segunda-feira, agosto 27, 2012

St. Louis - MO e o Gateway Arch-Jefferson

Ponte sobre o Mississippi





















Sou apaixonada por rios e lagos, por água parada ou água em movimento. Meu desejo de ir a St. Louis, cidade do estado de Missouri, concentrava-se em ver o rio Mississippi - e  vi. E andei de barco por ele. E fiz fotos dele.Lindo. O Mississippi é o segundo rio mais longo dos Estados Unidos,só perdendo para o rio Missouri, seu afluente. Juntos, somam mais de seis mil km e formam a terceira maior bacia hidrográfica do mundo - a 1a. é a bacia Amazônia.



Ponte em construção








































Nasce no lago Itasca, em Minnesota e corta ou margeia dez estados americanos. As maiores cidades , ao longo do Mississippi , cujo nome significa Grande Rio ou Pai das Águas , são: Minneapolis, Sain Paul, Memphis, New Orleans e Saint Louis. Dada sua importância e beleza, o rio está bem presente em canções, como Big River de Johnny Cash, Louisiana de Randy Newman ,When the Levee Breaks dos Led Zeppelin. e Moon River do filme de 1961 Breakfast at Tiffany's. Na região em que estive, o Mississippi separa o estado de Illinois do estado de Missouri, tendo, de cada lado dele, as cidades de St.Louis (IL) e St Louis (MO). Várias pontes fazem a ligação entre essas duas cidades e estradas desses dois estados, pontes antigas que mostram interessante arquitetura.



Vista do Arco a partir do Mississippi







































Uma nova ponte está sendo construída - as obras estão iniciadas, igualmente, nas duas extremidades. Na segunda foto, a construção vista a partir desse rio, num passeio feito em barco, com uma hora e meia de duração. Depois de ver o rio, fui, aos poucos, conhecendo St.Louis (MO), uma cidade  bem falada aqui na região. Não imaginava, entretanto, que me encantaria  com essa cidade, fundada, em 1764,  por um francês, comerciante de peles, e  localizada ao sul do lugar onde o Missouri deságua no Mississippi e que só se tornou parte dos Estados Unidos com a compra da Louisiana em 1803. St.Louis (MO) tornou-se o Portal para o Oeste, pois por ali entravam os barcos que iam, pelo rio Missouri, nessa direção. Hoje, é uma cidade turística, movimentada e bonita.



Elegância do Arco de 192 m de altura


























A grande atração dessa cidade é mesmo o Gateway Arch-Jefferson National Expansion Memorial , o famoso Arco, que se situa num parque fantástico e que simboliza o local de entrada do colonizado leste - Califórnia e Oregon principalmente - para as inexploradas terras do oeste. Localizado no lugar original onde, em 1764, o comerciante de peles Pierre Laclede deu início ao acampamento que originou a cidade, o Gateway Arch tem 192 metros de altura e um dos elevadores mais fantásticos do mundo - citado entre os quinze mais fantásticos, ele é o quinto . Essa última informação me foi enviada por Hemerson Ramos, meu amigo residente em Dublin .Thanks!



Courthouse vista do topo do Arco







































O elevador do Gateway Arch tem oito cabines que comportam cinco pessoas em cada uma delas, separadamente. Fomos encaminhados para a frente de onde estavam nossos lugares - cabine no.2. Quando as portas se abriram e saíram os passageiros anteriores, acomodamo-nos, as portas foram fechadas  e fomos levados - 192 m acima - até uma parte plana, no topo do arco, com oito " janelinhas" de cada lado, de onde tivemos uns cinco minutos para fazer fotografias. Há também escadas internas com 1076 degraus, para uso de pessoal especializado somente. De um lado era possível fotografar, pelo vidro, é claro, a cidade de  St. Louis ( IL ) ; pelo outro lado, St.Louis (MO). A vista é incrível. Apesar do medo, consegui fazer algumas fotos - naturalmente meio tremidas porque eu tremia um pouco e ria de assustada.



Vista de St. Louis ( IL) do topo do Arco




















Muito interessante a vista que se tem de dois espaços que, por diferentes razões, são importantes para a cidade. O primeiro é o onde se localiza a majestosa Old Courthouse, um dos prédios mais antigos de St. Louis (MO).Ali, ocorreu o julgamento inicial de Dred Scott, que aprofundou, em 1857, com a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos,  as diferenças raciais no país, e que contribuiu para a eclosão da Guerra Civil , iniciada em 1861.



Do topo do Arco, vista do Estádio do Cardinal




















O segundo espaço , mais contemporâneo e leve, é onde está o vermelho estádio do Cardinal, time de baseball , esporte muito popular aqui, entre crianças e adultos e cujas regras são para mim um verdadeiro mistério! Em tyoda a cidade é possível comprar camisetas, cheveiros e mil coisas com a figura do nosso conhecido cardeal , pássaro de rara beleza, com sua crista vermelha . Nos jogos do Cardinal, torcedores de diferentes regiões se deslocam para St.Louis onde, além do jogo, são apresentados diferentes e alegres shows.



Eero Saarinen e seus objetos de estudo







































O Arco, que é todo de aço e pesa mais de 17 mil toneladas,  foi iniciado em fevereiro de 1963 e concluído em outubro de 1965. O projeto arquitetônico dele é de Eero Saarinen, filho do arquiteto finlandês Eliel SaarinenEero estudou na Universidade de Yale e foi responsável  pelo desenvolvimento de projetos vanguardista entre eles, esse de St.Louis(MO). Apesar de ter morrido com 51 anos, recebeu muitos prêmios por seus inovadores trabalhos. Muitas fotografias dos estudos e experimentos de Eero podem ser vistas nos museus e nos espaços do Arco. Bem interessantes. Também vi muitos cartazes com diferentes representações desse Arco no Parque onde ele está situado: crianças pulando corda, cestas de frutas, cestas de flores. Imagens criativas e bonitas.



Quadro do Museum of Westward  Expansion





















O Museum of Westward  Expansion, que está na base do Arco, mostra elucidativas cenas e históricos objetos representativos da entrada para o Oeste, com muitos detalhes da expedição de 1803/1806 de Meriwether Lewis e William  Clark. Esses exploradores subiram o rio Missouri , viajando de barco. Depois, viajaram a pé, pelos estados de Montana e Idaho. Eram acompanhados pelo famoso guia indígena Sacagawea e seu filho pequeno. O total do percurso foi de oito mil quilômetros, pois chegaram até a Costa do Pacífico.



Parques com belos lagos





















Há muito o que ver em St.Louis ( MO) . Parques , como o do Arco e o Forest Park, este último, com 526 hectares , é um dos maiores do país; um bairro de restaurantes e de entretenimento - Lacjede´s Landing - onde antes eram armazéns de algodão, comida e tabaco; o St. Louis Art Museum, que inclui obras de artistas nacionais e regionais; a famosa cervejaria , fundada em 1860 por imigrantes alemães, a Anheuser-Busch Brewery, que criou a marca Budweiser lager; o Missouri Botanical Garden , que possui um jardim japonês, um jardim inglês e um jardim aromatizado; o bonito campus da universidade, com interessante arquitetura e com muitas esculturas espalhadas por seus jardins.

Sorriso nervoso no alto do Arco.




















Além disso, muitas flores e ávores  nas ruas;
diversificados  restaurantes e cafeterias;
muitos lugares para compras -
de onde fugi rezando um Pai Nosso:
 ....não nos deixeis cair em tentação!
Cidade para ver e retornar.


segunda-feira, agosto 20, 2012

Festa de Família em Remington




















Além de todas as andarilhadas rápidas pelas cidades vizinhas - Rantoul , Champaign, Decatur, Tuscola, Shelbyville, Pana, Taylorville, Mattoon e outras mais - no último fim de semana, fomos a Remington, no estado de Indiana, numa festa de família. Nessa festa, depois do almoço, que estava excelente, teve um momento que me comoveu muitíssimo : a apresentação do coral , integrado por toda a família e liderado por seis irmãos - três mulheres e três homens, todos ao redor de oitenta anos, com vozes educadas e afinadíssimas. 




















Cantaram oito hinos - religiosos, é claro - iniciados, aleatoriamente, por um dos participantes. Que vozes! Que harmonia! Emocionante mesmo. Inesquecível. Para alguém, como eu, que deseja um dia poder dizer que realmente conhece os Estados Unidos, essas manifestações culturais de diferentes lugares constituem valioso acréscimo.

"Flor que não dura 
Mais do que a sombra dum momento 
Tua frescura 
Persiste no meu pensamento."
Fernando Pessoa





















Ontem, bem cedo, partimos de Paxton e chegamos a Cahokia, um lugar fantástico, sobre o qual farei um post ainda nesta semana.

"Deuses, forças, almas de ciência ou fé,
Eh! Tanta explicação que nada explica! "

Fernando Pessoa

Após visitar essa área, já no início da noite, chegamos a St. Louis , principal cidade do estado de Missouri, onde permaneceremos por dois dias. É uma bela cidade. Escreverei outro post sobre ela.

segunda-feira, agosto 13, 2012

Family Reunion/2012

Todos os anos, Ronald e eu participamos, em Illinois, de duas reuniões anuais de família: a Reunião dos Kupferschmid - the foster family of Ronald -  e a reunião dos Mckinney , the biological family.  
A reunião da família Kupferschmid aconteceu em junho último, com a presença de todos os filhos, vindos de diferentes países e de diferentes estados - com mais idade, entre os participantes, estão Daniel e Lora, os amorosos pais/avós/bisavós.







Na reunião dos Mckinney ( Vaughn ), os mais velhos somos Ronald e eu - com 20 ou 30 anos, eu não acreditava que esse dia de mais velha ia chegar! Em comum, nas duas reuniões , muitas crianças e muitas histórias novas, além da preparação de muitas comidas. Os participantes trazem também seus jogos preferidos e encontram parceiros entre os parentes. 




Essas reuniões  acontecem anualmente, no verão, durante um dia inteiro, quase sempre, aos domingos, em parques públicos - a de ontem foi no belíssimo Parque Kitchell, na pequena e simpática cidade de Pana. Apesar da falta de chuvas - estamos presenciando uma das maiores estiagens dos últimos quarenta anos - o Parque está bastante verde, com grandes árvores, parques infantis, muitas flores e equipamentos para receber vários grupos ao mesmo tempo.  


Os vários quiosques do Parque, que precisam ser agendados, com antecipação, dão condições para preparar e servir refeições. É claro que, como em qualquer festa neste país,  tem hamburguer, cachorro-quente, batata frita, saladas diversas, muita maionese e tortas doces. Nota-se também presença de comidas mexicanas.





Gosto de observar o comportamento das crianças, que bem refletem a cultura familiar e local. Meninos e meninas, por exemplo, brincam juntos e intercambeiam brinquedos. Duas meninas emprestaram para dois meninos , seus primos, as bonecas e os carrinhos delas, porque preferiram fazer acrobacias num escorregador bem alto. Os meninos, assumiram-se como pais e demonstraram o mesmo cuidado com os bebês que vi alguns pais demonstrarem. 


Como era Dia dos Pais no Brasil, fiz algumas fotos para mostrar essa preparação paterna, tão bonita de se ver e que, tanto quanto eu sei, não é generalizada nem aqui, nem em outros países.  Como escreveu a Janete França Barbosa , no FB hoje, o que está dentro de ti é o que se materializa.


A tradição das reuniões anuais de família  é um acontecimento que me dá uma certa inveja. Não é uma tradição nossa, brasileira. Quando mesmo, com raras exceções,  que as famílias - incluindo avós, tios, tias, irmãos, irmãs, primos , primas, cunhados, cunhadas - costumam encontrar-se, além de casamentos, velórios e divisões de herança?


segunda-feira, agosto 06, 2012

O passado no presente: a comunidade Amish nos EUA



Em 2005, visitei Arcola e Arthur em dezembro. Estavam as duas cidades vestidas de branco - muita neve e muito frio. Tenho, ainda, a nítida lembrança das carroças, pintadas de preto e puxadas por fortes e bem nutridos cavalos, passando, com incrível rapidez, pelas camadas de neve. Dentro delas, homens usando trajes e chapéus pretos, camisas e agasalhos brancos.




Voltei, há dois dias, às mesmas cidades. Visitei muitos lugares interessantes, como a escola antiga, o parque e seus jardins, algumas fazendas, o mercado comunitário, o museu e as lojinhas de produtos típicos. Fora a falta de chuva, que amarela as lavouras de milho, e o calor do verão, encontrei carruagens e pessoas iguais como as vi em 2005 - e certamente iguais como eram no século 17, quando vieram para os Estados Unidos em busca de liberdade religiosa. Um grupo que pouco mudou em relação a seus ancestrais.



Há grandes famílias vivendo em grandes casas. As mulheres usam vestidos sempre nas mesmas cores, geralmente cinza ou azul acinzentado. Roupas muito simples, em algodão, lavadas a mão e passadas com ferro de brasas. Participam, ativamente, da vida da comunidade, cuidando da casa e dos jardins; fazendo maravilhosos artesanatos e trabalhando no comércio, nos museu e nas escolas. Todas as mulheres, com quem conversei, foram muito gentis, doces e atenciosas.

 


No inverno, compre frutas secas, como as deliciosas passas de cereja, de damasco e de abacaxi. Agora, no verão, compro frutas frescas - pêssegos, damascos e  cerejas. Compro legumes orgânicos, como tomates, cebolas, pepinos, brócolis e  abobrinhas. Nos mercados comunitários, há uma grande variedade de pães , bolos e biscoitos, com formatos tradicionais, e de geléias de diferentes frutas. Há também doce de leite puro ou com misturas; doces de amendoim e doces de nozes - desses de rezar para fugir à tentaçao de comer um pacote inteiro.




Os Amish têm suas raízes na Suiça, mais especificamente, no movimento anabatista suiço, surgido em 1525, quando um grupo protestante rejeitou a estrutura das igrejas estabalecidas. A Antiga Ordem - menonitas - é a mais conservadora e rejeita tudo aquilo que os aproxima do mundo contemporâneo, como eletricidade, carros e telefones.Há Comunidades Amish, nos Estados Unidos, em Ohio, Indiana, Pensilvânia e Illinois - onde estão nas comunidades de Arcola e Arthur. vivendo em interessantes fazendas.




Aprendi a ler e a escrever no meio rural. De muito pequena, lembro de umas pedras onde era possível escrever com lápis de pedra também. Meu pai as usara para alfabetizar muitos meninos da área onde morávamos. Eu as usei para aprender a fazer contas. Recordo meu pai escrevendo muitas adições, subtrações, multiplicações e divisões para eu as resolver. Quando terminava a tarefa, mostrava o resultado a ele. Se estava certa, a conta era logo apagada. Se estava errada, apagava o cálculo e o resultado para que eu repetisse a operação.....




.....Não era necessário, portanto, usar cadernos, lápis ou borracha. 
Essa lembrança sempre me encantou . por meu pai e pela facilidade com que eu aprendia. Eis que encontro, em Arcola,  na antiga escola da comunidade,  toda ela muito bem preservada, as pedras de escrita da minha infância. Vê-se que era uma escola multisseriada, pelo tamanho e pela posição das carteiras. Fez-me inveja o velho piano. Sou defensora de música, dança e outras manifestações artística em qualquer escolinha. Direito da criança...




No mesmo parque histórico, onde estão a escola, a ferraria, a carpintaria e vários outros antigos espaços, está essa casinha, muito necessária e de arquitetura bastante conhecida antigamente. Na foto seguinte, toda feita com tiras de aço, mais parecendo uma gaiola, está a antiga prisão. Pessoas da comunidade, habilmente, mostram aos turistas como realizar trabalhos com ferro e madeira, usando as ferramentas tradicionais.




Os Amish são bastante conhecidos por seu trabalho em madeira. Fabricam, artesanalmente, móveis fortes, duradouros e , ao mesmo tempo, esculpidos com delicadeza e arte. Encantaram-me os conjuntos de mesas, cadeiras- incluindo cadeiras de balanço - e armários que vi, tanto em uso quanto para venda.Alguém comentou comigo que os preços são muito altos. Penso que o preço corresponde à qualidade e à originalidade.




Há outros trabalhos tradicionais nas comunidades Amish. Além dos móveis e gazebos, são bem conhecidas as colchas ( quilts ) ,as almofadas, as bonecas e outros brinquedos. No Rockome Garden Preservation, está a loja Marcella´s Corner Gift Shop com muitas bonecas e livros de história. Gentilmente, a proprietária deixou-me fotografar suas bonecas, os livrinhos de história infantil que as têm como personagem e o interior de sua loja.Outra loja interessante, no mesmo parque,  é a Sarah´s Gift Shop. Trabalhos artesanais perfeitos.




As colchas são tradicionais na cultura Amish. Os modelos são bastante diversificados, com predominância dos geométricos. As cores, em geral, são delicadas, em tons pastéis. Vi algumas colchas em que os tecidos eram rebordados. Dizem que são muito duráveis, que são para toda a vida. Acredito. Na foto ao lado,  detalhe de uma belíssima colcha, tamanho queen, com as bordas muito bem trabalhadas e forro num dos tons de rosa usados nas estampas. Linda.



                                                                        
 No Rockome Gardens Center, há muitas atrações para adultos e crianças. Todo o dia, um pequeno trem transporta  visitantes por todo o parque - também é possível fazer os passeios de charrete. Há bons restaurantes, sorveterias - com sorvetes artesanais, é claro - e padarias, que produzem os famosos pães e bolos locais.O Amish Museum, pequeno e simples, merece uma visita. Nele, algumas maquetes mostram a estrutura e o modelo das casas da região, casas grandes, para acomodar gerações da mesma família.



Estando na região, não deixe de visitar as fazendas dos Amish. Se estiver aqui no Thanksgiving , é , nessas fazendas,  o lugar onde se compra peru, o prato mais tradicional da festa.Dizem que os Amish são pessoas bastante ricas. Têm hotéis, restaurantes, supermercados e lojas, além de produzirem nas suas fazendas e receberem muitos visitantes e turistas - que já estão sendo,agora, convidados para o 20o. Horse Progress Days, nos dias 5 e 6 de julho de 2013.  Encontram-se, sobre os Amish, muitas informações no http://pessoas.hsw.uol.com.br/amish9.htm


PS.Obrigada, Rosana, pela sugestão de título. A foto seguinte é presente para ti.

sábado, agosto 04, 2012

Salt Lake City

Utah



















De Portland, voamos para a capital de Utah, desde 1858. Na aproximação do avião, uma paisagem interessante se faz ver na minha janela. As Rochosas , que conheço de outros estados americanos, estão ali - imponentes, coloridas, belas. Mais aproximação, e começo a ver as águas do Grande Lago Salgado, perto de Salt Lake City. Em suas margens, está a cidade. Já no aeroporto, surpreendo-me com o recato, a formalidade no vestir e a elegância das pessoas -  homens, mulheres e crianças.



Salt Lake City




















A cidade é famosa mesmo por ser a sede da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, lugar sagrado de nossos conhecidos mórmons, que estão muito presentes na América do Sul. O Templo , iniciado em 1853, e que levou 40 anos para ser construído, num parque de 10 ha, é o ponto de referência para todos os endereços da cidade. Nosso hotel, por exemplo, ficava a Oeste do Templo e um restaurante italiano, onde fomos, ficava ao Sul do Templo.


Templo Mórmon



















Daí já se pode deduzir sua importância para a Salt Lake City. Turista, fora da temporada de esqui, responde sempre à pergunta: Vocês estão aqui por que são da Igreja? A cidade tem cerca 200 mil haboitantes - é a mais populosa de Utah - e 78%  dessa população é adepta da religião mórmon. Em todo o estado, o percentual de adeptos é 60%. Cerca de 20% da população de Utah é composta por latino-americanos: mexicanos, guatelmatecos e brasileiros.



Coro do Tabernáculo Mórmon




















Impressiona muito a grandiosidade da sede do Coro do Tabernáculo Mórmon . O coral é  um dos corais mais bonitos e perfeitos que ouvi ao longo da minha vida - até comprei um CD. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias atrai turistas, emprega pessoas, movimenta a economia e tem antigos laços , desde seu fundador, com a política americana. Tem forte influência na política regional. Nas últimas eleições para presidente, um dos concorrentes de Obama era mórmón.



Capitólio




















Fica difícil separar Salt Lake City dos mórmons, seus criadores. As duas histórias se confundem. A cidade, entretanto, tem mais o que ver além do Templo e adjacências.Foi , por exemplo, sede dos Jogos Olímpicos de 2002 - o que atraiu para ela as atenções e os visitantes. O Capitolio de Utah é belíssimo. Está no alto de uma colina,  circundado por grandioso parque, de onde se vê a estátua do chefe índio Massasoit, numa homenagem aos primeiros moradores do estado.



Primeiros moradores de Utah





















A Universidade de Utah é bastante conhecida pela excelência em algumas áreas. Lembrei-me , ao visitá-la, de duas pessoas muito especiais: Lúcia Matos e Geórgia Benetti. Há , na Universidade, dois Departamentos bastante respeitados: o Departamento de Ballet e o Departamento de Dança Contemporânea. Dia 24 de julho é o Pioneer Day, que celebra o dia em que os pioneiros mórmons entraram no Vale de Salt Lake, fugindo das hostilidades do meio-oeste, especialmente de Ohio e de Illinois.



























Sem ironia, faço duas observações finais. A partir de um sonho em que Deus lhe atribuía uma missão, Joseph Smith Jr. criou uma religião poderosa que não aconselha o uso do álcool, do chá e do café e que defende ou defendia a poligamia.  Estima-se , hoje, que tenha, no mundo, 14 milhões de seguidores dessa religião. Muita fé e persistência!

1 - Eu tenho o pequeno sonho de executar, como trabalho voluntário, em escolas rurais da minha região, um projeto de ensino de bordado, especialmente de ponto-de-cruz , e de carpintaria, construindo casas para passarinhos, tendo como  objetivo o desenvolvimento do pensamento matemático e o gosto pelas artes...e não o executo.  Falta de fé e persistência. Ou seria excesso de café?


























2 - Por essas alturas da vida,  interessa - me , mais que qualquer outro, o meu Curriculo Espiritual - se existir mesmo algo após a morte, quero estar apresentável. Podem ver, neste blog , os muitos lugares sagrados que já visitei - do Candomblé da Bahia aos sítios de Jerusalém, passando por dezenas de outros. Faltava-me Salt Lake City. Fui. Nem preciso voltar.

Como chovia muito nos três dias em que lá estive, não visitei o interior de Utah, que dizem ser belíssimo. Faltaram-me, portanto,  as montanhas - a maior é Twin Peaks , com 3502 metros; faltaram-me as pequenas cidades de que tanto gosto. Por essa vez, paciência!

"Deixei atrás os erros do que quis
E que não pude haver porque a hora flui
E ninguém é exacto...."
Fernando Pessoa

sexta-feira, agosto 03, 2012

" Eu também existo nas minhas distrações..."

«Nunca altero o que escrevi», disse-me uma vez o meu mestre Caeiro. «Se o escrevi assim é porque o senti assim, e nada tem para o caso que eu hoje sinta de um modo diferente. Os meus poemas contradizem-se muitas vezes, bem sei, mas que importa, se eu me não contradigo? Há coisas nalguns dos meus poemas, sabe?, que eu não seria capaz de escrever agora, em ocasião nenhuma. Mas escrevi-as então, e essa é que foi a ocasião em que as escrevi. Por isso ficam como estão.»

E, a meu pedido, exemplificou:

«Olhe, por exemplo, várias coisas no poema sobre o Menino Jesus. Eu hoje era incapaz, nem por distração, de dizer que «a direcção do meu olhar é o dedo dele apontando». Eu era incapaz de dizer que «ele brinca com os meus sonhos» e vira uns de pernas para o ar, e põe uns em cima dos outros, e outras coisas assim. Enfim, eu era incapaz de escrever o poema hoje, e afinal isso é que quer dizer tudo.»

Defendi o poema, e as próprias frases que Caeiro nele incriminava.

«Não, não têm defesa. São absolutamente falsas. A direcção de um olhar não é um dedo: é a direcção de um olhar. Não se brinca com sonhos como se fossem pedras ou caixas de fósforos vazias. E tudo aquilo mesmo não é nada. Foi uma distracção minha e eu também existo nas minhas distracções, embora distraidamente."
Fernando Pessoa

quarta-feira, agosto 01, 2012

River Hood : harmonia dos sentidos

Rio Willamette




















De PortlandHood River , não é uma viagem: é um longo e cenográfico passeio. Portland está cerca de 80 km da Costa do Pacífico. Pela cidade, entretanto, passam dois rios: Willamette, na primeira foto; e Columbia River Gorge , na segunda foto, que corre na direção leste-Oeste em relação à cidade. Os dois rios são bonitos e  muito bem cuidados.


Rio Columbia 




















Assim que nos afastamos de Portland, começamos a percorrer a estrada que margeia o Columbia River Gorge, enxergando , do outro lado dele, os campos do estado de Washington - também muito verde e com relevo bem acentuado. O Columbia, portanto, corre no vale do mesmo nome, tendo de um lado Oregon e de outro, Washington,  e vai desaguar no Oceano Pacífico.


Campos de Lavanda




















A estrada toda é contornada por grandes árvores, entre elas, muitos pinheiros, mas  permitem ver-se lugares lindos como as  espetaculares Multnomah Falls , com uma queda livre de 180 metros, em duas belas cachoeiras. Nosso objetivo era visitar Hood River,  uma cidade interessante, cuja beleza aumenta à medida em que dela nos afastamos e passamos a percorrer suas pequenas e graciosas fazendas.


Campos de lavanda em Hood River




















Hood River é grande produtora de maçãs , mas produz também peras, ameixas  e frutinhas vermelhas - sempre confundo o nome de todas elas. Minha surpresa foi encontrar nessa área o Lavander Valley, um lugar de sonho! A foto ao lado mostra o que escrevi : picos nevados, montanhas verdes, florestas e ... campos de lavanda, em diferentes tons de lilás e perfume que nos envolve o tempo todo.


Fazenda de flores e frutas





















Na fazenda de lavandas em que estivemos, há uma lojinha encantadora. Com toda a decoração em  lilás, com as mesmas nuances que se vê nas plantações, tem caixas, vidros, sacolas e pacotes elegantes e bonitos. Oferece sal grosso com perfume - de lavanda, é claro; sabonetes de formatos e tamanhos diversos; sachês em delicadas embalagens bordadas; conjuntinhos para viagem, com sabonete, shampoo, gel de banho e creme; buquês de flores secas de lavanda e saquinhos de sementes. Uma lindeza tudo.


Harmonia dos Sentidos




















No final dessa visita, experimentei um momento que me ocorreu denominá-lo de Harmonia dos Sentidos. Um menino - entre dez e doze anos - que estava trabalhando no campo de lavandas, repentinamente, como se lembrasse de algo, abandonou o trabalho e veio a um espaço semifechado do jardim, sentou-se a um piano que estava ali, entre flores, e tocou Chopin durante uns 10 minutos. Agradeci aos céus por esse momento, em que cores, formas, cheiros e sons misturavam-se de forma tão delicada e harmoniosa.