domingo, dezembro 30, 2007

2008 : promessas e simpatias





















Passei muitos anos da minha vida escrevendo, a cada início de ano, que meus dois problemas começavam com a letra "E ": economizar e emagrecer. Promessas para o ano novo giravam em torno desses dois verbos. Pretendo ignorá-los hoje. Certamente não vou engordar por isso...nem gastar mais.























Minha agenda terá metas simples e quantificáveis. Responderei a todas as mensagens e cartas que receber. Terei outro cachorro além do Tobi. Plantarei, no mínimo, vinte oliveiras e vinte pessegueiros. Tentarei localizar os afilhados que perdi de vista. Farei uma viagem. Levarei um presente que trouxe da Índia para a Marta e outro para a Maria do Carmo. Visitarei a Antonieta. Não perderei mais o telefone do Luisinho.






















Começarei a escrever um livro sobre minha região. Pedirei ao Dudu que me dê notícias. Passarei uma semana com Alex e Gisela. Pedirei ao Mile , no mínimo, duzentas vezes, que ele deixe de fumar. Idem para a Fabiana. Idem para o Cláudio. Diminuirei, pela metade, o quantidade de sapatos que tenho. Tricotarei casacos para o Pedro, Raven e Raiz. Não olharei novelas, mas lerei os resumos para participar das conversas sobre o tema. Direi às pessoas que amo o quanto elas são importantes para mim.
























Comerei lentilhas, uvas e sementes de romã. Se a multidão permitir, chegarei, logo depois da meia-noite, até o mar e pularei três ondas. Usarei roupa amarela. Deixarei luzes acesas e portas e janelas abertas para entrar sorte ( e se entrar um assaltante? melhor não arriscar!) . Acenderei velas na praia.



Bela União





















Mais ainda, agradecerei pelo ano que finda, pela conclusão do curso da Melina, pelo prêmio que a Alda ganhou, pela temporada em Floripa com a Zeli, pela saúde de meus filhos, pelas reformas e contruções na Bela União... Aproveitarei o convívio dos que estão próximos. Pensarei com saudade nos amigos e familiares distantes. Rezarei pedindo que 2008 nos preserve a alteridade, a generosidade e a alegria. Afinal, estamos vivos - e isso é o que importa!


Bela União



Aproveitarei o convívio dos que estão próximos. Pensarei com saudade nos amigos e familiares distantes. Rezarei pedindo que 2008 nos preserve a alteridade, a generosidade e a alegria. Afinal, estamos vivos - e isso é o que importa!





quarta-feira, dezembro 26, 2007

"Natal , Natal das crianças..." 2007





















Bonita, simples , tranqüila, assim foi nossa festa de Natal. Zeli , como nos anos anteriores, foi o charmoso e divertido Papai Noel, que veio da rua, acompanhado de batidas de sino. Das crianças presentes, o "Bom Velhinho " só emociona mesmo a Gonçalo. Joaquim tem seis meses. Pedro, Juliano e Cadinho compõem o cenário e seguem as regras do jogo, para encantar o pequeno Gonçalo.Presentes foram entregues; fotografias feitas, como essas das crianças e do Mile , meu irmão.





















Eu preparei a ceia. Fiz tudo, até trocar embalagens de confeitaria para pratos de casa - e, assim , dar um "ar caseiro" que me permitisse insinuar que eu havia feito tudo. Um sucesso! Muito divertido foi o troca-troca dos presentes sorteados e as negociações estabelecidas. Saudades imensas de Gugu e Patati. Ainda bem que eles telefonaram. Antes da ceia, cada um agradeceu algo acontecido em 2007. Agradecemos muito por estarmos reunidos mais uma vez, com saúde, ânimo e alegria. Foi um verdadeiro Natal em familia.

domingo, dezembro 23, 2007

"É Natal, ..."
























Faz três dias que estou em Torres. Organizo cuidadosamente as festas de fim-de-ano. Sinto saudades de muitas pessoas. Sinto saudades de meus filhos. Mas, como sempre, faço festas de agradecimento e de esperança. Estamos todos bem ( Stanno tutti bene ), como no filme de Guiseppe Tornatore. Quero poder, em 2008, conviver com as pessoas que eu amo, ser gentil e ser grata com o mundo, ter paciência e ser cuidadosa com os outros e comigo mesma (Esta foto é de meu amigo Alex Arintzis) 

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Brasil / Uruguai : "Fronteira da Paz"


Uma diversão, para quem vive na região da Campanha, é ir a Livramento/Rivera, cidades divididas por uma avenida e com uma linha divisória que possibilita fazer-se uma fotografia com um pé em cada País. Literalmente.

Chego cedo e tomo café na Confeitaria City, onde, quando criança, pela primeira vez, vi encantada uma vitrine cheia de doces. A City trocou de lugar faz pouco tempo, mas continua com muitos doces em exposição.

Almoço no Restaurante do Hotel Brasil /Uruguai, onde Luisinho, meu irmão uruguaio, jurava que o garçon principal tinha mais de 50 anos de trabalho naquele hotel, reconhecendo clientes e sabendo o que costumavam pedir. Para nossa amiga Raquel, antes de qualquer pedido, trazia seu uísque preferido - e sem gelo.

Sou fascinada por fronteiras. Estudei-as, do ponto de vista lingüístico e educativo, durante 20 anos. Mas essa "Fronteira da Paz", como é conhecida , é muito especial para mim. Recorda-me as roupas novas de inverno. Recorda-me os alfajores, o doce-de-leite, o queijo, os caramelos - tudo com gosto de infância. Recorda-me as discussões acadêmicas, o dialeto de brasileiros e uruguaios, o encontro com amigos, grandes amigos, como Luís Behares, Raquel , Susana, Adolfo, Beatriz, Guillermo...Recorda-me os amigos de diferentes cidades que, por acaso , sempre encontramos ali.

Ontem estive em Rivera. O mesmo café, o mesmo restaurante, as mesmas compras. Os encontros também: minha irmã, meu cunhado e uma amiga, vindos de Bagé; um casal de Santa Maria, pessoas muito queridas.
Comprei coisinhas para Natal e Ano Novo e coisinhas para o veraneio. Comprei uma webcam, com que fiz a foto acima ( eu com cara de sono). Rivera é o lugar onde classe média vai às compras é bem divertido...Havia muita gente nas ruas e nas lojas - e , em final de semana, é bem mais. Formam-se filas nas ruas e nas lojas.

O dólar, a menos de dois reais, torna os preços favoráveis para os brasileiros. Voltei superfeliz. Acrescente-se , ainda, que meu gosto por viagens não implica tamanho de cidade ou distância: importa-me estar em movimento. Sempre.

terça-feira, dezembro 11, 2007

"... chegadas e partidas."



Já escrevi que a vida é isto: uma sucessão de chegadas e partidas. Hoje amanheci pensando em tornar mais prática essa afirmação, algo como "um contínuo fazer e desfazer malas". Arrumar malas é iniciar a viagem. Faço-as e desfaço- as muitas vezes, enquanto leio sobre os lugares que planejo visitar. Leio muito, buscando informações sobre geografia,
história, arte, costumes, lugares , clima, custos , hotéis, tudo. Vejo fotos. Planejo. Escolho. Sonho....

Neste momento, organizo a bagagem para Torres, onde devo permanecer até março. Não é propriamente uma viagem - é uma troca de domicilio. Passarei lá Natal e Ano Novo. E eu amo essas festas de fim-de-ano. Gosto até do "stress"que as antecede. Há muitos anos, minha familia se reúne em Torres. Primeiro, os meus filhos e meus sobrinhos eram as crianças . Hoje, as crianças começam a ser os filhos deles. A cada ano, mais um. Este será o primeiro Natal do Joaquim, filho do Fabrício e da Lu. Primeiro Natal também do Massimo, mas ele estará em Atlanta. Patati e Gugu não virão , mas Pedro deverá ficar suas férias comigo. Aprende-se, a cada ano , a lidar com as ausências e a saudade - e a esperança de reencontros e retornos.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Tributo à Figueira Caída




Vó Balbina que morreu há 50 , com seus 102 anos, contava que a figueira já estava ali quando ela "se deu por gente"... Sempre escutei essa história na família. Sempre a considerei uma árvore sagrada - árvore da sabedoria, árvore mencionada em textos bíblicos e, acima de tudo, para nós, árvore de nossos antepassados e de nossa infância.


Também escutei histórias de fantasmas, sentados à sua sombra - ou almas tranqüilas a mirar seus galhos - e histórias de tesouros enterrados junto a ela. Essas lendas povoaram meu universo infantil.


Nossa Figueira foi sempre muito fotografada , pois , junto a ela, compondo um conjunto e um cenário, com solidez e beleza, estava a "mesa de pedra ", grande, antiga e imponente também. Temos inclusive uma tela, aqui na Bela União, que retrata as duas.


A velha figueira , que devia se chamar Fenix , renasceu grandiosa e produtiva muitas vezes. Somente eu retirei dela mais de 20 outras figueiras , que já estão produzindo frutos. Agora, ela estava com bem mais de um metro de diâmetro e parcialmente oca - mas com muitas folhas muito verdes e muitos figos de tamanhos diversos.
Veio uma tormenta faz 3 dias. Ventos fortes e granizo. Arrancou uvas, pêssegos, ameixas, peras, laranjas... Quebrou árvores. Danificou hortas e jardins. Pior, arrancou a figueira.

( Confesso que algumas vezes pensei em usar o "espaço"da figueira para construir uma Biblioteca, mas não teria nunca coragem para "detoná-la". Ainda bem que tenho álibi : eu estava em Alegrete quando ela foi derrubada pela tormenta!)
Mas, quando a vi no chão,chorei. E meu primeiro pensamento foi para Massimo e Pedro: eles não conheceriam a velha figueira.
Súbito presencio uma cena surpreendente e triste: um beija-flor voa todo o tempo ao redor da árvore caída. Depois pousa em um galhos e fica quietinho, parado. A cena era tocante e impressionante. Imaginei que ele tivesse ninho ali. Busquei a câmera. Fiz fotos. E ele ali. O beija-flor voou quando eu já estava imaginando que era um pássaro machucado que nao se podia mover.Mandei examinar galho por galho da árvore à procura de seu ninho. Não havia nada de ninhos. Até quatro horas depois, quando a Figueira foi arrastada para longe, o beija flor esteve por perto. Creio que lhe prestava uma última homenagem.

segunda-feira, novembro 19, 2007

Sobre despedidas

Alex e Gisela
Gisela e Alex partiram ontem. Durante 32 dias estivemos viajando juntos. Doces pessoas! Conheço-os de Keioneri, perto de Kavala, Norte da Grécia. Muitos e maravilhosos passeios, por terra, ar e mar, já fizemos juntos. Bons companheiros.


Em Florianópolis

Depois do Rio, de Salvador e de Florianópolis, estivemos em Torres, São Francisco de Paula, Canela, Gramado, Nova Petrópolis, Santa Cruz do Sul e Santa Maria. Por último, quatro dias na Bela União e uma rápida passagem por Alegrete.


Fonte Grega construída por Alex na Bela União

Alex , que é engenheiro, contruiu para nós uma fonte grega, que relembrará a passagem deles pela minha casa. Uma recordaçao muito interessante e duradoura, que se chamará "Fontana di Alex e Gisela". Penso que eles gostaram dessa viagem ao Brasil, pois são inteligentes e curiosos. Sei que gostaram bastante da paisagem do Sul e da música regional - ambos têm muita sensibilidade musical... e vozes lindas. Deixaram saudades e boas lembranças.
"Amigo é coisa pra se guardar...."

sábado, novembro 03, 2007

Florianópolis


Também Florianópolis é uma cidade boa de mostrar a turistas estrangeiros. E tem Blumenau e Brusque e ...muitas praias lindas. Estou com Alex, Gisela, Zeli e Cibele num belo apartamento à Beira - Mar. Muitos passeios, coisas lindas para ver. Ontem fomos na FENAOSTRA. Como não gosto de ostra, dediquei-me a visitar os postos de venda de artesanato local. Artesanato criativo e de boa qualidade. Difícil resistir às compras...Ainda bem que a proximidade do Natal me dá um álibi para comprar sem culpa.

quinta-feira, novembro 01, 2007

"...é pedra..."




Oscar Lepikson é um grande amigo que tenho na Bahia. Sensível e inteligente, integra o OPA - Oração pela Arte - e tem , nesse movimento, marcante atuação. Seu trabalho com mosaico é um exemplo de empreendedorismo e sensibilidade social.


Formando e ensinando grupos de mulheres e de jovens de periferia, presídios e ONGs, a trabalhar com mosaicos de pedras, aproveita a riqueza de variedades e de cores das pedras da Bahia e com elas constrói mesas, revestimentos, quadros, tapetes e vasos de qualidade excepcional e de beleza que encanta e emociona. Muitos desses trabalhos podem ser vistos em : http://www.mosaicodepedras.com/


Fotografei dois desses trabalhos , mas são muitos e variados. A linha sacra - especialmente São Francisco, Santa Clara e Santo Antônio - é belissima. Pedras com mais de 80 cores compõem nuances indescritíveis. As cores são as naturais das pedras, pois os artistas e os grupos não trabalham com pedras tingidas.


Trabalho bom o de Oscar. Resultados maravilhosos para se ver. Exemplo do que se pode produzir em beleza e arte, com generosidade, competência e recursos naturais do País.




Retorno à Bahia


Do Rio, vim para Salvador. Foi ótimo encontrar , no aeroporto, Cláudio, Paulo e Rosane que esperavam a mim e a meus amigos. Foi ótimo também voltar ao The Plaza, aparthotel onde eu morei durante sete anos. Comovente a alegria dos funcionários do hotel e da FSBA. Gente boa.

Visitei a Estelinha, a freira minha maior amiga, muito fragilizada em seus 96 anos. Chorei porque ela não me reconheceu desta vez. Conversei muito com a diretora da Faculdade, Ir. Maria Alice, 82 anos, lúcida e vivaz. Contou-me que sempre lembrava das minhas conversas sobre morte, já que eu era uma pessoa que gostava de tratar desse tema e o fazia com bom humor. Recordava ela que eu gostava de dizer que valoriza a vida quem fala naturalmente da morte.É verdade! Aprendi , ainda quando adolescente, lendo Castañeda, que vive bem quem tem a morte como companheira.

Vi muitos amigos queridos, como Lúcia, Giorgio, Nainha, Raimundo, Antônio,Oscar, Sebastião, Valério, Conceição, Albertino, Myriam... Conversei com muita gente.Almocei no Paraíso Tropical ( Cabula) , meu restaurante preferido em Salvador (foto).

Meu filho veio de Fortaleza para Salvador nesse período. Encontrei-o sereno, feliz, bonito. Amo-o muito.

Acompanhei feliz meus amigos gregos aos principais lugares turísticos de Salvador. Sei que gosto muito da Bahia.

"Rio de Janeiro / Gosto de você..."


Não sei se li ou fui eu mesma que escrevi um texto que comparava o Rio àquele irmão com quem a gente briga sempre, mas gosta de exibir para as visitas. Mostrei-o orgulhosa aos meus amigos gregos, Alex e Gisela. Fizemos belos passeios. Como o Rio é fotogênico!

Encontrei Odilon, Suzana e Taiara, amigos carissimos de quem sinto saudades e vontade de ficar com eles mais tempo.

Passei três vezes pela linha vermelha, pois, quando cheguei de Porto Alegre , desci no Aeroporto Santos Dumont e fui de ônibus até o Galeão. Sobrevivi às balas perdidas. Fui à Feira de Ipanema. Comprei alguns presentes de Natal. Passeei durante cinco maravilhosos dias. Gostei muito.


quarta-feira, outubro 10, 2007

Tempestade





Eu dormia tranqüila quando ela me acordou! Estava chegando ....poderosa!

Eram 04h de uma noite sem lua e sem estrelas. Chovia. Relampejava. Trovejava. Até aí, normal.

Mas sentia-se o prenúncio de algo mais. Eu levantei. Abri a janela e fiquei encantada olhando. Os elementos cênicos eram rápida e perfeitamente colocados e encadeados. Eu olhava e pensava no poema de Gonçalves Dias sobre a Tempestade. Aquilo que eu via, entretanto, não era um texto. Era mais...

Dia anterior


Relâmpagos, com intervalos de poucos segundos, quase mantinham a noite iluminada. A chuva foi - se intensificando. Súbito, as árvores começaram a agitar-se... mais exatamente a serem por ela agitadas. O movimento , antes ritmado, me parecia agora enlouquecido, convulsionado. Os sons ganhavam intensidade e perdiam a harmonia. Ou a harmonia era diferente, e eu não a conseguia perceber. Aumentava a intensidade; aumentava o meu fascínio.


A casa, aqui na Bela União, é toda coberta com zinco. Escuta-se bem!

Do rumor contínuo da chuva, passou-se a estouros cada vez
mais fortes. Caiam pedras . Caíam pedras do tamanho de um
ovo ....ok! deixo por um ovo de angulista....

Dia anterior
Quebraram-se vidros. Caíram flores e pequenos galhos. Caíram frutos grandes ou que se estavam formando.

Eu olhava fascinada aquele espetáculo.
Parecia - me uma demonstraçao de poder e grandeza.Um orgasmo da natureza.

E durou seis minutos. Seis longos minutos.

sábado, outubro 06, 2007

Internet ...Aqui???

Aldna, eu, Alda,Beto e Diva

Somos uma família interessada na ampliação de redes de comunicação. Esse interesse começa com meu pai, um dos primeiros ( ou o primeiro) morador desta região a ter rádio em casa. Para ter esse "modernismo", precisava ter um catavento. Se não ventava, não se escutava rádio. O catavento, ao menos na minha imagem infantil, era muito alto - talvez tivesse uns quinze metros. Sobre a "torre"de madeira, havia um suporte de ferro, onde se fixava o gerador do catavento. Esse suporte de ferro está aqui no jardim da Bela União, suportando um refletor. Minha mãe contava que muitas pessoas vinham de longe conhecer o tal de rádio aqui de casa e que essas pessoas chegavam bem vestidas, pois pensavam na possibilidade de serem vistas pelos locutores.


Antigo suporte do catavento pioneiro

Meu irmão ( na foto, experimentando colocações para um micro), o Almir , que chamamos de Mile, herdou esse aguçado interesse por sistemas de comunicação. Tivemos todos os "modernismos comunicativos". Tudo isso seria normal se não vivêssemos entre "serros", pequenas montanhas que circundam a casa e longe - 50 km - da cidade mais próxima. É preciso muito engenho para que se possa alcançar as torres retransmissoras. É preciso experimentar muito para alcançar um bom resultado.


Testando o lugar  para Internet....

Tudo o que escrevi é preâmbulo para a grande notícia: temos internet há uma semana. A internet foi conseguida através de um equipamento que usa a freqüência da telefonia celular. É ainda um pouco lenta , embora seja superior à conexão discada. Mostra-se , entretanto, como um grande sucesso, em se tratando de um lugar onde se pensava ser impossível obter sinal suficiente. Imagino a surpresa dos fantasmas de nossos antepassados vendo, na webcam, as pessoas que se estão falando ou teclando. Quero muito que todos esses avanços contribuam para o bem-estar social e para a generosidade e a solidariedade nas relações interpessoais.

segunda-feira, setembro 24, 2007

"Foi o 20 de Setembro...."


Todo gaúcho que se preza, festeja a Semana Farroupilha . Se não ganhamos a guerra, ganhamos o direito de fazer festa!

Festeja-se essa Semana, em todo o Brasil - onde há gaúcho naturalmente. Gugu e eu , quando morávamos na Bahia, chamávamos outros gaúchos para o almoço: comíamos um "carreteiro" (arroz,é claro!!) , cantávamos o Hino Rio-Grandense, bebíamos vinho e exaltávamos as qualidades do Sul. Quanto mais vinho, mais qualidades! Mas nunca tivemos arroubos separatistas. Amamos o Nordeste.


Agora , morando no Alegrete, onde o Sul é mais Sul, vivo a Semana Farroupilha como a maior festa do ano. Imaginem 10 mil cavalos , com 10 mil pessoas em cima obviamente, desfilando pela cidade, no dia 20 de setembro, encerrando um festerê de oito dias. Bem...alguns, como eu, vão para a campanha ou para fora, como se diz na região, referindo-se ao interior dos municípios.

O nosso lá fora chama-se Bela União, nome dado pelo meu pai, já faz muitos anos. Minha mãe dizia tratar-se de um lugar abençoado, pacífico, sem que nenhuma tragédia ali ocorresse.Um lugar muito bonito, rústico e verde, pleno de lembranças, de história e de afetos.


Lá fora, comemorou-se a data também. Família reunida, churrasco, causos e recordações de infância. Choveu muito, mas valeu o convívio dos mais velhos com os jovens e as crianças. Estava até o Joaquim, de três meses, que fazia sua primeira visita ao locus dos antepassados de seu pai. Nossas crianças cresceram! Logo estarão mostrando a casa que foi nossa, como mostramos nós a casa de nossos avós e nossos pais.


Bem...continuo, por enquanto, cantarolando:


"Como a aurora precursora
do Farol da divindade,
foi o Vinte de Setembro
o precursor da liberdade.


Mostremos valor constância
nesta ímpia e injusta guerra;
sirvam nossas façanhas
de modelo a toda a terra.




Mas não basta p’ra ser livre
ser forte, aguerrido e bravo;
povo que não tem virtude

acaba por ser escravo."

Fotos de:

Aldema e

Almir Menine

sábado, setembro 15, 2007

"...chove sem parar."




Chove muito.


Sinto saudades de pessoas, lugares, momentos, sabores, formas e cores. Saudades dos sonhos, das utopias, das crenças, dos desafios enfrentados, dos problemas solucionados, dos resultados alcançados.
Se a chuva parar, sairei para fora de casa - e essa nostalgia certamente desaparecerá. Dará lugar à euforia pela mudança de estaçao. Já se sente a primavera nas brotaçoes verde-jovem de todas as plantas, nas flores perfumadas das bergamoteiras e laranjeiras, na profusao de cores e formas dos pomares e jardins.

Minha amiga Cleuza Alonso , ao referir-se à experiência de viver no Nordeste, falava da tristeza causada pelas ausência das quatro estações. Sempre calor.Sempre igual. Era como se viver em banho-maria , segundo ela. Durante os anos em que morei na Bahia, também experimentei essa sensação. Talvez por isso me encante tanto a percepção da troca , às vezes lenta, às vezes abrupta, de estações, sentida um pouco pelo clima, muito mais pelas transformações no ambiente.

Planto muito, principalmente árvores. Patati escreveu uma vez que meu grande mérito não era plantar, era jamais perguntar quem comeria os frutos. Verdade. Minha mãe também era assim – nem se perguntava se chegaria ver os frutos. Acredito que a historicidade é componente da alegria de viver: planta-se sabendo que antes de nós alguém plantou e que depois de nós alguém plantará – e mais flores e frutos povoarão o mundo. Beleza e alimento. Fundamentais.
"Cai chuva do céu cinzento
Que não tem razão de ser.
Até o meu pensamento
Tem chuva nele a escorrer.
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Porque verdadeiramente
Não sei se estou triste ou não.
E a chuva cai levemente
Dentro do meu coração."
Fernando Pessoa

quarta-feira, agosto 29, 2007

"Tempo Louco "



Estou na "Bela União".
Como dizia minha mãe, o tempo está muito louco! Desde que voltei, suporto intenso frio - ao redor de zero grau. Muita chuva também. Mesmo assim, trabalho bastante: planto árvores, faço podas, semeio flores. Quando o sol aparece, lavo roupas, pinto a casa, caminho pelo campo. E recordo!

Nos próximos dias, previsão de 30 graus!!!Devo ir , no fim - de - semana, a Santa Maria encontrar meus queridos amigos-irmãos para festejar que estamos vivos e que estamos bem, plenos ainda de ânimo e encantamento.
Fotos : Bela União


"Trago dentro do meu coração,
Como num cofre
que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens
que vi através de janelas ou vigias,
ou de tombadilhos, sonhando.

E tudo isso, que é tanto,
é pouco para o que eu quero."
Fernando Pessoa

segunda-feira, agosto 13, 2007

Enfim....

...cheguei!

"Este é o meu primeiro vôo depois do acidente com o avião da TAM , no Brasil. Faço , pela Air Berlin, o trecho Roma/Wien. Farei depois Wien/Frankfurt/São Paulo/Porto Alegre. Estou muito tensa e com medo. Penso no sobrinho da Dinda, minha amiga, que estava naquele vôo fatal. Penso nela e nos pais do menino. Que terrível. Tomara que a solidariedade sentida amenize um pouquinho tamanha dor.
Sinto-me fragilizada, com saudades de meus filhos, irmãos, sobrinhos. Saudades do Pedro, saudades da Cibele. Saudades dos amigos. Brutal medo de perda."

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"Um vôo traqüilo de 1h20min. Em Wien, 2h de espera. Estou agora no avião da NIKI , que fará o trecho Wien/Frankfurt, em 2h25min. O dono da NIKI é Niki Lauda, o piloto de Fórmula 1. Aviões que me parecem novos, bancos de couro na cor cinza. Lindinho!
Depois VARIG, 13h55min. Espero dormir como sempre faço. Mas continuo com medo...escrevo por isso!"
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"Um bom retorno. Em Wien, rigorosa inspeçao na minha bagagem de mao, com dois momentos divertidos: primeiro, quando tiraram tudo da minha mochila que tinha coisas incríveis - medicamentos tibetanos, rosas de Jericó (secas), caroços de damasco, sementes, muitas tornozeleiras indianas, calcinhas, soutiãs e vitaminas. Depois, quando tiraram tudo da minha bolsa, onde só estavam documentos e uns 15 pares de óculos, de cores variadas, a maioria presentes da Lidia para mim e para o Mile. Zeli, Alda, Gugu, Fabricio e Frederico estavam no aeroporto.Alegria! Um fim-de-semana com a família."

quarta-feira, agosto 08, 2007

Sempre saudades!

















Parto hoje: Roma - Wien – Frankfurt – Brasil.
Vivo o dilema da saudade constante. Estou com saudades de minha familia, de meus amigos, da minha casa. Assim que chegar là, é certo que sentirei saudades daqui – da Europa, de meus amigos, da casa da Lidia, da Lidia - uma das minhas grandes amigas.
Não ratifico Fernando Pessoa neste caso:
Eu tenho idéias e razões,
Conheço a cor dos argumentos
E nunca chego aos corações.
Faz alguns anos que venho para Canale, para o paradiso que è esta fazenda. Perto de Roma, muito perto de Bracciano ( Bracciano com seu lago vulcanico e seu castelo estupendo) em meio a plantaçao de oliveiras e outras arvores exuberantes, numa casa linda e confortavel, com acervo etnografico do mundo inteiro. Estou na regiao etrusca, que alimenta minha fantasia e povoa meus sonhos. Estive aqui o tempo necessario para pensar e rememorar a India que eu vi e que minha amiga tambem conhece. Tenho a confiança de poder voltar no proximo ano. Estou partindo com o projeto de retorno pronto. Veremos se é possível realizá-lo. Arrivederci!
"Ognuno sta
nel cuore della terra
trafitto da un raglio di sole.
Ed é subito sera".
Eugenio Montale

domingo, agosto 05, 2007

Manduria - uma bella festa!





















De Canale Merano, fui para Roma e de Roma para Napoli. Havia sido convidada por Mimmo e Maria (foto 1) para a festa de casamento de Alessandro, sobrinho de Mimmo, em Manduria, na Puglia..Fizemos uma viagem de carro, durante quase seis horas, para mim muito interessante, pois eu nao conhecia Basicalata – e atravessamos toda ela. Da Puglia conhecia poucas cidades. Aprendi muito. Hospedei-me na casa de mar dos meus amigos. Fui à festa de Alessando e Roberta. Eles haviam casado em Milano e, dias depois, chegavam para uma comemoraçao do casamento com a familia dele. Foi um maravilhoso almoço, que se estendeu das 13 às 19h, na Masseria Grottella Ricevimenti , com o seguinte cardapio:

Antipasto Delizia di Mare
Antipasto Delizia di Terra
Delizie all" Astice
Risotto con Porcini e Fumé
Cernia in Crosta di Patate
Insalata
Arcobaleno di Frutta con Zuccotto
Torta

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Uma mesa è preparada para as crianças: sao oito com idades que devem variar entre quatro e dez anos. Sao os filhos dos irmaos e dos primos do noivo. O cardapio è diferente, mas os pequenos sao servidos na mesma sequencia em que servem os adultos. Admiro o comportamento desses pequenos à mesa. Sao alegres, pouco barulhentos e comem com a elegancia, a disciplina e a independencia de quem esta educado para fazer isso. A meu lado esquerdo, esta Benedetta, a mae de Federica, uma bela menina de quatro anos. Em nenhum momento eu escuto a menina chama-la. Benedetta , uma jovem inteligente e bonita, é casada com um engenheiro agricola, com quem tenho uma agradavel conversa sobre arvores e flores.

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A meu lado direito esta Mamma Chiara(foto 3) avo do noivo, mae de Mimmo. Com 86 anos, lucida, perspicaz, independente. Come de tudo. Bebe champanhe e vinho sem parcimonia. Conta- me muitas historias. Eh profunda conhecedora de funghi e de plantas da regiao. Mora sozinha e passa o tempo entre a casa de Manduria e a casa de mar. Tem amigas da sua idade e costumam-se visitar frequentemente. Usam onibus. Vao a qualquer lugar sem depender de ninguem. Quando me despeço dela em sua casa, me abraça lungamente e diz ter encontrado uma “sorella” – e nem acrescenta “ caçula” . Mamma Chiara è um exemplo de longa-vida- bem- vivida. Pergunto a Maria sobre a partilha das despesas da festa. Ela me diz que o restaurante cobra pelo numero de pessoas e que as familias do noivo e da noiva pagam cada uma pelos seus convidados ( cerca de quatrocentos reais por pessoa). E costume que os familiares deem dinheiro como presente para os noivos. Tambem è costume na regiao a mae do noivo pagar o vestido da noiva e dar a ela uma joia, geralmente um consunto de colar e brincos.






















No final da festa, os noivos entregam aos convidados um presente, tradicionalmente uma bomboniera, e pequenos doces. Estou tentando levar a bomboniera que ganhei no pacote original, porque è belissimo. Quero mostrar para a Diva, minha irma, que valoriza muito os detalhes e o bom gosto. Sou muito grata aos meus amigos que sempre me permitem incursoes por outras culturas, outros costumes. Recordo com carinho a Familia Pesare. Sou grata tambem pelo convivio afetivo e agradavel e por conhecer novos lugares e pessoas.

terça-feira, julho 31, 2007

Napoli : uma paixao tardia e intensa

Napoli com Vesuvio ao fundo



















Pensava conhecer bem a Italia. Visitava planejadamente cada regiao e , em cada regiao, cada cidade. Revisitava muitos lugares: em Venezia estive mais de vinte vezes! Tambem em Firenze, Verona…Faltava – me ainda conhecer bem o Sul, que meus amigos do Norte diziam ser perigoso andar sozinha ali. Havia visitado uma unica vez Napoli, Capri , Pompeia, Herculano e Sorrento. Havia passado umas ferias na Costa Amalfitana. Este, entretanto, è o terceiro ano que venho a Napoli – estou apaixonada pela Campania: una terra alla luce del sole! As imagens de Napoli me v^em como um sonho colorido, luminoso, intenso. Centro històrico, antigas ruas estreitas, Castel dell Ovo, Posillipo e Mergelina, Capodimonte, Vomero….Galeria Umberto, Quartieri Spagnoli, praças, teatros , Mercados, Igrejas, Castelos, Palacios, Borgo Marinari….Golfo de Napoli, Vesuvio, Pozzuoli: bradisismo e sitios arqueologicos,,,,San Gregorio Armeno, presepios, pastores, pocelanas , corais…. pizza margherita, cafè, mozzarella di bufala, doces, frutas e frutos do mar e da terra… cores, sons , aromas e movimentos. Tudo distribuido em recortes geograficos que me encantam e emocionam. Neste momento, Napoli è minha grande paixao.

quarta-feira, julho 18, 2007

Ciao...chegando na Italia

Dificil viajar no verao europeu. Muita gente nos trens. Muita gente nos hoteis.Calor. Precos altos.Entramos na Italia fazendo Wien - Firenze. Dois dias para Gugu conhecer essa parte riquissima da Toscana. Nosso unico problema serio nesta viagem: o computador do Gugu faleceu repentinamente. Em Roma, novo HD... sem recuperacao dos dados. Perdemos mais de tres mil fotografias. Nada de lamentos...as imagens ficam na mente!
De Firenze, para Orte, onde Lidia nos esperava.
A casa de Lidia è realmente um paraiso. Està a 50 km de Roma, tem um bosque belissimo, muitas oliveiras e ate ruinas etruscas. Aqui, sinto-me em casa - uma casa privilegiada pela natureza, pela beleza da arquitetura e pela generosidade e afeto das pessoas.