domingo, abril 20, 2008

"Dorme doce", Gilberto Aquino Benetti, meu amigo-irmão.

Cheguei agora , à tardinha, ao Hotel. Antes de postar as fotos que fiz hoje, abri meu e-mail. Li o primeiro. Era Georgia Benetti , pedindo que eu lhe telefonasse urgente. Senti um arrepio. Abri o segundo e-mail. Era Luís Antônio, avisando da morte do Benetti. Que dor. Que tristeza. Chorar aqui tão longe e não poder vê-lo pela última vez. Não poder estar com Georgia, Sônia, Letícia, Márcia e Amélia numa hora dessas. Não poder estar com o Grupo do Benetti, como nos chamavam na UFSM. Benetti foi meu amigo e meu irmão. Aprendi muito com ele. Sempre admirei sua integridade, solidariedade, senso de justiça, razão e sensibilidade. Há mais de vinte anos, sempre esteve próximo de mim, em todos os momentos difíceis por que passei. Passamos por tantas perdas, apoiando-nos mutuamente. Ele se preocupava comigo, dizia que eu era muito descuidada com minha saúde, que enfrentava problemas muito sozinha. Ajudou-me bastante na adolescência de meus filhos. Não tive ainda coragem de avisar os meninos. Trocávamos longos e-mails. Ele nunca esquecia meu aniversário. Guardo este e-mail do ano passado, quando eu estava na Índia:
"Não sei por onde andas agora. Onde quer que estejas, o meu desejo é que recebas o meu abraço, a minha saudade e a certeza de que o meu pensamento te localiza e a energia que te mando é positiva, carregada de afeto e do mais puro sentimento de amizade. Hoje é teu aniversário, não só é um dia importante para ti, mas também para todos nós que te amamos.Que a força do Espírito Infinito te proteja."Uma vez, Benetti me encontrou chorando porque me haviam avisado que morrera, num acidente de carro, meu amigo Fauze Gatass, da UFMS. Eu perguntei a ele por que morriam tantos amigos meus. Ele , com sua lógica peculiar, me respondeu: "é o tributo que tu pagas por ter muitos amigos, mas, se tivesses um só amigo, quando esse morresse, morreriam todos."
Está muito difícil pensar que não vou mais encontrar o Benetti. Parece uma história monstruosa que só inventaram porque eu estou tão longe!
Prefiro pensar no que conversávamos, no que ríamos...na última vez que estive na casa dele em Brasília e, juntos, comemos todo um vidro de tomates secos que a Sônia havia feito horas antes. Se eu pudesse, voltava agora para o Brasil.

8 comentários:

  1. Querida Aldema,
    pois aqui, como dizias há pouco, faz um frio de cão na alma da gente. Fico pensando no que dizes sobre as virtudes do Benetti, e a lista poderia seguir, longa, grande. Eu sempre me lembro dele como alguém que tinha reservas aparentemente inesgotáveis de capacidade de acolhimento, compreensão, compaixão. Lembro, como se fosse hoje, da primeira reunião que fizemos, dias antes da posse, quando Ronaldo e eu contamos sobre nossas preferências políticas, e ele abriu um largo sorriso, com alguma surpresa, mas com aquela confiança que usava, com quem achava adequado, para soldar amizades e relações perenes. Eu disse, faz pouco, para uma jornalista do Diário, que algumas pessoas na Universidade falam que houve, um dia, "a turma do Benetti". Essa turma existia, antes dele, e existirá, depois dele. Eu acho que enquanto houver quem acredite, de verdade, nos valores acadêmicos e que vista a camiseta da Universidade, haverá a "turma do Benetti", mesmo que não o tenham conhecido. Mas ele teve o enorme mérito de ter dado nome e existência para um dos momentos mais importantes da história da Ufsm, que tivemos o privilégio de partilhar com ele. Eu fiz a opção de ficar aqui, continuar trabalhando na Ufsm. Muitas vezes ele me convidou para trabalhar com ele em Brasilia, no CNE, e foi sempre com uma ponta de tristeza que eu agradeci; era um privilégio e um aprendizado constante trabalhar junto a ele. Agora nos resta manter vivo, no que podemos, o espírito disso que nos mantém juntos, embora distantes, até agora. A vizinhança do espírito não conhece distâncias. Abração.

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  2. Anônimo7:39 AM

    Aldema,

    foste a primeira pessoa em quem pensei, hoje, quando a Rosana me ligou logo após o almoço para me contar da morte do prof. Benetti. Ela em Rosário, eu em Cruz Alta, passando o aniversário de 81 anos da minha mãe e de 21 do meu caçula, o Preto. Contradições da vida.

    Entrei imediatamente na internet, coloquei uma nota no site da agência lá do curso da Unifra (a da UFSM já tinha a nota de falecimento). Agora à noite, senti que devia entrar no teu blog, que fazia um tempo que eu não abria... sabia que ia encontrar aqui o teu lamento. E descobri sobre a tua distância neste momento infeliz. Solidarizo-me com tua dor. Sei o quanto tu admiravas o prof. Benetti.

    Um abraço carinhoso

    Aurea (ah! como é lindo o teu netinho!)

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  3. Aldema,

    Como disse há pouco, sinto muito a perda física de seu amigo.
    Falo assim, porque, lendo como Benetti foi importante na sua vida e de tantas e tantas pessoas , sua presença espiritual estará sempre com todos: familiares, amigos, educadores e educandos.
    Não conheci Benetti pessoalmente, mas, por tudo que foi dito, vejo que pautou sua vida pelos princípios que fazem os grandes homens e que valorizava os sentimentos que realmente importam nas relações com as pessoas. Isso, depois deste momento de imensa dor, fará que ele esteja vivo entre vocês que o amam tanto.

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  4. Querida Aldema, estou chegando da cerimônia de sepultamento do Benetti, na qual não faltaram flores, pessoas, lembranças e que teve uma linda fala da Geórgia, que leu uma prece que Benetti tinha consigo. Tonico, Pistóia, Daudt, Adalberto, Titi, os da primeira fila em 1985, estavam lá, e evidentemente, uma centena e tanto de amigos e admiradores que ele foi grangeando pela vida. Como em todo velório que se preze, também não deixamos de lembrar o bom humor dele, com as piadas sempre em dia e sempre pronto para dar uma pitada de bom humor por onde passava. O duro é que justo agora, quando ele havia decidido puxar o freio do trabalho, aos 65, e pensava em sair para viajar - estava fazendo academia, acreditas nisso? - acontece isso. O que pode nos consolar, se é que há consolo para essas coisas, é que ele fez diferença e será lembrado por muito tempo pelas coisas boas que fez.

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  5. amada, que lindo o que você escreveu.
    você era sua irmãzinha, sou testemunha do quanto ele te amou.
    também tive que escrever sobre o Beto no meu blog, como se escrever ajudasse a aceitar, já que compreender eu ainda não compreendo.

    grande beijo

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  6. Querida Aldema

    Desde hoje de manhã que soubemos da morte do Benetti o dia ficou mais triste. Todos aqui estão muito abalados também. Nesse momento apenas podemos rezar para que ele tenha paz. Não sei bem, mas parece que ele teve uma morte súbita e se foi assim, nem deve ter sentido nada. Esta é uma morte linda e que apenas algumas pessoas especiais a tem.
    Temos que chorar e guardar esse luto por mais um amigo que se vai, mas Deus nos dará a todos e em especial à sua família e amigos a graça de lembrar-se dele como sendo sempre a pessoa maravilhosa que foi.
    Fique com Deus
    Um abraço
    cleuza

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  7. Mae,

    Durante o fim de semana eu tinha pensado no Benetti. A ultima vez que o vi foram a uns 10 anos atras em Santa Maria. Nao importa, tem certas pessoas e amizades que nao se atrelam ao tempo. As coisas que eu me lebro do Beneti:
    - do Bigode.
    - Que ele era alto, no mar entrava nos buracos dava pe' em todos lados.
    - Que ele nao conheceu meu filho, que pena, eles teriam se adorado mutuamente.
    - Do sentido de humor, da piada do A-saltante e tri-pulante.
    - de que ele era uma "constante", passe o que passe, seja o que seja, o Benetti era sempre o Benetti. Forte, integro, inteligente, esperancoso.
    - Da fe que ele sempre teve, da certeza de que existia algo depois da morte.
    - De quanto ele foi meu amigo, apesar da diferenca de idade.

    Nessas horas eu queria encontrar uma expressao metafisica que condensasse o que eu sinto. So me ocorrem duas palavras: que merda!

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  8. Anônimo7:16 PM

    Depois de uma certa idade a gente começa a entender algumas coisas. Entre elas, o porquê passamos a pensar além das chegadas, também nas partidas e nas formas como elas acontecem.

    Só muito recentemente passei a ver com outros olhos a Confraria da Boa Morte que existe há dois séculos na Bahia, e sempre me soou como algo macabro. E também passei a desejar que todos os meus queridos tenham uma boa morte. Dia 20 e 21 duas partidas e, ainda que representem uma perda irreparável, foram de um modo "bom" de morrer. Benetti na madrugada de domingo, e uma das minhas tias, na madrugada de segunda, se foram da mesma forma.

    Fica a dor que o tempo não cura, é a gente que vai encontrando formas de conviver com ela; e uma espécie de resignação ao pensar que o sofrimento deles poderia ter sido pior.

    Como ainda estamos por aqui, é sempre bom não deixar de dizer o quanto queremos bem uns aos outros. Quero muito todos vocês.

    bj

    Rosana

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