sexta-feira, junho 29, 2007

Com ar de despedida...


Organizo, com nostalgia, a minha bagagem. Preparo-me para deixar a India depois de amanha. Sempre eh assim - sinto saudades por antecipacao... como sinto saudades do que nao foi e poderia ter sido. Minha bagagem fisica eh pequena; a outra, imensa! Vou sempre lembrar dos cheiros, dos sons, das cores, dos olhares intensos e dos contrastes daqui. Vivi plenamente esses tres meses. Levo a esperanca de retornar. Ha muito o que aprender na India. Ha tanto o que aprender no mundo. Ha tanto o que conhecer em si mesmo.
"Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.

Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem."
Fernando Pessoa

terça-feira, junho 26, 2007

Passeando com Miss Renu


















Hoje passeei, aqui em Bangalore,  toda a tarde,  com Miss Renu. Ela eh a proprietaria do apartamento onde estou. Uma mulher alegre, decidida e forte. Gugu e eu jantamos em sua casa e a ela fizemos muitas perguntas sobre costumes da India. Mr. Suresh,o  marido de Miss Renu eh de Agra. Ela eh de Bangalore. O casamento deles foi um acordo entre familias. Ela estava com 17 anos. Seu pai foi a uma Feira de Maquinas e ali encontrou um tio de Mr. Suresh. Comentou com ele que sua filha estava em idade de casar-se . O amigo falou que tinha um sobrinho querendo casar. As familias passaram , entao , a conversar sobre os dois. Eles tiveram ,antes do casamento, um unico encontro, que durou 10 minutos. Estao casados  35 anos.
Hoje fomos a costureira e , depois, ao Forum Shopping Center. Otimo tour - muito informativo. Mandei fazer tres conjuntos para mim - dois salvar e um patiala. Sao roupas informais ( o sari eh mais formal ), o salvar com calca mais estreita e o patiala com calca bem larga e apertada no tornozelo. Tambem mandei fazer um salvar para a Fabiana. 
Renu ficou muito penalizada com a minha situacao  de divorciada e surpresa ao saber que meu ex-marido havia casado outra vez. Mostrou-se disposta a procurar um indiano para casar comigo, um homem que jamais me abandonaria, segundo ela. O problema foi que ela acrescentou como eu jamais deveria abandona-lo. Tive medo desse compromisso.
Faco um parentese para contar algo.Quando cheguei, Gugu me pediu que eu nao dissesse que era divorciada, porque isso pegava mal aqui. Como eu me negava a dizer que era casada, experimentei dizer que era viuva... e aprendi a compor uma cara de tristeza ao afirmar isso...se duvidassem, ateh uma lagrima me escorreria pela face...Fiquei sabendo , depois, que ser viuva, na maior parte da India, eh uma maldicao, um terrivel carma. Viuva nao pode ir a casamentos, nem passar perto da festa. Muitos ainda acreditam que ela deveria ser cremada junto com o marido morto.Existem inclusive asilos para viuvas independente da idade. Elas sao totalmente marginalizadas e jamais voltam a casar. As maldicoes atingem somente  aas mulheres, os viuvos casam-se sem nenhuma restricao. Ahi residiam as minhas chances, ja que os indianos se mostram muito sensiveis as loiras,gordinhas, de olhos azuis... Eu que o diga!
Nas fotografias, Renu e eu no aeroporto e no Palacio - Vidhana Soudha. No Mercado Publico, a venda de flores. Muitas flores. Fazem-se colares principalmente de pequenas rosas brancas ou de flores amarelas, ambas muito perfumadas. No hotel em Varanassi, diariamente, um senhor fazia a troca dos colares de flores de todos os altares e imagens ali existentes. Tambem vejo belissimos arranjos de flores naturais nos cabelos de muitas mulheres (foto). As mulheres e os homens indianos sao bonitos, bem cuidados e elegantes. Devo ter visto e admirado milhoes - nao se trata de hiperbole... lembrem que a India tem mais de um bilhao de habitantes - de diferentes estampas e combinacoes de cores em saris. Belissimos. 
Vou sair para fazer uma ultimas comprinhas. Quero comprar um presente para a Lu, que, como se diz no sertao da Bahia, pariu ontem.
Na proxima semana, jah estarei na Alemanha e na Republica Checa , sentindo falta dos precos baixos da India e me queixando dos precos altos da Europa! 

sábado, junho 23, 2007

Sobre diferencas











Convivo bem com diferencas e aprendo muito com elas. Pudera! Trabalhei toda a vida com isso. As diferencas mencionadas a seguir sao pequenas , ja que existem outras bem maiores e mais profundas. Eu as relato por acha- las interessantes e por fazerem parte do meu cotidiano na India.

Fiz uma dessas fotografias no hotel de Vashich, um otimo hotel. O banheiro era ocidental, mas tinha tambem essas tres pecas fundamentais para o banho - o balde onde se tempera a agua misturando quente e fria, o copo com que se vira a agua da cabeca aos pes e esse maravilhoso banquinho, com uns dez centimetros de altura. Eh muito comodo tomar banho sentada nele, com as pernas cruzadas... pode se massagear longamente os pes sem perigo de cair e, ainda, depois de lavar- se com sabonete, passar oleo perfumado em todo o corpo.
Observei esse ritual do banho em rios sagrados , como o Ganges, e em tanques de templos. Banho longo, prazeroso e diario, normalmente muito cedo, ao amanhecer...Nao um banho longo para durar...como queria me fazer crer meu sobrinho Fernando quando era pequeno!

Surpreendi-me com o tamanho da vassoura. Nos hoteis e casas onde me hospedei, sempre era um menino a fazer a limpeza e, na hora de varrer, encantava a habilidade com que varriam, movendo - se pelo piso e utilizando essa vassoura que mais parecia uma escova comprida. 

Amei ver esses dois meios de transporte e locomocao: o elefante e o camelo. Para transporte de cargas, principalmente nas montanhas, vi tambem muitas manadas de burrinhos, transportando cargas atravessadas nos seus lombos e sendo eles tocados por um homem.... que naturalmente ia a peh, igual como eu via na Chapada Diamantina , na Bahia, mas diferente do Sul do Brasil.

Em tres hoteis em que me hospedei, fui surpeendida por esse cadeado na porta. A gente o coloca e leva a chave. O pessoal da limpeza soh entra no apartamento com a autorizacao do hospede. Procurei sempre me hospedar em hoteis locais ou regionais, evitando, assim, os hoteis pertencentes a redes internacionais, que se encontram em qualquer pais e que nao tem nenhuma particularidade ou originalidade. 

Em Bangalore, Gugu e eu estamos hospedados num apartamento, cuja proprietaria, alem de muito gentil e disponivel, eh socia do Clube , heranca inglesa , e pode autorizar a nossa entrada lah como visitantes. Ela se chama Renu. Muito ineligente, desenvolveu o conceito de sua casa longe de casa...e hoje tem hospedes do mundo inteiro ( www.cozyhomestead.com ).

Em Mumbay, estivemos tambem no Clube, porque os pais da Krithika, esposa do Fabricio, sao socios e nos apresentaram...Existe uma rigorosa selecao de quem pode ser socio do Clube e um controle rigoroso de quem entra em suas dependencias...o que me lembrou o tempo da minha adolescencia... Clube Comercial, Clube Cassino....Clube de pobre, Clube de rico...

O transporte na cidade eh muito particular. Nos riquixas, a negociacao do preco eh  feita habitualmente antes da partida. Em Bangalore, existe soh o auto riquixa...com motor e nao com bicicleta. Tem ateh taximetro... soh que a negociacao tambem se deve dar antes da partida - em geral, sem taximetro e por um preco maior... Gugu, como estah aqui ha quase um ano, costuma estabelecer grandes discussoes por 50 ou 20 centavos... Ele nao gosta quando eu devia pagar UM dolar por uma corrida e eu pago Um e CINQUENTA! Hoje , chamamos 12 riquixas e nenhum quis nos levar ... nunca se sabe o porque da negativa... se o motorista jah ganhou o suficiente, se ele nao gosta da regiao para onde se vai...Finalmene apareceu um que concordou em nos transportar por um dolar / 40 rupias! no taximetro, seriam 20! 

Uma diferenca pesada encontro - a na alimentacao. Literalmente, jah chorei muito ao colocar uma porcao de comida na boca...guizadinho de pimenta, pimenta da braba! Um dia, me servi do que pensei ser um  molho de tomate...era molho sim, mas de pimenta! Tomei um copo de iogurte imediatamente. O pao, que sempre faz parte das refeicoes, abranda um pouco o tempero.Tambem essa eh a funcao do iogurte que aparece muito em saladas. O problema para mim eh que as vezes o pao eh apimentado. Nao tive, entretanto, nenhum problema de estomago. Reforcei minha intuicao de que pimenta eh remedio, como me diziam alguns amigos indios, e que na Bahia a pimenta eh apenas um cheirinho! Na foto, o prato do Gugu, com feijao, arroz com lentilhas, chapati ( pao semelhante a massa de panqueca), vegetais, salada com iogurte e um doce  delicioso, feito com lentilha torrada e moida e manteiga purificada (ghee).Eu preferi tomar um cafe com Masala Dosa - uma massa gostosissima, recheada com vegetais, parecendo um pastel gigante. Em Alegrete, existe a expressao pesa que nem pastel de batata... pois Masala Dosa me parece mesmo isso: um pastel de batata, muito pesado.

Aprendo muito a cada dia e aumento minha conviccao de que se precisa de muitos anos para conhecer realmente a India. Na proxima semana, devo viajar para a Europa. Eh possivel que, depois dessas vivencias na India, eu enxergue a Europa - e ateh a minha casa - com outros olhos. Jah relacionei o que pretendo ver e rever um dia, na India. Quero fazer uma longa e minuciosa viagem pelo Rajistao. Quero ir a Cashimira. Quero ir a Ladak. Quero mesmo....voltar aqui!


Uttaranchal - sobre seus cantos e encantos






















Eu nao queria sair da India sem conhecer um pouco do Estado de Uttaranchal. Havia lido muito sobre suas cidades e, como diz a Rosana, sobre seus cantos e encantos. Lamento que fiquei apenas uma semana. Como viajava de carro, entretanto, foi possivel visitar quatro cidades, incluindo a capital, Dheradum, que tem quase nada de interessante.
























Eh impressionante o ziguezague que se faz aqui por conta das estradas inexistentes para conectar , as vezes, cidades do mesmo Estado. Para ir a Uttaranchal, sai de  Himachal Pradesh, entrei em Punjab, depois em Haryana, onde dormi na cidade de Panchkula. Voltei a passar pelo Himachal Pradesch para, entao, chegar a Dheradum. 























Nao fiz nem uma viagem de carro que a velocidade media superasse a 25 km/hora. Para fazer , um dia, 240 km, gastamos 10h!!! Eu olhava o mapa e ficava toda contente porque estavam perto as cidades que eu queria conhecer!Para percorrer os 30 km que separa Dheradum e Mussorie , leva- se quase duas horas.























Em Panchkula, visitei o Templo Sikh, onde fotografei parte do Templo e um sikh, impecavel com seu turbante de sete metros de tecido.Os sikhs sao muito atuantes na India, tanto religiosa como politicamente, e profundos seguidores dos principios de sua religiao,surgida a mais de 500 anos, tendo como um dos seus objetivos o combate a divisao do povo em castas. Eles dominam o Estado de Punjab, um dos mais desenvolvidos do Pais.

























O assassinato de Indira Gandhi ( ela nao era parente  de Mahatma Gandhi) foi uma resposta dos Sikhs a atuacao dela contra o sikhismo. Dizem que os dois segurancas - sikhs - que a mataram foram queimados vivos.  Quando fui a Amritsia , capital de Punjab, e  visitei o Golden Temple, chorei, como chorei em Auschwitz ao ver os desenhos das criancas. Mas chorei, no Museu  sobre o massacre dos Sikhs, ao ver as fotografias , quando vivos e quando assassinados, de muitos homens daquela religiao, alguns com o rosto rebentado a tiros. Um horror! 

























De Old Manali a Dheradum, passa-se por lugares belissimos, como Kullu Valey , por onde corre o Rio Beas e por onde se percorre uma estrada linda de montanha ( fotografei as placas, caso voces queiram mais informacoes...)Kullu Valey eh conhecido como o Vale dos Chales. Eu havia comprado alguns clales na regiao tibetana. Em Kullu , nao resisti e comprei outros - lindos e baratos, de lã ou de seda. Ainda, ao longo do Rios Beas, estah a cidade de Mandi, que tem uma mesquita de impressionante beleza.























Almocei na estrada, no restaurante do Hotel Raja, em Jaro, Sunder Nagar, Distrito de Mandi - um restaurante tipicamente indiano, comida trivial muito boa e populacao local. Se eu jah nao estivesse acostumada com os olhares das pessoas, ficaria constrangida. Neste restaurante, como de resto em muitos lugares onde fui, as pessoas me olham, chamam a atencao de outras que tambem se viram para me olhar, comentam, apontam...muito engracado!






















A segunda cidade de Uttaranchal que visitei foi Mussorie. Eh uma cidade de montanha, com muito turismo interno.Poucos os estrangeiros que se veem aqui. Entre Dheradum e Mussorie, a distancia eh de 30 km, e a diferenca de altitude eh de 1300 m, dai a razao por que se leva, em geral, duas horas para ir de uma cidade a outra. Fiquei muito bem impressionada com os banheiros publicos de Mussorie. Numa situacao de extrema emergencia ,recorri a um deles ( existem muitos nessa pequena cidade ). Para minha surpresa e bem - estar, encontrei-os limpissimos, bem cuidados e bonitos, com instalacoes ocidentais e indianas. Um exemplo!





















Fiquei dois dias em Mussorie, num hotel bom, que parecia ter apenas o andar terreo - os outros cinco andares ficavam montanha abaixo. A cidade estava movimentadissima nessa epoca que lembra um pouco Gramado, principalmente pela variedade de ofertas de compra de artesanato e produtos tipicos dos Vales.  Fazia 20 graus ali -  e eu pensava nos 45 graus experimentados em Delhi e Varanasi.




















De Mussorie, fui para Rishikesh, a capital mundial da yoga. Cheguei num domingo de manha e me surpreendi com a primeira imagem - milhares e peregrinos chegando, gente de todo o tipo,carregando bagagens nas costas e oferendas nas maos. 





















Em Rishikesk, em 1968, viveram os Beatles, com suas familias, incluindo as criancas, durante dois meses. Eu havia lido muita coisa sobre a cidade, mas nao havia lido que uma ponte movedica atravessava o Ganges - e eu teria que passar por ela para chegar a lugar principal dos Templos e das peregrinacoes. Nem pensar! Fiquei tonta, assustada e ...desisti! Imaginem se eu nao cruzo por aquela ponte pequena que liga Torres ao Passo de Torres, ia cruzar por essa que eh larguissima! Almocei e fui  para Haridware , sem conhecer a parte mais bonita de Rishikesk e tendo pesadelos de que precisava atravessar aquela ponte com meus filhos bem pequenos.





















Haridware estah localizado bem onde o Ganges, o rio sagrado da India,  emerge do Himalaya. Aqui ocorre a mega Kumbh Mela, a cada 12 anos, que reuniu, no ultima vez , 20 milhoes de peregrinos - a proxima ocorrera em 2010. Eh uma cidade mistica , com impressionante numero de templos. Assisti aqui aa cerimonia diaria do anoitecer e  aa do amanhecer. Pelas fotografias se pode ter uma ideia do numero de pessoas. 





















Da moca que vende barquinhos de flores para soltar no Ganges, comprei um , mas nao o levei...era muita gente aglomerada ali... apenas pedi a ela que me permitisse fotografa - la. Eh muito impressionante o que  acontece diariamente nas margens do Ganges. Haridware e Varanassi foram as cidades que mais me emocionaram. Pretendo um dia voltar a visita-las  e visitar tambem Nainital, que nao fui desta vez e que desejo muito conhecer. Haja vida para tudo o que quero fazer !























Lembro o poeta indiano Rabindranath Tagore, premio Nobel de Literatura:
" Despertei e vi que a vida era soh servico. Servi e vi que o servico era alegria" E eu acrescento : e descobri, depois do servico,muita coisa para fazer com  alegria.

Himachal Pradesh
























Do Estado de Himachal Pradesh, conheci Shimla,  Dharamsala, Mcleod Ganj, Dharmkot, Kullu Valey, Manali, Vashich, Bilaspur, Mandi, Solan e Naggar. Muitas vezes, porém, mais interessante do que conhecer as cidades, é conhecer seus arredores, os vales, os rios, as estradas de montanha....o Himalaya , por exemplo. Interessante tambem foi viver em meio aos tibetanos, pois em Mcleod Ganj estah exilado o Dalai Lama e ali eh mesmo um territorio do Tibete. A cultura toda eh tibetana, incluindo obviamente a culinaria.























Postei aqui uma foto em que estou assistindo a passagem , numa rua central, do Dalai, considerado Chefe de Estado, com direito a batedores e a todas as honras... Eu estava em peh, quando ele passou, porque nao conhecia a regra de que nunca se fica mais alto do que a pessoa que a gente admira e considera uma autoridade. Percebi que errara, quando todos se abaixaram ao aparecer o carro que o conduzia.



















Em outras duas fotos, paisagens que eu via enquanto tomava cafeh. Uma outra em que procuro mostrar como as ruas estavam sempre com muitos monges budistas. E outra , ainda, com mulheres carregando  folhas que vao servir para os animais se alimentarem ou se aquecerem no inverno. Todos os dias, elas passavam  em frente ao hotel onde eu estava...muito bem vestidas, com joias e roupas lindas e curvadas ao peso do fardo que transportavam.




















Tenho boas recordacoes da parte tibetana da India. Aqui, tive uma supergripe, com muita febre e tosse. Fui muito bem cuidada por Fabricio, Krithika, Gugu, pessoal do Green Hotel, onde eu estava hospedada. Tive aulas de yoga com Zoli, um amigo do Gugu, que  se preocupou em me ensinar exercicios para respirar melhor. Consultei com o medico do Dalai Lama e estou ainda tomando os remedinhos tibetanos. Passeei muito. Vi cenas e cenarios inesqueciveis. O mundo tem sido generoso comigo.


sexta-feira, junho 22, 2007

Old Manali e Vashich

























Tive muitas horas de deslumbramento no trajeto Mac Load Ganj / Vashich. Como a velocidade dos carros alcança, nessa região, um limite de 30 km/h , há tempo suficiente para olhar e admirar a paisagem circundante. Vashich é um desses povoados que se custa a descobrir no Himalaia. O ponto de referencia é a proximidade com Old Manali - uns 5 km. Experiência fantástica viver aqui, num hotel bem indiano, na rua principal. Percorri a região, a pé ou de carro. Convivi com as pessoas da localidade e fui muito bem recebida pelos amigos de Fabrício e Kri. Foi um tempo tranquilo, de inesquecíveis vivências.
























Tive tempo aqui ateh para ensinar Fabricio a fazer trico. Ele aprendeu rapidamente e fez um casaco para Raiz, seu filho,  com lã que haviamos comprado em Kullu Valley, enquanto eu fazia uma echarpe para Khritika. Eu sempre sonhei ensinar trico para pessoas que ficam muito tempo em filas de espera - como, por exemplo, os motoristas de táxi - mas sempre esbarrei em preconceitos originados a cultura de que isso eh  trabalho de mulher. 






















Da janela do meu  apartamento ou do terraco onde serviam o cafeh, em Vashich, eu via essa paisagem linda do Rio Beas e via algumas montanhas jah branquinhas e outras de um verde lindo. Inesquecivel o Himalaya. Tambem, se olhasse para a esquerda, enxergava Old Manali e o verde belissimo que o cerca. Em Old Manali, estive em dois templos antigos de comovente beleza. Sobre um deles, existe a lenda de que ali atracou a Arca de Noe. Ao redor dos templos , parques com arvores imensas e um comércio variado e ativo. 

Gostei de Old Manali. É old mesmo!
Na parte nova de Manali, distante a uns cinco quilometros da parte velha,  há muitos hoteis, alguns bastante bons. Manali e seus hoteis sao conhecidos como lugar onde jovens casais indianos passam a Lua de Mel. Lembrei-me, agora, que Águas de Lindoia, no Brasil, também era lugar de jovens casais paulistas e mineiros passarem a Lua de Mel. A cidade ateh ficou conhecida pela denominacao de Cemiterio de Virgens. A cidade continua a existir:  soh perdeu a denominacao!





















Manali e Vashich constituem o inicio de viagens mais aventurosas , para reconhecimento e exploracao do Himalaya. Queria muito ter ido a Ladak. Faltou- me coragem para enfrentar o medo de aviao naquela regiao, embora se diga que piloto para encarar um vôo ali tem que ser muito bom. Sobrou-me o medo de enfrentar  muitas horas de carro no periodo em que as estradas estao transitaveis.  Limitei-me a percorrer, num jeep e com um motorista da região,  seis horas de estrada até as proximidades da montanha que, naquela região, separa  Índia da China.
Fiquei em Vashich quinze dias - quinze  excelentes dias, que compensaram  a dificuldade de chegar até lá...e de sair também.

domingo, junho 10, 2007

Visita a Naggar






Estive ontem na pequena cidade de Naggar ( uma hora de carro desde Vashich ). Esta a 1760 m de altitude, eh arrumadinha e muito interessante de ser vista. Durante 1500 anos foi a capital de Kullu Valey. Tem dois locais belissimos para serem visitados.
O primeiro eh o Castelo, que foi sede de governo e hoje eh um museu. O Castelo mais parece uma bela casa de fazenda, com uma varanda de madeira em toda a sua volta e de onde se pode ver o Beas Valley. Lindo lugar. Eh todo feito de pedras e madeiras intercaladas, formando barras ao longo de suas paredes. Junto ao Castelo, um pequeno Templo , feito de madeira delicadamente trabalhada , parecendo uma renda.
O segundo ponto eh a Roerich Gallery, antiga casa do pintor russo Nikolai Roerich, que viveu ali muito anos, em companhia da mulher , a escritora e pintora Helena Roerich , e do filho , pintor com trabalhos magnificos ( comprei algumas reproducoes de obras dele). Nikolai, era pintor, designer, cientista e escritor, muito conhecido no mundo todo pela sua obra e pela sua atuacao politica em favor da paz e em defesa da arte e a cultura. Morreu em Naggar, em 1947. Foi o criador de um simbolo da paz e, com esse simbolo e um texto, conseguiu a assinatura de mais de 60 chefes de Estado, num pacto em que se comprometiam a nao atacar monumentos culturais durante as guerras. Vale a pena ver seus trabalhos neste site: http://www.agniart.com/eng/folder-10588-1~Fine-art-posters~Roerich-Nicholas

quinta-feira, junho 07, 2007

India: notícias e fotos from Himalaia






















Da varanda do meu apartamento, tenho boa visao do vale estreito entre montanhas imensas. No centro do vale, vejo o leito do rio Beas, coberto de pedras brancas e , neste periodo, com uma estreita correnteza de agua fria e transparente que vem de montanhas mais altas e que correm no centro do desenho do rio. Estou a dois mil metros de altitude, em Vashich, enxergando, do outro lado do rio, a cidade de Manali, mais exatamente Old Manali, ja que a parte nova fica a alguns km dali. Segundo a lenda, foi em Manali que Noeh ancorou sua arca.























Nao pensava que o Himalaya fosse assim, tao exuberante, fascinante e sedutor. Parece que estou "aconchegada" pelas montanhas imensas que me cercam.Esta segunda foto eu a fiz da varanda do apartamento do hotel Surabhi, onde estou hospedada.Ontem , aas 06h, fomos - Fabricio, Krithika, Raven ,Raiz e eu - para Rohtang La, pouco antes do inicio do Spit Vale. Ali, nos 4000 m de altitude, estah vizinha a fronteira com a China - fronteira que nao pode ser ultrapassada, pois uma imensa e inacessivel montanha faz a divisa entre os dois paises.























Nao posso dizer que foi facil tanto ir quanto voltar Senti a mesma dor de cabeca que havia sentido em grandes altitudes no Peru. Mas valeu!Fomos ate a entrada do Spit Vale, caminho para Ladak, por uma estrada que soh fica aberta dois meses por ano...e ainda assim, com neve dos dois lados.Ladak precisa transportar, por exemplo, todo o oleo de que vai necessitar para os outros dez meses. Isso determina um transito intenso, numa estradinha que parece ter sido projetada para um carro soh. Como resultado, duas horas e meia de carro para percorrer 60 km.
























Vinda de um calor de 45 graus e procurando ter o minimo de bagagem, eu nada tenho de abrigo para o frio. Em razao disso, apareco, na foto com a Raven, " vestida" com um cobertor.
Como sou uma " campesina" por opcao , me encanta fotografar animais, como o touro YAK , que soh vive em montanhas a partir de cinco mil metros. Este , foi trazido para ser fotografado e para carregar criancas nele montadas. E bem mansinho e tem um pelo suave e longo ( Mile, se tu conseguires a montanha, eu consigo os yaks!)





















Tambem as cabras e os cavalos foram fotografados com o mesmo sentimento: saudades de casa.(Eh interessante sentir essa paz indiana, essa paciencia com tudo. Ficamos bastante tempo esperando a passagem dessas cabras... e ninguem se irritou com isso). A valorizacao da vida se percebe na India em todos os momentos, atraves do cuidado e da preservacao de animais e de plantas ( as vezes , uns bichinhos exageram , como esses passarinhos que teimam em participar do cafeh da manha comigo). 
Na India as campanhas contra o uso de material plastico eh intensa. A populacao cuida muito para nao poluir as montanhas e rios. Bares e restaurantes adotam garrafas de vidro reutilizaveis. Tudo eh embrulhado em jornal. Ao supermercados, levam-se cestas ou sacolas de casa ( lembro que, na Slovakia as sacolas de plastico dos supermercados sao vendidas...logo o consumo delas eh menor). 










































Gugu continua em Mc Leod Ganj no curso de meditacao, que termina daqui a 4 dias. Deve chegar aqui no dia 12, aa noite. Eu estou em Vashich com Fabricio e familia. Eles sao amorosos e cuidadosos comigo. Conhecem muita gente local - o que faz tambem com que eu seja muito bem acolhida por todos. Uma verdadeira bencao.Dia 14 proximo, comeco a " descer" . Devo ir a Rishikesh, Haridwar, Mussorie e Dhera Dun e , dia dezoito, chegar a Delhi, de onde pegaremos o aviao para Bangalore. Em Delhi, quero ficar o tempo suficiente de ver a Galeria de Arte Moderna da India.






















Chegando em Bangalore, temos ainda 10 dias para conhecer outros lugares . Eh provavel que a gente viaje para o Sul, onde as monsoes ( periodo de chuvas fortissimas) comecaram na semana passada. Pretendo conhecer Chenai e Madurai. Nossa passagem para chegar a Frankfurt estah marcada para  julho. Gugu voltarah ao Brasil no inicio de agosto. Eu ainda nao tenho data certa de retorno. " Deixa a vida me levar...."

sexta-feira, junho 01, 2007

Sempre saudades...







Sobre as fotos
- meu peh com apenas quatro tornozeleiras, mas vou ainda comprar mais e mais largas - como as mulheres indianas. Belissimas.

- Gugu e Fabricio , no Templo do Dalai Lama, autorizados que foram a fotografarem-se com essas senhoras que usavam roupas tipicas tibetanas. O aventalzinho listrado, juro que nao o uso!

- Mc Leod Ganj eh assim : monges em bando ( qual serah o coletivo?) por toda parte, todos os dias.

- Gugu e eu em Amritsar, num dos lugares que me emocionou mais que o Vaticano: o Golden Temple . Amritsia eh a cidade dos Sikhs, aqueles que usam um turbante com sete metros e meio de tecido. Lah, toquei na arvore sagrada e fiz um pedido - saude e paz para as pessoas que eu amo. Tocar e fazer pedido ... minha especialidade! Do seio de Julieta em Verona a pedras de altar em qualquer igreja ou templo...nunca se sabe!

- Essa ultima foto, ao acaso numa rua em Dehli, eh soh para mostrar a elegancia das mulheres indianas.

Aqui, 8h30min...no Brasil , meia-noite! Silvio me conta agora que o Mile foi para Bela Uniao...Me bateu uma saudade de casa...vivo com saudades! Saudades de espacos e afetos. E quando viajo, adiciono mais espacos, mais afetos e ... mais saudades: "alegria de ter tido, tristeza de nao mais ter...."Estou me preparando para sair de Mc Leod Ganj, onde " morei" durante vinte dias. Aqui eh Tibete ... apesar de ser India. Durante esse tempo, fiz Yoga, massagem, tratamento com medicos tibetanos e recuperei-me de uma crise de bronquite. Aprendi muito. Guardarei imagens do Himalaia na mente e no coracao.

Eu soh nao gostava mesmo de duas coisas: uma, a " assembleia " de cachorros na frente do hotel `a noite...algumas vezes mais de cinquenta, penso eu... ficavam horas latindo.Outra, as buzinas de carro.Buzinar aqui eh um ato de boas maneiras, um delicado aviso de que vou passar ou estou passando, com o qual ninguem se irrita. E buzinam o tempo todo. Nas estreitas estradas de montanha isso se torna necessario - um carro pode ter que esperar pelo outro...ou dar uma reh ou ficar quase no precipicio para o outro conseguir passar. Tudo, porem, com muita calma, sem stress. Buzina-se, portanto, sempre antes das curvas. Buzinam na cidade tambem. Aqui, em Mc Leod Ganj ou em Dharmsala, as ruas sao bem estreitas. Acontecem engarrafamentos de onibus, carros, riquixas, motos e gente...muita gente nesta epoca de temporada em montanha.A policia, a vizinhanca e os transeuntes ajudam a " desentalar" as maquinas. Imaginem encontrarem-se nessas ruas estreitas e sem calcadas , que soh daria mesmo para transitar um carro, dois onibus cheios de turistas , um indo , outro vindo....Gugu e eu ficamos um dia, durante quase uma hora, assistindo a uma cena dessas. Um divertimento a mais...e haja buzina!

Gugu estah em outra montanha fazendo curso de meditacao, durante dez dias. Eu devo sair terca daqui para Manali com Fabricio, Krithika e criancas. Visitaremos, ainda, umas cinco cidades, antes de chegar a Dehli, de onde partiremos de aviao para Bangalore. Daqui a exatamente dois meses, Gugu e eu retornaremos a Europa.







Por favor, escrevam, deem noticias! Se nao escreverem, eu nao toco e nem beijo arvore ou qualquer outra coisa, pedindo bencaos a voces. Beijos.
Mc Leod Ganj, 2 de junho de 2007.