segunda-feira, abril 30, 2012

República da Irlanda : Dublin

Estátua de bronze de Molly Malone
É um dos lugares onde Deus passa as férias.

Aprendi, com um amigo nordestino, essa expressão e costumo usá-la quando um lugar me encanta. Dublin encantou-me. Cidade bonita, muitas flores e muito verde, arquitetura surpreendente,  pessoas alegres, educadas e gentis, muito o que visitar e apreciar. Interessante também as manifestações patrióticas, os símbolos próprios ostensivamente exibidos, o declarado, mas polido , afastamento da Inglaterra.

Fundada por Vikings, que a dominaram até 1170, é capital e  maior cidade da República da Irlanda, com cerca de 600 mil habitantes. Inicialmente chamada de Dubh Linn, em gaélico, que para alguns significa Lagoa Negra, encontra-se na foz do rio Liffey, na Baía de Dublin.

Estátua de James Joyce
Há muitos anos, vem investindo em educação e nas pessoas, em vez de auto-estradas e infra-estrutura. Aceitou-se como nação pobre e muito lutou para melhorar suas condições econômicas. Dublin vivenciou um verdadeiro boom econômico.

Apelidada de “o tigre celta” , numa clara  referência aos países ascendentes asáticos, a Irlanda desenvolveu-se  muito, desde meados da década de 90, partindo de um país praticamente agrário para um que se especializou em prestação de serviços. O que ajudou muito neste processo foi a entrada na União Européia. Mais tarde foi, entretanto, atingida pela crise econômica mundial. O investimento em turismo e na recepção aos alunos estrangeiros foi, entre outras,  uma estratégia de superação - ao que parece, com bons resultado.

Entrada da Guinness Store House
Minha inveja decorre, no entanto, da denominação dada a Dublin pela UNESCO: Cidade da Literatura. Pudera! Nascidos ou vinculados à cidade, surgem nomes de escritores mundialmente conhecidos e admirados, Oscar Wilde ( cuja casa era em frente a atual Galeria Nacional de Arte ), James Joyce, Jonathan Swift, George Bernard Shaw, os poetas W.B.Yeats e Seamus Heaney e o fantástico Samuel Beckett, sendo os quatro últimos, ganhadores de Nobel de Literatura. A O´Connell Street , rua principal de Dublin, começa na ponte de O´Connell, mencionada em Ulisses, de James Joyce. É muito talento para exibir mesmo.

A Irlanda exportou mais de um milhão de emigrantes que foram para os Estados Unidos, onde muito trabalharam na construção desse país, e para outros países, durante a crise da Fome do século XVII. Hoje, invertem o fluxo: recebem gente de várias partes do mundo, que buscam estudo e/ou trabalho. Foi o lugar onde mais vi jovens falando português, com sotaque de diferentes estados brasileriros. Diz-se que 10% da população é estrangeira, principalmente polonesa. Nas ruas, tem-se a impressão de estar num campus universitário, tal o número de jovens circulando.
Temple Bar
Visitamos, detalhadamente, a Guinness Store House, vendo todo o processo de fabricação dessa cerveja, escura e forte,  paixão dos irlandeses. Foi uma concessão minha a Mile e Ronald, porque eu detesto cerveja. Todo o tempo , eu pensava na grande quantidade de água utilizada, na renda gerada e nas muitas pessoas ali empregadas.

A entrada custa L14,50 e dá direito a uma cerveja ao final do Tour. Impressionou-me o número de pessoas que por aqui transitam, principalmente de jovens. Na loja, grande variedade de roupas da grife " guinness" , com predomínio das cores verde e amarela, cores nacionais da Irlanda.
A área do Temple Bar é maravilhosa e lembra os portos restaurados de Buenos Aires e Barcelona, lembra o Bairro  Alto de Lisboa e a Plaka de Atenas, lembra festa, passeios, descobertas.  Muito colorida, com ruas estreitas e empedradas,  lojas invulgares,  restaurantes e cafeterias excelentes e  muitos locais de entretenimento e lazer. Um movimento constante.
A melhor época do ano para visitar a Escócia corresponde ao período entre maio e setembro quando os dias são mais longos e as temperaturas, mais agradáveis. A precipitação é abundante durante todo o ano,sendo aconselhável levar na bagagem um impermeável e um guarda-chuva, mesmo nos meses de verão
.
Detalhe da Catedral
Há muito mesmo  o que visitar em Dublin - e para todo  lado, pode-se ir a pé.  O Trinity College é imperdível, foi fundado em 1592, pela rainha Elisabeth I. A maioria dos prédios são do século XVIII. Um dos primeiros prédios a serem construídos foi a Velha Biblioteca ( 1732 ), que conta com 200 mil volumes. A Grafton Street, onde sempre há artistas de rua e músicos, é colorida e festiva. A Catedral  Christchurch, datada do século XII, é solenemente bela . A movimentada O´Connell Street é uma referência na cidade. O obelisco em metal , construído para marcar a passagem do milênio, pode ser visto de diferentes partes da cidade.

Tem , ainda, castelos, pontes antigas, edifícios históricos, museus, galerias de arte, igrejas e muitas esculturas - tudo para ser visitado e admirado. Acrescente-se , ainda, os tocadores de harpa nas ruas e as danças celtas , frequentemente apresentadas. E muito mais certamente, que se precisa de tempo para descobri.
              
Recebi da Carlinha,  querida amiga, um texto sobre sabedoria celta. Ainda emocionada com a beleza e a vida pulsante de Dublin, reproduzo, a seguir,  um fragmento desse texto :
                                                                                    
                                                                             "Que a tua dignidade exterior reflita uma dignidade interior da alma.
Que tenhas vagar para celebrar os milagres silenciosos que não buscam atenção.
Que sejas consolado na simetria secreta da tua alma.
Que sintas cada dia como uma dádiva sagrada tecida em torno do cerne
do assombro.
Que a chuva caía de mansinho em seus campos...
E, até que nos encontremos de novo.
    
Que os Deuses lhe guardem na palma de Suas mãos.
Que despertes para o mistério de estar aqui e compreendas a silenciosa
imensidão da tua presença.
Que tenhas alegria e paz no templo dos teus sentidos.
Que recebas grande encorajamento quando novas fronteiras acenam.
Que este amor transforme os teus dramas em luz, a tua tristeza em
celebração, e os teus passos cansados em alegres passos de dança renovadora."

domingo, abril 29, 2012

Irlanda do Norte : Belfast

Escultura à beira do rio.






































A Irlanda - uma ilha dividida em Irlanda do Norte, nação constituinte do Reino Unido, e República da Irlanda, país independente e soberano - tem uma longa e dolorosa história de enfrentamentos e lutas internas, que conhecemos através das notícias internacionais.

As principais cidades da Irlanda do Norte são Londonderry , a única cidade amuralhada das Ilhas Britânicas , com 1450 anos de história , e Belfast. Optamos por deixar  Londonderry - que os nacionalistas preferem chamar de Derry simplesmente - para uma outra viagem.

De barco, é claro, chegamos ao Porto de Belfast e , de táxi, fomos direto ao hotel. Faço um parêntese para acrescentar que os taxistas da Irlanda me fizeram lembrar os taxistas de Praga e de Budapest - tinhosos, como diz uma amiga minha , que gosta muito desse adjetivo.

Escultura próxima ao Titanic Quarter







































A bandeira irlandesa tem as cores verde e amarela.Vi, numa camiseta com essas cores, o texto seguinte: Não sou do Brasil. Sou da Irlanda do Norte.

Belfast não me impressionou favoravelmente à primeira vista. Pareceu-me  mesmo uma cidade sofrida que está tentando recuperar-se.

Há, entretanto, alguns lugares interessantes para visitar, como o Castelo de Belfast, o Castelo Canickfergus , Titanic Quarter, Odyssey Complex, City Hall e Queen´s University Belfast e a Grand Opera House. Os castelos são sempre interessantes de ver e de apreciar. O Odyssey é um grande centro cultural e de eventos, com muitos cinemas e restaurantes. O City Hall é bem bonitinho, com seus edifícios vitorianos e seus muitos pubs. A Universidade é imponente e tem bela arquitetura. A Grand Opera House , abriu suas portas em 1894, exibindo todo o seu luxo e suntuoso interior.



Mile e Ronald ( ao fundo, Titanic Quarter )




















O Titanic Quarter é bem interessante de ser visitado. Trata-se do maior centro interativo do mundo sobre o famoso navio,no lugar onde ele foi contruído, aqui, na Irlanda no Norte, em Belfast, nos estaleiros da Harland&Wolff. A construção do Titanic foi iniciada em março de 1909 e concluída 27 meses depois. Nessa construção do mais luxuoso e maior navio da época, trabalharam 1700 homens. Titanic partiu dia 10 de abril de 1912, com destino a New York, levando a bordo 2208 pessoas. Afundou dia 14 - 4 dias depois da partida - determinando , com isso, a morte de 1500 pessoas.


City Hall




















Ao contrário da República da Irlanda, cuja moeda oficial é o euro, na Irlanda do Norte, a moeda oficial é a mesma da Inglaterra. Uma vez tentei efetuar um pagamento com euro; além de o euro não ser aceito, parecia até que eu estava fazendo , com isso, uma declaração ideológica, tal a rejeição demonstrada. Apesar dos conflitos do passado e das posições diferentes que prevalecem, não se tem problema de mobilidade. Vai-se de uma Irlanda para a outra com bastante facilidade e passando por campos de emocionante beleza.








































Ensinei Pedro, meu neto, então com 6 anos, a rezar antes de dormir. Era uma oração simples que pedia ao Anjo da Guarda para protegê-lo. Na noite seguinte, Pedro acrescentara : Protege a mim, a minha mãe e a minha avó. A cada dia, passou a acrescentar mais pessoas, pedindo proteção ao anjo. Uma noite, surpreendeu-me acrescentando nomes de desafetos, seguidos da expressão não precisa. Dizia ele:  protege a Fabianinha; o Fernando, não precisa!  Lembrei-me dessa reza do Pedro, quando alguém me perguntou se devia ir a Belfast e eu respondi: Belfast, não precisa.


sábado, abril 28, 2012

Irlanda do Norte


Ao entrar na Irlanda do Norte, lembrei-me deste fragmento de uma antiga bênção celta:

"Que teus vizinhos te respeitem, os problemas te abandonem,
os anjos te protejam, e o céu te acolha.
E que a sorte das colinas Celtas te abrace.
Que as bênçãos de São Patrício te contemplem.
Que teus bolsos estejam pesados e teu coração leve".

domingo, abril 22, 2012

Glasgow


Rio Clyde
Embora não tenha o charme de Edimburgo, Glasgow é uma cidade bonita. Eu não a colocaria, entretanto,  como primeira opção em um programa de viagem. Glasgow não me surpreendeu, nem me encantou. Fora a Catedral e a área da cidade que a circunda, incluindo o cemitério antigo, é uma cidade como tantas outras de diferentes países. Como estava em nosso caminho para ir à Irlanda do Norte, decidimos fazer um stop de dois dias e resolver um problema, ou seja, ir uma vez para não precisar ir mais. É interessante salientar que , em Glasgow, nasceu o economista Adam Smith, mundialmente conhecido.

Portal de Glasgow
A grande Glasgow tem cerca de dois milhões de habitantes - a cidade propriamente tem cerca de 600 mil. É a maior cidade escocesa e a terceira maior do Reino Unido, depois de Londres e Birmingham. Foi fundada por São Mungo, um missionário cristão, no século VI. Tem  indústrias,   comércio intenso,  transporte público eficiente e alguns lugares históricos bem interessantes, incluindo uma universidade, fundada em 1451, através de uma bula papal. Está situada  nas terras baixas, no centro - oeste da Escócia, às margens do rio  Clyde - de onde bonitas pontes e construções podem ser vistas.

Detalhe do portão da Catedral
Sua Catedral Medieval, entretanto, é que rouba a cena. É mesmo impressionante e,  há mais de 1500 anos,  reconhecida como lugar sagrado - mesmo quando ainda não era, formalmente, uma igreja. Nesse lugar, inicialmente, foi plantada uma cruz por São Ninian, e o lugar foi , então, considerado sagrado e destinado aos enterros cristãos. A primeira construção como Catedral deu-se no ano de 1136,quando  foi também dedicada ao Rei David, que, naquele período,  visitava o local. Pode-se visitar , na parte baixa da igreja, o túmulo de São Mungo, que morreu no ano 603. O lugar assustou-me um pouco , pois me lembrou alguns filmes de terror ou de assombração.  A nave, por onde se entra na catedral e uma das suas cinco partes mais importantes,  tem 32 metros de altura. O telhado medieval, de madeira, impressiona pela arquitetura e durabilidade. Impressionam muito também a coleção de vitrais que se pode ver e fotografar à vontade.

Como se não bastassem as pombas...
De Edimburg a Glasgow, pode-se ir de trem , em uma hora de viagem. Para ir à Irlanda, toma-se um trem na Glasgow Central e vai-se a Ayr em 47 minutos. Em Ayr, de ônibus, em 1h10min,vai-se a Cairnryan, de onde se pega um barco e, 2h15min depois, chega-se a Belfast.
Na estrada, belíssimas paisagens da Escócia rural. Casas de pedra, pequenos castelos, campos limpos e, agora , na primavera, muito verde e muitas flores. Estou saindo da Escócia um pouco triste.
Foram muitos os lugares que eu gostaria de ter visitado; muito mais tempo eu gostaria de ter permanecido e andarilhado por aqui. Queria  retornar para ver, especialmente, as terras Altas. Como sempre falo, no final, vou precisar de mais vidas! Pena que a vida não é um game...

sexta-feira, abril 20, 2012

Edimburgo

Situada na Costa Leste, entre montanhas vulcânicas, Edimburgo,  capital da Escócia e Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, é uma cidade que encanta e cativa e das quais a gente fala : eu moraria aqui!

É alegre, colorida, musical e , mais ainda, em 2004, passou a ser considerada como a Cidade do Mundo da Literatura , porque nela nasceram, entre outros, Walter Scott, Robert Burns, Arthur Conan Doyle ( Sherlock Holmes ) , Robert Louis Stevenson e J.M. Barrie ( Peter Pan ). As aventuras de Harry Potter foram inspiradas nesta cidade e em seus labirintos, e O Código da Vinci teve na Rosslyn Chapel o lugar onde decorre grande parte da filmagem da trama. Para ampliar a lista dos famosos da cidade, acrescente-se um dos maiores símbolos vivos da Escócia: Sean Connery, o nosso conhecido James Bond.
Tem cerca de 500 mil habitantes e é a sede do Parlamento Escocês, restabelecido em 1999, depois de séculos de união ao Parlamento da Inglaterra. Divide - se em quatro distritos: centro históricos, cidade velha, cidade nova e porto.
Faz bem caminhar pela Royal Mile ,  a rua que liga o Castelo de Edimburgo ao Palácio de Holyrood e que tem 1750 metros e muita gente por ela transitando. Alegre, colorida, musical e divertida, a Royal Mile é uma festa contínua.

A visita ao Castelo é imperdível. Construído, no século XII, sobre rochas, no lugar de um extinto vulcão, domina do alto o panorama da cidade. Muita história foi escrita na área do castelo: de nascimento  e de morte; de paz e de violência; de alianças e de traições. Pelo seu papel simbólico como casa da realeza escocesa, Mary Stuart, rainha dos escoceses, deu à luz ao menino que viria a ser James VI da Escócia e James I da Inglaterra. Mortes violentas aí ocorreram, originando a crença em fantasmas, que percorreriam todos os espaços reais da cidade.

Após visitar o Castelo, descemos para caminhar ao seu redor e ver um pouco dos magníficos jardins que o cercam. Chegamos, assim,  a um típico Mercado de Rua, onde, aos sábados - e felizmente era sábado - são vendidos produtos orgânicos, oriundos das fazendas da região, como carne, pães, queijos frutas,verduras e flores. Amo esse tipo de mercado, em que é possível colher muitas informações sobre a cultura alimentar e  a economia regional de qualquer país. Comemos queijos especiais, fizemos fotos e conversamos com algumas pessoas. O senhor da foto ao lado perguntou-me se eu ia fotografar apenas os queijos e não a ele. Era tudo o que eu queria ouvir, já que não gosto de fotografar pessoas sem o consentimento delas. Muito gentil e simpático.

Outro desses acasos produtivos aconteceu quando fui visitar uma antiga igreja, localizada entre túmulos e lajes de longa data. Eis que havia ali um casamento, com muita pompa e muitos convidados. Como nascimento, casamento e morte estão entre meus rituais preferidos, em diferentes culturas, considerei uma sorte encontrar um desses na Escócia. A administradora do evento, entretanto, delicadamente, pediu-me que eu não entrasse. Visualizei uma senhora que me pareceu muito importante. Aproximei-me dela e falei do meu desejo de fazer apenas uma foto do altar, pois a noiva nem havia ainda chegado.  Era a mãe da noiva - toda poderosa! Mandou-me entrar. Fiz a foto do altar e de alguns convidados, todos lindos , usando Kilt com as cores de seu clã. As roupas eram lindas;  os adereços , bonitos e impecáveis. Mais uma vez constatei o quanto são gentis e delicados os escoceses. Um senhor permitiu-me fotografar seus dois meninos , assim como ele, usado roupas tradicionais.


Gosto da música típica escocesa e da literatura - da literatura principalmente. Nessa visita, encantei-me também com a produção de esculturas e de artes plásticas. Vi obras de excelente qualidade.

Com o processo de globalização torna-se a cada dia mais difícil encontrar produtos originais daqueles que valem o esforço de carregar na bagagem - já carreguei licores da Áustria que encontrei, logo depois, em Rivera, pelo mesmo preço que eu havia pago. Na Escócia, contudo, encontrei vidros decorados belíssimos e jóias de prata com design de inspiração céltica; bonitos blusões de tricô em lã de verdade; muitos Kilts - aquela saia xadrez usadas pelos homens - com gravatas e acharpes das mesmas cores ( a cor do clã). Nada comprei porque odeio fazer contas e carregar bagagem, mas gostei de ver.


Dizem que os pratos, preparados com carne de cordeiro, são apetitosos; o café da manhã é bem substancioso; o uísque escocês, muito prestigiado. Eu, no entanto,  não como carne, nem bebo - mas posso dizer que as verduras eram bem gostosas; o ovo frito bem feito e um bolinho de batata, delicioso. Sim!!! as sobremesas, inesquecíveis. de fazer vários hummmmsss!

Penso que Edimburgo faz a síntese da Escócia - da história, da cultura, do talento e da alegria e espontaneidade demonstrada pelo povo. É um país que eu gostaria de voltar e de conhecer com profundidade. É lindo mesmo.

sábado, abril 14, 2012

York



















A viagem de Londres para York é linda. Nós a fizemos de trem - a Inglaterra rural é de comovente beleza. Reservamos três dias para traçar a cidade , mesmo sabendo que ela merece muito mais. Não é uma cidade grande, mas tem uma riquíssima história. De estrutura medieval, é uma das mais antigas cidades inglesas. Surgiu em 71 d.C. Foi capital do Império Romano do Norte, tem a maior catedral, em estilo gótico - a York Minster - do Norte da Europa. Tem, ainda, ruas medievais encantadoras, restos de muralhas romanas, castelos, museus, torres, portas,  jardins e prédio fantásticos.



























Sendo a soma de muitos povos que, ao longo do tempo por aqui passaram, York recebeu denominações conforme a língua e o interesse de cada um. Os romanos, por exemplo, chamaram-na de Eboracum; os anglo-saxões, de Eoforwic; os Vikings, de Jorvik. Nesses dois mil anos de história, a cidade tem - e demonstra - influências desses povos. As Muralhas, que circundam a cidade e  aparecem em uma das fotos, são o testemunho do período romano.                                                   Situada no Vale of York , na confluência dos rios Ouse e Foss, pode ser visitada caminhando, portando um bom mapa, porque as estreitas ruas medievais facilmente confundem. O rio Ouse tem um lugar importante na história de York. Durante muitos séculos, o Porto De York, nesse rio, foi um dos mais conhecidos do  país e  por onde, na Idade Média, movimentavam-se as principais riquezas da região. Hoje os barcos que transitam pelo Ouse levam turistas em passeios pela cidade e arredores.





















As pessoas dessa cidade pareceram-me alegres, gentis,tranquilas e muito bem educadas. Encontrei dificuldade apenas na compreensão do inglês. Vi, perto da Torre que dá acesso à cidade murada, um jovem cego, que executava, ao piano, divinamente, peças de Mozart. Deu-me tristeza ao pensar nos nossos jovens que não foram além da música sertaneja e estão perdendo de conhecer tantas e tão maravilhosas produções artísticas.



























Estive na Galeria de Arte de York, com entrada free, um bom acervo e uma exposição temporária de esculturas, com peças lindas. Estive, ainda,  numa Galeria, Artestee Gallery and Cafe, um espaço pequeno, com ambiente acolhedor, pela qualidade da música, pela delicadeza das cores e pela fragrância de limão - e um café excelente. Tradicionalmente, contam-se de York muitas histórias de fantasmas, que perambulam à noite, como o homem degolado, cujo corpo anda pelas margens do rio à procupa da cabeça decepada. Reservarei um tópico somente para contar das assombrações dessa cidade. De York, iremos para a Escócia, começando por Edimburgo. Até agora, temos usado o trem - minha paixão -  para nossos deslocamentos. A partir da Escócia, decidiremos ou continuar de trem ou locar carro.

quinta-feira, abril 12, 2012

Londres

Está superado o problema da perda da mochila! Ainda bem. Quase o esqueci. Na região da campanha , no Rio Grande do Sul, há o seguinte dito popular : Só não perde quem não tem, dizia o dono de uma única vaca! Tinha. Perdi.

Ontem, entretanto, senti uma dorzinha quando quis mandar cartões para Pedro, meu neto, e outros familiares e descobri que minha agenda também estava na mochila roubada. Começarei outra agenda. Mandem-me endereços e telefones , por favor.

É bom rever Londres, apesar do frio e da chuva fininha - fazer longas caminhadas e fascinar-se com tantos lugares lindos. Encararei todos os passeios tradicionais, incluindo um passeio de barco pelo Tâmisa e as imperdíveis caminhadas pelos parques. A primeira vez que vim aqui e passeei pelos parques, tive a certeza de que eles eram o cenário perfeito para filmar o paraíso nas novelas espíritas. Agora, então, na primavera, com muitas flores, especialmente tulipas, a visão é de tirar o fôlego.

Não faltou a visita a Abbey Road, pois meu irmão e eu somos da geração que curtiu os Beatles e todas as suas canções. Fizemos fotos atravessando a rua, onde eles foram fotografados, nos anos sessenta, para a capa do disco.Abbey Road  que foi o 12° álbum lançado pela banda, 26 de setembro de 1969.
Londres a maior cidade da Europa. Apesar da moeda forte do país, não é uma cidade muito cara. Meu padrão monetário continua sendo a xícara de café: em torno de dez reais. Ao escrever a palavra café, decidi postar uma foto que fiz de um típico café da manhã inglês. Dispensa comentários!

Londres é inovadora e tradicional e influencia gerações e gerações de todo o mundo. Usei minissaia na minha adolescência por influência inglesa e visito sempre Georges Seurat , na Galeria Nacional de Arte. Lá está uma das minhas obras preferidas.
A cidade tem clima. É parceira. Gosto daqui.
De Londres, iremos para York, uma das cidades mais antigas da Inglaterra - 79 d.C. Foi Capital do Império Romano do Norte. Estou ansiosa para conhecê-la.



domingo, abril 08, 2012

Bélgica - Bruxelas e Brugges




















Gosto da Bélgica. Até aí, nenhuma novidade, pois gosto do mundo. Bruxelas e Brugges, entretanto, lembram-me arquitetura magnífica , praças com bancos confortáveis, lindos parques, jardins com infinidade de tulipas, delicados bordados e rendas, exposições com bons trabalhos de artistas locais, wafles com creme, chocolate Godiva, bolsas Kipling e batata frita - não bebo cerveja por isso não a  incluo nessa relação.



I
sso já me bastaria.  Têm, entretanto, muito mais. Já estive nessas duas cidades, em todas as estações. Do parque de uma das fotos, tenho outras , feitas durante o outono, quando o chão estava coberto de folhas coloridas. Eu as visitei  no inverno, na primavera ( agora) , no verão e no outono - e, em todos os esses dias estavam lindas, lindas. (Deixo este texto inconcluso porque estou tensa, tensa demais para escrever sobre as belezas de Bruxelas e Brugges, cidades que visitei agora, já pela quinta vez.)
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Hoje, na estação de Bruxelas MIDI, enquanto eu fazia câmbio de alguns euros para libras, os do mal - como diz  meu neto - roubaram, com competência e rapidez,  a minha mochila com notebook e muitas fotos; câmera e vários pendrives; cópias de documentos e passagens; I Pod , com fotos de meus filhos e netos e uma seleção musical linda que Patati fizera para mim ( esse foi o item roubado que mais me abalou ) ; livros, roupas e outras coisas mais. Sim! fiz o registro na Polícia , que foi muito lerda e por isso perdemos o trem. Sobre a mesa do funcionãrio, havia várias denúncias de roubos semelhantes , naquela manhã. Parece que uma gang está atuando , nas estações, desse País. Já me haviam avisado para estar atenta a esses roubos. A gente, contudo , parece não acreditar que pode acontecer com a gente mesmo. Parecem coisas que só acontecem com os outros!


























Aproveito para registrar todo o meu cansaço com os discursos ideológicos atuais, sejam de direita, de esquerda, de centro ou do alto!!! Nada de novo estou registrando.  Millôr Fernandes, ainda nos anos 70, produziu uma belíssima peça teatral sobre a falência das ideologias. Na hora do problema concreto, a gente quer mesmo é sentir a perda, mesmo que sejam objetos recuperáveis - menos as fotos, perdas irreversíveis porque eram antigas e sem cópias. A gente quer mais é que essas coisas não ocorram.  Nada de discurso. Estou sentida, com raiva! Imagino quando essa perda é de uma pessoa amada - e quanta gente já passou por isso em sequestros e assaltos. Comigo foi pouco, bem sei, mas a insegurança que gera é bastante forte. Afinal todos nós queremos direitos humanos, entre eles o direito de ir e vir, de não andar tensa ou paralisada pelo medo.





















Entramos no trem seguinte e chegamos cedo ainda a Londres. Pouco a pouco, começa a passar a brutal sensação de impotência de que somos possuídos nesses episódios. Estou mais tranquila e conformada agora. Não pertenço , de verdade, ao grupo das pessoas que se apegam , fortemente, aos seus bem materias e discursam sobre a socialização dos bens alheios. Desapego-me com facilidade.Fica, assim, a experiência da gestão de um momento real de insegurança, neste mundo que as gentes o fizeram assim.  Para fazê-lo melhor, não será nada fácil. Longa e complexa história. Escrever fez-me bem. E devo estar bem amanha para enfrentar algumas burocracias. Agora preciso mesmo é de abraço.

sexta-feira, abril 06, 2012

Voltar a Paris

Ronald e Mile







































Li, uma vez, que o melhor não é ir a Paris, mas voltar a Paris. Acrescento que, melhor ainda,  é mostrar Paris para pessoas amadas. Estive sozinha , algumas vezes, aqui. Gostei.  Gostei muito, entretanto,  de mostrá-la  e , assim,  descobri-la um pouco mais, a cada vez que por ela andava, mostrando-a para outros...e foram muitas vezes!










































Sempre há algo novo para ver nesta bela e grande cidade - que, mesmo assim,  não está entre as minhas doze cidades preferidas. É contraditória minha relação com a França. Como escreveu Fernando Pessoa:

"...A aranha da minha sorte
Faz teia de muro a muro...
Sou  presa do meu suporte. "




 É primavera!





















Paris tem vinte distritos, organizados em forma de caracol - quanto menor o número, mais central é o lugar. Só nos quatro iniciais, já se pode ficar um longo tempo porque se encontram, nos distritos 1, 2, 3 e 4 , nada menos que o  Louvre, o  Jardim das Tulherias, o Palácio Real e a Praça da Concórdia. Dessa praça, só entristeço ao ver o Obelisco de Luxor, com mais de 3.200 anos, presenteado ao rei Luís Felipe por um vice-rei do Egito. Há , neste blog, fotos do outro obelisco, companheiro deste e que ainda se encontra em Luxor. Felizmente parece que essa doação de tesouros não acontece na atualidade. Patrimônio de cada país,  preservado na sua origem.



Jardim de Luxemburgo







































Gosto de traçar o Quartier Latin, bairro associado à vida intelectual, cultural e política francesa, lugar de origem de movimentos que repercutiram em muitos outros países, como o Maio de 1968, bem marcado para a minha geração. Gosto de caminhar pelos Jardins de Luxemburgo, encantando-me com as árvores frondosas, as tulipas - que neste período , expõem toda a sua delicadeza em coloridos diversos - as fontes e demais obras de arte e, ainda,  os desenhos traçados pelos caminhos.



Adicionar legenda






 
































Paris me emociona também porque me lembra Edith Piaf, a quem eu gostaria de levar flores no Cimetière du Père Lachaise ; Simone de Beauvoir, que influiu tanto na minha geração;  Le Corbusier, de quem persigo projetos magníficos; Monet, Renoir, Degas, que me sensibilizam sempre;  Catherine Deneuve, A Bela da Tarde , no filme de Buñuel. Muitos. Lista grande, grande e, incluiria nela ainda, minha querida amiga Amanda Scherer.









































Não gosto, contudo,  de escrever sobre Paris. Informações sobre essa cidade estão em revistas, jornais,  filmes, fotos, blogs, roteiros de viagem, livros, documentários e outros canais. Parece-me, por isso,  que não é relevante descrever a Catedral de Notre-Dame, o bairro da Sorbonne, o Centro Pompidou, a Basilica de St-Denis, a Torre Eiffel, o Museu Rodin e outros tantos museus fantásticos. Não carece! Há muito material disponível por toda parte.









































Meu desejo é que muitas pessoas - até mais do que havia neste feriadão de Páscoa - pudessem vir ou retornar a Paris, cidade para ser sentida, vivida, transitada e relembrada como parte da história da formação cultural de cada um de nós.




quarta-feira, abril 04, 2012

Breve notícia!

 Viagem ótima.Tudo bem. Transformarei, mais tarde, minhas anotações em texto." I love Paris in the Springtime..."