos arcos


Eram pouco mais de 6 mil portugueses, ajudados por algumas centenas de soldados ingleses, comandados todos por Nuno Álvares Pereira. Apesar da desvantagem numérica, conseguiram expulsar 30 mil homens de Juan I de Castela, que reivindicava o trono de João d´Avis. Essa foi a história que ouvi - de  portugueses naturalmente.



Detalhes dos arcos da porta principal


Venceram e o mosteiro foi construído durante dois séculos, no tempo de passagem de sete reis. Tornou-se um mosteiro dominicano e teve acréscimos, modificações e reconstruções ao longo vários séculos. As últimas alterações foram feitas no século XVII. Impressiona por ter a mais alta igreja de Portugal - para estarem mais perto de Deus certamente!







O edifício do Mosteiro de Batalha é todo feito com pedra calcárea, de cor ocre, com enormes colunas, parapeitos, balaustradas e entalhes - precisa realmente de muito tempo para ser visto como merece. A porta principal tem camadas de arcos e , sobre esses arcos, estão esculpidos anjos, apóstolos, santos e profetas. Impossível reparar em tudo, dispondo apenas de algumas horas em uma só visita.



Interior austero,longo e alto.





O interior do Mosteiro impressiona pela grandiosidade, harmonia e beleza e também pela luminosidade que vem através de vitrais belíssimos. Na entrada, à direita, está a capela do fundador, tendo ao centro a tumba conjunta de D. João I e de sua esposa, a inglesa Filipa de Lancaster. Estão , ainda, as tumbas de seus quatro filhos, sendo um deles D.Henrique, o Navegador.



Impressionante luminosidade em detalhes


Contam que o enorme teto, todo arqueado, foi considerado tão perigoso de construir que apenas prisioneiros condenados  à morte foram empregados para trabalharem ali. Não consegui saber quantos despencaram lá de cima!



Delicadeza na austeridade


Numa das salas, o túmulo dos soldados desconhecidos - um morto na I Guerra Mundial e o outro morto em Moçambique - com guarda de honra e com a imagem de Cristo das Trincheiras. Ironicamente, a imagem do Cristo está parcialmente destruída, atingida durante uma guerra.



Há muito o que ver. Merece longa visita.


"Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa."




Fernando Pessoa

sexta-feira, abril 05, 2013

Óbidos, a Cidadela Fortificada.



Localizada na Região de Turismo do Oeste,  com apenas uma centena de habitantes dentro de seus muros, menos de cinco mil na vila toda e bucólica paisagem rural ao seu entorno, a  medieval Óbidos fez com que eu prometesse a mim mesma um convívio com ela de , no mínimo, três dias - talvez no Natal ou na sua famosa Semana Santa.


Localizada a 85 km de Lisboa, pertencente ao  município de Leiria, situada numa elevação que propicia vistas magníficas, pode-se chegar a Óbidos por ônibus,carro ou trem. A Estação Ferroviária está distante 2 km do centro. Havendo tempo, o percurso é bonito e certamente é bem agradável fazê-lo.



Na entrada de Óbidos, está o Portal da Vila, onde se lê:  A Virgem Nossa Senhora foi concebida sem pecado original. Essa inscriçao traduz um agradecimento de D. João IV por proteção recebida. A Porta da Vila leva à rua da Direita, a mais importante da cidade.

Clássicas muralhas, dentadas e com dois km,  cercam o centro histórico da Vila das Rainhas , como se ainda houvesse necessidade de protegê-lo contra ataques inimigos. Retorna-se no tempo! Desperta-se ao ver um centro cheio  de labirintos e ruazinhas calçadas com pedras, casas brancas com floreiras, lojinhas de artesanato, cafeterias e muitos turistas num ir-e-vir que  parece não ter fim. Os visitantes experimentam - e compram -  a ginjinha, licor feito com uma fruta semelhante à cereja e servido em copinhos de chocolate.


O nome  Vila das Rainhas, como também Óbidos é conhecida , vem do fato de cada rei oferecê-la à rainha, como presente de casamento. Em 1228, a Vila foi dada de presente por D. Dinis à sua esposa dona Isabel. Inaugurou-se, assim, essa tradição que permaneceu até o século XIX. Lindo presente, porque o lugar é belíssimo. Antes de 1228 , foram os mouros que o embelezaram - os mesmos mouros que expulsaram os visigodos, que, por sua vez,  expulsaram os romanos.


Destacam-se,  no magnífico conjunto de Óbidos, o castelo e o aqueduto. O castelo foi construído num pequeno monte, que era beira-mar, pois, até o século XV, Óbidos era litorânea, depois, no entanto, a baía foi sendo assoreada, e a cidade distanciou-se do mar. Está classificado como Monumento Nacional e  foi  eleito uma das sete maravilhas de Portugal. Os Templários os protegeram por algum tempo.Sua história remete a tempos antes de Cristo. Foi ocupado por lusitanos, romanos, visigodos e muçulmanos.


Em 1755, um terremoto destruiu grande parte de Lisboa e atingiu também parte do litoral. Foi um dos mais violentos de que se tem registro. A ele seguiu-se um maremoto que se acredita que tenha alcançado trinta metros. Causou danos na estrutura do Castelo de Óbidos, que , até 1932, por diferentes causas, sofreu intervenções, reconstruções e restauros. Nele, hoje, há uma luxuosa pousada.



O aqueduto de Óbidos, que data do século XVI,  tem uma extensão de 3 km, unindo o monte da Usseira e o de Óbidos. Está localizado a sudeste do portão principal. Foi  mandado construir pela rainha D. Catarina da Áustria, esposa de D. João III (1521-1557) para que transportasse  a água que abastecia os chafarizes da Vila.


A Vila é conhecida por sua história e pelos eventos e festas que realiza  anualmente. Durante 12 dias, no mês de março, Óbidos realiza o Festival Internacional do Chocolate, que atrai mais de duzentas mil pessoas. É quando ocorre, realmente, uma  extraordinária degustação e muitas outras atrações, como uma exposição de esculturas de chocolates e uma casinha de brinquedo, onde crianças pequenas são autorizadas a degustarem as paredes.


Em julho, acontece em Óbidos o Mercado Medieval, realizado dentro do castelo. Desde 2005, realiza-se o Festival de Ópera, com apresentações ao ar livre. Outro grande evento é a Semana Santa, com procissões, encenações religiosas e a cidade toda iluminada com tochas - contaram-me que esse evento é encantador e a ele comparecem muitos visitantes.

Pinturas de Josefa

No final da rua Direita, é bem importante visitar a igreja matriz - Igreja de Santa Maria - e admirar as pinturas de Josefa de Óbidos, que, influenciada pelo barroco, também pintou,magistralmente, flores, frutas e objetos inanimados . Aos 19 anos de idade, ela fez a gravura da edição dos Estatutos de Coimbra. Trabalhou depois, como pintora,  para diversos conventos e igrejas e retratou membros da família real portuguesa, entre esses a rainha Maria Francisca, esposa de D.Pedro II, e a princesa Isabel. Foi uma mulher além do seu tempo, quando o domínio da fama era masculino.

Pintura de Josefa - séc.XVII
Filha de um pintor português, que viveu um tempo na Espanha, Josefa nasceu, em 1630, na bela e apaixonante Sevilha. Ainda criança, entretanto, retornou a Portugal onde se fixou. Nascida numa época em que às mulheres só  eram ofertadas duas alternativas , ou casar ou ser freira, ela conseguiu aprender pintura com o pai e tornar-se conhecida, respeitada e ... solteira. Assim, morreu com  54 anos, casta e religiosa, como escreveram os cronistas daquele tempo e lugar.
Chegou a estudar no convento de Santa Ana, mas de lá saiu e radicou-se em Óbidos, tornando-se conhecida como Josefa de Óbidos e não como Josefa de Ayala Figueira, seu nome de batismo.
Belos contrastes entre luz e sombra
 A influência exercida pelo barroco tornaram-na uma artista com interesses diversificados.Trabalhou com pintura, estampa, gravura, modelagem do barro e desenho de figurinos. Suas pinturas mostram impressionante uso da cor e da forma. Na igreja matriz, que está no mesmo lugar onde já esteve um antigo templo visigodo e uma mesquita, há belas pinturas dessa artista  à direita do altar. ( Somente as duas fotos anteriores eu as busquei na internet ).

Pinturas de Joseja na Igreja Matriz

Ela não se tornou freira, como seguramente era esperado na época, mas, a par de seu talento magistral, soube aliar-se à igreja e aos nobres - de quem fez históricos retratos. Contam que seu prestígio era tal, que até pessoas da realeza desviavam o caminho para Caldas da Rainha e vinham a Óbidos só para cumprimentar a famosa Josefa. Foi realmente uma mulher que conseguiu ir além do seu tempo.

quarta-feira, abril 03, 2013

" Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo..."

Prédio grafitado, perto do hotel
Voando pela TAP, partimos de POA às 8h55min e chegamos em Lisboa às 11h40min , hora local. No aeroporto, longa espera na emigração, pois eram muitos os turistas brasileiros e argentinos. Pagamos 15 euros ao táxi, do aeroporto ao Turim Europa Hotel, onde estamos hospedados. É um 4 estrelas honesto , com café da manhã incluído e com diárias no valor de hotel 3 estrelas no Brasil. Próximo ao Parque Eduardo VII e às estações de Metrô Picoas e Parque, esse hotel oferece boas condições de visita à cidade. Está localizado também perto do Hotel Miraparque, outro hotel simples e agradável onde me hospedei várias vezes.

Centro histórico

Lisboa foi fundada pelos fenícios no século 12 a.C. e batizada como  Allis Ubbo, ou Porto Encantador, numa referência ao  porto natural do Tejo. Tem hoje mais de 600 mil habitantes. É uma cidade bonita e com muitos atrativos. Desta vez, entretanto, encontrei o centro um pouco mal cuidado. Portugal ingressou na União Europeia em janeiro de 1986. Mudou muito depois dessa data. Visitei-o também antes e depois da Expo98. Diferença grande! Acredito que esses mega eventos forçam  inovações e impulsionam mudanças.

Centro histórico
Em menos de duas horas após a chegada, já estávamos traçando Lisboa e revendo, assim, lugares de que sentíamos saudades - quando menciono saudade, sinto-me realmente em Portugal, já que essa palavra remete, por exemplo,  ao tema de Os Lusíadas, escrito por Luiz Vaz de Camões, em 1572. Remete também aos fados que bem retratam a alma portuguesa. Reli, hoje, na entrada da estação de metrô Parque,  :  "É preciso muito caos interior para parir uma estrela que dança."  Friedrich Nietzsche. 

Centro histórico
Gosto do metrô de Lisboa e de suas estações.  Encantam-me, além da arquitetura, os azulejos, que estão presentes em estações e residências  e que têm sido, ao longo de cinco séculos, importante e preciso  suporte de expressão artística portuguesa. O uso de azulejos em Portugal teve seu início no Palácio Nacional de Sintra, em 1503. Vale, realmente,  uma visita ao  Museu do Azulejo, em Lisboa.

Azulejos em Lisboa
 A conhecida Feira da Ladra pode ser visitada às terças e aos sábados. É interessante vê-la se a gente quiser conhecer mais o cotidiano dos lisboetas. Pechinchas, conversas, encontro de amigos, turistas e curiosos, num movimento contínuo,  a olhar livros usados, cds. de música portuguesa e de música clássica , roupas e acessórios para casa - ou  a  examinar  peças antigas, à procura de relíquias ou de presentes originais. Desta vez, passei rapidamente lá.

Nós!
A temperatura estava agradável e, para terminar o dia,  um passeio ao Rossio é tudo de bom. Da rua Augusta, fomos ao elevador Santa Justa e , de lá, ao Café A Brasileira - sempre tomo um café nesse lugar para fazer breve homenagem a Fernando Pessoa - segundo Ronald, o único homem de quem ele deveria ter ciúmes.Fernando Pessoa escreveu, em 1925, no seu livro O que o turista deve ver, uma detalhada descrição dessa área, iniciando pelo parágrafo que transcrevemos a seguir:
Detalhe de prédio no Centro Histórico
" Chegamos agora à Praça D. Pedro IV, geralmente conhecida por Rossio. É um vasto espaço quadrangular (...) é o coração de Lisboa (...) No meio da praça, fica a estátua de D. Pedro IV, que data de 1870 (...) Este monumento é um dos mais altos de Lisboa, medindo mais de 27 metros.Compreende uma base de pedra, um pedestal de mármore, uma coluna de mármore branca e a estátua de bronze. A parte inferior contém quatro figuras alegóricas, representando a Justiça, a Força, a Prudência e a Temperança..."  Seguindo adiante, ele descreve um cenário que continua, em parte,  porque o número de elétricos já não é o mesmo..

Centro histórico e vista do castelo
 "O grande movimento e circulação que se vêem no Rossio, são devidos ao facto de a maior parte das linhas de eléctrico passarem por esta praça, ao grande número de lojas hotéis e cafés que ela contém, e também a proximidade da Estação Central de Lisboa da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses."

Inigualáveis os doces portugueses
Não me sinto em Portugal sem comer uma bacalhoada - embora a bacalhoada com que Deborah nos esperou, em Porto Alegre, estivesse deliciosa. O restaurante escolhido, simples e acolhedor, serviu-nos um bacalhau com nata impecável.  Depois, um café   e a certeza de que, por hoje, só mais uma caminhada e bastava!

Uso do vermelho como tendência para o verão

E, ao caminhar pela cidade, observo vitrines, vejo tendências para as cores de verão, comparo preços e , uma vez mais, dou-me conta de que Portugal não é um país caro. Talvez seus preços se aproximem dos preços do leste europeu . Vem a hora do metrô e do hotel. No hotel, a constatação de que sobrou ainda energia para escrever este pequeno texto.

Centro
Fico feliz ao caminhar - e caminho muito - nesta cidade, olhando atentamente para todos os lados, guiada por textos e versos de meu poeta preferido ( até meu joelho lesionado parou de doer! ).
Elevador de Santa Justa
 " Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo -,
Transeunte inutil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma ..."

Fernando Pessoa