quarta-feira, outubro 28, 2009

Santa Bárbara!São Jerônimo!





















Após uma caminhada ao redor da casa, cheguei agora mesmo, até o computador , com o intuito de desligá-lo. Vem chuva forte , pensava eu, porque pretiou pro lado dos castilhano. Dei-me conta, então, da facilidade com que eu altero a linguagem conforme o lugar em que me encontro. Quando eu morei na Bahia, após as dificuldades iniciais, assumi itens lexicais muito próprios da região. Ao perguntarem, por exemplo, como estava meu trabalho, eu respondia : direitinho! Uma única palavra que me parecia uma resposta plena : direitinho! Normal! Sem grandes feitos ou grandes problemas. Em Napoli, eu gostava da imagem de mulher apaixonada, sem muito senso crítico , que me dava a expressão usada para designá-la: galinha morta. Galinha morta, assim, cabecinha caída, sem reação, aceitando tudo. Em Roraima, a expressão, usada para designar o café da manhã, parecia-me perfeita: segura peito! Aqui, na Bela União, já me surpreendi dizendo ocalitro e alvoredo, conforme dizia meu intercolutor! E muitas vezes, evidencio admiração , ao final de uma história, dizendo um prolongado: Iiii...ééé??? Vestígios da minha convivência com áreas do sertão nordestino.






















Vou desligar o computador. Vem chuva mesmo. Minha mãe tinha razão, se preteia pro lado dos castelhanos, periga até tormenta. Pobres das minhas orquídeas e rosas tão floridas.
Santa Bárbara, São Jerônimo! (Nunca entendi o clamor acolherado a esses dois santos quando há perigo ou medo de tempestade - mas digo).

sábado, outubro 24, 2009

Para desejar um belo domingo...

Solvang - CA



Fernando Pessoa:
"Quanto faças, supremamente faze.
Mais vale, se a memória é quanto temos,
Lembrar muito que pouco.
E se o muito no pouco te é possível,
Mais ampla liberdade de lembrança
Te tornará teu dono."

segunda-feira, outubro 19, 2009

Verdades infantis

Quando passei pela sala, aqui na Bela União, escutei Pedro dizendo:
- Minha avó é uma mulher muito bonita!
Não resisti e acrescentei : é bonita e jovem.
Pedro imediatamente esclareceu:
- Bonita tudo bem...mas jovem foi já faz muitos anos.
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Pedro e Gonçalo brigaram.
Pedro saiu correndo e caiu. Nada grave.
À noite, Pedro sentiu-se mal e vomitou.
Gonçalo ficou muito sensibilizado e disse:
- Pedro, eu não desejei isso para ti. Um tombo, tudo bem...

domingo, outubro 18, 2009

Pensando!




É domingo, domingo tranquilo, morno, bonito , véspera do aniversário do Mile, meu irmão - mais filho do que irmão.
No dia em que ele completou dois anos, meu pai morreu. Eu tinha, então, onze anos. Mile e eu sempre fomos muito próximos. Na verdade , sempre moramos juntos, ele na minha casa ou eu na casa dele.

Mile é uma das pessoas mais inteligentes que eu conheço. Além de inteligente, ele é sensível, perspicaz e naturalmente do bem. Eu poderia contar, durante dias e dias, histórias lindas dele. Merecia um livro. 

 Por que não escrevemos livros? Será pela cultura de sacralização da escrita? Será pelo medo da crítica que atingiria nossa vaidade? Ou simplesmente por preguiça, acomodação ou medo de abrir o "armário dos guardados"?

 Escrever é um ato de decisão somente. O que contar todas as pessoas têm. Basta pagar uma editora - são tantas e tão diversas - e nossos blocos de notas virarão livros. Pode ser apenas um volume! Ou um para cada filho. Belo exercício de memória. Bela recordação para nossas crianças. Sim! precisa-se de persistência, justamente o que me falta. Pedro e Massimo que me perdoem.
                                                                                                                                                             

segunda-feira, outubro 12, 2009

Sobre chuva e festa na Bela União


São difíceis os caminhos da Bela União. Com a chuva intensa e incessante de ontem, mais difíceis ainda! Não obstante isso, mais de 50 pessoas se reuniram aqui para comemorar, no Brasil, meu casamento com Ronald - meu segundo casamento , assim, de "papel passado", 45 anos depois do primeiro.
Somos os mesmos - minha família, meus amigos - apenas trazíamos antes nossas histórias do trabalho e os nossos filhos pequenos - hoje trazemos, juntos ou em fotografias, os nossos netos e nossas novas histórias de vida. Nossas crianças já têm as suas crianças.
Somos os mesmos - velho continua sendo quem tem 10 anos a mais do que nós. Nossa capacidade de rir, conversar, emocionar e surpreender permanece.
Muitos amigos não conseguiram estar aqui fisicamente: estavam, entretanto, nas nossas recordações. Senti falta e saudade dos que não chegaram aqui e dos que não chegaram até aqui. Faltará sempre o Benetti e sempre nos lembraremos dele.
Fiquei muito feliz com os que vieram - eles constituem a minha família de espírito , como escreveu a Verinha Siqueira. `A noite, eu fiquei relembrando cada um deles e agradecendo a Deus pela alegria de encontrá-los.

Relembro que, Rolandinho e eu, fizemos uma grande festa, no meu apartamento, em Santa Maria, para comemorar que estávamos vivos. Devíamos fazer mais festas com esse motivo, pois as perdas são inexoráveis.
Não consegui conversar com todos como gostaria. Pouco tempo e muita chuva. Quase não conversei com Dirce, Mário, Rosana, Clóvis, Odete. Queria que todos tivessem permanecido por mais tempo. Gugu, Pedro, Mile, Fernando, Fabianinha, Marcel, Igor, Lilian , Zeli, Ary, Melina, Fábio e Neneca foram ajuda, presença e apoio em todos os momentos.


Distribuímos, durante a festa, pacotinhos de sementes de flor, trazidos da regiao do Ron, meio - oeste americano. É primavera. Sementes são flores futuras. Flores que gostaríamos de dar a cada um como agradecimento pela partilha e pelo convívio. Esse agradecimento se estende também aos que não puderam vir, por diferentes razões, incluindo eu haver me atrapalhado e deixado de avisá-los. Avisei alguns quando eu ainda estava em Illinois. Ainda bem que Soraia avisou Marietinha e Walter e Rosana avisou Adalberto e Vera.


Ronald e eu agradecemos muito a lembrança bonita que essa festa deixou em nossas vidas.