quinta-feira, janeiro 31, 2013

Tristeza e revolta




"E o que sou é um sonho que está triste.
Porque há em nós, por mais que consigamos
Ser nós mesmos a sós sem nostalgia,
Um desejo de termos companhia,
O amigo como esse que a falar amamos."

Fernando Pessoa







terça-feira, janeiro 29, 2013

Foz do Iguaçu - Parte 2





































Para os gaúchos, está bastante fácil ir à Foz do Iguaçu. Partindo de Porto Alegre, há vôos da TRIP , com duração de 1h10min, que podem ser adquiridos no site da AZUL. Só é difícil mesmo esperar no Aeroporto Salgado Filho, em POA, onde cafeterias e restaurantes são poucos e com atendimento ruim. O Aeroporto Internacional da Foz do Iguaçu/Cataratas é próximo à Rodovia das Cataratas, onde estão localizados muitos dos bons hotéis. Quem não pretende locar carro, pode fazer contato com o hotel reservado e agendar translados. A maioria dos hotéis faz isso sem custo para o hóspede. Ficamos hospedados no hotel Harbor Colonial, um quatro estrelas com boa relação qualidade/preço. 
Para aproveitamento do tempo, é interessante já ter em vista os passeios que se pretende fazer. Compramos todos os nossos tours na agência de viagens do próprio hotel.








































Gostamos muito do Parque das Aves - um bom programa para crianças : Pedro adorou - e das Cataratas. Embora eu já  tivesse visitado a Foz, é sempre uma alegria voltar a ver esse fantástico espetáculo da natureza. Gostaríamos muito de visitar , detalhadamente, Itaipu, a maior hidrelétrica do mundo em geração de energia. Não sabíamos, entretanto, que, para fazer a visita  completa, incluindo a parte interna da construção da usina , as crianças devem ter , no mínimo, 14 anos. Não permitiram a entrada do Pedro, que tem 13 anos, frustrando, dessa forma, nossa visita. O tour pela cidade é quase desnecessário.Vai ao Templo Budista, onde não há quem dê informações sobre algumas particularidades que o diferenciam de outros templos. Leva para visitar a Mesquita Omar Ibn Al-Khatab, em que o problema continua sendo o mesmo,ou seja, ninguém para dar informações aos visitantes.






















Tanto  a mesquita quanto o templo integram a cultura religiosa da cidade e a vocação cosmopolita da Foz , que recebeu imigrantes árabes e chineses, dentre as 80 nacionalidades que coexistem nessa fronteira. Após a visita à Mesquita, atravessa-se o centro da cidade de Foz do Iguaçu, com muitos estabelecimentos comerciais, restaurantes e alguns hotéis. Nada que chegue a surpreender ou provocar um Oh!






















Chegamos, então, ao marco das três fronteiras, do lado brasileiro é claro, de onde se vê também marco semelhante em território  paraguaio e outro no lado argentino. É este um passeio bem agradável e interessante para que as crianças vejam uma tríplice fronteira. Interessante também de ver é o encontro do rio Iguaçu com o rio Paraná, um encontro que parece suave e harmonioso. Lamentamos a construção de um grande prédio, que nunca foi usado e já está deteriorado pelo tempo. Refiro-me ao Centro das Américas. 























Não fomos nem a Ciudad del Este, no Paraguai, nem a Puerto Iguassu, na Argentina. Penso que ao Paraguai convém ir se interessa fazer compras. É necessário, para isso, enfrentar uma fila longa e demorada, com muito trânsito pesado. À Argentina, vai-se por outras razões, além das comprinhas possíveis. Os restaurantes são bons; a visão das Cataratas, fantástica. Para os adeptos da ecoaventura, há boas atrações: passeio de barco em meio às Cataratas, rafting, rapel, escalada em rocha e arvorismo.




















Vivendo em meio a tanta beleza natural e a tanta diversidade humana, os habitantes de Foz do Iguaçu parecem ter sido mesmo contagiados e influenciados por diferentes culturas. São simpáticos, atenciosos, agradáveis. Recebem mesmo muito bem e procuram se fazer entender e compreender visitantes que são falantes de outras línguas, e os já moradores que professam diferentes crenças e vivenciam diferentes costumes. Aqui, na foto ao lado,  está Pedro, tentando ver as imensas quedas de água. O olhar, entretanto,  não dá conta. É beleza demais.























"Como o olhar, a razão
Deus me deu, para ver
Para além da visão.
Olhar de conhecer."

Fernando Pessoa

sexta-feira, janeiro 25, 2013

Foz do Iguaçu - Parte 1

Vista aérea das proximidades da Foz do Iguaçu




















Quando o avião se aproximou para pouso, no Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu/Cataratas, pude observar a abundância de água  e a beleza  que elas demonstravam. O verbo serpentear, tão usado por Guimarães Rosa, estava ali desenhado  pelos rios, fossem eles grandes ou pequenos. A Foz  resulta da topografia e das águas. O Iguaçu, com as Cataratas, torna belíssima a região; o Paraná , com sua localização e volume de água, torna possível a Usina de Itaipu, a maior usina do mundo em geração de energia. A região é linda; os seus parques, magníficos.


Entrada no Parque  Nacional




















O rio Iguaçu separa Brasil e Argentina. Nas duas fronteiras, há bonitos e organizados parques com acesso a muitas atrações. Do lado brasileiro, vai-se até o centro de visitantes, na entrada do Parque Nacional do Iguaçu,  onde se compram os ingressos para a visita . A seguir, enfrenta-se , usualmente, uma fila para os ônibus, que fazem paradas em três estações, chegando à última, que permite descer de elevador ( panorâmico,27 m )até as passarelas de onde se vê o fantástico e inesquecível espetáculo contínuo das quedas de água.


Tucano muito próximo de Ronald
 



















O Parque, além de proteger as Cataratas, conserva grande área de Mata Atlântica e protege, dessa maneira, a fauna local. Interessantes são os quatis, que Pedro , meu neto, chamou -os de canguru de apartamento. Eles estão por toda parte e são muito fotografados - mas não são domesticados. Antes da entrada do parque brasileiro, fomos ao Parque das Aves, que muito nos agradou. Está localizado numa área de 17 hectares de Mata Atlântica e com um percurso pavimentado de um quilômetro, em meio a mata exuberante.


Pedro, meu neto de 13 anos

















Encontram-se, nesse parque, mais de 1100 aves de 150 espécies, em viveiros grandes, muito próximos das pessoas. Lugar excelente para se fazer boas fotos.Os flamingos são muitos e chamam a atenção  pela beleza e flexibilidade. As gralhas, araras e tucanos emitem, com frequência, gritos estridentes. Predominam as aves brasileiras, mas podem ser vistos também espécies da África, Ásia e Austrália. Outra atração é o borboletário, que abriga também diversas espécies de beija-flores, e o setor de répteis, com cobras e jacarés.


Beleza das bromélias




















Vimos um tucano  no mesmo espaço em que estava um pássaro vermelho - o que motivou Pedro a fazer muitas  e divertidas considerações de cunho político-partidário. Além das aves , que só em observar a sua combinação de cores  já nos encantaria por bastante tempo, há flores, muitas e belas flores, com destaque para as bromélias, de verde forte e coloração diversas, algumas que eu não conhecia. Há frondosas árvores, mais parecendo esculturas estranhas, onde pousam pássaros e alguns fazem ali seus ninhos.


Fantásticas Cataratas


















Após duas horas visitando o Parque das Aves - e gostando muito desse espaço -  almoçamos em um restaurante panorâmico, ao final da trilha principal. Vista excelente. Toda a tarde, admiramos as quedas d´água, tanto as grandes quanto as pequenas cascatas. Caminhamos pelas trilhas, vimos a vegetação, encontramos muitos turistas - tantos que Pedro observou : deve haver alto consumo de sushi  aqui! Entende-se, então, por que Foz do Iguaçu é o segundo destino turístico brasileiro mais visitado, perdendo apenas para o Rio de Janeiro.



























Em publicação da Prefeitura de Foz do Iguaçu, lê-se:
"Foz do Iguaçu tem uma composição étnica muito variada e interessante, estimando-se hoje uma população de 255.900 habitantes. A cidade abriga cerca de 80 das 192 nacionalidades existentes no mundo. Caminhando pelas ruas da cidade não é surpresa nenhuma deparar-se com japoneses, chineses, coreanos, franceses, bolivianos, chilenos, árabes, marroquinos, portugueses, indianos, ingleses, israelenses e tantas outras nacionalidades, sem contar ainda paraguaios e argentinos. Os diferentes grupos étnicos residentes na cidade fazem de Foz do Iguaçu uma das cidades mais cosmopolitas do Brasil ".http://www.pmfi.pr.gov.br/portal2/home_turismo/populacao.asp






















Não comparo países, cidades, lugares. Estou convicta de que comparações limitam nosso olhar. Quando comparamos, estamos reforçando o lugar anterior  - e não adquirindo um novo olhar. Ronald, entretanto, fez rápida comparação das Cataratas do Iguaçu com Niagara Falls , que visitamos há dois anos : as brasileiras são maiores e mais diversificadas .
Gostei muito das pequenas - mas não tanto - quedas que, ao longo do parque,  podem ser vistas e admiradas através das trilhas e passarelas. Realmente, um passeio que pode ser recomendado.
No post seguinte, escreverei sobre a cidade de Foz do Iguaçu e sobre outras atrações desta região. Agora , preciso ordenar nossa pequena bagagem, já que não fizemos nada de compras, nem entramos no Paraguai.

segunda-feira, janeiro 21, 2013

Com Ventos ou Conventos?

Vista a partir do Morro do Farol
Há um lugar, muito perto da minha casa, que ainda é praia-praia, dessas que não precisa a gente caminhar entre as pessoas - dizendo com licença, por favor, a todo o momento - como está acontecendo, em certas datas, aqui em Torres. A praia  é ampla e não tem aglomerados. De há muito, eu a conheço. Estive durante dois meses nesse lugar, no início dos anos 70, quando meus filhos eram pequenos. De lá para cá, não sofreu transformações abruptas. Está mais urbanizada; a natureza, entretanto, não foi agredida frontalmente como é comum e triste se ver. 

Águas clarinhas do rio Araranguá, chegando no Atlântico

Refiro-me ao  Balneário Morro dos Conventos, localizado no município de Araranguá, no extremo sul catarinense. Como se não bastassem as praias e o mar, encontram-se , nesse balneário, paredões de 80 metros de altura, muitas dunas com areia branquíssima, um farol da marinha, no alto de um  morro, de onde se tem bonita vista da praia e do rio Araranguá, que ali deságua no oceano. Só não se encontram ali conventos, como era de se esperar pela denominação do lugar. Entre todas as histórias que circulam sobre o nome do lugar, acredito que se trate mesmo de uma alteração do original, que seria morro com ventos.

Praia do Balneário Morro dos Conventos

Em se tratando de nomes de localidades, o extremo sul catarinenses tem três pequenas cidades com denominações muito interessantes: Ermo, Turvo e Sombrio, lugares que não me parecem nem ermos, nem turvos, nem sombrios. Sempre que levo alguma visita ao Morro dos Conventos, aproveito para mostrar a bonita catedral de Sombrio - um dos municípios mais próximos a Torres - e para fazer algumas comprinhas, já que sendo um lugar pouco conhecido turisticamente, as lojas de roupas e tecidos têm preços honestos e convidativos.

Principal hotel do balneário
Morro dos Conventos possui bons restaurantes, pousadas e campings, além de  um hotel bonito, bastante tradicional, com vista privilegiada e atendimento cordial e educado.A paisagem natural, aliada a essa boa infra-estrutura  atrai tanto turistas para um final de semana tranqüilo, quanto os jovens, que preferem os  esportes radicais. As falésias permitem a prática de esportes como rapel, escalada e vôo livre. Possibilita, ainda, caminhadas pelas dunas e  pelas trilhas que contornam os costões. Um bate  e volta perfeito para quem está em Torres.
 

sexta-feira, janeiro 18, 2013

Casamientos y otras yerbas

Luis Ernesto Behares, meu irmão por escolha, depois de ler o texto " Até que a morte os separe?", enviou-me este e-mail, que compartilho com os leitores do Correndomundo - a devida licença dele... ainda vou pedir!
Obrigada, Luisinho, sabes que és um dos meus escritores preferidos.

                                                     Para Aldema 

Hace muchos años que en Uruguay es raro ver un casamiento de señor y señora a la antigua usanza. La gente se junta de hecho, o (mucho menos) elige el trámite de concubinato oficial, que como ceremonia sólo tiene la entrega de una sentencia judicial en una oficina del quinto piso, sala 348 de un juzgado. El último de aquellos al que fui fue en 1999, o sea en el otro siglo.

Aun así, asistí recientemente a algunos casamientos del “nuevo” tipo, que paso de contar.
El primero fue el casamiento de mi amiga Chispa, hace una década. Al cumplir los 50 años de casada con su querido Fuccio, organizó una gran fiesta en la que estaba lo más granao de la intelectualidad, las artes, la ciencia y la política uruguayas, además de sus cinco hijos y 14 nietos (algunos con sus esposos/as y sus hijos). Al mejor estilo de Ettore Scola, Chispa y Fuccio se presentaron con el mismo atavío de su primer casamiento en 1952, unos meses antes de nacer yo. Ropas raídas, amarillento el vestido de novia, agujereado el velo, incómodo y ajustado el viejo jaquet del novio, con una de las colitas comida por las polillas. Hicieron un speech en el que declaraban que el casamiento nunca se había consumado, por lo que había que empezar de nuevo. Discurrieron, en un diálogo inteligentísimo al modo escolástico, sobre en qué consistiría la consumación y quien podría, si fuera el caso, confirmarla. Luego, algunos de sus nietos, varios de ellos músicos de nota, tocaron y cantaron el Stabat Mater de Pergolesi, mientras los novios lo “bailaban” al estilo hippie bajo la luna del verano entre los pinares, y sus hijos repartieron una torta de casamiento para cada persona, con un cartelito de “cómasela toda, no tendrá otro casamiento en esta década”. 

El segundo fue en Rosario (Argentina) en 2010. Como quedé sin nada que hacer un sábado de mañana, salí a caminar por la costanera del Paraná. Me encontré con una plazoleta, llena de gente ataviada de fiesta y mozos de cocktail repartiendo espumante y canapés. Me acerqué, enseguida me ofrecieron las vituallas. Una orquestita tocaba una seguidilla de los Strauss. Por una puerta que daba a la plazoleta (luego supe que era un “Registro de Estado Civil”), aparecieron los novios: dos viejecillos (no menos de 80) vestidos de camisa y pantalón blanco y una banda roja al modo de las misses o de los presidentes. Era el primer casamiento gay de Rosario. Los aplaudieron a rabiar, les tiraron quilos de arroz rojo y bailaron entre ellos y con todos y todas los que los invitaron. Unas ancianas, tocadas con redecillas en sombreros apabullantes, me dijeron que el noviazgo había durado más de 60 años. Unos muchachones que vendían salud y testosterona me comentaron que estaban organizando un concurso con la mejor imaginarización de la noche de bodas. Los viejecillos parecían no estar ahí del todo, sobre todo uno de los dos, que miraba al cielo, tal vez buscando la escalera…

El tercero, en 2011, fue una sorpresa. En las sierras de Minas (Uruguay), Eladio y Daniel, dos treintañeros (uno abogado, alto jerarca de la Suprema Corte de Justicia, el otro capitán de la Marina) se dieron los votos ante sus antiguas esposas y sus hijos, que oficiaron como testigos, acompañados de unos 30 invitados. La ceremonia fue por un rito metodista reformado, y el pastor los declaró “compañeros de vida”, pero se nos pidió a los amigos guardar un cierto secreto, porque todavía no se había avanzado hasta el punto de que el Estado (su empleador) no se sintiera resentido. En abril de 2013 se aprobará y promulgará la ley de matrimonio igualitario en Uruguay, y ya me contaron que Eladio y Daniel estarán entre los primeros en “casarse por civil”. Habrá que ver si los colegas de Daniel se prestan a formar, uniformados, el palio de espadas tradicional a la salida del Registro. El Estado se quedará con muchas ganas de resentirse.

La última está en curso. Una mañana hace una semana apareció una de las sillas de la terraza y su almohadón color crema con una enorme plasta de excrementos de pájaro. A la noche entendimos: dos palomas torcazas se dispusieron en una pequeña rama de paraíso o cinamomo que nos da sombra, y allí estuvieron toda la noche. Se picotean, una al lado de la otra todas las noches hasta ayer. Las esperamos nuevamente hoy, a eso de las 8 de la noche, cuando comienza a bajar el sol. Es un poco largo el casamiento, pero cambiando la silla para otro lugar, nos entretenemos e invitamos a todos los interesados a salirles de testigo. Abajo hacemos fiesta de jardín. Sólo tememos a nuestros cinco gatos, no sea que alguno…

Luis e eu em Torres
En fin, aquellos casamientos convencionales, todo reglado, iglesia llena, vestidos carísimos para novias feúchas que acaban siendo transformadas en Marylin Monroe por tres o cuatro expertos, modistas y peluqueras atareadas tras las columnas, parientes que vinieron a criticar y a comer, cenas mucho más caras que los vestidos, las flores o las limusinas o los fotógrafos y cameramen, suegros con cara de haber sido depredados por la lujuria consumista, suegras que lloran bajo capellinas de colores, y abogados que calculan cuánto podrán sacar del divorcio… Esos saraos escasean, en un país con una tasa de natalidad de las más bajas del mundo.  Ojalá vuelvan, pero mientras tanto los “nuevos” están ahí, para reinventar tradiciones.

sexta-feira, janeiro 11, 2013

" Até que a morte os separe" ? Texto I

Minha prima e eu : iniciação ao ritual
Para quem considera o casamento seu ritual preferido, casei poucas vezes - somente duas! A primeira vez, com 20 anos; a segunda, com 65. As duas vezes,  no civil e no religioso, com promessas, aliança, festa e o que mais trabalho me deu : troca de sobrenome. Do primeiro casamento, resultaram três filhos maravilhosos e um aprendizado imenso. O segundo, que aconteceu depois de 15 anos de solteirice, deu-me um maravilhoso companheiro-companheiro  até que "a morte nos separe".

"Chuva" de arroz nos noivos

Como me encantam rituais em diferentes culturas e como gosto de casamento,  esse foi um  ritual, durante anos,  tornou-se  um dos meus focos de viagem. As fotos aqui postadas e as histórias contadas mostram um pouco do que presenciei - antecipo que me diverti muito nessas ocasiões.


Norte de Portugal : noiva criativa, fotógrafo esforçado....

Estando, certa vez, numa ilha, entrei na catedral porque vi  pessoas produzidíssimas ali entrando e logo pensei : é casamento! Era, sim, um casamento, que se me tornou inesquecível . Foi a noiva e o noivo mais feios que vi. Muito feios mesmo. Localizei uma senhora , que pensei ter cara de mãe da noiva, e pedi para fazer umas fotos. E era , de fato, a mãe da noiva. Muito simpática e feliz , autorizou-me a fotografar. Limitei-me, entretanto, a fotografar o altar, os noivos de costa e os bonitos pacotinhos de arroz. Quando terminou a solenidade, fui convidada pela mesma senhora a ir à festa.Aceitei, claro.

Noivo a caminho da solenidade do casamento

A pedido da gentil  mãe da noiva , alguém da família levou-me no carro. Uma recepção fantástica, comida excelente e local muito bem decorado. Gostei mesmo. Horas depois, retornei ao hotel, quando já estava até achando bem bonitos os noivos. Lamento que minhas fotos dessa ocasião, foram roubadas com minha mochila ... e tudo o mais que ela continha.

Muito vermelho nos vestidos das noivas


Acompanhei , em Varanasi, no norte da Índia, um noivo que ia pelas ruas,  num  cavalo branco devidamente adornado, acompanhado de muitas pessoas e de muito barulho. Vi também duas noivas, que eram irmãs e estavam com vestidos iguais - ambos de seda pura, bordados com fios de ouro. São os chamados tecidos eternos, todos de rara beleza.


Cenário de um casamento em Illinois

Casamentos na Índia têm rituais diferentes de acordo com a região, a condição sóciocultural, a crença e a etnia. Encantaram-me as mãos de uma noiva, delicada e trabalhosamente desenhada com henna.O desenho dura , em média, uma semana. Além da beleza, contém símbolos de fertilidade, prosperidade, paz e felicidade. A mãe e as irmãs também usam esse grafismo, que se constitui em manifestação de uma arte milenar, denominada mehndi. Penso que esse respeito as tradições ajuda a construir vivências mais duradouras e harmônicas.



Lugar preferido para fotos na praça central de Kosice
Fui a um casamento, em Kosice, na Slovakia, onde se passou algo particular e interessante. Quando os noivos estavam entrando no salão da festa, pessoas jogaram , na frente deles, pratos brancos de porcelana que se espatifaram. Imediatamente o noivo recebeu uma vassoura, e a noiva, uma pazinha. Ele passou a varrer, e ela, com a pazinha, a juntar os pedaços.Terminada essa tarefa conjunta, os noivos abraçaram-se, sendo aplaudidos pelos convidados. Trata-se de um ritual para trazer boa sorte e evidenciar a solidariedade e o companheirismo na solução de problemas cotidianos. Na hora, pensei que muitos relacionamentos poderiam ser salvos com esse exercício cotidiano de juntar os cacos.



No Castelo de Praga

Em lugares fotogênicos, muitas vezes encontrei recém-casados, acompanhados de fotógrafos e cinegrafistas, registrando o acontecimento. Lembro-me bem de vê-los pelas ruas de Florença, Verona ou Veneza, pela galeria de Milano, por Paris, Catânia, Barcelona, Budapest, Praga e tantas outras cidades. Às vezes, familiares iam juntos; outras vezes, os noivos iam sozinhos.


                                                            Bela noiva  em Guillin , na China


Tradicionalmente, as noivas usam branco. Já, entretanto, encontrei  noiva usando vermelho e, em outra cidade, uma usando preto - com véu preto também. Estranhíssima. mas linda! Linda também essa noiva chinesa, que encontrei na entrada  do Hotel Sheraton, em Guillin, e que gentilmente permitiu que eu a fotografasse  várias vezes. Agradeci e me afastei. Minutos depois, fui surpreendida quando ela e o noivo me chamaram  para, delicadamente, me presentear  com uma bela caixa de doces, Chorei! Delicadeza sempre me comove.


Casamento em Sofia, na Bulgária

O vestido mais surpreendente que vi, era branco, de seda, com véu e cauda longos. De costa, era um vestido tradicional; de frente, apenas uma mini blusa e um sensual shortinho , brancos também. Os noivos estavam sendo fotografados, junto com a família, num histórico casarão, na Estônia.
O véu é uma tradição que tem origem no Antigo Testamento, na história de Rebeca, que se cobriu com um véu quando se aproximou de Isaac, seu futuro marido. Diferentes adereços, no entanto, podem substituir o véu - alguns porque , assim, determina a tradição.


A noiva com seu terceiro vestido de modelo tradicional


Na China, as noivas não usam apenas o vestido de noiva. Tradicionalmente, usam três vestidos. O primeiro, qipao ou cheongsam tradicional, um vestido bordado, em geral vermelho, por ser a cor traz sorte. Em seguida, a noiva pode trocar por um vestido branco, bonito e muito trabalhado. Por último, usa vestido na recepção, modelo tradicional, de seda, na  cor à sua escolha. Nos nossos padrões , seria um vestido alto esporte.



Acompanhei um casamento na Escócia, impressionada com a elegância e a desenvoltura do noivo e de seus convidados, com as tradicionais roupas escocesas. Lamentavelmente, não me foi possível esperar a chegada da noiva. Lindas são as decorações das igrejas. Lindos os buquês das noivas,que remetem à antiquidade, quando eram feitos com plantas aromáticas e enfeitados com alho para dar sorte e afastar mau olhado.


Rumênia 


Na Grécia, vi um casamento onde o noivo entrava com o buquê de flores, com que presenteava a noiva logo que ela chegava ao altar. No Peru, o tradicional lançamento do buquê para as solteiras é substituído por fitas colocadas dentro de um bolo, ficando uma  parte delas para fora. Cada moça puxa uma das fitas: casará primeiro a que puxar a fita que tem , na sua outra extremidade , uma aliança. Há, ainda, uma simbologia nas flores escolhidas para compor o buquê. Rosa vermelha, por exemplo, indica paixão; orquídea, sensualidade; margaridas, virgindade e inocência. Não sei por que margaridas andam pouco utilizadas...

A bonita embalagem da tradicional bomboneira italiana

Uma tradição, que me encanta na Itália, é a de presentear os convidados com um bomboneira, de porcelana ou de cristal, cheia de confeitos. São lindas e vêm em pacotes belíssimos. Tenho várias delas. Contou-me Lídia, minha grande amiga italiana, que, atualmente, por conta do espaço que tomam na casa, as bomboneiras vêm sendo substituídas por outras lembrancinhas, como recipientes com sementes de flores, que nascem assim que são umedecidas. Lamentei. Gosto de ver lojas especializadas em presentes e adereços nupciais e gosto de encontrar nelas as tradicionais bomboneiras.

Nos US, bolo dividido em duas partes.

Lembro-me que escrevi , aqui no Correndomundo, dois posts sobre casamento, sendo um na Itália, com ênfase à festa e ao cardápio, e outro nos Estados Unidos, onde o noivo escolhe uma cor temática, e a noiva escolhe outra e os balões, que os convidados recebem e soltam ao final da cerimônia religiosa, têm essas duas cores. Também , nos US, o bolo da noiva é dividido em duas partes: uma é cortada pelos noivos e servida aos  convidados; a outra, congelada para ser comida no primeiro aniversário de casamento.


A noiva escolheu lilás; o noivo, verde como cores da festa.
Pensei , agora, nos lugares em que encontrei maior número de noivos, posando para fotografias. Foram muitos em Veneza, onde eles fazem ainda um passeio de gôndola, devidamente registrado em fotos e vídeos. Em Firenze, Napoli, Milano e Roma, persegui vários recém casados pelos lugares históricos. Em Praga, especialmente no castelo, também os fotografei várias vezes. A cena, entretanto, que mais apreciei, foi numa praia do Mediterrâneo, lugar onde o jovem casal despia-se das roupas tradicionais, ficando a noiva de biquini e o noivo de short, e jogavam-se na água do mar. As fotos devem ter ficado belíssimas.


Noivos na Polônia - Varsovia

Em 2012, na estação de trens, na Bélgica, roubaram minha mochila. Foi-se meu PC com mais de cinco mil fotografias; meu IPod , com mais de quinhentas. Lamentei, agora, quando senti falta de muitas fotos de noivos, inclusive uma em que o noivo ia bem à frente da noiva, conversando com o fotógrafo, e ela sozinha, descalça, segurando  a cauda do vestido e carregando os sapatos. Por sorte, foi num país onde existe o divórcio!




Você já foi a casamentos que o(a) surpreenderam por ser diferente? Conte-me , por favor.