quinta-feira, julho 16, 2009

Sobre cartas e amores transatlânticos

"Meu bem-amado está muito longe, mas penso nele todos os dias,o dia todo. E pensarei nele até que o reencontre. Então não terei mais que pensar. Ele me tomará em seus braços, nossos lábios se tocarão, seremos felizes como éramos felizes e mais ainda porque nos amaremos muito. Ele está muito longe, mas ninguém se acha mais perto de mim, já que ele mora em meu coração. Ele se chama Nelson Algren."


O texto acima não foi escrito por mim - quem me dera tivesse sido eu a autora. Foi escrito por Simone de Beauvoir, no livro Cartas a Nelson Algren - Um Amor Transatlântico. Simone estava totalmente apaixonada por esse americano de Illinois, que não sabia francês e para quem ela mandou, de 1947 a 1964, centenas de cartas de amor .
Ao ler o esse texto, relembrei Fernando Pessoa, que escreveu:
"Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas."
As semelhanças nossas com o texto de Simone de Beauvoir são apenas aproximações feitas por mulheres e homens apaixonados - e que, por sorte, encontram , no texto de Pessoa, uma bela justificativa.

Um comentário:

  1. Que beleza! Isso é o que se chama de obra prima!
    Ah! O tecido do teu vestido da primeira comunhão deve ter sido feito de"tafetá chamalote" aquele que "desenha ondas" no pano. Também sou do tempo...

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