Estou em Torres. Como não gosto de sol, areia e crianças com baldinho, permaneço em casa. Muito pouco me afasto dela. Nestes meses de verão, quem viaja é o meu pensamento.
Recebo, como sempre acontece, visitas de pessoas amadas e amigas, com quem converso longamente. Essas conversas me lembram um poema de Fernando Pessoa:
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" À lareira, cansados não da obra
Mas porque a hora é a hora dos cansaços,
Não puxemos a voz
Acima de um segredo.
E casuais, interrompidas, sejam
Nossas palavras de reminiscência
( Não para mais nos serve
A negra ida do Sol ) .
E as histórias contadas no passado
Agora duas vezes
Histórias, que nos falem
Das flores que na nossa infância ida
Com outra consciência nós colhíamos
E sob outra espécie
De olhar lançado ao mundo." Fernando Pessoa
Faço , ainda, aqui na praia, o que faço nos intervalos em que não estou viajando: planejo viagens e executo tarefas para realizá-las bem. Inicialmente, reviso textos em livros, revistas e blogs. Aproveito, agora, para agradecer a generosidade das pessoas que transformam seus blogs numa preciosa fonte de informações atualizadíssimas , relatando também suas vivências, emoções, experiências e percepções, amplicando e intensificando, assim, desejos e decisões de viajar. Blogagem é militância. Blogs de viagem constituem militância no grupo dos que amam viajar, dos que desejam viajar ou no grupo dos que desejaríamos que viajassem.
Leituras iniciais concluídas, o segundo passo é a compra das passagens - de trem ou de avião - internas nos países a serem visitados. A passagem principal costumo comprá-la bem antes, em algum período de boas ofertas. Se a compro em prestações, estabeleço prazos que a façam estar totalmente paga ao inicio da viagem. Depois das passagens, já com o roteiro estabelecido, faço as reservas dos hotéis. Quando preciso reserva hotel em cidades que não conheço e de onde não tenho referências, estudo primeiro o mapa da cidade e dou preferência aos hotéis próximos às estações de trem - que na Europa costumam ser no centro da cidade ou próximo dele. Poucas vezes errei e comprei hotéis impossível de permanecer além do dia da chegada. Nessas horas, percebe-se que , para andarilhar, precisa-se de flexibilidade e poder de adaptação.
Roteiro feito, passagens compradas, hotéis reservados, é hora de fazer as listas - ainda costumo fazer listas do que levar: mapas com os roteiros assinalados, roupas usadas e bem testadas (algumas que nem retornam ); um tênis e um sapato, bem usados já; necessaire com tudo, incluindo um pouquinho de sabão líquido para lavar roupas, embora eu já tenha lavado roupa com shampoo; remédios que, na minha idade, são imprescindíveis. Tudo isso não deve preencher totalmente uma mala - e uso uma mala de média para pequena, independente da duração da viagem. Para meu marido, uma mala de tamanho semelhante - e as roupas nossas são intercaladas nas duas malas. Em caso de perda, não fica só um totalmente prejudicado. Costumo levar uma mochila, onde, além dos eletrônicos, coloco alguma roupa para o caso de a mala ser extraviada - o que me aconteceu em vários países , embora renham sido encontradas até três dias depois!
Minhas dicas , é evidente, não são para classe A. Estão dirigidas a pessoas que economizam e fazem escolhas, até no cotidiano, para poderem viajar, mas viajam com igual prazer e alegria.
Depois das etapas mencionadas, resta tempo para aprofundar leituras sobre a geografia, a história e a cultura - artes plásticas, música, literatura, teatro, costumes, culinária, arquitetura, atualidades - dos países a serem visitados, deliciando-se sem pressa, mas sem pausa, a :
" Escolhermos do que fomos
O melhor para lembrar." Fernando Pessoa