quinta-feira, março 19, 2009

Adeus, Dona Zélia.

"Aprendi com a primavera a me deixar cortar para voltar sempre inteira."
Cecília Meireles
Morreu Dona Zélia. Acompanhou a infância e a adolescência minha e de meus irmãos. Ela e o marido, seu Júlio, eram os vizinhos mais próximos da Bela União. Grande amiga de minha mãe, discreta e gentil, sempre foi considerada parte de nossa família. Quando pequena, eu adorava visitá-la. Íamos todos os pequenos, a pé ou a cavalo, passar tardes de domingo em sua casa. Ela nos recebia não como crianças, mas como verdadeiras visitas. Sentávamos na sala. Servia-nos licor de frutas, doce de leite, café com bolo ou pão caseiro. Tudo caprichosamente feito por ela. Era uma excelente cozinheira. Tudo o que fazia era cuidadosamente bem feito. Ela nos tratava com seriedade, conversava conosco, ria com discrição e elegância - assim como os meus filhos, sempre detestei pessoas que só conversam bobagens com os pequenos, que não os levam a sério. Dona Zélia era de uma fineza nata e de uma grande sensibilidade e respeito com o outro. Ela, sim, poderá dar aulas de convívio no céu e, quem sabe, de lá, ensinar muitos dos que estão na terra. Se bem que já ensinou vivendo! Saudades nossas! Saudades com gosto de infância.

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