segunda-feira, dezembro 27, 2010

Tunísia: El D'Jem

 


El D'Jem


Entre os maiores legados romanos que se pode visitar na Tunísia, está El D'Jem, um anfiteatro, o terceiro maior do mundo, só menor que o de Roma e o de Pádua. El D'Jem está na cidade púnica de Thysdrus, que ficou com os romanos na terceira guerra , no ano 146.


Thysdrus foi uma cidade rica e importante, tanto para os fenícios quanto para os romanos.Suas terras sempre foram excelentes para o cultivo de oliveiras - e o azeite de oliva, uma riqueza espalhada pela região. Hoje, Sahel, onde se situa El D'Jem,  é uma importante área turística tunisiana, com boa infraestrutura.

El D'Jem

Impressionante como esse anfiteatro está bem conservado, já que foi construído entre 230 e 238. Pareceu-me mais bem conservado que o Coliseu de Roma. As tomadas externas do filme O Gladiador foram feitas aqui. Saliente-se que a Tunísia toda já forneceu cenários para muitos filmes, entre eles  Guerra nas EstrelasO Paciente Inglês.


Com capacidade 35 mil pessoas, era o lugar onde os governantes recebiam seus convidados,especialmente os integrantes das caravanas que cruzavam o deserto para fazer negócios com outros países da região. A fera vinha em jaula, por um sistema de roldanas,  até o palco onde era solta na presença do gladiador que a enfentava. Há uma porta, pequena e discreta, por onde eram retirados os mortos.A arquitetura me encantou, mas a história do que ali se passava me deu náusea.

"Uma ave é sempre bela porque é uma ave
E as aves são sempre belas
Mas uma ave sem penas é repugnante como um sapo
E um montão de penas não é belo
Deste fato tão nu em si não sei induzir nada
E sinto que deve haver nele alguma grande verdade"

                                          Fernando Pessoa

quinta-feira, dezembro 23, 2010

Natal e Ano novo



Finalmente deixei de ser exagerada nos fins de ano. Em razão disso, estou desejando a todos um Natal Lindinho e um Ano Novo Interessante.
Gostaria mesmo de que fôssemos  fortes e bonitos  como esta  Rosa do Deserto.
Beijos
Aldema






quinta-feira, dezembro 16, 2010

Nostalgia

Saara

Areia escorre entre meus dedos envelhecidos,
dedos que, fragilizados agora, teimam em manter-se como eram
na sustentação da areia que escorre.
Sobrará um pouquinho?
Teimosamente apertado sim,
embora a dor do aperto
Não compense o prazer da sustentação.

quarta-feira, dezembro 15, 2010

Chebika, Tamerza e Mides - Oasis de Montanha

Chegada no Oasis de Chebika



















Chebika, Tamerza e Midès estão entre  os mais famosos oásis de montanha na Tunísia. Os três ficam bastante perto da fronteira com a Argélia e  perto também de Tozeur ( 60 km ). A viagem Tozeur/Chebika , entretanto, parece longa porque as estradas são tipicamente estrada de deserto, inclusive mudando seu traçado, algumas vezes, em função dos ventos. Os ventos eventualmente constroem e destroem dunas, mudando-as inclusive de lugar.







































No tempo do Império Romano, esses oásis foram utilizados como pontos de observação, porque estavam em lugares altos de onde os romanos podiam comunicar-se com outros postos através de sinais com espelhos.Durante séculos, os povos desses oásis produziram tudo o que necessitavam para alimentar-se.  A descoberta do fosfato na região, entretanto, mudou essa situação pois os habitantes dos oásis abandonaram, ainda que em parte, o cultivo da terra e foram trabalhar na mineração.


Oasis de Montanha






































Houve , com isso, mudanças nos costumes e as tradiçoes, acentuada hoje pelos numerosos turistas que visitam os oásis e visitam também, no alto de uma montanha , o que restou de um avançado posto romano de observação. A maior atração de Chebika é esta cascata, de onde jorra água limpa e morna, formando um pequeno lago e daí, alimentando um sofisticado e eficiente sistema de irrigação - o que possibilita o cultivo de frutas diversas.








































Quem nos mostrou  o oasis, através de uma longa e difícil caminhada (uffa!), foi um habitante local ( foto 3) , um berebere, falante de seis idiomas, aprendidos, segundo ele, aqui mesmo, no contato com gente de todo o mundo. Tamerza é o maior oásis de montanha da Tunísia. Tem um panorama espetacular, que pode ser visto no filme O Paciente Inglês , dirigido por Anthony Minghella. Tem-se aqui dois bons hotéis, com vista privilegiada - no Hotel des Cascades o café é bom e isso para mim já marca muitos pontos! Também em Tamerza está o mausoleu de Sidi  Tuati, local de peregrinação, desses que eu coleciono para fazer curriculum para o céu.


Morador do Oasis de Chebika




















A vida em Midès é similar aos outros dois oásis. A economia baseia-se no comércio de frutas , principalmente romãs, e tâmaras. Em Midès , impressiona muito um cânion , estreito e profundo, circundado por vegetação abundante. Ele ainda é um oásis menos visitado do que os outros onde estivemos. Nota-se isso pela infraestrutura que oferece a quem chega. Fora as rosas do deserto e alguns pequenos tapetes, nada mais há para venda  - e num local como este, quanto mais turistas, mais vendores.








































Depois de visitar Midès, Tamerza e Chebika voltei a pensar que, de fato , é a água jorrando que decide a sorte das pessoas, a cada ano, no deserto - ou na minha casa, onde , há dois meses, não chove.



terça-feira, dezembro 14, 2010

Tozeur, cidade dos tapetes.


Palmeirais e plantas em três níveis

O que torna esta pequena cidade mais interessante é proximidade dela com o Saara. Surgiu como um oásis de montanha e um ponto de paragem para as caravanas que vinham do subsaara fazer negócios com as cidades da costa do Mediterrâneo.


Mosaicos de Tozeur

Sua maior riqueza é o palmeiral – visitamos um que tem um milhão de palmeiras. A produção maior é da espécie denominada “ dedos de luz”, uma tâmara muito doce e quase transparente, preferida para exportação.


Mosaicos da Mesquita Principal de Tozeuar
A produção de tâmaras, a produção de fosfato, nas montanhas do Atlas,  e o turismo , principalmente internacional, constituem a base econômica da região. Presenciei dois fatos interessantes aqui. 


O burro e a moto

O primeiro foi uma briga, junto a uma feira de frutas e verduras, quando o dono de uma carroça , puxada por um pobre burrinho que se rebelou e quis disparar. Ao fazer isso, o animal bateu numa moto e fez cair a sinaleira. Apareceu furioso o dono da moto. Enquanto ele falava alto e gesticulava muito, o dono da carroça tentava consertar a sinaleira e falava também, talvez desculpando-se.


Muitas esculturas em madeira

Eu queria falar árabe naquela hora , para entender a briga e defender o burro, a meu ver a maior vítima. Juntou gente e, nessas circunstâncias, aumenta o burburinho. Por sorte, apareceu o dono da feira, que falou mais alto – a própria voz da autoridade - como convém a quem tem um lugar de poder. Os dois litigantes foram baixarando a voz, baixando a cabeça e , por fim, retiraram-se. Dispersaram-se também os observadores - inclusive eu , que continuei lamentando não conhecer a língua árabe.

Tapeçaria

O segundo fato está vinculado a minha patetice e à minha impossibilidade de reconhecer pessoas famosas. Nós estávamos hospedados no Hotel Sofitel Palm Beach Tozeur ( www.palmabeachtunisia.com ) Uma manhã, passei por um homem que me pareceu familiar.Nada demais. Depois vi que muitas pessoas o olhavam e comentavam isso entre si e observei  que ele parecia escapar dessa admiração. Entrou num carro, acompanhado de outras pessoas e se foi. Perguntei a um empregado do hotel quem era aquela pessoa. É Antonio Bandeiras, disse ele, que está fazendo um filme ambientado no deserto e nos palmeirais. Sobrou-me fazer aquela cara de Ah é,é?  


Mesquita de Tozeur

Visitamos Dar Cherait, um museu muito interessante, que reproduz cenas de costumes berberes. Visitamos a Mesquita, com desenhos geométricos em toda a sua fachada, riquíssima em mosaicos e artísticos tapetes. Fiz belas fotos ali.




Passeamos pela cidade antiga e pelo palmeiral de três níveis: no primeiro nível , estão as verduras; no segundo, as árvores frutíferas ( romãs, bananas, figos,laranjas) e , no terceiro, as tamareiras. Passeamos pela cidade antiga e pelo mercado ( suk).





Numa noite, fomos a uma festa típica, daquelas feitas para entreter turistas. cavaleiros e cavalinhos treinados , fazendo acrobacias; dança do ventre com bailarinas gordas; equilibristas e música Foi bem interessante. A proximidade com o deserto e a possibilidade de adentrar ao Saara faz , desta visita, algo obrigatório para quem vai à Tunísia.


Interior da Mesquita 

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Sbeitla

 





















Perto da moderna cidade de Sbleitla, encontram-se as ruínas da cidade romana Sufetula,  que teve grande prestígio, sendo, no seu início , uma cidade independente e tornando-se, depois, colônia romana. Seu início foi nos ultimos anos do século I. O grande interesse dos romanos por ela tinha a ver com a excelente localização para o cultivo de oliveiras. Foi construída com pedras de coloração dourada - que ficam brilhantes ao sol! Depois dos romanos , vieram os bizantinos e, no século VII,  foi tomada pelos árabes.






















Em poucas ruínas de cidades antigas, eu caminhei,conseguindo imaginar como os habitantes da cidade passeavam, por onde iam aos templos,  às salas de ginástica, aos banhos públicos ou termas, - divididas para vários grupos; como eles chegavam ao fórum, passando pela Porta de Antônio - construção iniciada por Adriano - como passavam pelo Arco do Triunfo; como iam   ao anfiteatro , ao mercado e, mais tarde, às igrejas e ao batistério. O conjunto está bem conservado e é de uma beleza impressionante.





















Pela primeira vez, vi , ao mesmo tempo, três templos - Juno, Jupiter e Minerva - num grande espaço, independentes um do outro, embora conectados entre si. Dos séculos IV e V , estão as ruínas da Basílica de São Vito, da Basílica Bellator e da Igrejas de São Servo, esta construída sobre um templo pagão. O Batistério deixa ver ,ainda, os belos mosaicos de que estava totalmente revestido. O anfiteatro foi restaurado e hoje abriga apresentaçoes musicais, já que possui excelente acústica. A cidade de Sbeitla vive, em grande parte, dos viajantes e turistas que visitam as fantásticas ruínas romano-bizantinas de Sufetula - cujo destino é ser grandiosa em todos os tempos.

sábado, dezembro 11, 2010

Chott El-Djerid

Rosas do Deserto com lago ao fundo

A Tunísia possui muitos lagos salgados. Entre eles, está Chott El-Djerid,  o maior lago salgado do  Norte da África, com mais de 50 mil quilômetros quadrados. Situa-se entre o Golfo de Gabes e a fronteira da Argélia. Sua cor é de um azul belíssimo, contornado pelo branco das salinas. Diz-se que as miragens aqui são frequentes. Pode-se atravessá-lo , como o fizemos, por uma estrada de 64 km de extensão, que permanece aberta o ano todo. É deste lago que saem as rosas do deserto, uma pedra de gesso cristalizada na água profunda do lago. É um símbolo da Tunísia do Sul, que se pode comprar , no geral, por um dólar ou menos (foto)

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Kairouan : Patrimônio da Humanidade na Tunisia

Tradicional tapete de nós.

Em 1988, Kairouan foi declarada, pela UNESCO,  Patrimônio Cultural da Humanidade - e com razão. É a cidade mais antiga da Tunísia , fundada em 670 d.C., e  a cidade muçulmana mais sagrada na África. Oqba Ibn Nafi, fundador da cidade, foi quem a declarou sagrada após "uma inspiração divina que lhe veio através de presságios".



Centro Histórico

Local hoje de peregrinação religiosa, penso incluí-la no meu  currículum de preparação para o céu!
Encantaram as visitas às cisternas, à mesquita , ao mausoleu e a um centro de artesanato tradicional.
As cisternas, ou "banhos"de Aghlabiti foram construídos em 860 d.C. Parecem piscinas atuais dos hotéis luxuosos da Tunísia.


Banhos de Aghlabiti

A maior  mede 128 m de diâmetro e tem profundidade de 4,5 m. É considerada uma das melhores obras da engenharia hidráulica árabe. Antes, os 15 reservatórios eram alimentadas por um aqueoduto de 35 km de comprimento. Hoje a água é coletada das precipitações de inverno. Com essa água, os antigos tunisianos irrigavam e cultivavam milho.É bem interessante de ver.


A Grande Mesquita
Na Grande Mesquita ,  os visitantes só podem entrar no pátio e fora do período de rezas, mas podem espiar de fora, de onde eu fiz a foto 2. Está  localizada no centro da medina - e a  medina está rodeada por uma muralha de 7 km.


A Grande Muralha da Mesquita

É a quarta mesquita mais importante  no mundo muçulmano , depois de Meca, Medina e Jerusalém. É a única que, visitada sete vezes, dispensa o dogma de peregrinação à Meca. Tem muitas colunas que, segundo a lenda, quem não consegue passar entre elas, não chega ao paraíso. Nem tentei!


Na Mesquita...

De impressionante beleza sào os mosaicos, os capitéis das colunas e o minarete da Mesquita - este um dos mais antigos do mundo: 730 d.C. Penso que sete vezes eu não voltarei lá...mas uma a mais bem que eu gostaria!


Grande reservatório de água

Gosto da história de Sidi Sahbi, que teria sido amigo do Profeta Maomé e carregava com ele três pêlos da barba do Profeta, motivo por que seu mausoleu e conhecido como o Mausoleu do Barbeiro - também um local de peregrinação. Junto a ele hoje, está um local de acolhimento a peregrinos, uma escola islâmica e uma mesquita.

Detalhe da Mesquita

Tornei-me resistente a vendedores em geral  porque me falta paciência para o exercício da pechincha. Não fora isso, eu teria comprado ao menos um tapete de oração em Kairouan, onde são famosos os tapetes de nós e são belíssimos os desenhos tradicionais pertencentes , de memória, a cada família. De fato, resisti.


Mosaico numa casa de tapetes

É uma cidade muito interessante, bem mais conservadora que Tunis,Sfax ou Sousse, mas acolhedora com os turistas. Tunísia sempre foi um lugar de passagem  para pessoas de muitas partes da África que iam a Europa e vice - versa. Acredito que, por essa razão, aprenderam a bem conviver com tipos humanos diversos. Eles são gentis e atenciosos.



Pessoa/Pessoas

Acordei relembrando fatos passados... ruins!
Ocorreu-me, então, este texto de Fernando Pessoa, com toda a lucidez que ele tem:

"O pastor amoroso perdeu o cajado,
E as ovelhas tresmalharam-se pela encosta,
E, de tanto pensar, nem tocou a flauta que trouxe para tocar.
Ninguém lhe apareceu ou desapareceu... Nunca mais encontrou o cajado.
Outros, praguejando contra ele, recolheram-lhe as ovelhas.
Ninguém o tinha amado, afinal.
Quando se ergueu da encosta e da verdade falsa,
viu tudo:
Os grandes vales cheios dos mesmos vários verdes de sempre,
As grandes montanhas longe, mais reais que qualquer sentimento,
A realidade toda, com o céu e o ar e os campos que existem,
E sentiu que de novo o ar lhe abria, mas com dor, uma liberdade no peito"

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Tunísia : infos gerais


Venda de gasolina na estrada

A partir de Tunis , por onde chegamos num vôo da Alitalia -Roma/Tunis-  com duração de  01h30min, fizemos 2 200 km dentro da Tunísia, numa perua ou numa 4x4. Éramos Ronald,  eu e um casal de médicos de Porto Rico, pessoas muito agradáveis e inteligentes, mais um guia e um motorista - Kais e Amar - ambos gentis e competentes. Chegamos quase nas  fronteiras da Argélia e da Líbia e percorremos trechos tanto próximos ao Mediterrâneo , quanto próximos ao Saara. Verdadeira maratona durante 10 dias!

Na estrada de acesso à Libia, um fato interessante: a venda de gasolina , clandestina, mas ostensivamente, à esquerda e à direita, ao longo de uns 100 km. O litro de gasolina, na Tunísia, custa aproximadamente um dólar; na Líbia, meio dolar - lucro bom para a população rural da região. Nesse trecho, não vi postos de gasolina convencionais.


Bric - pastel de ovo
Os tunisianos me pareceram acolhedores e gentis, e o país bem mais ocidentalizados que outros da região, embora as marcas da cultura muçulmana sejam bem fortes.Nas ruas, convive o uso de roupas modernas e elegantes com trajes tradicionais - lindos e elegantes também.

A Tunísia é uma república constitucional. Tornou-se independente da França em 1956. Seu primeiro presidente foi Habib Bourguiba, que repousa em grandioso mausoleo. Impressionou-me a presença do presidente  atual , no governo há 23 anos, reeleito a cada cinco anos, com 99% dos votos. Mais do que presente, pareceu-me onipresente. Sua fotografia, grande e bem tratada,  está em toda a parte: nos órgãos oficiais, sítios arqueológicos, bares, restaurantes, ruas, estradas.... Desconfio que está até no interior das casas. 
Berbere

Não tive muitos problemas com a comida, salvo com a carne de cordeiro, que eu odeio em qualquer lugar do mundo e é prato relevante na cozinha árabe. Faltava-me tranquilidade nas refeições porque tinha medo que me aparecesse um cuscuz com carne de carneiro. Descobri um outro prato pelo qual não me interessei : um pastel, de que não lembro o nome, recheado com batata amassada, salsinha verde e um ovo cru, que se torna meio - frito- meio - cozido, quando o pastel é mergulhado na gordura quente. Amo tâmaras! Fui salva, o tempo todo,  por elas, em especial por uma, tenra e de sabor suave, denominada  dedos de luz.

O governo criou zonas turísticas, onde estão os hotéis de cadeias internacionais, imensos cinco estrelas, em grandes espaços e com grandes piscinas. Por um lado, fica-se bem acomodado e adaptado; por outro, perde-se o contato com o cotidiano da cultura local e fica-se distante dos centros históricos.

É interessante viajar de carro pela variedade de paisagens, especialmente as montanhas, o vale do Medjerba e a área pré - desértica ou desértica. Nosso motorista era um rapaz tranquilo, o oposto de um motorista com que viajei no Egito, que andava a 180 km nas estreitas e acidentadas estradas do deserto. Viajei calma, desta  vez, sem pensar em testamento ou na possível existência de outra vida.

domingo, dezembro 05, 2010

Delenda est Cartago!

Delicadeza no mármore imenso


Inicio o histórico da Tunísia, tão pleno de lendas e grandioso no que ainda dele resta, por Cartago, que emociona, encanta e impressiona - tanto assim que, na noite seguinte à minha visita, Cartago foi cenário de um sonho em que eu  conversava com Clóvis Guterres, meu amigo - irmão, sobre o cotidiano daquele lugar.


Cartago


Ali está , na vizinhança hoje do Palácio Presidencial - este com  policiamento ostensivo e proibição de fotografá-lo - banhado pelo azul e calmo Mediterrâneo, a cidade fundada pela princesa fenícia, cujo nome pode ter  sido Dido ou Elissa. Ali está Cartago, fazendo-nos recordar toda a grandeza que ostentou um dia.



Entrada nas termas de Cartago



Dido, Princesa do Tiro,  veio do Líbano, perseguida por seu irmão Pigmaleão,  depois que este assassinou seu marido.  Os fenícios permitiram a ela comprar uma área de terra que fosse do tamanho do  couro de um touro. Dido fez do couro tiras muito finas e com elas delimitou a área de Cartago. É a lenda.


Cartago


Parece mesmo que , na prática, os fenícios queriam uma ocupação perto do Mediterrâneo para combater possíveis avanços de outros povos. A cidade ganhou tal fama e poder , tornando-se um grande centro de cultura e de negócios. Mais ainda, tornou-se , entre 500-400 a.C., um estado independente - o que despertou a concorrência e o ódio de outros povos.



Outro delicado trabalho em mármore


De Cartago, partiu o general Anibal, com um exército bem treinado e 35 elefantes. A derrota de Anibal começou com o frio, ao atravessar os Alpes. De volta a Cartago, ele foi duramente criticado pela classe dominante e constrangido a abandonar a cidade. Suicidou-se.



Cartago e o Mediterrâneo


Dei-me conta ,agora, que, por sorte, não tive , na Tunísia, a chamada "Praga de Anibal", um forte distúrbio  estomacal ou intestinal que costuma atacar, mais ou menos durante 12 horas, a  turistas e viajantes. Outra vez, também no Norte da África, em Marrocos, passei mal durante 24 horas, com praga não sei de quem, que me deu vômito e diarréia terríveis.







De 263 a 146 a.C. , aconteceram as três guerras púnicas que  acabaram fazendo a primeira destruição de Cartago ( Como escreveu Ronaldo Mota faz poucos dias, "inveja e burrice andam sempre juntas" - e como são destrutivas! ).



Ao fundo, o porto cartaginês


Cartago foi, mais tarde,  reconstruída como  primeira colônia romana na África. Desenvolveu-se e tornou-se, outra vez grandiosa , então  como parte do império romano. Teve novos invasores - vândalos, bizantinos e árabes - que a transformaram em ruínas. Grandiosas ruínas! Permaneceu o mito.


Grandiosas ruínas!


domingo, novembro 21, 2010

Tunisia e Tunis


Ulisses,ouvindo o canto das sereias.

A Tunísia é um pequeno país em extensão, com onze milhões de habitantes, situado entre a Cordilheira do Atlas e o Mar Mediterrâneo. Possui 1300 km de costa e belas praias, frequentadas, principalmente, por europeus.


Centro de Tunis

O Saara ocupa 40% de seu solo ( aprendi que Saara, em árabe, significa deserto. Logo é inadequado dizer Deserto do Saara, que seria como dizer deserto do deserto).


Mosaicos do Museu Nacional

A base de sua economia assenta-se na exportação, em escala mundial, de fosfato,  de azeite de oliva e de tâmaras. Assenta-se , ainda,  no turismo sempre crescente.



Domingo na Igreja

Parece-me, no entanto, que o maior tesouro tunisiano é constituído por seu patrimônio histórico, vinculado, entre outros,  a Cartago, que foi declarada Patrimônio da Humanidade, pela UNESCO, em 1979.

Torre do Relógio: Tunis
Hoje, além de visitar Cartago, fui ao Museu de Bardo, admirável pela arquitetura do palácio onde está alojado e pela coleção de mosaicos romanos, pertencentes, em especial, ao período situado entre os séculos II e IV.


Antigos mosaicos

Encantou-me, entretanto, mais do que os mosaicos romanos, o mosaico grego ( parte dele na foto 1), que conta a fascinação de Ulisses pelo canto das sereias.


O canto das sereias

Inesquecível a Medina de Tunis - Patrimonio da Humanidade - com sua mesquita do século VIII ao centro, circundada pelo grande mercado ( souk), onde se vendem de tapetes e jóias finas  a frutas e especiárias.

Comércio variado

A cidade nova também tem seus encantos. A charmosa Torre do Relógio , na Avenida Habib Bourguiba , a Catedral de São Vicente de Paula e Santa Olivia, o antigo Hotel e o Teatro Municipal, todos numa mescla de estilos arquitetônicos, fazem com que seja um prazer passear por ali e ver a gente tunisiana, principalmente os jovens, a passear também.


Portas de Sidi Bou Said
Junto a Tunis , está o povoado de Sidi Bou Said , construído sobre um penhasco à beira do Mediterrâneo. Tem todas as  suas casas pintadas de branco,. com portas e janelas azuis - sempre do mesmo tom de azul , que lembram ilhas da Grécia.


Sidi Bou Said

Suas galerias de arte e restaurantes constituem uma atração , mas, de fato, a atração maior para mim, foram as portas de Sidi Bou Said. Lindas!


Sidi Bou Said

Gostei de Tunis com seus labirintos, sua catedral, sua parte moderna, suas formas diversas, suas cores, seus cheiros e sua vivacidade.


Centro de Tunis

PS. Sou uma fotógrafa muito amadora. Tenho uma maquininha comum. Não faço montagens nem uso photoshop. Faço fotos simples e honestas. A beleza é do cenário...nada mais.


Ronald e eu