sexta-feira, setembro 26, 2008

Paz na terra ...e no cotidiano da Bela União.



Aqui estou, na Bela União dos meus antepassados! Contente comigo mesma!
Ainda tenho ânimo e encantamento para viver a realidade que mais me interessa: a realidade de cada dia, o presente - um presente da vida!
Gosto do meu passado; sinto carinho por ele - até pelas dores sentidas e que, muitas vezes, mais tarde, transformaram-se em fontes de alegria. Sua lembrança é rápida e leve, porque a ele não me prendo e nem o nego. Apenas para divertir-me, gosto de imaginar a seqüência histórica do que poderia ter sido e não foi. É divertido mesmo. Fernando Pessoa escreveu :
" Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido? Será essa, se alguém a escrever, A verdadeira história da Humanidade."
Não tenho preocupações com o futuro, que deve ser decorrência do presente ou surpresa e
mistério. De que vale , portanto, preocupar-se com ele?
Olho as plantas que se modificam a cada estação, mas conservam a beleza da cor e da forma, seja nas folhas, seja nas flores, seja nos frutos. Admiro a generosidade das sementes.
Encantam - me os animais : o porte altivo dos cavalos, a dedicação dos cachorros, as cores bem combinadas dos pássaros, o cantar dos galos na madrugada, a esperteza dos gatos.
E o cheiro da terra molhada, e o barulho da chuva na cobertura da casa, e a sensação de liberdade quando se caminha com o vento ou contra ele? Bendita vida que tanto nos oferece - oferece inclusive a capacidade nossa de mudar, de ficar com raiva, de ter paciência, de rir, de conviver harmonicamente com as diferenças, de fazer escolhas, de poder dizer sim ou não.
Nos últimos dias, per fortuna, convivi com pessoas a quem amo muito, como: Mile e Cibele e João e Ilka, amigos há mais de 40 anos! Convivi, através de contatos virtuais diários, com muitos amigos e antigos colegas. Esse convívio é uma bênção - um presente do presente!

Para meus netos



Conto a vocês uma história da minha mãe que me foi contada pelo Tio Mile.
Ele estava aqui na fazenda e acordou de madrugada porque minha mãe levantara e começara a fazer fogo no fogão à lenha, a organizar a cozinha e a preparar alimentos. Por causa do barulho, tio Mile não conseguiu mais dormir , também levantou e , então, perguntou à minha mãe porque ela levantara tão cedo. Ela respondeu prontamente: para aproveitar! Ele perguntou-lhe: aproveitar o quê? Ela respondeu: aproveitar a vida,ora!

Minha mãe viveu realmente cada momento de sua vida, mesmo que vivesse cozinhando, dando comida para as galinhas, plantando árvores e flores, esperando o ir-e-vir dos filhos...Vivia intensamente cada instante. Aos 80 anos, plantava árvores e fazia planos para quando dessem frutos.
Só ficou triste quando saiu da fazenda e precisou viver na cidade. Já lhe faltava autonomia. Acredito que , então, começou a morrer.

quinta-feira, setembro 18, 2008

Primavera e alergias!



Bela União

Na minha já longínqua adolescência, toda “miss”ou “rainha “ dizia ter lido O Pequeno Príncipe , de Saint Exupéry. Era um sinal de cultura e atualidade!




Eu também li, muitas vezes , esse livro, mas nunca fui “miss”ou “rainha” - era militante de esquerda e participava das raras manifestações feministas da época. Essas futilidades já me pareciam superadas. E eu era até bem bonita – vejo hoje nas fotografias.




Essas reminiscências me foram despertadas pela lembrança da afirmação:
"( Disse a flor para o pequeno príncipe:) é preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas."




Para ver a beleza da primavera aqui na Bela União, preciso suportar as alergias. E muita alergia – tosse e rinite principalmente. Os campos estão verde-verde, o perfume das flores de laranjeira é intenso e constante, o colorido das flores e a doçura das laranjas e limas compensam os meus espirros. A beleza do conjunto compensa a saudade de pessoas e lugares. Muito bom estar aqui.



Frederico e Luciana , meus sobrinhos.

O último fim-de-semana passei-o em Porto Alegre. Ainda que gripada, com tosse e "encarando "500 km de carro, gostei muito de ter ido. O motivo principal da viagem foi o casamento de Frederico e Luciana.
Frederico, filho de Alda, minha irmã, sempre foi muito próximo de mim. Quando morou na Áustria, eu fui duas vezes visitá-lo. Lembro que , numa dessas vezes, ele me apresentou um programa de passeios que havia feito para nós e que incluía uma ida a um parque e um passeio na roda gigante mais alta do mundo. Sempre detestei parques e tive pânico de roda gigante. Sabia, entretanto , que devia ir. Consegui acertar com Frê que ele iria na roda gigante e que eu ficaria "em terra" fazendo fotografias dele.
Quando voltou da Áustria, Frederico fez vestibular para Engenharia Elétrica, na UFSM. Foi aprovado. Ficou morando comigo. Era um menininho. Tinha 16 anos e um braço quebrado numa queda de bicicleta. Na Universidade, ele não queria que seus colegas soubessem que eu era pró-reitora, pois, segundo ele , iam "detoná-lo " - como estudantes, deveriam ser oposição à reitoria. Frê sempre foi muito estudioso, organizado e responsável. Muito centrado em todas as idades.
Fez a graduação em Santa Maria, na UFSM, e o mestrado na UFRGS. Faz agora o doutorado. Logo irá para a Alemanha.
Luciana é um doce de menina: amorosa, tranqüila, bonita. Quero muito que eles sejam generosos e solidários um com o outro e que vivam sempre juntos com alegria e cumplicidade. Que sejam felizes. Que os Anjos os protejam.

sábado, setembro 13, 2008

Precisava?


Estou, já faz dez dias, com uma gripe danada. Fui de Porto Alegre para Alegrete; de Alegrete, para a fazenda. Comecei a ter febre, dores no corpo e tosse assim que cheguei na Bela União. Tentei resistir permanecendo lá porque a primavera já se faz presente com muitas flores e cores e tudo está muito bonito. Impossível. Vim para a cidade. Devidamente medicada, viajei ontem para Porto Alegre, pois queria estar presente, hoje, no casamento de Frederico, meu sobrinho, que morou comigo e a quem eu quero como a um filho.
Mas ter tosse freqüente desmoraliza uma pessoa!
Ninguém merece!

segunda-feira, setembro 01, 2008

"Arrivederci, Roma..."


Meu último dia em Roma. Meu último dia das "férias 2008".
A gente escuta muito a afirmação : "Isso é como ir a Roma e não ver o Papa". Eu estava fazendo pior: estava saindo de Roma sem ver o Vaticano. E é um lugar que eu gosto de ir. Só a Pietà justifica uma visita a essa maravilhosa cidade. Mas estava em casa, sem vontade de sair - fico assim, "nostálgica", em final de viagem. Sorte que ontem Ramon, meu amigo - irmão, convidou-me para jantar hoje. Ele está ministrando um curso para outros padres, num lugar próximo ao Vaticano. Combinei , por isso, de encontrá-lo na Praça São Pedro, jnto ao obelisco da primeira foto. Fui cedo. Fiz algumas comprinhas, fiz fotografias, olhei a Pietà, tomei um café com leite - 17 reais ! - e caminhei muito . Depois, fui comer pizza ,no histórico e tradicional Borgo Pio, com meu amigo.
Conversamos muito, principalmente relembrando nossos tempos no sertão da Bahia e os amigos que deixamos lá: Pe. Luís Tonetto, aqui de Veneza, que tem 40 anos de trabalho bravissimo naquela região; Zoraide, querida amiga que sempre fazia comidinhas maravilhosas no Seminário e ainda fazia um bolo de cenoura para eu levar; Peu, meu afilhado, tão amigo e tão competente quando trabalhava no Instituto de Teologia e Pastoral; Antônio, que eu chamava de "Baixinho" e hoje está bem mais alto do que eu e que será um Padre dedicadíssimo tenho certeza; Vera, que movia a Pastoral da Criança. Tanta gente boa e amiga. Recordamos o ITEPAB e a Creche. Todo o trabalho para colocá-los em funcionamento. Contei-lhe dos meus filhos, da Rosana, da Rosane, do mundo onde vivo e dos sonhos que eu ainda acalento. Ele me disse que, para viajar tanto tempo como eu viajo, precisa ter resistência física e psicológica. Interessante. Física , eu sabia já!

Atualmente, Ramón vive em Madri, onde é responsável pela formação de jovens de vários Continentes. Continua com a esperança, a dedicação e a fé que se percebe e se admira nele. Eu o admiro muito. Ele é meu exemplo de "santo vivo". Despedi-me dele e vim chorando para casa. Depois da morte do Benetti, passei a ter muito medo de perder minha família. E Ramón é meu irmão .

Amanhã farei Roma , Paris, São Paulo. Depois, São Paulo, Porto Alegre, Alegrete - esse último trecho, o mais difícil.

PS. Sou muito grata a Lídia que me hospeda , aqui em Roma, neste apartamento maravilhoso. A última foto eu a fiz a partir da porta do edifício onde estou.