segunda-feira, julho 27, 2009

"Geada vestiu de noiva..."



Claro que já passei invernos em lugares muito mais frios que na Bela União. Eram , entretanto, lugares preparados para o frio. Nossas casas, aqui no Sul, são preparadas para outono e primavera! Faz alguns dias que "geada vestiu de noiva / os galhos da pitangueira"(1). E o frio faz-se acompanhar de tosse, febre, gripe normal, gripe de inverno, gripe suína! Revoltante! Meu corpo, nestes dias, é espaço de poder de uma gripe que nele se agarrou e não quer ir embora por nada deste mundo. Deveria chamar-se gripe senador.


Chega de lamúrias. Tive um belo fim de semana de aniversário, com agradáveis surpresas. Mile, Igor, Lilian , Gonçalo, Isadora, Clóvis, Rosana, Melina, Fábio e Renildo estavam aqui, no almoço que teve até bolo com velinhas. Ganhei muitos presentes - entre eles, um pijama de cetim da Margareth ,que foi feito por ela mesma e por suas companheiras de trabalho. Ganhei árvores e flores. Recebi cartas e cartões do Ron que chegaram justamente na manhã do dia 24, quando eu ainda estava em Alegrete. Recebi muitas mensagens e telefonemas ( Toinho, Téssia, Daudt e Maria não se manifestaram - sei que estão no exterior e espero que me tragam presentes!). Sei como é difícil me localizar , mas Maria Alzira, Rolando e outros maravilhosos amigos conseguiram. E os que esqueceram - como eu tantas vezes esqueço seus aniversários - têm o ano inteiro para redimir-se!
Hoje levantei-me às 7h30min , mas , como escreveu Fernando Pessoa,
"Tinha-me levantado cedo e tardava em preparar-me para existir."
Comecei a existir depois do café. Quando sair do computador, começarei a organizar minha bagagem. Hora de mover-me.
(1)Canção de Luís Coronel  e Marco Aurélio Vasconcellos

sexta-feira, julho 24, 2009

Nascida a 24 de Julho...

Ao escrever esse título, lembrei-me de Nascido a 4 de Julho, excelente filme de Oliver Stone, baseado no livro autobiográfico de Ron Kovic, sobre um rapaz americano que volta paraplégico da guerra do Vietnã. Filme dolorido.Nada a ver com a data de hoje - mas tenho fixação em cinema.
Nasci , no dia 24 de julho, na Bela União dos meus antepassados. Sou a filha do meio, numa família de sete irmãos. Vivendo num lugar de difícil acesso e numa família com tantas crianças, não se costumava fazer festas de aniversário. Lembro somente de um aniversário - 7 anos talvez - qe minha mãe fez doces e eu fiquei, na saída do comedor ( comedor era o lugar onde se serviam as refeições!!!) distribuindo-os aos empregados. Senti-me muito importante naquele dia. Essa ausência de festas nunca foi frustração para mim - nenhum terapeuta precisou ocupar -se dela. Tive mais tarde, entretanto, festas fantásticas nos mais diferentes lugares e situações. Festas "surpresa", organizadas pelos meus amigos, principalmente por Rolandinho, sensibilizam-me até hoje. Festa na casa do Ronaldo e da Nica. Festa em Itaara. Festa no Afrânio. Festa , com Lidia e Gugu, à beira do lago, em Braciano. Muitas festas. Saudades de todas e de todos. Saudade do Benetti em especial . A sucessão de belas e comoventes imagens constituem a certeza de que vivi bem e intensamente.
Tive festas em Rondônia , Roraima, Salvador, Mato Grosso, Paris, Miami, Bangalore, Varkala, Roma , Kosice . Sempre recebi muitas cartas, cartões, telegramas ( antigamente era chiquésimo mandar um telegrama ou fonograma!), telefonemas, mensagens. Sempre ganhei muitos presentes também. Adoro receber presentes de aniversário e , para facilitar a escolha deles pelos meus amigos, resolvi , faz alguns anos, divulgar , com antecipação, minha lista de preferências. Já teve o aniversário em que pedi sabonetes. Outro, pedi pirex. Outro, ainda, pedi marrecos e angulistas - Sílvio e Vera me levaram seis " tô fraca" ! Nos últimos anos, passei a pedir árvores e sementes. Assim, tenho a amoreira da Odete, a macieira da Rosana , a árvore do Alfredo e o guabiju da Dirce. Árvores com história. As sementes podem ser mandadas num envelope, pelo correio, naquela forma antiga de comunicação. Ninguém está isento portanto!Nem o Dudu, que está muito longe.
Hoje também é um dia de saudade - saudade dos meus filhos, saudades dos meus netos, saudades de irmãos e sobrinhos, saudades do Ronald, saudades dos meus amigos . Talvez por essa gripe terrível, eu esteja sentindo uma nostálgica saudade - não - sei- bem- de - quê.

E, como escreveu Fernando Pessoa ,

"Ah, não há saudades mais dolorosas do que as das coisas que nunca foram!"

quarta-feira, julho 22, 2009

News




Estou em Alegrete, com uma supergripe. Tive medo de deixar um viúvo recém-casado - mas sobreviverei!






quinta-feira, julho 16, 2009

Sobre cartas e amores transatlânticos

"Meu bem-amado está muito longe, mas penso nele todos os dias,o dia todo. E pensarei nele até que o reencontre. Então não terei mais que pensar. Ele me tomará em seus braços, nossos lábios se tocarão, seremos felizes como éramos felizes e mais ainda porque nos amaremos muito. Ele está muito longe, mas ninguém se acha mais perto de mim, já que ele mora em meu coração. Ele se chama Nelson Algren."


O texto acima não foi escrito por mim - quem me dera tivesse sido eu a autora. Foi escrito por Simone de Beauvoir, no livro Cartas a Nelson Algren - Um Amor Transatlântico. Simone estava totalmente apaixonada por esse americano de Illinois, que não sabia francês e para quem ela mandou, de 1947 a 1964, centenas de cartas de amor .
Ao ler o esse texto, relembrei Fernando Pessoa, que escreveu:
"Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas."
As semelhanças nossas com o texto de Simone de Beauvoir são apenas aproximações feitas por mulheres e homens apaixonados - e que, por sorte, encontram , no texto de Pessoa, uma bela justificativa.

sábado, julho 11, 2009

Eu acredito!


"Vale a pena ser discreto?
Não sei bem se vale a pena.
O melhor é estar quieto
E ter a cara serena."
Fernando Pessoa

sábado, julho 04, 2009

Domingo na Bela União





















Levanto cedo. Deito cedo também - às vezes vejo todo o Jornal Nacional! O aroma do café torna melhor o amanhecer - imprescindível hoje que fazia muito frio e os campos mostravam sinais de que a geada fora grande . Minha primeira tarefa, entretanto, é dar comida aos gatos e cachorros. E são muitos. Depois vem o café.





















Após o café, meu irmão e eu fomos ao pomar colher frutas - laranjas e bergamotas enfeitam , com formas e cores diversas, a paisagem rural de inverno. Bem bonita essa paisagem.Chegam, mais tarde, Fabrício e Lu, nossos sobrinhos, com um grupo de amigos, todos de moto. Gente simpática. Conversamos, rimos, comemos frutas e eles retornaram à cidade.
























Aproveitei o dia para reorganizar meu quarto, desfazer e fazer malas, responder mensagens, escrever para o Ron - estou convicta de que nada substitui uma carta, com longo texto , envelope subscritado a mão, entregue por um carteiro não se sabe bem quando.
























Agora, quando a noite já começa a descer, eu penso que a paz de um dia e de um lugar como este é também celebração da vida.